Manchete: Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirma que Banco Central pode realizar corte significativo na taxa Selic em meio a desaceleração econômica.
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Reprodução YouTube |
Em reportagem datada de 28/07/2023, o ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, fez pronunciamentos destacando a possibilidade de um corte
"razoável" na taxa Selic pelo Banco Central. Segundo Haddad, a
instituição tem condições de dar início a uma trajetória de queda com uma
redução consistente, visando enfrentar os desafios da atual desaceleração
econômica causada pelo patamar atual da taxa de juros.
Haddad defende fim do ciclo de aperto monetário e aponta que taxa básica de juros está distante do nível neutro.
Em declarações recentes, o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, ressaltou que a taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano, está
consideravelmente distante do nível neutro. Esse patamar neutro é aquele em que
a economia não é impulsionada nem desacelerada pela política monetária adotada.
Haddad ainda justificou sua posição ao citar quedas nos diversos setores da
inflação, o que, segundo ele, justifica o término do ciclo de aperto monetário.
O que é a taxa Selic
A taxa básica de juros no Brasil é conhecida como Taxa
Selic. Ela é definida pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco
Central do Brasil e representa o principal instrumento de controle da política
monetária do país.
A Taxa Selic é utilizada para regular a oferta de moeda e o
crédito na economia. Quando o COPOM decide aumentar a taxa Selic, busca-se
conter a demanda e controlar a inflação, tornando o crédito mais caro e, assim,
desestimulando o consumo e os investimentos. Por outro lado, quando há a
redução da taxa Selic, o objetivo é estimular a atividade econômica e o
consumo, tornando o crédito mais acessível e barato.
Essa taxa também influencia outros indicadores econômicos, como os juros cobrados em empréstimos e financiamentos, além de ter impacto sobre a rentabilidade de investimentos em renda fixa. A Taxa Selic é acompanhada de perto por investidores, empresários e analistas econômicos, pois suas alterações podem ter grandes repercussões na economia brasileira.
O que pensa o ministro Fernando Haddad?
Fonte: Governo Federal
“Eu penso realmente que há espaço para um corte razoável,
porque nós estamos muito distantes do que o BC chama de juro neutro” falou o
ministro durante entrevista aos jornalistas. “Então tem um espaço generoso aí
para aproveitar.”
O que disse Haddad sobre o possível volume de
redução para Selic?
“Se nós quisermos atingir um patamar de juro neutro, nós
teríamos que cortar 5% a taxa de juro real, o que dá dez ‘COPOMS’ a 0,5
p.p.”.
Como funciona a reunião do
Copom (Comitê de Política Monetária) no Brasil e sobre a autonomia do Banco Central?
1. Reunião do Copom no
Brasil:
O Copom é um órgão do Banco
Central responsável por definir a taxa básica de juros, a Taxa Selic, e
direcionar a política monetária no país. As reuniões do Copom ocorrem
periodicamente, geralmente a cada 45 dias, mas podem ser convocadas em momentos
de necessidade para analisar o cenário econômico.
Nessas reuniões, os membros
do Copom avaliam diversos indicadores econômicos, como inflação, crescimento do
PIB, mercado de trabalho e cenário internacional, entre outros. Com base nessas
análises, eles decidem se a Taxa Selic deve ser mantida, aumentada ou reduzida.
O objetivo principal é alcançar as metas de inflação definidas pelo governo,
buscando garantir a estabilidade dos preços e a saúde da economia.
2. Autonomia do Banco
Central:
A autonomia do Banco Central
é um tema relevante para a condução da política monetária no país. Em um
sistema de autonomia, o Banco Central tem independência para tomar decisões
relacionadas à política monetária, sem sofrer pressões políticas externas que
possam prejudicar suas ações.
Essa autonomia garante maior
credibilidade e confiança na atuação do Banco Central, uma vez que suas
decisões são tomadas com base em análises técnicas e objetivos macroeconômicos,
sem interferências políticas de curto prazo. Em fevereiro de 2021, foi aprovada
no Brasil a Lei Complementar da Autonomia do Banco Central, visando fortalecer
a estabilidade econômica e proteger o poder de compra da moeda nacional. Com
essa lei, o Banco Central ganhou status de autonomia operacional e técnica,
tendo mandatos fixos para o presidente e os diretores, garantindo assim maior
continuidade e previsibilidade em suas ações.
Pesquisa realizada pelo blog "Conhecimento À
Michel" revela que, de um total de 46 economistas consultados, 36 deles
têm uma perspectiva de que o Banco Central reduzirá a taxa básica de juros em
0,25 ponto percentual durante sua próxima reunião agendada para os dias 1º e 2
de agosto.
Durante o entrevista, Haddad declarou que, apesar de
indicadores favoráveis, como a redução da taxa de desemprego para 8% no segundo
trimestre, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, a economia está enfrentando um
cenário de desaceleração devido aos juros em patamares de dois dígitos.
“A economia está sofrendo um processo de desaceleração por conta do juro real na casa de 10%, o que é quase o dobro do país que cobra mais juros depois do Brasil”, ressaltou o ministro.
“ Os ventos estão favoráveis, o mundo está olhando para o
Brasil com outros olhos, com outra percepção, mas está mais do que na hora de
nós alinhados política fiscal e monetária”.
