Teorias Educacionais e sua Influência no Processo de Ensino

O conhecimento por aprendizagem era comum nas guildas de artesãos, onde os aprendizes trabalhavam ao lado de mestres experientes para adquirir habilidades e conhecimentos específicos.

Teoria do conhecimento
Imagem de Михаил Мингазов por Pixabay

Uma Abordagem Epistemológica da Aprendizagem

A teoria educacional em questão é a perspectiva epistemológica do discente, que abrange o processo de aprendizagem mediante a integração física nas práticas associadas à matéria em estudo, tais como o treinamento no ambiente de trabalho. Ao adquirir um desempenho equiparável ao de outros praticantes, o aprendiz passa a compreender tacitamente as atribuições inerentes ao cargo, transmitidas de forma não formal. Nesse processo de construção de consciência, o aluno exerce influência sobre o seu ambiente, à medida que é acolhido pelos mestres praticantes, e suas habilidades e contribuições específicas são incorporadas e consideradas dentro do contexto geral da prática.

A perspectiva de aprendizagem em foco pode ser aplicada no ensino de procedimentos aos discentes. Por exemplo, a técnica de amarrar os cadarços de um calçado, a execução de uma fogueira ou a realização de um procedimento de coleta de sangue podem ser ministrados utilizando-se dessa perspectiva. No entanto, a sua utilização é especialmente relevante no desenvolvimento de mestres praticantes em áreas que envolvem complexidade acentuada, múltiplas redes de interação ou ambientes dinâmicos que exigem atenção constante. A formação de condutores automobilísticos, o treinamento de pilotos de aviação e o aprimoramento no âmbito esportivo são exemplos em que a perspectiva de aprendizagem é adotada para o ensino de habilidades específicas aos discentes.

Elucidação

A aprendizagem mediada por aprendizagem se desdobra em múltiplas formulações conceituais no âmbito pedagógico. Eis, pois, algumas das definições mais preeminentes:

Conforme apregoa Pratt (1998), a Perspectiva de Aprendizagem insere o educando em um contexto palpável e real, propiciando-lhe uma imersão física nas práticas pertinentes.

Os discentes trabalham de maneira concomitante com um perito, desdobrando-se na aquisição de uma tarefa específica, tal como salientado por Barab e Hay (2001).

Os processos de aprendizagem compreendem: "(1) o estabelecimento de ambientes educacionais que modelam a proficiência, (2) a provisão de treinamento e andaimes à medida que os alunos se mergulham em atividades autênticas, (3) a prática independente para que os educandos alcancem uma apreciação do uso de princípios correlacionados ao domínio em múltiplos contextos" (Barab e Hay, p. 72, 2001).

A aprendizagem mediada por aprendizagem configura-se como um método pedagógico empregado pelos docentes com vistas a instruir os educandos na resolução de problemas, compreensão de tarefas, execução de atividades específicas e enfrentamento de situações complexas (Collins, Brown e Newman, 1989).

Ademais, a aprendizagem mediada por aprendizagem pode se constituir como um complemento prestante para os educadores de adultos, alicerçando-se em outros tipos de instrução (Brandt, Farmer Jr. e Buckmaster, 1993).

Dessa forma, a aprendizagem mediada por aprendizagem emerge como um método exequível ao ensino, através do qual os educadores efetivam a transmissão de habilidades específicas aos educandos. Desenvolve-se em situações problemáticas, a fim de preparar os discentes para responderem adequadamente diante de circunstâncias análogas. Os educandos engajam-se em uma colaboração estreita com um expert, a fim de adquirir uma habilidade particular. A aprendizagem mediada por aprendizagem enseja vantagens significativas para o educando, uma vez que o conhecimento assim adquirido é aplicado em aplicações práticas no campo de estudo.

