Transformações Societárias Contemporâneas: Trabalho Assalariado, Propriedade Privada e as Dinâmicas do Capitalismo

O termo 'burguesia' originou-se da palavra francesa 'bourgeoisie', que significa 'cidade'.

Proletariado
Proletariado, Imagem de Victoria_Regen por Pixabay

Resumo

Este artigo investigou criticamente as transformações societárias contemporâneas, com foco nos pilares estruturais que definem nossa ordem social. Foram abordados temas como o trabalho assalariado, a propriedade privada dos meios de produção, a relação entre burguesia e proletariado e a busca pelo lucro. A análise desses elementos foi embasada em conceitos históricos, sociológicos e econômicos, com referências a personalidades históricas relevantes. Por meio dessa investigação, buscou-se compreender as dinâmicas sociais e econômicas da sociedade contemporânea, refletindo sobre os desafios e possibilidades de construir uma realidade mais justa, inclusiva e sustentável.

Palavras-chave: Transformações societárias contemporâneas, trabalho assalariado, propriedade privada dos meios de produção, burguesia, proletariado, lucro, fases do capitalismo, mercantilismo, liberalismo, ordem social.

Introdução

A sociedade contemporânea é palco de complexas dinâmicas sociais, políticas e econômicas, moldadas por conceitos fundamentais como trabalho assalariado, propriedade privada dos meios de produção, burguesia e proletariado, lucro e as distintas fases do capitalismo. Compreender esses elementos e analisar suas interações é crucial para uma visão aprofundada dos desafios e oportunidades que permeiam nossa realidade atual.

O objetivo deste artigo científico é investigar criticamente as transformações societárias contemporâneas, abordando os pilares estruturais que definem nossa ordem social. Por meio de uma análise embasada em teorias sociológicas, econômicas e históricas, buscaremos compreender a interconexão entre trabalho assalariado e a propriedade privada dos meios de produção, explorando a relação complexa entre burguesia e proletariado.

Em um mundo cada vez mais globalizado e interdependente, o estudo das dinâmicas do capitalismo torna-se fundamental para compreender as relações de poder, distribuição de riqueza e desigualdades presentes em nossa sociedade. Analisaremos as distintas fases do capitalismo, desde sua origem mercantilista no século XVIII até os modelos econômicos baseados no liberalismo, que moldaram o desenvolvimento contemporâneo.

Ao aprofundarmos nosso entendimento sobre o trabalho assalariado, a propriedade privada, a burguesia, o proletariado, o lucro e as fases do capitalismo, teremos como objetivo revelar as transformações sociais e econômicas que têm ocorrido e discutir suas implicações para o presente e o futuro da sociedade. Com essa análise crítica, buscamos contribuir para um debate informado e a formulação de estratégias mais eficazes para lidar com os desafios e oportunidades da sociedade contemporânea.

Ao longo deste artigo, serão apresentadas reflexões embasadas em teorias clássicas e contemporâneas, bem como evidências empíricas que ilustram as transformações em curso. Por meio de uma análise multidisciplinar, procuraremos fornecer insights significativos para pesquisadores, acadêmicos e profissionais interessados no estudo da sociedade contemporânea e suas complexidades.

Portanto, este artigo convida os leitores a imergirem em uma investigação aprofundada das complexas dinâmicas sociais e econômicas que caracterizam a sociedade contemporânea. Nosso objetivo primordial é oferecer uma compreensão crítica e embasada das transformações em curso, a fim de fornecer subsídios relevantes para a construção de uma realidade mais equitativa, inclusiva e sustentável.

Metodologia da Pesquisa

Para realizar a investigação crítica das transformações societárias contemporâneas, foi adotada uma abordagem multidisciplinar, baseada na análise histórica, sociológica e econômica. A pesquisa foi conduzida em etapas, utilizando fontes primárias e secundárias, incluindo obras de renomados teóricos e estudiosos da área.

Inicialmente, foi realizada uma revisão bibliográfica extensa sobre o tema, buscando compreender as principais correntes de pensamento relacionadas ao trabalho assalariado, à propriedade privada dos meios de produção, à dinâmica entre burguesia e proletariado e ao papel do lucro nas relações sociais e econômicas.

