O tempo é uma possibilidade que influencia o pensamento, mas sua origem e mecanismos exatos ainda não são plenamente compreendidos.
Marx com a sua filha Jenny Caroline em 1869. Esta foto está em domínio público, extraída do Bettmann. |
Resumo
Neste artigo, mergulhamos nas intricadas conexões neurais e
nos treinamentos sensoriais que fundamentam o significado das palavras.
Exploramos a interdependência entre percepção, linguagem e ações físicas,
refletindo sobre a evolução do pensamento ao longo do tempo. Contemplamos os
desafios do materialismo diante dos mistérios da matéria e a jornada contínua
em busca de desvendar os segredos mais profundos do pensamento humano.
Concluímos com a dança sublime entre o conhecido e o desconhecido,
convocando-nos a desbravar os horizontes da compreensão e iluminar o enigma da
existência.
Palavras-chave: pensamento
carregado, conexões neurais, percepção, linguagem, ação física, treinamentos
sensoriais, significado das palavras, evolução do pensamento, materialismo,
mistérios da matéria, compreensão, conhecido e desconhecido, enigma da
existência.
Introdução
Na vasta e complexa paisagem da filosofia, o materialismo
emerge como um dos pilares fundamentais do pensamento ontológico. De suas
raízes históricas às suas implicações contemporâneas, o materialismo nos
convida a explorar a natureza essencial da existência e a compreender o mundo
por meio de uma perspectiva intrinsecamente conectada à matéria.
O materialismo filosófico
sustenta que a matéria é a única entidade fundamental da qual podemos afirmar a
existência com certeza. Sob essa visão, todas as coisas, desde os objetos mais
tangíveis aos processos mais abstratos, são compostas de matéria e derivam de
interações materiais. Essa perspectiva monista da ontologia, distinta de
concepções dualistas ou pluralistas, confere ao materialismo um lugar de
destaque na compreensão da realidade dos fenômenos.
Ao contrário do idealismo e do metaficismo, o
materialismo estabelece-se como uma posição diametralmente oposta. Embora seja
possível encontrar pontos de interseção e correlação entre o materialismo e o
idealismo em certos casos, a verdadeira antítese da materialidade reside na
metafisicidade. Assim, o materialismo emerge como uma abordagem que busca
ancorar a compreensão do mundo em fundamentos materiais e rejeitar a atribuição
de um significado transcendental ou imaterial às experiências humanas.
Ao longo da história, o materialismo tem exercido um papel
crucial no desenvolvimento do pensamento humano. Desde as antigas tradições
filosóficas gregas até as abordagens contemporâneas, a compreensão da matéria e
de sua relação com a existência tem sido objeto de intenso debate e
investigação. Nessa jornada intelectual, filósofos, cientistas e pensadores têm
explorado as implicações do materialismo em diversos campos do conhecimento,
desde a física e a biologia até a sociologia e a psicologia.
À medida que adentramos a era moderna, o materialismo permanece
como um tópico de relevância inegável. Em um mundo cada vez mais marcado pelo
consumismo, pela obsessão pelas posses materiais e pela busca incessante por
satisfação material, a reflexão sobre os fundamentos do materialismo torna-se
ainda mais crucial. Ao compreendermos as implicações do materialismo em nossas
vidas e em nossa sociedade, podemos buscar um equilíbrio entre as necessidades
materiais e uma busca por significado mais profundo.
Neste artigo, iremos explorar as complexidades do
materialismo, traçando sua trajetória histórica e examinando suas ramificações
contemporâneas. Ao abordarmos a relação entre matéria e realidade, buscamos
lançar luz sobre as tensões entre o materialismo e outras correntes
filosóficas, bem como explorar suas implicações sociais, psicológicas e
ambientais. Ao fazê-lo, pretendemos não apenas ampliar nossa compreensão do
materialismo, mas também fomentar uma reflexão crítica sobre o papel que ele
desempenha em nossas vidas e na construção de um futuro mais consciente e
equilibrado.
