Mesmo confessando sua lealdade ao plano golpista de Bolsonaro, almirante Garnier permanece livre, protegido por lacunas jurídicas e silêncios institucionais.
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Almirante teria aceitado plano de golpe de Jair Bolsonaro |
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Era uma terça-feira quando os olhos atentos da nação se voltaram para um relatório que mais parecia uma peça de um teatro absurdo. Entre mensagens apagadas e registros digitais fragmentados, como se a verdade dançasse à beira do esquecimento, o nome de Almir Garnier emergiu. O almirante, comandante da Marinha durante o governo de Jair Bolsonaro, mantinha tanques prontos no arsenal, aguardando uma ordem que jamais veio.
“O Alte Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos”, lia-se em uma mensagem enigmática enviada por um contato identificado apenas como “Riva”. Esse pequeno fragmento, esse pedaço de diálogo, parecia carregar consigo o peso de uma conspiração inteira, uma conspiração que os ventos da história quase apagaram.
Os relatos da época descrevem uma reunião na biblioteca do Palácio da Alvorada, um espaço que deveria ser dedicado à reflexão, mas que abrigou, ao invés disso, minutas golpistas. Enquanto os comandantes do Exército e da Aeronáutica rejeitaram a proposta de Jair Bolsonaro, Garnier, em um gesto ao mesmo tempo sutil e contundente, teria declarado sua disposição.
Mas, como tudo nesse labirinto de intenções, a disposição não se traduziu em ação. Os tanques, prontos e silenciosos, permaneceram imóveis, como se aguardassem não uma ordem, mas uma confissão.
Os ecos de 1964 ressoam inevitavelmente nesse caso. Naquele ano, os tanques também estavam prontos. Naquele ano, a justificativa era a ordem, a defesa da democracia, a necessidade de intervenção diante de um suposto caos. Agora, mais de meio século depois, a história parecia brincar com o país, trazendo à tona velhas justificativas em uma nova roupagem.
O artigo 5º da Constituição Federal é claro: qualquer tentativa de alterar a ordem constitucional por meios violentos constitui crime. E, no entanto, Garnier, através de seus defensores, tenta moldar os fatos a seu favor. A tese da desistência voluntária, uma construção jurídica quase tão absurda quanto a própria ideia de um golpe, é a linha de defesa escolhida.
Na história do Brasil, os militares sempre foram protagonistas de momentos de ruptura. Em 1889, proclamaram a República; em 1964, instauraram a ditadura. Em 2022, no entanto, o país parece ter testemunhado algo diferente. Não um golpe consumado, mas um golpe abortado, um golpe que nunca ultrapassou os corredores do poder.
O silêncio dos tanques no arsenal é, por si só, uma metáfora. Eles estavam prontos, mas nunca se moveram. Assim como os tanques de 1964 se moveram sob a justificativa de proteger a nação, os tanques de Garnier permaneceram parados, como se fossem testemunhas de uma conspiração que se dissolveu no ar antes mesmo de nascer.
Como em um conto kafkiano, o labirinto jurídico e moral em que Almir Garnier agora se encontra é tão intricado quanto as tramas que ele supostamente ajudou a tecer. Os corredores da justiça estão cheios de ecos, de passos que nunca se concretizam, de portas que levam a lugar algum.
Enquanto o país tenta entender como o almirante que tinha tanques prontos para um golpe não foi preso, uma pergunta paira no ar: será que o verdadeiro golpe não está na incapacidade de lidar com os fantasmas do passado?
E assim, o Brasil segue, preso em seu próprio castelo de ilusões e incertezas, onde a justiça é uma figura distante e os tanques são apenas sombras à espera de um destino que talvez nunca chegue.
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