A Queda do General no Labirinto do Poder

Quando a autoridade se torna prisioneira de suas próprias engrenagens



Era uma manhã cinzenta em Copacabana quando o general Braga Netto, em seu confortável refúgio de quatro estrelas, foi despertado pela batida inexorável à porta. Não era o som de cortesia, mas o aviso surdo da burocracia vindo buscar um homem que, em tempos passados, reinava nos corredores sombrios do poder. O apartamento, que antes lhe oferecia segurança, tornou-se uma prisão preliminar, e ele, agora apenas um número em um sistema que girava incessantemente, insensível às insígnias ou às memórias de grandeza.

     

    Na prisão improvisada de um quartel, onde grades substituíram a ilusão de liberdade, o nome de Braga Netto ecoava. Não como um herói, mas como um suspeito de liderar uma conspiração que almejava dobrar a democracia até que ela se quebrasse. A acusação, um fardo que ele parecia carregar com uma mistura de desdém e incredulidade, vinha carregada de provas e insinuações, como se o próprio destino estivesse decidido a enredá-lo em suas teias.

    Alexandre de Moraes, uma figura austera que parecia não pertencer inteiramente ao mundo dos homens, proferiu sua sentença inicial: havia indícios, graves e abundantes, de que o general conspirara contra a vontade popular, tramando nas sombras contra o triunfo de um homem que o povo, em sua imprevisível sabedoria, elegera para conduzi-los.



    Braga Netto, antes uma figura quase mítica, estava agora reduzido a um ator secundário em um drama kafkiano, onde o absurdo e o trágico se entrelaçavam. Buscara informações sigilosas, alinhara versões, mas não havia escape das engrenagens impiedosas do sistema que ele próprio ajudara a construir. Sua defesa, um murmúrio ofegante de negação, era tão pouco convincente quanto a fé de um falso profeta diante de um messias verdadeiro.

    Enquanto isso, nas praças e templos, vozes clamavam por redenção e caos em igual medida. Igrejas evangélicas, inflamadas por um fervor que flertava perigosamente com o sacrilégio, haviam pintado Jair Bolsonaro como um messias moderno. Mas que messias era este, que deixava em seu rastro seguidores em transe e um país ferido? A comparação com o Jesus bíblico parecia uma blasfêmia, uma distorção grotesca que apenas servia para envenenar ainda mais o já poluído cenário político.

    Agora, o destino dos que marcharam cegamente atrás desse falso messias parecia selado. Homens como Braga Netto, que um dia andaram sob os holofotes, terminarão trancafiados, esquecidos e apagados da história. Talvez, no futuro, um presidente magnânimo lhes ofereça o perdão, mas até lá, serão apenas sombras em um cárcere, presos não apenas por grades, mas também pela memória de suas escolhas.

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