Metodologia de Pesquisa
A metodologia adotada para a elaboração deste artigo
envolveu diversas etapas de pesquisa e reflexão. Inicialmente, foi realizado um
amplo levantamento bibliográfico, abrangendo livros, artigos científicos,
dissertações e teses relacionados aos temas de interesse, como o pensamento
carregado, conexões neurais, percepção, linguagem, ação física, treinamentos
sensoriais, significado das palavras, evolução do pensamento, materialismo,
mistérios da matéria, compreensão, conhecido e desconhecido, e enigma da
existência.
A partir dessa extensa revisão da literatura, foi possível
obter um panorama das teorias, conceitos e abordagens existentes nesse campo de
estudo. Foram identificadas as principais ideias propostas por diferentes
autores, bem como as lacunas e questões em aberto que mereciam uma reflexão
mais aprofundada.
Com base nesse embasamento teórico, foi realizada uma
análise crítica das informações coletadas, buscando estabelecer conexões e
identificar pontos de convergência e divergência entre os diferentes pontos de
vista. Essa análise crítica permitiu a identificação de tendências, lacunas e
desafios presentes no conhecimento atual sobre o tema.
Além disso, foi realizada uma reflexão filosófica sobre os
temas abordados, buscando ir além das discussões existentes e propor
perspectivas originais. Foram explorados conceitos filosóficos relevantes, como
a relação entre mente e matéria, a natureza da linguagem e da compreensão, a
influência dos treinamentos sensoriais na formação do pensamento, entre outros.
A partir dessas reflexões e análises, o presente artigo foi
redigido, seguindo uma estrutura lógica e coesa. Foram apresentados os
conceitos-chave, as discussões teóricas relevantes e as conclusões alcançadas a
partir da pesquisa realizada. A clareza e organização do texto foram
consideradas como aspectos essenciais, buscando transmitir as ideias de forma
acessível e inteligível para os leitores.
Após a redação inicial, o artigo passou por um processo
rigoroso de revisão e aprimoramento. Foram realizadas correções gramaticais,
ajustes na estrutura do texto e a inclusão de citações adequadas para respaldar
as afirmações feitas. Esse processo visou garantir a integridade acadêmica do
artigo, evitando plágio e assegurando a devida referência aos autores
consultados.
Por fim, o artigo foi finalizado e formatado de acordo com
as normas e diretrizes estabelecidas pela instituição ou veículo de publicação.
Foram incluídos os elementos pré-textuais, como título, resumo e
palavras-chave, além das referências bibliográficas que embasaram o trabalho.
Essa metodologia de pesquisa adotada permitiu uma abordagem
abrangente e fundamentada sobre o tema, baseada em fontes confiáveis e
promovendo a reflexão crítica e filosófica.
A Filosofia do Materialismo em Um Retrato
Histórico
Imagem de Gordon Johnson por Pixabay |
Desde os primórdios do pensamento filosófico, o
materialismo tem deixado sua marca indelével na busca pela compreensão da
realidade e da existência. O termo em si foi cunhado em 1702 por Gottfried
Leibniz, mas suas raízes remontam a tempos antigos, encontrando eco nos
ensinamentos de filósofos pré-socráticos como Demócrito, Leucipo, Epicuro e
Lucrécio, assim como nos estóicos.
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A semente do materialismo foi plantada na questão
fundamental da continuidade da matéria. A visão atomista de Demócrito,
com seus átomos evoluindo no vácuo, exerceria uma influência duradoura no
pensamento filosófico subsequente. Até mesmo Platão, em
sua teoria idealista dos elementos, foi moldado pela concepção atomista,
identificando os elementos (fogo, ar, água, terra e éter) aos polígonos
regulares (tetraedro, octaedro, icosaedro, cubo e dodecaedro).
No materialismo científico, o pensamento é relacionado a
fatos puramente materiais, essencialmente mecânicos, ou considerado um
epifenômeno. Nessa perspectiva, a consciência é compreendida como um produto da
matéria, embora seja distintamente separada dos fenômenos de natureza material.
