O conhecimento por aprendizagem era comum nas guildas de artesãos, onde os aprendizes trabalhavam ao lado de mestres experientes para adquirir habilidades e conhecimentos específicos.
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Uma Abordagem Epistemológica da Aprendizagem
A teoria educacional em questão é a perspectiva epistemológica do discente, que abrange o processo de aprendizagem mediante a integração física nas práticas associadas à matéria em estudo, tais como o treinamento no ambiente de trabalho. Ao adquirir um desempenho equiparável ao de outros praticantes, o aprendiz passa a compreender tacitamente as atribuições inerentes ao cargo, transmitidas de forma não formal. Nesse processo de construção de consciência, o aluno exerce influência sobre o seu ambiente, à medida que é acolhido pelos mestres praticantes, e suas habilidades e contribuições específicas são incorporadas e consideradas dentro do contexto geral da prática.
A perspectiva de aprendizagem em foco pode ser aplicada no
ensino de procedimentos aos discentes. Por exemplo, a técnica de amarrar os
cadarços de um calçado, a execução de uma fogueira ou a realização de um
procedimento de coleta de sangue podem ser ministrados utilizando-se dessa
perspectiva. No entanto, a sua utilização é especialmente relevante no
desenvolvimento de mestres praticantes em áreas que envolvem complexidade
acentuada, múltiplas redes de interação ou ambientes dinâmicos que exigem
atenção constante. A formação de condutores automobilísticos, o treinamento de
pilotos de aviação e o aprimoramento no âmbito esportivo são exemplos em que a
perspectiva de aprendizagem é adotada para o ensino de habilidades específicas
aos discentes.
Elucidação
A aprendizagem mediada por aprendizagem se desdobra em
múltiplas formulações conceituais no âmbito pedagógico. Eis, pois, algumas das
definições mais preeminentes:
Conforme apregoa Pratt (1998), a Perspectiva de
Aprendizagem insere o educando em um contexto palpável e real, propiciando-lhe
uma imersão física nas práticas pertinentes.
Os discentes trabalham de maneira concomitante com um
perito, desdobrando-se na aquisição de uma tarefa específica, tal como
salientado por Barab e Hay (2001).
Os processos de aprendizagem compreendem: "(1) o
estabelecimento de ambientes educacionais que modelam a proficiência, (2) a provisão
de treinamento e andaimes à medida que os alunos se mergulham em atividades
autênticas, (3) a prática independente para que os educandos alcancem uma
apreciação do uso de princípios correlacionados ao domínio em múltiplos
contextos" (Barab e Hay, p. 72, 2001).
A aprendizagem mediada por aprendizagem configura-se como
um método pedagógico empregado pelos docentes com vistas a instruir os
educandos na resolução de problemas, compreensão de tarefas, execução de
atividades específicas e enfrentamento de situações complexas (Collins, Brown e
Newman, 1989).
Ademais, a aprendizagem mediada por aprendizagem pode se
constituir como um complemento prestante para os educadores de adultos,
alicerçando-se em outros tipos de instrução (Brandt, Farmer Jr. e Buckmaster,
1993).
Dessa forma, a aprendizagem mediada por aprendizagem emerge
como um método exequível ao ensino, através do qual os educadores efetivam a
transmissão de habilidades específicas aos educandos. Desenvolve-se em
situações problemáticas, a fim de preparar os discentes para responderem
adequadamente diante de circunstâncias análogas. Os educandos engajam-se em uma
colaboração estreita com um expert, a fim de adquirir uma habilidade
particular. A aprendizagem mediada por aprendizagem enseja vantagens significativas
para o educando, uma vez que o conhecimento assim adquirido é aplicado em
aplicações práticas no campo de estudo.
Teoria Pedagógica da Aprendizagem
Divergindo das demais perspectivas educacionais, a abordagem da aprendizagem raramente é transmitida formalmente. Tal ocorre pelo fato de que os conceitos veiculados por meio desse processo frequentemente se constituem em estratégias práticas e implícitas para alcançar metas que nem sempre se coadunam com os procedimentos convencionais. Por exemplo, em um contexto corporativo, os intervalos para o almoço podem ser limitados a trinta minutos, mas por meio da aprendizagem, percebe-se que um período de quarenta e cinco minutos é aceitável. Seria incômodo para a empresa formalizar tal permissão, no entanto, por meio de um treinamento informal, a mensagem pode ser comunicada.