Em seguida, foram analisadas obras clássicas e contemporâneas, bem como artigos acadêmicos, que abordavam as fases do capitalismo, com ênfase nos contextos históricos, conceitos-chave e suas implicações societárias. Foram selecionadas personalidades históricas, como Karl Marx, Friedrich Engels, Adam Smith e outros pensadores relevantes, para embasar empiricamente os argumentos e enriquecer a análise crítica.

Além disso, a pesquisa se valeu de dados estatísticos e informações contextualizadas para examinar as transformações societárias contemporâneas e os pilares estruturais que definem nossa ordem social. O uso de estudos de caso e exemplos concretos contribuiu para uma compreensão mais abrangente e aplicada dos fenômenos em questão.

Por fim, a pesquisa se baseou em uma abordagem crítica, questionando premissas, explorando contradições e buscando identificar alternativas para uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável. O processo de análise e interpretação dos dados coletados foi realizado de forma reflexiva e cautelosa, visando uma compreensão aprofundada dos temas tratados.

A combinação dessas abordagens e métodos de pesquisa permitiu uma investigação crítica e abrangente das transformações societárias contemporâneas, contribuindo para uma reflexão informada e embasada sobre os desafios e possibilidades de nossa ordem social.

O trabalho assalariado

Trabalhador assalariado
Trabalhador assalariado, Imagem de GraphicMama-team por Pixabay

O trabalho assalariado é um elemento central na sociedade contemporânea, cuja evolução ao longo da história tem sido marcada por transformações significativas. Para embasar empiricamente essas transformações, recorremos a personalidades históricas que desempenharam papéis-chave nesse contexto.

No século XVIII, com o advento da Revolução Industrial, o trabalho assalariado passou por um processo de intensificação e reestruturação. Grandes pensadores e observadores da época, como Karl Marx e Friedrich Engels, lançaram luz sobre as condições de trabalho e as relações de classe que surgiram nesse novo cenário. Em sua obra conjunta, "O Manifesto Comunista", eles analisaram a exploração do proletariado pela burguesia, enfatizando a desigualdade e a alienação inerentes ao sistema capitalista. 

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Marx, em sua obra "O Capital", aprofundou a análise do trabalho assalariado, argumentando que a exploração dos trabalhadores estava enraizada na própria lógica do capitalismo. Ele destacou a relação entre o trabalho humano e o valor das mercadorias produzidas, ressaltando a extração de mais-valia como uma fonte de lucro para os proprietários dos meios de produção. As ideias de Marx fornecem um embasamento histórico sólido para compreender as relações de poder e a exploração presentes no sistema de trabalho assalariado.

Outra personalidade histórica que contribuiu para a compreensão do trabalho assalariado foi Max Weber. Em sua obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", Weber explorou a influência das crenças religiosas, especialmente o protestantismo, na formação de uma mentalidade favorável à acumulação de riqueza e ao trabalho disciplinado. Ele argumentou que o capitalismo moderno se desenvolveu em conjunto com uma ética do trabalho voltada para o sucesso econômico.

Esses exemplos ilustram como as personalidades históricas podem oferecer embasamento empírico para uma análise crítica das transformações societárias contemporâneas relacionadas ao trabalho assalariado. Ao adentrarmos nas obras de Marx, Engels e Weber, obtemos uma compreensão mais completa das estruturas de poder, das desigualdades e das tensões sociais que caracterizam a ordem social atual.

No entanto, é importante ressaltar que o debate sobre o trabalho assalariado e suas transformações societárias contemporâneas não se limita apenas a essas personalidades históricas. Existem muitos outros pensadores, teóricos e pesquisadores cujas contribuições enriquecem nossa compreensão desse fenômeno complexo. Ao explorar uma variedade de perspectivas, é possível obter uma visão abrangente e fundamentada sobre o trabalho assalariado e suas implicações para a sociedade contemporânea.

O que é a mais-valia?