É nesse contexto que surge o materialismo dialético, uma corrente estabelecida
por Karl Marx e Friedrich Engels.
O materialismo dialético introduz o processo dialético na
matéria, reconhecendo que, após processos quantitativos, ocorrem mudanças
qualitativas ou de natureza. Surge então a consciência, que é um produto da
matéria, mas possui uma real distinção em relação aos fenômenos materiais. Essa
abordagem filosófica marxista influenciou profundamente a compreensão da
história, das lutas sociais e das evoluções econômicas e políticas, dando
origem ao materialismo histórico.
O materialismo histórico, um pilar central do marxismo,
argumenta que o modo de produção da vida material é o fator determinante de
todas as esferas da vida social, política e espiritual. Essa abordagem oferece
um método de análise e compreensão dos eventos históricos, das dinâmicas de
poder e das transformações sociais. Karl Marx, Friedrich Engels, Rosa
Luxemburgo e Lênin são alguns dos principais teóricos que
desenvolveram e aplicaram essa tese em obras como "O 18 de Brumário de
Luís Bonaparte" e "O Capital".
Além do âmbito filosófico e político, o termo materialismo
também é empregado para descrever a atitude daqueles que atribuem grande
importância aos bens, valores e prazeres materiais. No campo artístico, o
materialismo encontra expressão na tendência de retratar as coisas de forma realista e sensual.
Os Limites do Materialismo e a Complexidade do
Conhecimento
Imagem de Clker-Free-Vector-Images por Pixabay
Os limites do materialismo residem fundamentalmente nos
conceitos inicialmente forjados, que, ao se cristalizarem em nossa mente, podem
gerar bloqueios decorrentes de diversas crenças. No entanto, se desejamos
avançar no conhecimento, devemos ser capazes de conceber noções que precedam e
direcionem nossa busca, abandonando outras hipóteses que possam surgir. Para
evitar esses bloqueios, é necessário raciocinar de maneira ponderada,
reconhecendo que o valor das hipóteses é sempre inferior a 100%, ao passo que o
valor de uma crença é inquestionável, mesmo sem demonstração.
O pensamento humano segue uma lógica semelhante à de um
dicionário, em que cada definição é expressa por palavras que, por sua vez, têm
suas próprias definições expressas por meio de outras palavras, em uma cadeia
contínua. Se não tivéssemos uma referência externa, como um dicionário, seria
impossível compreender qualquer definição. Assim, cada ser humano utiliza seu
sistema nervoso para interpretar o mundo, que, por sua vez, precisa ser
percebido anteriormente por esse indivíduo para que ele possa definir os demais
elementos que o rodeiam.
A única maneira de acreditar na possibilidade de
transcender esse ciclo vicioso é por meio do consenso que estabelecemos com
outros seres humanos. É por meio da interação e compartilhamento de
experiências que buscamos alcançar uma compreensão coletiva e mútua do mundo
que nos cerca.
Quando nos propomos a explicar um fenômeno, seja ele o
universo, o pensamento ou um automóvel, torna-se inútil acrescentar elementos
desnecessários, como deuses, alma ou feitiçaria, que apenas complicariam a
explicação final. No entanto, a exclusão desses elementos não é exclusivamente
um método do materialismo. Já no século XIV, William de Ockham
empregava essa abordagem racional. É uma forma de iniciar um exercício
explicativo partindo dos elementos observados, em vez de introduzir elementos
externos. Embora esses mesmos elementos possam ser úteis em diferentes teorias,
mesmo aquelas que possuem finalidades opostas, é necessário invocar essa
cláusula para a compreensão completa da demonstração, independentemente da
teoria empregada.