As teorias educacionais da aprendizagem geralmente englobam
a combinação entre treinamento formal e informação para a construção de
esquemas, que são estruturas mentais que representam a compreensão individual
das experiências que moldam a concepção da realidade de cada indivíduo. Por
exemplo, um mecânico de bicicletas habituado ao ciclismo de estrada pode
estudar textos sobre mountain bike, mas possivelmente encontrará dificuldade em
aplicar tal conhecimento formal em um percurso desafiador. A resposta
pedagógica a isso é a aprendizagem por aprendizagem; ao pedalar ao lado de um
amigo em uma encosta de montanha, o ciclista pode observar e aprender,
reiterando constantemente seu desempenho para atender às demandas da modalidade
esportiva. Dessa forma, ele desenvolve seu esquema por meio de uma combinação
de treinamento formal e informal.
A perspectiva da aprendizagem é um campo abrangente de
ensino, pois envolve a educação tanto do aluno quanto do professor. À medida
que o aluno desenvolve um esquema que gradualmente incorpora as complexidades
do ambiente, ele se torna mais capaz de agir de forma similar aos seus pares.
Uma vez que isso seja reconhecido pelo instrutor, o aluno é aceito como um
igual, momento em que suas abordagens para os desafios, com base em seu esquema
atual e no recém-adquirido, começam a permitir a aplicação de suas habilidades
individuais nas práticas coletivas. Dessa maneira, a aprendizagem retém novas
informações e ideias dentro de um corpo de conhecimento comum, promovendo uma
sinergia colaborativa.
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Fatores Primordiais para o Êxito na
Aprendizagem
Conforme Pratt (1998) relata, o desenvolvimento frutífero
por intermédio da aprendizagem encerra três elementos basilares. A fim de
tornar-se um mestre em determinado campo, o processo de aprendizagem deve ser
ativo, social e autêntico. Estes aspectos conduzem a uma compreensão mais
aprofundada por parte do discente acerca do campo de estudo, bem como aprimoram
suas contribuições futuras:
A atividade remete ao grau de estímulo físico e mental
conferido ao discente no âmbito do ambiente educativo. Instrutores
bem-sucedidos possibilitam que o aprendiz participe ativamente do processo
decisório e da ação, cientes de que é a prática que exerce o maior impacto no
esquema cognitivo do educando. No treinamento para condução de um veículo
automotor, os aprendizes jamais serão capazes de avançar sem um exame prático
de habilidade de direção. Como preparação para essa etapa, os alunos têm a
oportunidade de dirigir em áreas seguras. Tal envolvimento ativo com a
ferramenta prepara o educando para sua futura utilização, sujeita a testes.
O segundo fator reside no conceito de sociabilidade. Os
educandos devem interagir de forma constante com as ferramentas essenciais ao
sucesso, com os professores e com aqueles que serão beneficiados pelo trabalho
desempenhado. Essa abordagem holística permitirá uma maior integração do aluno
na rede inter-relacional de ação e consequência no âmbito do campo de estudo.
Por exemplo, no treinamento de um garçom em um restaurante, não basta
acompanhar apenas um garçom mais experiente; é imprescindível interagir também
com os clientes, com os colegas de trabalho e com a equipe de gestão, tudo em
um mesmo intervalo de tempo. Dessa forma, o garçom estabelecerá conexões entre
todos esses grupos e os indivíduos que os compõem, preparando-se para as
atividades cotidianas.
Por fim, a autenticidade é um elemento crucial no processo
de aprendizagem. Essa autenticidade é estabelecida por meio da conexão mental
entre o trabalho desempenhado pelo aluno em um determinado campo e a
compreensão do público em geral. Um engenheiro elétrico pode compreender as
complexidades e desafios dos painéis de computador, mas isso representa apenas
metade do conhecimento necessário. Ele também deve aprender como a maioria das
pessoas percebe esses painéis e interage com eles. A partir dessa compreensão
do outro lado do espectro, o engenheiro adquirirá uma compreensão mais profunda
e, portanto, autêntica, da comunidade de engenharia elétrica.