A mais-valia, conceito central na teoria de Karl Marx, refere-se ao valor adicional criado pelos trabalhadores além do valor necessário para cobrir seus próprios salários e reproduzir sua força de trabalho. É uma expressão da exploração inerente ao sistema capitalista.

Para entender a mais-valia, é importante compreender a teoria do valor-trabalho de Marx. Segundo ele, o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para produzi-la. O trabalho é a fonte de valor na sociedade e representa o tempo de trabalho humano investido na produção de bens e serviços.

No capitalismo, os trabalhadores são contratados pelos donos dos meios de produção (capitalistas) e recebem um salário em troca de sua força de trabalho. No entanto, o valor gerado pelo trabalho dos trabalhadores durante um dia de trabalho excede o valor do salário que recebem. Essa diferença entre o valor produzido e o valor pago aos trabalhadores é a mais-valia.

A mais-valia é apropriada pelos capitalistas como lucro. Marx argumentava que os capitalistas obtêm sua riqueza explorando o trabalho assalariado, pois se apropriam do valor excedente criado pelos trabalhadores. Essa exploração é possível porque os trabalhadores não têm controle sobre os meios de produção e dependem da venda de sua força de trabalho para sobreviver.

Marx distinguia duas formas de mais-valia: a absoluta e a relativa. A mais-valia absoluta ocorre quando os capitalistas aumentam a jornada de trabalho dos trabalhadores, estendendo o tempo em que produzem valor sem aumentar seu salário proporcionalmente. Já a mais-valia relativa é obtida por meio do aumento da produtividade do trabalho, reduzindo o tempo necessário para produzir bens e aumentando o tempo excedente disponível para a geração de lucro.

A análise da mais-valia por Marx é fundamental para sua crítica ao capitalismo e sua visão de que o sistema é intrinsecamente desigual. Ele argumentava que a exploração da mais-valia é um elemento fundamental na acumulação de capital e na reprodução das desigualdades sociais. A luta pela emancipação dos trabalhadores envolveria a superação desse sistema de exploração e a construção de uma sociedade socialista na qual os meios de produção seriam coletivamente controlados e a riqueza seria distribuída de forma mais justa.

Propriedade privada dos meios de produção

Meio de produção
Meio de produção, Imagem de Clker-Free-Vector-Images por Pixabay

A propriedade privada dos meios de produção é um fenômeno de extrema importância nos contextos histórico, sociológico e econômico, desempenhando um papel fundamental nas transformações sociais contemporâneas.

Ao adentrarmos na seara histórica, encontramos em Karl Marx e Friedrich Engels vozes eloquentes que tecem críticas contundentes à propriedade privada dos meios de produção. Em suas obras seminalmente relevantes, tais como "O Manifesto Comunista" e "O Capital", esses pensadores incisivos oferecem análises abrangentes acerca das ramificações sociais e econômicas desse mecanismo.

Marx, por meio de uma análise dialética da sociedade, expõe a propriedade privada como uma estrutura intrinsecamente desigual, que instiga a exploração do proletariado pelos detentores do capital. Nessa ordem social, a acumulação de riqueza é consequência da apropriação da mais-valia gerada pelos trabalhadores assalariados. A propriedade privada, segundo Marx, engendra uma cisão profunda na sociedade, estabelecendo uma dicotomia entre a minoria burguesa e a maioria proletária, resultando em desigualdade e alienação.

Inspirando-se nas obras de Marx e aprimorando-as, podemos encontrar a perspicácia analítica de pensadores como Max Weber. Em sua obra magistral, "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", Weber lança luz sobre a intrincada intersecção entre a ética religiosa e o desenvolvimento do sistema capitalista, no qual a propriedade privada desempenha um papel preponderante. Ele argumenta que a ética do trabalho e a busca por prosperidade material são catalisadoras da propriedade privada, alimentando o espírito empreendedor que impulsiona a máquina econômica.

À luz dessas abordagens, torna-se evidente que personalidades históricas proeminentes proporcionam um arcabouço teórico robusto e sofisticado para a análise crítica da propriedade privada dos meios de produção. Suas reflexões perspicazes apontam para as desigualdades, exploração e alienação inerentes a essa forma de organização econômica.