A Natureza do Pensamento
Imagem de Gordon Johnson por Pixabay
Ao nos depararmos com a complexidade do pensamento, muitas
vezes surge a impressão de que ele transcende o mundo material,
desvinculando-se da corporalidade. Essa percepção decorre da aparente separação
entre o mecanismo físico que constitui nosso ser (a matéria) e a experiência
subjetiva que surge dessa engrenagem (a sensação).
Contudo, devemos reconhecer que essa dicotomia entre o
mecanismo e a sensação introduz um desafio no cerne do materialismo. Como
avançar na compreensão do pensamento se confrontados com essa aparente
dualidade? A resposta reside em explorar a interdependência desses elementos e
examinar como eles se entrelaçam.
A sensação, fundamental para o pensamento, é o resultado de
processos mecânicos que ocorrem em nosso corpo. Esses processos, por sua vez,
se manifestam através do "eu" consciente, que é constituído de
matéria. É essencial considerar a origem e a codificação da informação
sensorial, desde os captadores que percebem o mundo ao nosso redor até as
intrincadas redes neurais e os sistemas motores que traduzem essas sensações em
ações.
Antes de nos aprofundarmos em fenômenos complexos como o
pensamento, é prudente abordar os problemas com as ferramentas que temos à
disposição, seguindo o princípio da Navalha de Occam. Esse
princípio sugere que devemos privilegiar explicações mais simples antes de
introduzir postulados adicionais que complicam desnecessariamente nossa
compreensão.
A questão da localização do pensamento vai além do escopo
exclusivo do materialismo, sendo um tópico que tem sido debatido ao longo da
história da filosofia, desde o platonismo até outras correntes de pensamento.
Se o pensamento necessita de mecanismos, estes não precisam necessariamente ser
materiais. No entanto, devemos considerar que os mecanismos são produzidos pela
matéria e se manifestam através dela. Seria sensato menosprezar a capacidade da
matéria humana de ser o veículo do pensamento?
O pensamento requer tanto estabilidade quanto instabilidade
para possibilitar a memória e a aprendizagem. Essa necessidade não se limita ao
materialismo, mas é uma característica inerente ao próprio funcionamento da
mente. Portanto, ao explorar essa temática, devemos contemplar tanto a
estabilidade quanto a instabilidade, a memória e a aprendizagem,
independentemente do arcabouço filosófico adotado. Esses são aspectos
essenciais para compreender o direcionamento de nossas reflexões.
A Navalha de Occam, novamente, nos convida a abraçar a simplicidade antes
de adicionar complexidades desnecessárias. Devemos encarar os postulados como
suposições, evitando que se tornem motivos para disputas ideológicas. A
presente tese não busca oferecer uma prova definitiva, mas sim iniciar uma
discussão e proporcionar aos pesquisadores a oportunidade de explorar uma
perspectiva que busca fundamentar o pensamento em bases materiais.
As Possibilidades do Pensamento em uma
Perspectiva Materialista
Ao abordarmos a questão da natureza do pensamento, nos
deparamos com várias teses que nos levam a refletir sobre sua origem e
funcionamento. É importante reconhecer que ainda não sabemos completamente como
o pensamento é gerado, pois é um mecanismo complexo e difícil de ser descrito
de forma precisa.
Por exemplo, o tempo é uma possibilidade que influencia o
pensamento, mas sua origem e mecanismos exatos ainda não são plenamente
compreendidos. Para entender o tempo de maneira perfeita, seria necessário
conhecer a posição de todas as partículas envolvidas em um fenômeno, o que é praticamente
impossível. No entanto, mesmo sem conhecer todos os detalhes, ainda podemos
resolver problemas complexos por meio de mecanismos como computadores, que não
possuem sentimentos.
Essa constatação nos leva a questionar se o pensamento
depende necessariamente dos sentimentos ou se pode ser reduzido a um mero
processo de cálculo de dados. Enquanto um cálculo de dados utiliza a matéria,
quando falamos sobre pensamento, estamos nos referindo ao software ou programa
que opera no sistema, em contraste com o material físico. No entanto, é
importante ressaltar que o processo de cálculo de dados é resultado da matéria
e, portanto, não devemos subestimar a capacidade da matéria humana de ser o
veículo do pensamento.