Fases Progressivas da Aprendizagem
A perspectiva da aprendizagem engloba um conjunto de fases
que contribuem para articular os papéis do aluno e do professor durante o
processo de observação e execução dos conceitos.
Fase I: Modelagem – Nessa etapa inicial, ocorre a
contemplação do ato completo. Significa que as partes componentes do todo ainda
não são minuciosamente examinadas. O observador, primeiramente, enquadra a
experiência global para, posteriormente, especificá-la com maior precisão.
"A modelagem é realizada em duas partes: a modelagem comportamental
permite que os alunos observem a execução de uma atividade por membros
experientes, a fim de compartilhar os 'segredos do ofício' com os novatos"
(Hansman, 2001, p. 47). O aluno emprega articulação e heurísticas específicas
do domínio nessa fase (Brandt et al., 1993).
Fase II: Aproximação – Em ambientes privados ou em cenários
não críticos, o observador começa a imitar as ações do professor. Por meio de
uma orientação próxima, o aluno passa a articular com mais clareza as ações do
professor. Essa fase permite que o aluno experimente a atividade e reflita sobre
o que planeja fazer e por que planeja fazê-lo. Em seguida, após a realização da
atividade, o aluno reflete sobre a própria atuação, comparando-a com a do
especialista.
Fase III: Desvanecimento – O aprendiz, ainda amparado pela
rede de segurança, começa a operar com maior detalhamento, atuando dentro da
estrutura que lhe foi ensinada. As capacidades do aluno se ampliam à medida que
a assistência do especialista diminui (Hansman, 2001).
Fase IV: Aprendizagem Autodirigida – O aprendiz tenta
realizar as ações no contexto real, restringindo-se às ações no campo de
conhecimento que estão plenamente compreendidas. O aluno executa a tarefa real,
buscando ajuda do especialista apenas quando necessário (Hansman, 2001).
Fase V: Generalização – O aluno generaliza o que foi
aprendido, buscando aplicar essas habilidades em diversos cenários e
continuando a aprimorar suas competências no campo de estudo. Nessa fase, a
discussão é utilizada para estabelecer conexões entre o aprendizado e outras
situações pertinentes (Hansman, 2001).
Propósitos da Aprendizagem
Os objetivos da aprendizagem de aprendizagem podem ser
destacados em três âmbitos primordiais, conforme apontado por Brandt et al.
(1993).
O primeiro objetivo reside na descoberta, por parte do
aprendiz adulto, daquilo que efetivamente funciona. Não se trata de uma jornada
solitária em que o aluno, por meio da resolução de problemas, descobre a
situação por si só. Há orientação oferecida. O aluno emprega as habilidades
aprendidas junto ao especialista para solucionar um problema de maneira
bem-sucedida.
Em segundo lugar, o aluno reconhece tarefas, problemas ou
situações e sabe como lidar com eles. O aprendiz adquire conhecimento prático e
teórico apropriado. Os alunos não adquirem tal conhecimento isoladamente dos
demais. Eles trabalham em um ambiente social, imersos em cenários realistas, a
fim de aprenderem uma tarefa específica.
Por fim, o aluno é capaz de atuar em um nível aceitável.
Não se trata de aquisição de habilidades básicas em um nível iniciante, mas sim
de trabalhar com um especialista a fim de alcançar um desempenho em um patamar
aceitável. Os alunos não se limitam a adquirir habilidades em um nível básico,
mas sim em um nível que é reconhecido dentro da indústria específica.