O ministro da Fazenda fez os comentários logo após a
agência DBRS Morning Star melhorar a classificação de crédito de longo prazo do
Brasil nesta sexta-feira, elevando-a de "BB (low)" para
"BB".
Essa é a terceira agência de rating a aprimorar a avaliação
do país recentemente, seguindo os passos da Fitch, que na quarta-feira passada
elevou de "BBB-" para "BB", e da S&P, que em junho
alterou a perspectiva de "estável" para "positiva".
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Como Funciona a Classificação de Crédito
A posição dos países, também conhecida como classificação
ou rating de crédito, é uma avaliação realizada por agências de rating sobre a
capacidade de um país honrar suas obrigações financeiras, especialmente o
pagamento de suas dívidas. Essas agências, como a Standard & Poor's (S&P),
Fitch Ratings, Moody's e outras, atribuem uma nota aos países com base em sua
análise da situação econômica, política e financeira.
As notas de rating são geralmente representadas por letras
e símbolos, como "AAA", "BBB-", "BB",
etc. Uma nota "AAA" é a mais alta, indicando que o país possui uma
situação financeira sólida e é considerado de baixo risco de inadimplência. Por
outro lado, uma nota "D" indica que o país está em situação de
default ou não é capaz de cumprir suas obrigações financeiras.
As agências de rating analisam diversos fatores para
determinar a nota de um país, incluindo o nível de endividamento, o desempenho
econômico, a estabilidade política, a capacidade de pagamento de dívidas, entre
outros indicadores. Essas avaliações são muito importantes, pois influenciam o
custo do financiamento dos países nos mercados internacionais, afetando as
taxas de juros dos empréstimos e a confiança dos investidores.
Uma posição de rating favorável (como uma nota alta) é
vista como um sinal de confiança dos investidores na economia do país, o que
pode atrair mais investimentos e impulsionar o crescimento econômico. Por outro
lado, uma posição de rating negativa (como uma nota baixa) pode tornar o
país menos atraente para os investidores e aumentar os custos de financiamento,
o que pode impactar negativamente sua economia.
Em suas declarações, Haddad ressaltou que a pauta da Câmara
dos Deputados para o próximo mês está em sintonia com dois projetos
prioritários do governo: o marco de garantias e o arcabouço fiscal. Segundo o
ministro, a aprovação final do marco fiscal é crucial para concluir o Projeto
de Lei Orçamentária (PLO) e é uma dependência do governo para avançar com seus
planos.
O que é O Arcabouço Fiscal?
O arcabouço fiscal no Brasil refere-se a um conjunto de
medidas, normas e políticas que têm como objetivo garantir a sustentabilidade
das finanças públicas do país. É uma estrutura regulatória fundamental para
controlar o equilíbrio entre as receitas e despesas governamentais, visando
evitar déficits excessivos e o descontrole da dívida pública.
Esse arcabouço envolve diversas ferramentas, como leis de
responsabilidade fiscal, metas de superávit primário, limites de gastos
públicos e regras para a administração das contas do governo. Ele busca impor
limites e disciplina fiscal, para que o Estado possa arcar com suas obrigações
financeiras de forma sustentável ao longo do tempo.
A implementação do arcabouço fiscal é crucial para garantir
a confiança dos investidores, tanto nacionais quanto estrangeiros, na economia
do país. Um arcabouço fiscal sólido é visto como um sinal positivo de gestão
responsável das contas públicas, o que pode atrair investimentos e favorecer o
crescimento econômico.
No Brasil, o arcabouço fiscal tem passado por mudanças
significativas nos últimos anos, com a aprovação de emendas constitucionais e
leis que estabelecem regras mais rígidas para o controle dos gastos públicos.
Essas medidas são essenciais para equilibrar as contas do governo, reduzir a
dívida pública e garantir uma trajetória sustentável para as finanças do país.
O ministro Fernando Haddad disse: “ O arcabouço precisa ter
a sua solução definida, até para que a peça orçamentária possa ser concluída e
encaminhada para o congresso. Nós dependemos dessa decisão para fechar o texto
do PLO".
Projeto de Lei Orçamentário (PLO)
Um projeto de lei orçamentário é um instrumento legislativo
que estabelece o planejamento financeiro e os gastos públicos de um governo
para um determinado período, geralmente anual. Ele é elaborado pelo Poder
Executivo e submetido ao Poder Legislativo para apreciação e aprovação.
O projeto de lei orçamentário contém todas as receitas
previstas, provenientes de impostos, taxas, contribuições e outras fontes de
recursos, bem como todas as despesas planejadas para o período. Essas despesas
englobam os gastos com saúde, educação, segurança, infraestrutura, pagamento de
salários dos servidores públicos, entre outros.
É importante ressaltar que o orçamento é uma peça
fundamental para a governança de um país, pois reflete as prioridades e as
políticas que o governo pretende adotar durante o período contemplado. Além
disso, o projeto de lei orçamentário deve estar em conformidade com o arcabouço
fiscal estabelecido, respeitando limites de gastos e buscando o equilíbrio das
contas públicas.
No Brasil, o projeto de lei orçamentário segue um processo de tramitação no Congresso Nacional, onde é analisado pelas comissões pertinentes, debatido e votado pelos parlamentares. Uma vez aprovado, o orçamento é sancionado pelo Presidente da República e passa a vigorar como a lei orçamentária anual.
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