Explorando a Teia entre Educação, Estado e Sociedade: Políticas, Legislação e Transformações
Educação, Estado e Sociedade |
Introdução
Saudações, prezado leitor!
Neste texto, embarcaremos em uma jornada de estudo que
desvendará as intricadas relações entre Educação, Estado e Sociedade, com um
foco especial nas políticas educacionais. Nosso objetivo é proporcionar-lhe uma
compreensão básica de três pontos fundamentais:
- O significado e a importância das políticas educacionais.
- As políticas que norteiam os processos formais de
educação no contexto brasileiro.
- A presença das políticas educacionais nas leis e
regulamentos brasileiros, tanto no presente quanto no passado.
Para alcançar esse propósito, destacaremos pontos de
discussão relevantes. Por exemplo, você está familiarizado com os dispositivos
legais que fundamentam e estabelecem as diretrizes para a sua vida acadêmica?
Já teve contato com o conceito de Regime de Colaboração? Além disso, você sabia
que a Constituição Federal é a nossa Lei Magna? Embora esses termos e conceitos
possam parecer distantes em um primeiro momento, é fundamental compreendê-los,
pois estão entrelaçados com marcos históricos e legais que moldam a educação em
nosso país, desde a primeira infância até o ensino superior.
Essa exploração tem como propósito ampliar o seu
conhecimento sobre a legislação educacional e sua trajetória histórica. Afinal,
a educação é uma parte indissociável da sociedade e acompanha as transformações
sociais, culturais, econômicas e políticas que marcaram a história brasileira.
Durante essa leitura, mergulharemos nas complexidades das
redes educacionais municipais, estaduais e federais, e discutiremos a
possibilidade de maior integração entre as instituições públicas das três
esferas governamentais - municípios, estados e União - por meio do Regime de
Colaboração. Por fim, abordaremos as principais medidas determinadas pelas
Constituições brasileiras, desde a Independência do Brasil, fornecendo
subsídios para uma análise crítica da nossa atual Constituição, conhecida como
Constituição Cidadã.
Desejamos-lhe uma excelente leitura e uma jornada
enriquecedora!
A Interseção Vital: Educação, Estado e
Sociedade
Você já deve ter ouvido frases como "A educação é
prioridade para desenvolver um país!" ou "Somente com educação iremos
mudar o Brasil!" Mas o que essas frases realmente significam? Qual é o
conceito de educação que está implícito nelas? É importante compreender que a
educação pode ser interpretada de diferentes formas, com perspectivas diversas.
Uma delas se refere a um conceito amplo, em que o processo educativo envolve o
reconhecimento de princípios éticos, morais e conhecimentos construídos ao
longo da história pela humanidade, que precisam ser transmitidos, de uma forma
ou de outra, para as gerações seguintes.
Nesse primeiro caso, podemos afirmar que a educação existe desde que há vida em sociedade, pois o processo educativo está presente na família, na religião, na cultura. As figuras paternas, as pessoas sábias, os anciãos, os mestres, os líderes religiosos são todos "educadores", cada um com seu conjunto de conhecimentos, garantindo que as gerações mais jovens recebam a continuidade de tudo o que a humanidade construiu por meio das relações sociais. E como somos seres sociais e sociáveis ao longo de toda a vida, é possível compreender que nunca deixaremos de educar e sermos educados.
Em determinado momento da história, no entanto, as
sociedades começaram a se organizar de maneira mais complexa. A ciência emergiu
de forma mais significativa, alterando completamente nossa visão de mundo,
especialmente durante o período iluminista. Com as revoluções dos séculos XVII
e XVIII, a sociedade começou a se estruturar em torno da ideia de
Estados-Nação, consolidando o capitalismo como forma de produzir a vida,
especialmente com o advento das revoluções industriais.
Foi para se adaptar às novas condições da sociedade
industrial que surgiu a escola moderna, como um espaço formal de conhecimento e
transmissão do conhecimento sistematizado e organizado. Isso garante que as
novas gerações sejam instrumentalizadas e inseridas nessa nova forma de ser e
estar no mundo.
É nesse contexto que temos o que conhecemos como
"escolarização", ou seja, um processo educativo que ocorre em um
espaço formal, vinculado a uma ideia de sociedade e de desenvolvimento. O
conhecimento deixa de ser exclusivo da família, dos espaços culturais,
políticos e, principalmente, da religião, passando a ser gerido pelo Estado.
Para que o Estado se desenvolva, ele precisa de força
produtiva. Para que haja força produtiva, as pessoas precisam aprender. E para
que elas aprendam, o Estado assume a responsabilidade de fornecer políticas
públicas. É por isso que existem as políticas educacionais. Com esse
pressuposto em mente, podemos entender o significado das políticas públicas
para a educação ao analisar sua trajetória, desde a formulação até a
implementação, buscando identificar nesse processo suas relações com a
sociedade e com o Estado.