É imprescindível salientar, no entanto, que a compreensão completa e aprofundada das transformações societárias contemporâneas demandam um exame minucioso e holístico, transcendendo as contribuições individuais dessas personalidades. Um leque amplo de teóricos, pensadores e pesquisadores, cada qual com sua visão singular, enriquecem o debate e propiciam uma apreensão multifacetada da propriedade privada e de suas implicações na sociedade atual. Somente por meio dessa abordagem abrangente é que podemos almejar uma análise mais abstrata e aprofundada das dinâmicas sociais, econômicas e políticas subjacentes à propriedade privada dos meios de produção, proporcionando assim um embasamento mais consistente para a investigação crítica das transformações societárias contemporâneas.

Burguesia, proletariado e lucro

Burguesia
Burguesia, Imagem de 🤦‍♂️爪丨丂ㄒ乇尺 🤷‍♀️🤷‍♂️ 卩丨ㄒㄒ丨几Ꮆ乇尺🤦‍♀️ por Pixabay

A investigação crítica das transformações societárias contemporâneas, focando nos pilares estruturais que definem nossa ordem social - burguesia, proletariado e lucro - exige uma abordagem multidisciplinar que incorpora a história, a sociologia e a economia. Para compreender profundamente esses conceitos e suas implicações, é necessário examinar as personalidades históricas que contribuíram para o desenvolvimento dessas ideias e teorias.

A burguesia é uma classe social que emergiu durante a transição do feudalismo para o capitalismo. Seu surgimento está intimamente ligado à ascensão do comércio e da produção industrial. Personalidades históricas como Adam Smith, considerado o pai da economia moderna, e Karl Marx, renomado filósofo e economista, desempenharam papéis significativos na definição e no entendimento da burguesia. Smith enfatizou o papel empreendedor da burguesia na promoção do crescimento econômico, enquanto Marx analisou o caráter explorador da classe burguesa e sua relação com o proletariado.

O proletariado, por sua vez, é a classe trabalhadora que não possui propriedade dos meios de produção e depende da venda de sua força de trabalho para sobreviver. Personalidades históricas como Friedrich Engels, colaborador próximo de Marx, contribuíram para a compreensão sociológica do proletariado. Engels descreveu as condições precárias de vida e trabalho do proletariado industrial no século XIX, enfatizando sua exploração pelas classes dominantes.

O lucro é o ganho econômico obtido pela diferença entre as receitas e os custos de produção. Adam Smith também desempenhou um papel importante na definição e na compreensão do lucro, destacando-o como um motor essencial para o funcionamento do sistema capitalista. A busca pelo lucro molda as decisões empresariais, estimula a competição e influencia a alocação de recursos na economia.

Ao analisarmos as transformações societárias contemporâneas, é crucial considerar os impactos desses pilares estruturais. A crescente desigualdade de renda e riqueza, a exploração do trabalho assalariado, a fragmentação do trabalho e o avanço tecnológico são algumas das questões críticas que afetam a dinâmica entre a burguesia, o proletariado e o lucro na sociedade atual.

A compreensão crítica desses conceitos nos permite examinar as consequências dessas relações de poder e buscar alternativas para uma ordem social mais justa. Isso envolve questionar as estruturas que perpetuam a desigualdade, promover políticas que fortaleçam os direitos dos trabalhadores e buscar formas de organização social e econômica que priorizem a dignidade humana e a equidade.

Em suma, a investigação crítica das transformações societárias contemporâneas, tendo como base a análise dos pilares estruturais da burguesia, proletariado e lucro, exige uma abordagem holística que combina conhecimentos históricos, sociológicos e econômicos. Ao explorar a contribuição de personalidades históricas e compreender os conceitos-chave, podemos obter uma visão mais profunda dos desafios enfrentados e buscar soluções para criar uma sociedade mais justa e equitativa.