O pensamento envolve tanto a estabilidade quanto a
instabilidade para permitir a memória e a aprendizagem. Essa necessidade não se
limita apenas ao materialismo, mas é uma característica essencial do
funcionamento da mente. Portanto, ao explorarmos essa temática, devemos
considerar tanto a estabilidade quanto a instabilidade, bem como a memória e a
aprendizagem, independentemente do arcabouço filosófico adotado. Esses são
aspectos fundamentais para compreendermos o direcionamento de nossas reflexões.
É necessário ter em mente o princípio da Navalha de
Occam, que nos orienta a buscar explicações mais simples antes de
introduzir postulados adicionais que tornam nossa compreensão mais complexa.
Devemos encarar os postulados como suposições, evitando que se tornem motivos
para disputas ideológicas. O objetivo deste trabalho não é oferecer uma prova
definitiva, mas sim iniciar uma discussão e fornecer aos pesquisadores a
oportunidade de explorar uma perspectiva que busca fundamentar o pensamento em
bases materiais.
Para avançar na pesquisa sobre o pensamento, devemos adotar
uma abordagem didática, baseada em fatos históricos e filosóficos. Ao
reconhecermos a interdependência entre o pensamento, inteligência, consciência,
atenção, sentimentos e percepção, podemos entender que esses mecanismos estão
intrinsecamente ligados. No entanto, suas definições e mecanismos precisam ser
aprimorados por meio de modelos válidos, superando os nós deixados por nossos
predecessores.
Uma das perspectivas deste trabalho é que o pensamento não
está em um nível inferior ao das redes neurais. Devemos lembrar que os
princípios da evolução atuam tanto em níveis macroscópicos quanto
microscópicos, incluindo células individuais. O pensamento foi desenvolvido ao
longo do tempo para sustentar o corpo como um todo, não apenas para a
sobrevivência de células individuais. É uma manifestação do conjunto das
células complexas que compõem o corpo humano.
O pensamento não está localizado em uma parte específica do
corpo, mas se origina das conexões entre as células nervosas. Embora o mecanismo
cerebral seja essencial no processamento dessas conexões, o pensamento não se
limita à matéria pura, reintroduzindo assim uma dualidade entre forma e
matéria, que vai além do espiritualismo e do materialismo tradicionais.
Para entender melhor o pensamento, é necessário compreender
a interação entre os sistemas nervoso, perceptivo e motor. O pensamento é
resultado desse processo complexo de conexões neurais, desde a percepção até a
ação motora. Devemos enfatizar que o pensamento não é um trabalho que ocorre em
um nível inferior, mas sim o resultado das redes neurais ativas. Não há
circulação de informações mentais sobre objetos no sistema nervoso; esses
objetos mentais surgem quando os circuitos estão ativos.
É fundamental diferenciar o pensamento de sua sustentação.
A sustentação pode existir sem o pensamento, mas o pensamento depende da
sustentação e do movimento. O pensamento é um processo que resulta dos
mecanismos como um todo, incluindo percepção, direcionamento e conexão por meio
das redes neurais.
Devemos reconhecer que a existência de uma realidade
imaterial do pensamento, embora não comprovada, não é absurda. Seguindo o
princípio da Navalha de Occam, essa suposição pode ser considerada válida até
que seja demonstrável de maneira simples e convincente. Além disso, seria
interessante que os defensores de uma visão espiritualista do pensamento se
engajassem em um diálogo com os pesquisadores materialistas, permitindo a
coexistência de diferentes perspectivas e enriquecendo o debate científico.
Além disso, a exploração das possibilidades do pensamento
requer uma abordagem didática que considere tanto a história quanto os aspectos
filosóficos. Ao buscar uma compreensão mais profunda dos mecanismos que
fundamentam o pensamento, devemos adotar uma postura aberta para explorar
diferentes perspectivas e continuar avançando em nosso conhecimento.