As políticas públicas são práticas de governança
direcionadas ao público em geral. Elas têm como objetivo regular, governar e
administrar diferentes demandas sociais. As definições sobre políticas públicas
são diversas, refletindo a complexidade do tema e suas relações com diferentes
perspectivas teóricas. O fato é que todos nós somos afetados por essas
políticas, que permeiam todas as esferas do Estado e não se limitam ao que nos
afeta diretamente. Portanto, compreender as políticas públicas é essencial para
compreendermos o papel do Estado na sociedade.
Do texto legal à implementação da política
educacional
Ao analisar as políticas públicas, é essencial considerar a
sociedade em que vivemos, que é caracterizada por sua diversidade cultural,
racial e desigualdades econômicas. A globalização também desempenha um papel
significativo nas relações entre o Estado e a sociedade. Nesse contexto, o
sociólogo Stephen Ball, juntamente com Richard Bowe, propõe uma abordagem
conceitual inovadora que nos permite compreender e analisar os movimentos das
políticas públicas na área da educação. Suas pesquisas, realizadas em
colaboração com outros estudiosos britânicos no campo das políticas, foram
amplamente difundidas no Brasil, graças às traduções, entrevistas e trabalhos
de pesquisa do professor Jefferson Mainardes, da Universidade Estadual de Ponta
Grossa. As contribuições desses estudos são especialmente relevantes para a
realidade brasileira, onde há poucos pesquisadores engajados em discutir e
desenvolver referências teóricas e analíticas que promovam um avanço na
compreensão das políticas públicas educacionais.
Repensando a Estrutura e Organização da
Educação no Brasil
Para iniciar, é fundamental ter ciência de que a estrutura
e o funcionamento do sistema educacional brasileiro seguem dois marcos legais.
Um desses marcos é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN),
também conhecida como Lei nº 9.394/1996, a qual está em conformidade com os
princípios constitucionais estabelecidos na Constituição Federal de 1988
(BRASIL, 1996; 1988).
A LDBEN de 1996 foi resultado de um intenso debate e
representa a primeira grande legislação educacional após o período da Ditadura
Militar no país. No entanto, vale ressaltar que não é a primeira LDB. As duas
leis anteriores foram estabelecidas em momentos políticos distintos. A primeira
é datada de 1961, durante o governo do presidente João Goulart (1961-1964),
enquanto a segunda é de 1971, no auge da Ditadura Cívico-Militar brasileira
(1964-1985), que ironicamente depôs o presidente João Goulart por meio do golpe
civil-militar de 1964.
Passados dez anos da promulgação da primeira Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1961), o governo do Regime
Militar (1964-1985), buscando adequar a educação brasileira à ordem social e
econômica vigente durante o período ditatorial, criou uma nova lei com o
intuito de ajustar a LDBEN existente.
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O Paradigma do Ensinar para Educar
No que diz respeito ao Ensino Superior, as alterações foram
realizadas por meio da Lei nº 5.540/1968, conhecida como Lei da Reforma
Universitária (BRASIL, 1968). Já em 1971, para adaptar o Ensino Primário e o
Ensino Médio à nova ordem econômica brasileira, a Lei nº 5.692/1971 modificou
esses níveis de ensino, passando a denominá-los de Ensino de 1º e 2º Graus,
respectivamente. Essa lei estabeleceu uma nova estrutura organizacional para a
educação nacional.
A legislação educacional durante a Ditadura Militar, que
teve início em 1964, perdurou até o início do que é conhecido como transição
democrática, o período que marcou a transição do fim da ditadura para o
estabelecimento de um regime político democrático. É importante destacar que,
de acordo com a literatura educacional, o período da Ditadura Militar
compreende o tempo em que o governo esteve sob controle do regime militar
(1964-1985). O período de redemocratização da sociedade brasileira é
caracterizado como a transição ocorrida entre o fim do regime militar e a
promulgação da Constituição Federal de 1988.
Dessa forma, durante o período de redemocratização
nacional, consolidado pela promulgação da Constituição da República Federativa
do Brasil em 5 de outubro de 1988, houve uma pressão crescente por parte de
diversos setores sociais que reivindicavam uma maior participação popular nas
decisões do país. A promulgação da atual LDB, em 20 de dezembro de 1996,
ocorreu como resultado da necessidade de uma mudança estrutural no sistema
educacional brasileiro, alinhada às transformações políticas do país.
A Lei nº 9.394/1996 é a terceira Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional e está em vigor até os dias atuais. Por meio dela, foi
assegurado o direito à educação pública, gratuita e universal, além de ser
estabelecido um percentual mínimo de investimento público em educação por parte
das esferas administrativas (federal, estadual e municipal). Também foi
determinada a duração do ano letivo em 200 dias e 800 horas, bem como a
definição de um currículo mínimo comum para o ensino fundamental.