Teoria Pedagógica da Aprendizagem

Divergindo das demais perspectivas educacionais, a abordagem da aprendizagem raramente é transmitida formalmente. Tal ocorre pelo fato de que os conceitos veiculados por meio desse processo frequentemente se constituem em estratégias práticas e implícitas para alcançar metas que nem sempre se coadunam com os procedimentos convencionais. Por exemplo, em um contexto corporativo, os intervalos para o almoço podem ser limitados a trinta minutos, mas por meio da aprendizagem, percebe-se que um período de quarenta e cinco minutos é aceitável. Seria incômodo para a empresa formalizar tal permissão, no entanto, por meio de um treinamento informal, a mensagem pode ser comunicada.

As teorias educacionais da aprendizagem geralmente englobam a combinação entre treinamento formal e informação para a construção de esquemas, que são estruturas mentais que representam a compreensão individual das experiências que moldam a concepção da realidade de cada indivíduo. Por exemplo, um mecânico de bicicletas habituado ao ciclismo de estrada pode estudar textos sobre mountain bike, mas possivelmente encontrará dificuldade em aplicar tal conhecimento formal em um percurso desafiador. A resposta pedagógica a isso é a aprendizagem por aprendizagem; ao pedalar ao lado de um amigo em uma encosta de montanha, o ciclista pode observar e aprender, reiterando constantemente seu desempenho para atender às demandas da modalidade esportiva. Dessa forma, ele desenvolve seu esquema por meio de uma combinação de treinamento formal e informal.

A perspectiva da aprendizagem é um campo abrangente de ensino, pois envolve a educação tanto do aluno quanto do professor. À medida que o aluno desenvolve um esquema que gradualmente incorpora as complexidades do ambiente, ele se torna mais capaz de agir de forma similar aos seus pares. Uma vez que isso seja reconhecido pelo instrutor, o aluno é aceito como um igual, momento em que suas abordagens para os desafios, com base em seu esquema atual e no recém-adquirido, começam a permitir a aplicação de suas habilidades individuais nas práticas coletivas. Dessa maneira, a aprendizagem retém novas informações e ideias dentro de um corpo de conhecimento comum, promovendo uma sinergia colaborativa.

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Fatores Primordiais para o Êxito na Aprendizagem

Conforme Pratt (1998) relata, o desenvolvimento frutífero por intermédio da aprendizagem encerra três elementos basilares. A fim de tornar-se um mestre em determinado campo, o processo de aprendizagem deve ser ativo, social e autêntico. Estes aspectos conduzem a uma compreensão mais aprofundada por parte do discente acerca do campo de estudo, bem como aprimoram suas contribuições futuras:

A atividade remete ao grau de estímulo físico e mental conferido ao discente no âmbito do ambiente educativo. Instrutores bem-sucedidos possibilitam que o aprendiz participe ativamente do processo decisório e da ação, cientes de que é a prática que exerce o maior impacto no esquema cognitivo do educando. No treinamento para condução de um veículo automotor, os aprendizes jamais serão capazes de avançar sem um exame prático de habilidade de direção. Como preparação para essa etapa, os alunos têm a oportunidade de dirigir em áreas seguras. Tal envolvimento ativo com a ferramenta prepara o educando para sua futura utilização, sujeita a testes.

O segundo fator reside no conceito de sociabilidade. Os educandos devem interagir de forma constante com as ferramentas essenciais ao sucesso, com os professores e com aqueles que serão beneficiados pelo trabalho desempenhado. Essa abordagem holística permitirá uma maior integração do aluno na rede inter-relacional de ação e consequência no âmbito do campo de estudo. Por exemplo, no treinamento de um garçom em um restaurante, não basta acompanhar apenas um garçom mais experiente; é imprescindível interagir também com os clientes, com os colegas de trabalho e com a equipe de gestão, tudo em um mesmo intervalo de tempo. Dessa forma, o garçom estabelecerá conexões entre todos esses grupos e os indivíduos que os compõem, preparando-se para as atividades cotidianas.