O pensamento auditivo.
O pensamento carregado é uma inclusão no pensamento
auditivo. Isso significa que o sentido das palavras vem exclusivamente do
treinamento. Quando aprendemos o significado da palavra "árvore",
por exemplo, o fazemos por meio de diversas percepções. As conexões entre essas
percepções são estabelecidas quando são ativadas simultaneamente ou em
sequência. Por exemplo, a percepção do som do telefone, a imagem do telefone, a
sensação tátil e a palavra "telefone" estão todas interligadas
e aprendemos gradualmente essa conexão.
Quando estamos diante de um telefone e ouvimos a palavra
"telefone", a conexão entre a palavra e os outros elementos
aos quais ela está relacionada é ativada em nosso sistema nervoso. Sabemos o
que fazer e a palavra é evocada verbalmente. O próprio sistema muscular também
é envolvido, agindo de acordo com a situação e nossas necessidades. Ao ouvir a
palavra "árvore", por exemplo, dependendo de nossa familiaridade
com o assunto, podemos ter mais ou menos conhecimento sobre o tema. O sentido
completo da palavra é formado por todas as nossas experiências e aprendizados
relacionados a ela.
No entanto, nunca temos acesso ao sentido completo da
palavra em nossa mente, pois nem todas as conexões estão necessariamente
estabelecidas. Não há uma caixa de significados predefinidos que todos os seres
humanos possuam desde o nascimento. Esses significados são aprendidos
gradualmente ao longo do tempo e provavelmente nunca são os mesmos de um
momento para outro. Compreender o sentido completo de uma palavra é um processo
complexo que requer tempo e experiência.
É importante destacar que o pensamento carregado também é
influenciado pela linguagem em que fomos expostos desde a infância. Por
exemplo, se alguém aprendeu a pensar em francês desde muito jovem, seu
pensamento estará ajustado nessa língua de forma retroativa. Isso não implica
que outros formas de pensamento não possam ser estabelecidas de maneira
igualmente mecânica e simples.
A compreensão de uma língua também está relacionada ao
processo gradual de aprendizado. Se ouvirmos uma palavra isoladamente, sem que
esteja relacionada a um contexto específico, ela não passará de um ruído e não
teremos compreensão. O som em si é material, mas a linguagem vai além do som.
Não há razão para que um som que afeta os sensores de nossos ouvidos seja
traduzido em nosso sistema nervoso da mesma forma que a luz afeta nossas
retinas e as imagens são processadas. A compreensão, assim como a emoção,
requer ativação. O que é a compreensão quando não está ativa? Nada além de um
diagrama de conexões neurais em nossa memória. A compreensão é subjetiva, lenta
e contínua, deixando uma marca imprecisa devido à sua natureza gradual. Durante
o processo de compreensão, ocorrem diversos mecanismos e conexões múltiplas,
afetando nosso corpo e mantendo a homeostase.
O materialismo, como abordagem filosófica, levanta muitas
questões que ainda não têm respostas definitivas. Uma das questões significativas
é se o pensamento e o sentido poderiam ser explicados apenas em termos de
matéria. A nossa compreensão da matéria não é a mesma de cem anos atrás, e o
materialismo deve levar em conta esse novo conhecimento. No entanto, ainda não
sabemos o que a matéria realmente é em sua essência, quais funções as
partículas desempenham para se unir e se separar. Enquanto não soubermos tudo
sobre a matéria em seu nível mais fundamental, haverá pelo menos um fator
desconhecido nos mecanismos do pensamento. Isso nos leva a testar e questionar
o postulado básico do materialismo de que o pensamento resulta de mecanismos em
uma escala maior do que a microscópica e que não é necessário compreender os
mecanismos quânticos para explicá-lo através do processamento de informações.
