Quando o mundo interior de Bernard se estilhaça, a realidade se desfaz junto a ele.
Um Labirinto sem Saída
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O Espaço como Prisão
A casa de Bernard é um personagem por si só. Suas rachaduras não são apenas falhas estruturais, mas portais que revelam algo terrível e inominável. As paredes parecem observá-lo; os corredores se estreitam, como se quisessem engoli-lo. O espaço físico se torna uma extensão de sua psique – tortuoso, fragmentado, inescapável.
Dentro desse cenário opressivo, cada objeto carrega uma presença inquietante. A mesa onde Bernard pinta suas telas macabras se transforma em altar e tribunal. Suas pinceladas, como as palavras de Josef K. em O Processo, não servem para esclarecer, mas para confundir ainda mais.
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A Arte como Condenação
A arte de Bernard é tanto um alívio quanto uma maldição. Suas pinturas são janelas para um mundo que ele não controla, um reflexo distorcido de seus próprios medos. Em cada obra, ele tenta capturar algo que sempre escapa – talvez a lembrança de sua irmã, talvez o significado de sua dor.
Mas a arte não traz respostas. Em vez disso, é como um veredicto silencioso, uma sentença que ele não pode evitar. Como em Kafka, a busca por sentido acaba revelando apenas o vazio, e Bernard é consumido por aquilo que ele mesmo cria.
Personagens que Desaparecem
As pessoas na vida de Bernard são sombras que se aproximam, apenas para desaparecerem novamente. Sua mãe, silenciosa e imóvel, é quase uma estátua viva, um monumento à culpa e à perda. Seus amigos e conhecidos são figuras que entram e saem como fantasmas, deixando fragmentos de si mesmos que Bernard nunca consegue juntar.
Há, também, a presença constante de sua irmã, não em carne, mas em memória. Ela paira sobre ele como uma acusação e um consolo, uma lembrança de algo perdido e irrecuperável. No mundo de Bernard, ninguém é sólido, ninguém permanece.
A Solidão como Entidade
Em Rachaduras na Solidão, a solidão não é apenas uma circunstância; é uma força viva, quase tangível. Ela sussurra para Bernard em momentos de silêncio, espreita nos cantos de cada sala, preenche as lacunas que ele tenta ignorar.
A solidão, como em Kafka, é inevitável e implacável. Não importa o quanto Bernard tente fugir, ela sempre o encontra, sempre o envolve. É ao mesmo tempo sua maior dor e sua única companheira.
Esperança ou Ilusão?
Se há esperança em Rachaduras na Solidão, ela é tênue e ambígua. Bernard busca redenção na arte, mas cada nova pintura parece aproximá-lo ainda mais do desespero. Há momentos de beleza, mas eles são fugazes, como o brilho de uma chama prestes a se apagar.
A narrativa deixa em aberto se Bernard encontrará alguma paz ou se será consumido por suas rachaduras internas. Talvez, como em Kafka, a busca por sentido seja o verdadeiro objetivo, mesmo que o sentido nunca seja encontrado.
Uma Alegoria da Condição Humana
Ao final, Rachaduras na Solidão é mais do que a história de Bernard; é uma alegoria da existência. Suas rachaduras são as nossas rachaduras, suas perguntas são as nossas perguntas. O que o torna tão inquietante é que não oferece respostas – apenas o reflexo perturbador de nossas próprias dúvidas.
Como uma obra kafkiana, este romance é um convite para nos perdermos, para enfrentarmos o vazio e, talvez, encontrarmos alguma forma de beleza no caos. As rachaduras na solidão de Bernard são as rachaduras do mundo, e nelas, talvez, possamos vislumbrar algo além.
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