Esses três objetivos foram alcançados com base na literatura publicada, na qual os alunos percebem que a "experiência de aprendizagem" da aprendizagem amplia sua consciência dos fatores a serem considerados, auxiliando-os na organização e na atenção voltada para seus processos de pensamento ao enfrentarem tarefas desafiadoras, problemas e situações problemáticas; além de ressaltar a importância de aspectos específicos de tais tarefas, problemas e situações problemáticas anteriormente ignorados ou considerados irrelevantes" (Brandt et al., 1993). Evidentemente, os três objetivos da aprendizagem de aprendizagem foram atingidos. Os alunos foram capazes de descobrir o que funciona em diferentes contextos, aprenderam como lidar com problemas e, por fim, demonstram um desempenho satisfatório em sua atuação.
Conclusão
Através da exploração da teoria educacional da
aprendizagem, torna-se evidente que a abordagem da aprendizagem por
aprendizagem possui uma relevância significativa no contexto pedagógico. A
perspectiva de aprendizagem enfatiza a importância da participação ativa do
aluno, da interação social e da autenticidade das experiências educacionais
para um aprendizado efetivo.
As fases progressivas da aprendizagem, que abrangem desde a
modelagem até a generalização, destacam a importância de fornecer aos alunos
oportunidades de observação, imitação, prática e aplicação em contextos reais.
Essas fases promovem o desenvolvimento de esquemas cognitivos complexos, o
aprimoramento das habilidades e a capacidade de lidar com desafios em um
determinado campo de conhecimento.
Além disso, os objetivos da aprendizagem de aprendizagem
são direcionados para a descoberta do que funciona, o reconhecimento e a
habilidade de lidar com tarefas e problemas, e a capacidade de executar em um
nível aceitável. Esses objetivos são alcançados por meio da orientação do
especialista, da imersão em ambientes sociais e da aplicação prática do
conhecimento adquirido.
Através da literatura consultada, percebemos a importância
da aprendizagem de aprendizagem na ampliação da consciência dos fatores
envolvidos no processo de aprendizagem, no desenvolvimento de habilidades de
resolução de problemas e no reconhecimento da relevância de diferentes
contextos e situações. Essa abordagem pedagógica proporciona uma base sólida
para o crescimento e o aprimoramento contínuos dos alunos, preparando-os para
uma atuação eficaz em suas áreas de estudo.
Afinal de contas, a teoria educacional da aprendizagem
destaca a importância da participação ativa, da interação social e da
autenticidade das experiências de aprendizagem para um aprendizado
significativo. Ao adotar essa abordagem, os educadores podem criar ambientes
propícios ao desenvolvimento dos alunos, promovendo a construção de
conhecimento, o aprimoramento de habilidades e a aplicação prática do aprendizado
em contextos reais. A aprendizagem por aprendizagem emerge como um caminho
relevante e enriquecedor para a educação, capacitando os alunos a se tornarem
profissionais competentes e bem-sucedidos em suas respectivas áreas de atuação.
Referências Bibliográficas
Site de Aprendizagem da Administração de Emprego e
Treinamento do Departamento de Trabalho dos EUA. Disponível em:
http://www.doleta.gov/OA/eta_default.cfm
Recursos de Treinamento de Aprendizagem do Centro de
Informações Vocacionais. Disponível em: http://www.khake.com/page58.html
K.E. (2001). Fazendo ciência ao lado de especialistas:
questões relacionadas ao campo de aprendizagem científica. Jornal de Pesquisa
em Ensino de Ciências, 38(1), 70–102.
Brandt, B.L., Farmer Jr., J.A., & Buckmaster, A.
(1993). Abordagem de aprendizado cognitivo para ajudar adultos a aprender. New
Directions for Adult and Continuing Education, 59, 69–78.
Collins, A., Bown, J.S. & Newman, S.E. Aprendizagem
cognitiva: Ensinando as habilidades de leitura, escrita e matemática. Em LB
Resnick (ed.) Conhecendo, aprendendo e ensaios instrucionais em homenagem a
Robert Glaser. Hillsdale, NJ: Erlbaum, 1989.
Hansman, C. A. (2001). Aprendizagem de adultos baseada em
contexto. New Directions for Adult and Continuing Education, 89, 43–51.
Pratt, D. D. (1998) Cinco perspectivas sobre o ensino na educação de adultos e superior. Malabar, FL: Krieger Publishing Company.
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