Por fim, a autenticidade é um elemento crucial no processo de aprendizagem. Essa autenticidade é estabelecida por meio da conexão mental entre o trabalho desempenhado pelo aluno em um determinado campo e a compreensão do público em geral. Um engenheiro elétrico pode compreender as complexidades e desafios dos painéis de computador, mas isso representa apenas metade do conhecimento necessário. Ele também deve aprender como a maioria das pessoas percebe esses painéis e interage com eles. A partir dessa compreensão do outro lado do espectro, o engenheiro adquirirá uma compreensão mais profunda e, portanto, autêntica, da comunidade de engenharia elétrica.

Fases Progressivas da Aprendizagem

A perspectiva da aprendizagem engloba um conjunto de fases que contribuem para articular os papéis do aluno e do professor durante o processo de observação e execução dos conceitos.

Fase I: Modelagem – Nessa etapa inicial, ocorre a contemplação do ato completo. Significa que as partes componentes do todo ainda não são minuciosamente examinadas. O observador, primeiramente, enquadra a experiência global para, posteriormente, especificá-la com maior precisão. "A modelagem é realizada em duas partes: a modelagem comportamental permite que os alunos observem a execução de uma atividade por membros experientes, a fim de compartilhar os 'segredos do ofício' com os novatos" (Hansman, 2001, p. 47). O aluno emprega articulação e heurísticas específicas do domínio nessa fase (Brandt et al., 1993).

Fase II: Aproximação – Em ambientes privados ou em cenários não críticos, o observador começa a imitar as ações do professor. Por meio de uma orientação próxima, o aluno passa a articular com mais clareza as ações do professor. Essa fase permite que o aluno experimente a atividade e reflita sobre o que planeja fazer e por que planeja fazê-lo. Em seguida, após a realização da atividade, o aluno reflete sobre a própria atuação, comparando-a com a do especialista.

Fase III: Desvanecimento – O aprendiz, ainda amparado pela rede de segurança, começa a operar com maior detalhamento, atuando dentro da estrutura que lhe foi ensinada. As capacidades do aluno se ampliam à medida que a assistência do especialista diminui (Hansman, 2001).

Fase IV: Aprendizagem Autodirigida – O aprendiz tenta realizar as ações no contexto real, restringindo-se às ações no campo de conhecimento que estão plenamente compreendidas. O aluno executa a tarefa real, buscando ajuda do especialista apenas quando necessário (Hansman, 2001).

Fase V: Generalização – O aluno generaliza o que foi aprendido, buscando aplicar essas habilidades em diversos cenários e continuando a aprimorar suas competências no campo de estudo. Nessa fase, a discussão é utilizada para estabelecer conexões entre o aprendizado e outras situações pertinentes (Hansman, 2001).

Propósitos da Aprendizagem

Os objetivos da aprendizagem de aprendizagem podem ser destacados em três âmbitos primordiais, conforme apontado por Brandt et al. (1993).

O primeiro objetivo reside na descoberta, por parte do aprendiz adulto, daquilo que efetivamente funciona. Não se trata de uma jornada solitária em que o aluno, por meio da resolução de problemas, descobre a situação por si só. Há orientação oferecida. O aluno emprega as habilidades aprendidas junto ao especialista para solucionar um problema de maneira bem-sucedida.

Em segundo lugar, o aluno reconhece tarefas, problemas ou situações e sabe como lidar com eles. O aprendiz adquire conhecimento prático e teórico apropriado. Os alunos não adquirem tal conhecimento isoladamente dos demais. Eles trabalham em um ambiente social, imersos em cenários realistas, a fim de aprenderem uma tarefa específica.

Por fim, o aluno é capaz de atuar em um nível aceitável. Não se trata de aquisição de habilidades básicas em um nível iniciante, mas sim de trabalhar com um especialista a fim de alcançar um desempenho em um patamar aceitável. Os alunos não se limitam a adquirir habilidades em um nível básico, mas sim em um nível que é reconhecido dentro da indústria específica.