As fases do capitalismo e o século 18

Capitalismo
Capitalismo, Imagem de Clker-Free-Vector-Images por Pixabay

A averiguação analítica das transformações societárias contemporâneas requer uma análise robusta das fases do capitalismo, com ênfase especial no século 18. Nesse período, ocorreram mudanças significativas nos fundamentos econômicos, sociais e políticos que moldaram nossa ordem social atual. Uma compreensão detalhada dessas transformações recorre a exploração dos alicerces estruturais que estabelecem nossa sociedade.

O capitalismo passou por diferentes fases ao longo da história, cada uma delas marcada por características distintas e implicações sociais e econômicas específicas. Uma das fases fundamentais é o capitalismo mercantilista, que se desenvolveu durante o século 18. Nessa época, o comércio internacional desempenhou um papel central na acumulação de riquezas e no estabelecimento de impérios coloniais. As nações europeias, como Inglaterra, França e Espanha, competiam entre si para obter recursos e expandir suas esferas de influência, promovendo uma intensa atividade comercial e a exploração de colônias.

O capitalismo mercantilista foi caracterizado pela busca de lucro por meio do comércio e da acumulação de metais preciosos. As empresas mercantis, como as Companhias das Índias Orientais, desempenharam um papel-chave nesse contexto, estabelecendo rotas comerciais globais e monopolizando o comércio de especiarias, tecidos e outras mercadorias valiosas. Essa fase do capitalismo também foi marcada pelo surgimento de uma nova classe social, a burguesia mercantil, que acumulava riqueza e poder por meio de suas atividades comerciais.

No entanto, o século 18 também foi um período de transição para uma nova fase do capitalismo: o liberalismo econômico. Influenciado pelas ideias de pensadores como Adam Smith, essa abordagem defendia a liberdade individual, a propriedade privada e o livre mercado como os princípios fundamentais da organização econômica. O liberalismo econômico pregava a não intervenção do Estado na economia e a crença de que a busca individual do lucro levaria ao benefício coletivo.

Essas fases do capitalismo têm implicações profundas para a ordem social contemporânea. O capitalismo atual, por exemplo, reflete não apenas as características do liberalismo econômico, mas também incorpora elementos de outras fases, como o capitalismo industrial e o capitalismo financeiro. A concentração de riqueza, a desigualdade social, a exploração do trabalho assalariado e as relações de poder entre a burguesia e o proletariado são questões críticas que surgem dessas transformações.

Assim sendo, a investigação crítica das mudanças sociais contemporâneas requer uma análise aprofundada das diferentes fases do capitalismo, como o mercantilismo e o liberalismo econômico do século XVIII. Essa análise profunda é essencial para compreender os alicerces estruturais que moldam a ordem social atual. A exploração dessas fases históricas e seus impactos é indispensável para uma compreensão abrangente das dinâmicas socioeconômicas e para a busca de alternativas que promovam uma sociedade mais justa e igualitária.

Liberalismo versus Mercantilismo

O embate entre o mercantilismo e o liberalismo é um marco na história das teorias econômicas e nas transformações societárias. Essas duas correntes de pensamento oferecem perspectivas opostas em relação à organização econômica, ao papel do Estado e à dinâmica do comércio. Compreender as bases conceituais e históricas dessas abordagens é fundamental para analisar as transformações societárias contemporâneas e os pilares estruturais que moldam nossa ordem social.

O mercantilismo surgiu durante os séculos XVI e XVII, quando o comércio internacional e as atividades coloniais ganharam força. Essa doutrina econômica defendia a intervenção estatal na economia, com o objetivo de acumular riquezas e poder para a nação. Os mercantilistas acreditavam que a riqueza de um país estava ligada à sua quantidade de metais preciosos, como ouro e prata. Para alcançar esse objetivo, eles buscavam promover exportações e restringir importações por meio de tarifas e barreiras comerciais.

O mercantilismo valorizava a ideia de um comércio controlado e regulamentado pelo Estado, em busca de excedentes comerciais favoráveis. Os governos buscavam proteger a indústria nacional, promover a expansão colonial e estabelecer monopólios comerciais através das Companhias das Índias Orientais, por exemplo. O objetivo era fortalecer a economia nacional e garantir o poder político por meio do controle dos recursos e do comércio.