Por conseguinte, a compreensão do pensamento e do sentido é
um processo complexo que envolve treinamento, conexões neurais e experiências
graduais. O pensamento está intrinsecamente ligado à linguagem e à percepção, e
é influenciado pelo contexto em que ocorrem. O materialismo, como uma abordagem
filosófica, ainda tem questões em aberto, especialmente no que diz respeito à
compreensão completa da matéria e sua relação com o pensamento. É importante
continuar explorando esses temas e avançando em nosso conhecimento para obter
uma compreensão mais profunda dos mecanismos do pensamento e do sentido.
Conclusão
Na tessitura complexa das sinapses cerebrais, o pensamento
carregado emerge como uma sinfonia transcendental de conexões neurais
entrelaçadas. O sentido das palavras, entretanto, revela-se como uma dança
efêmera entre percepções entrelaçadas, cujos laços são tecidos pela tecnicidade
do treinamento gradual. Nesse emaranhado, o pensamento se entrelaça à
linguagem, revelando-se como um intrincado bailado de significados em constante
metamorfose.
É nas conexões simultâneas e consecutivas que a palavra
ecoa, imbuída de um universo sensorial complexo. O soar do telefone, a imagem
que se desenha na mente, o toque tátil que se funde à palavra
"telefone" e tudo o que lhe é tangente compõem a tapeçaria
multifacetada do aprendizado. É na presença do objeto que o elo se estabelece,
ecoando em nosso sistema nervoso e evocando a palavra indubitavelmente em sua
forma verbal. O corpo, esse sagrado templo, reage e responde às sinfonias sinápticas,
manifestando-se de acordo com o momento e as necessidades prementes.
A compreensão, esse éter sutil, é um treinamento subjetivo
que se desvela em ritmo compassado. Como uma jornada de contemplação, a
compreensão desdobra-se lentamente, traçando caminhos intricados em nosso ser.
Em sua dança intricada, conexões se estabelecem, químicas se ativam e o corpo
vibra em harmonia. No entanto, a totalidade do sentido escapa-nos, como um
horizonte que se desvanece no nevoeiro, pois nem todas as conexões são
necessariamente estabelecidas. A caixa dos significados, aquela coleção
universal, não encontra morada em nossa essência ao nascer. É no percurso de
uma existência que eles são aprendidos e gradualmente induzidos, eternamente
fluidos e cambiantes.
Nesse universo filosófico, o materialismo ergue-se como uma
antítese intrigante, lançando questões ao cosmo do conhecimento. O enigma
primordial reside na compreensão da própria matéria, que desvela suas funções
ocultas às partículas que se entrelaçam, se unem e se separam em danças
invisíveis. Ainda desconhecemos os segredos mais profundos da substância
primordial, aquela essência enigmática que escapa às nossas mãos ávidas por
desvendar os enigmas do pensamento. O materialismo, em seu ardor investigativo,
nos impele a percorrer os corredores do desconhecido e testar seus postulados.
Contudo, diante da vastidão desse mistério, ao menos uma incógnita persiste,
desafiando-nos em cada esquina do pensamento.
Nessa espiral de reflexão, somos convidados a dançar na grandiosidade
do desconhecido. Através da dança vertiginosa das palavras, desvelamos um
lampejo da complexidade da mente humana. Cada passo coreografado nessa sinfonia
intelectual nos conduz ao limiar do entendimento, onde o véu entre o material e
o imaterial se esvai. Assim, imersos nesse balé de pensamentos, mergulhamos nas
profundezas do conhecimento em busca das respostas que se escondem nas dobras
do universo cognitivo. Que continuemos, então, a tecer as tramas do pensamento,
desvelando os mistérios da existência e desbravando as fronteiras entre a
matéria e a mente, em busca da iluminação filosófica que aguarda-nos além das
cortinas do desconhecido.
Bibliografia:
Descartes, René. Meditações sobre a Filosofia Primeira.
Editora Vozes, 2019.
Merleau-Ponty, Maurice. Fenomenologia da Percepção. Editora
Martins Fontes, 2011.
Chalmers, David J. A mente consciente: Em busca de uma
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