A Cerimônia do Vazio: A Posse de Nicolás Maduro como Símbolo de um Labirinto Político

Um Juramento no Vazio: Quando o Poder se Torna um Espelho da Própria Condenação




Brasília, 11 de janeiro de 2025 — Na manhã nebulosa de 10 de janeiro de 2025, Nicolás Maduro assumiu seu terceiro mandato como presidente da Venezuela, ou, mais apropriadamente, como guardião do silêncio e da angústia que permeiam um país aprisionado em suas próprias contradições. Não se tratou de uma celebração, mas de uma cerimônia sombria, um rito desprovido de alma, onde os aplausos pareciam ecoar apenas para se dissiparem no vácuo.

     

    Como num processo kafkiano, onde o veredicto já está decidido antes mesmo do julgamento, a posse de Maduro foi conduzida sob a sombra de uma eleição cuja legitimidade jamais foi demonstrada. As atas das urnas, que poderiam ser testemunhas de sua vitória, permanecem ocultas, como páginas arrancadas de um livro de memórias que ninguém quer ler. A oposição, por sua vez, clama por justiça, mas suas vozes são abafadas por uma estrutura de poder implacável que transforma protestos em suspiros.

    O cenário internacional, por mais vasto que pareça, mostrou-se igualmente claustrofóbico. Chefes de estado e líderes ausentes, substituídos por diplomatas que pareciam personagens secundários de uma peça que já perdeu o interesse do público. Cuba, Nicarágua, Rússia e China estavam lá, mas seus representantes eram sombras pálidas, figuras que reforçavam a solidão de Maduro em seu próprio teatro de poder.

    Maduro promete um "período de paz", mas suas palavras soam como um sussurro perdido em meio ao barulho de sanções internacionais, acusações de corrupção e repressão interna. A oposição, reduzida a um mosaico fragmentado de resistências, denuncia fraude e arbitrariedade, mas enfrenta um labirinto de portas fechadas, onde cada tentativa de avanço parece levá-la de volta ao ponto de partida.



    A Venezuela, outrora terra de Simón Bolívar, parece agora habitada por espectros, fantasmas de um sonho libertador que se perdeu em corredores escuros. Sob a proposta de uma nova reforma constitucional, vislumbra-se a possibilidade de um país ainda mais distante da liberdade, como se a cada passo dado rumo ao futuro, a nação fosse puxada de volta para o abismo de sua história recente.

    Enquanto isso, o povo venezuelano, prisioneiro de circunstâncias que não escolheu, observa o desenrolar dessa trama com o desespero de quem vê as paredes se fecharem ao redor. Não é apenas uma questão de política; é uma questão de existência. Em cada esquina, há um reflexo da incerteza; em cada olhar, uma pergunta sem resposta. 

    Maduro, em seu juramento, talvez tenha selado mais do que um mandato; tenha selado o destino de um país que se debate entre a resistência e a resignação. Tal qual Josef K. diante de seu processo incompreensível, a Venezuela parece condenada a vagar num enredo que jamais lhe foi explicado. E, enquanto a história continua a se desenrolar, cabe ao mundo decidir se será apenas espectador ou se ousará intervir antes que o último ato seja escrito.

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