No entanto, no século XVIII, surgiram críticas contundentes ao mercantilismo. O liberalismo econômico, representado principalmente pelas ideias de Adam Smith, emergiu como uma alternativa que promovia a liberdade individual, o livre mercado e a não intervenção estatal na economia. O livro de Smith, "A Riqueza das Nações", publicado em 1776, é considerado um dos pilares do liberalismo econômico.

Smith argumentava que a riqueza das nações não se baseava apenas na quantidade de metais preciosos, mas sim na capacidade de produção e na eficiência econômica. Ele defendia a ideia de que o livre mercado, movido pelo interesse próprio dos indivíduos, levava a uma alocação eficiente dos recursos e a um aumento da riqueza coletiva. Para Smith, a intervenção estatal deveria ser mínima, limitada à proteção dos direitos de propriedade e à garantia da concorrência justa.

O liberalismo econômico propunha a abolição das restrições comerciais, como tarifas e monopólios, e a promoção da livre concorrência. Smith argumentava que essa abordagem estimularia a inovação, a especialização produtiva e a eficiência econômica, resultando em maior riqueza e bem-estar para a sociedade como um todo.

A partir do século XVIII, o liberalismo econômico ganhou força e influenciou as transformações societárias e econômicas em todo o mundo. A Revolução Industrial, por exemplo, foi impulsionada por ideias liberais, levando a avanços tecnológicos, urbanização e mudanças nas relações de trabalho.

Contudo, é importante ressaltar que o embate entre mercantilismo e liberalismo não se encerrou no século XVIII. Essas duas correntes de pensamento continuaram a influenciar as discussões econômicas e sociais ao longo dos séculos XIX e XX, e ainda hoje suas ideias estão presentes nas políticas econômicas adotadas por diferentes países.

A compreensão das fases do capitalismo e da disputa entre mercantilismo e liberalismo é essencial para analisar as transformações societárias contemporâneas. A evolução do sistema econômico, as mudanças nas relações de produção e as políticas adotadas pelos governos moldaram a ordem social atual. Nesse contexto, é fundamental questionar e refletir criticamente sobre os pilares estruturais que definem nossa sociedade, buscando caminhos para uma realidade mais justa, inclusiva e sustentável.

Conclusão

A investigação crítica das transformações societárias contemporâneas, abordando os pilares estruturais da nossa ordem social, revela a complexidade e a interconexão entre a burguesia, o proletariado e o lucro. Ao examinarmos as fases do capitalismo, como o mercantilismo e o liberalismo econômico do século 18, somos confrontados com os desafios e as contradições inerentes a esses sistemas.

Ao longo da história, a propriedade privada dos meios de produção tem sido um ponto central de disputa entre classes sociais. A burguesia, detentora dos meios de produção, busca maximizar seus lucros e acumular riqueza, enquanto o proletariado, que vende sua força de trabalho, enfrenta condições precárias e desigualdades sociais.

Nessa análise crítica, compreendemos que o capitalismo, embora tenha impulsionado o desenvolvimento econômico e a inovação tecnológica, também gerou desigualdades socioeconômicas e injustiças estruturais. O desafio atual consiste em repensar e transformar essa ordem social, de modo a promover uma distribuição mais equitativa dos recursos e uma participação mais democrática nos processos decisórios.

Através da reflexão embasada em personalidades históricas e em uma análise multidisciplinar, somos instigados a considerar alternativas que visem uma sociedade mais inclusiva, justa e sustentável. Essa busca implica repensar as relações de poder, fomentar a solidariedade entre os indivíduos e questionar as estruturas que perpetuam a desigualdade.

Em última análise, a compreensão das dinâmicas socioeconômicas, das contradições e das possibilidades de transformação nos permite vislumbrar um futuro em que as relações sociais sejam pautadas pela equidade, pela dignidade e pela valorização do coletivo. Através do engajamento crítico e da busca por mudanças estruturais, podemos caminhar em direção a uma sociedade mais justa, onde todos tenham a oportunidade de desenvolver seu potencial plenamente.

 

Referências Bibliográficas

 

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