Essa legislação representa um marco importante na busca por
uma educação de qualidade e acessível para todos os cidadãos brasileiros. Ao
longo dos anos, têm surgido debates e propostas para aprimorar e atualizar as
diretrizes educacionais, a fim de enfrentar os desafios e demandas
contemporâneas. Nesse contexto, é fundamental considerar a constante evolução
da sociedade e a necessidade de adaptação do sistema educacional às mudanças
sociais, econômicas e culturais.
Fundamentos e Objetivos da Educação
A Constituição Federal de 1988 estabelece, nos artigos 205
a 209, os princípios e fins fundamentais que norteiam a educação no Brasil.
Essas disposições jurídicas definem as bases sobre as quais o sistema educacional
deve ser fundamentado, assim como suas finalidades políticas e sociais,
garantindo o acesso e as condições de permanência dos estudantes em todas as
etapas de ensino. É importante destacar que a Constituição inscreve o ensino,
em todas as suas modalidades, sob uma perspectiva democrática.
É inegável que as desigualdades econômicas históricas que
permeiam a sociedade brasileira têm negado o direito à educação a um grande
número de crianças e jovens, que são obrigados, desde cedo, a abandonar a
escola para contribuir com a renda familiar. Nesse contexto, a gratuidade da
educação em todos os níveis se torna uma medida legal essencial para a
democratização da educação no Brasil. (BRASIL, 1996)
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Outro aspecto relevante é a inclusão do atendimento em
creche e pré-escola para crianças de zero a 6 anos, permitindo que as mães
possam permanecer no mercado de trabalho com a garantia de que seus filhos
serão cuidados e educados.
A Constituição de 1988 também prevê o atendimento
educacional especializado para pessoas com deficiência, preferencialmente em
classes regulares. Além disso, a Emenda Constitucional nº 11, de 1988, concedeu
autonomia às universidades em suas três dimensões: didático-científica,
administrativa e financeira. A Constituição estabelece ainda o princípio da
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. (BRASIL, 1988)
É evidente que nossa atual Constituição é a mais
abrangente, inclusiva e democrática de todas as que já tivemos desde a
independência do Brasil. No entanto, mesmo após mais de 30 anos de sua
promulgação, ainda enfrentamos diversos desafios para efetivar seus princípios
legais no campo da educação.
Conclusão
Ao concluir esta leitura, você teve a oportunidade de
explorar as complexas relações entre o Estado e a sociedade, compreendendo suas
implicações cruciais para a educação, tanto em termos gerais quanto em relação
às políticas educacionais específicas. Ficou evidente que a legislação
educacional atual reflete as demandas sociais que moldaram cada fase da
história do Brasil. Além disso, você pôde identificar os principais marcos
legais que regem a educação no país, destacando a Constituição Federal de 1988
como a Lei Magna nesse contexto.
Durante essa jornada, você adquiriu conhecimentos valiosos,
incluindo:
1. O entendimento dos princípios, funções sociais,
políticas e legais das políticas públicas;
2. A compreensão dos diferentes tipos de políticas e seu
impacto na sociedade;
3. O acompanhamento do ciclo de formulação e implementação
das políticas educacionais;
4. A familiarização com a estrutura e organização do
sistema educacional brasileiro, conforme delineado nas Leis de Diretrizes e
Bases (LDBs) de 1961, 1971 e 1996;
5. A distinção entre sistemas e modalidades de ensino;
6. A compreensão do Regime de Colaboração e seu papel fundamental
na educação brasileira;
7. A análise da evolução do direito à educação ao longo das diferentes Constituições brasileiras.
Essas informações são de extrema importância para uma visão
ampla e crítica da realidade educacional do país. Ao compreender as bases
legais e os desafios enfrentados, você está capacitado(a) a contribuir de forma
significativa para o debate e o aprimoramento das políticas educacionais. É
necessário reconhecer que, embora tenhamos progredido, ainda existem obstáculos
a serem superados para garantir a plena concretização dos princípios
estabelecidos.
Portanto, é fundamental continuar buscando aperfeiçoar o
sistema educacional brasileiro, promovendo a equidade, a inclusão e a qualidade
educacional para todos os cidadãos. Seja por meio do engajamento em discussões,
do compartilhamento de ideias ou do trabalho prático, cada indivíduo pode
desempenhar um papel significativo na construção de um futuro educacional mais
justo e igualitário.
Bibliografia
AZEVEDO, F. et al. Manifesto dos Pioneiros da Educação
Nova. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. esp., p. 188-204, ago. 2006.
Disponível em:
<http://www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/edicoes/22e/doc1_22e.pdf>.
Acesso em: 27/11/2019.
AZEVEDO, J. M. L. A educação como política pública:
polêmicas do nosso tempo. Campinas: Autores Associados, 1997.
AZEVEDO, J. M. L. O Estado, a política educacional e a regulação do setor educação no Brasil: uma abordagem histórica. In: FERREIRA, N. S. C.; AGUIAR, M. A. S. Gestão da educação. São Paulo: Cortez, 2000.
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