Esses três objetivos foram alcançados com base na literatura publicada, na qual os alunos percebem que a "experiência de aprendizagem" da aprendizagem amplia sua consciência dos fatores a serem considerados, auxiliando-os na organização e na atenção voltada para seus processos de pensamento ao enfrentarem tarefas desafiadoras, problemas e situações problemáticas; além de ressaltar a importância de aspectos específicos de tais tarefas, problemas e situações problemáticas anteriormente ignorados ou considerados irrelevantes" (Brandt et al., 1993). Evidentemente, os três objetivos da aprendizagem de aprendizagem foram atingidos. Os alunos foram capazes de descobrir o que funciona em diferentes contextos, aprenderam como lidar com problemas e, por fim, demonstram um desempenho satisfatório em sua atuação.

Conclusão

Através da exploração da teoria educacional da aprendizagem, torna-se evidente que a abordagem da aprendizagem por aprendizagem possui uma relevância significativa no contexto pedagógico. A perspectiva de aprendizagem enfatiza a importância da participação ativa do aluno, da interação social e da autenticidade das experiências educacionais para um aprendizado efetivo.

As fases progressivas da aprendizagem, que abrangem desde a modelagem até a generalização, destacam a importância de fornecer aos alunos oportunidades de observação, imitação, prática e aplicação em contextos reais. Essas fases promovem o desenvolvimento de esquemas cognitivos complexos, o aprimoramento das habilidades e a capacidade de lidar com desafios em um determinado campo de conhecimento.

Além disso, os objetivos da aprendizagem de aprendizagem são direcionados para a descoberta do que funciona, o reconhecimento e a habilidade de lidar com tarefas e problemas, e a capacidade de executar em um nível aceitável. Esses objetivos são alcançados por meio da orientação do especialista, da imersão em ambientes sociais e da aplicação prática do conhecimento adquirido.

Através da literatura consultada, percebemos a importância da aprendizagem de aprendizagem na ampliação da consciência dos fatores envolvidos no processo de aprendizagem, no desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas e no reconhecimento da relevância de diferentes contextos e situações. Essa abordagem pedagógica proporciona uma base sólida para o crescimento e o aprimoramento contínuos dos alunos, preparando-os para uma atuação eficaz em suas áreas de estudo.

Afinal de contas, a teoria educacional da aprendizagem destaca a importância da participação ativa, da interação social e da autenticidade das experiências de aprendizagem para um aprendizado significativo. Ao adotar essa abordagem, os educadores podem criar ambientes propícios ao desenvolvimento dos alunos, promovendo a construção de conhecimento, o aprimoramento de habilidades e a aplicação prática do aprendizado em contextos reais. A aprendizagem por aprendizagem emerge como um caminho relevante e enriquecedor para a educação, capacitando os alunos a se tornarem profissionais competentes e bem-sucedidos em suas respectivas áreas de atuação.

 

Referências Bibliográficas

Site de Aprendizagem da Administração de Emprego e Treinamento do Departamento de Trabalho dos EUA. Disponível em: http://www.doleta.gov/OA/eta_default.cfm

Recursos de Treinamento de Aprendizagem do Centro de Informações Vocacionais. Disponível em: http://www.khake.com/page58.html

K.E. (2001). Fazendo ciência ao lado de especialistas: questões relacionadas ao campo de aprendizagem científica. Jornal de Pesquisa em Ensino de Ciências, 38(1), 70–102.

Brandt, B.L., Farmer Jr., J.A., & Buckmaster, A. (1993). Abordagem de aprendizado cognitivo para ajudar adultos a aprender. New Directions for Adult and Continuing Education, 59, 69–78.

Collins, A., Bown, J.S. & Newman, S.E. Aprendizagem cognitiva: Ensinando as habilidades de leitura, escrita e matemática. Em LB Resnick (ed.) Conhecendo, aprendendo e ensaios instrucionais em homenagem a Robert Glaser. Hillsdale, NJ: Erlbaum, 1989.

Hansman, C. A. (2001). Aprendizagem de adultos baseada em contexto. New Directions for Adult and Continuing Education, 89, 43–51.

Pratt, D. D. (1998) Cinco perspectivas sobre o ensino na educação de adultos e superior. Malabar, FL: Krieger Publishing Company.

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