O vazio do saber

O verdadeiro saber é uma busca constante por compreensão e uma dedicação em se aprofundar em assuntos complexos e desafiadores.

Fotos: Edição | Michel Correia

Conteúdos vazios



Durante a história da humanidade, houve diversas formas de disseminação da informação em massa. A Revolução Industrial, no século XVIII, foi um marco importante com o surgimento dos primeiros jornais impressos. Posteriormente, com a popularização da televisão, o acesso à informação se ampliou ainda mais. Contudo, a internet trouxe uma mudança significativa na velocidade e quantidade de informação disponível, permitindo o surgimento de novas formas de comunicação, como as redes sociais, que permitem a divulgação de conteúdo de forma rápida e acessível.

No entanto, essa facilidade também gerou uma quantidade enorme de informações superficiais e de baixa qualidade, o que é preocupante. A preferência por conteúdos simplificados e vídeos curtos também não é uma novidade, como podemos observar nos primeiros comerciais de TV da década de 1960, que tinham como objetivo transmitir informações de forma rápida e objetiva. Entretanto, naquela época, havia uma preocupação em transmitir informações precisas e relevantes.

Hoje em dia, com a explosão das redes sociais, muitos produtores de conteúdo priorizam a quantidade de visualizações em detrimento da qualidade do conteúdo. Essa abordagem pode levar à disseminação de informações superficiais e errôneas, que podem ter impactos negativos na sociedade como um todo. Por isso, é fundamental que os consumidores de informação na internet sejam críticos e se esforcem para buscar fontes confiáveis e conteúdo de qualidade. Da mesma forma, os produtores de conteúdo precisam se preocupar em oferecer informações precisas e relevantes, mesmo em vídeos curtos e de fácil consumo.

Portanto, é necessário avaliar cuidadosamente o conteúdo que consumimos na internet e buscar fontes confiáveis e que ofereçam informações de qualidade. Essa prática é fundamental para que possamos ter acesso a informações precisas e relevantes e evitar a disseminação de informações superficiais e errôneas.

Falta de interesse por atividades mais complexas

O interesse dos jovens por vídeos curtos tem se tornado uma das principais tendências culturais dos últimos anos. Desde a popularização do TikTok e do Instagram Reels, essas plataformas têm atraído milhões de usuários, principalmente entre a faixa etária de 16 a 24 anos.

O fenômeno dos vídeos curtos pode ser explicado por diversos fatores sociais, históricos e tecnológicos. Primeiramente, a era digital trouxe uma mudança significativa na maneira como as pessoas consomem conteúdo, especialmente entre os jovens, que estão cada vez mais conectados à internet. A facilidade de acesso a smartphones e tablets, aliada à rápida expansão da tecnologia 5G, tornou possível assistir e produzir vídeos curtos em qualquer lugar e a qualquer hora.

Outro fator que contribui para o sucesso dos vídeos curtos é o desejo dos jovens por entretenimento rápido e atraente. A vida contemporânea é marcada pela pressa e pelo imediatismo, o que leva muitos jovens a buscarem conteúdos que possam ser consumidos de forma rápida e sem compromisso. Nesse sentido, os vídeos curtos oferecem uma alternativa prática e eficiente.

No entanto, é preciso destacar que muitos desses vídeos possuem um caráter superficial e pouco informativo. Eles podem ser divertidos e interessantes, mas raramente oferecem uma análise aprofundada ou uma reflexão crítica sobre um determinado assunto. Isso pode levar a uma cultura de superficialidade, em que os jovens são incentivados a buscar apenas o entretenimento imediato, em detrimento do desenvolvimento intelectual.

Para evitar que isso aconteça, é fundamental que os jovens tenham acesso a fontes de informação mais confiáveis e com maior profundidade. A leitura de livros, artigos científicos e jornais, por exemplo, pode contribuir significativamente para o desenvolvimento do pensamento crítico e da capacidade de análise e reflexão sobre o mundo. Além disso, é importante que os pais, professores e educadores incentivem o questionamento e o debate, para que os jovens possam desenvolver sua capacidade crítica e se tornem cidadãos mais conscientes e engajados.

Vale destacar que, embora os vídeos curtos possam ser uma forma de entretenimento atraente e popular entre os jovens, é importante que sejam consumidos com moderação e equilíbrio. É necessário buscar outras formas de conhecimento e aprendizado, para que possamos desenvolver uma sociedade mais crítica, reflexiva e consciente.

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- Tristeza e suicídio

Conceito de sociedade da informação

Dificuldade com atividades mais complexas
 

De acordo com Manuel Castells, a sociedade da informação é caracterizada pelo fato de que "os fluxos de informação tornaram-se a base material da produtividade, do poder e da cultura" (Castells, 1996). Esse novo modelo de organização social é resultado da convergência de diversas tecnologias e processos, como a digitalização da informação, a globalização da economia e o surgimento de novas formas de trabalho e organização.

Entretanto, a grande quantidade de conteúdo disponível na internet, muitas vezes com qualidade duvidosa, pode ser preocupante. Como afirma o filósofo Zygmunt Bauman, vivemos em uma sociedade "líquida", onde a informação é cada vez mais "finita, fragmentada e instável" (Bauman, 2010). Isso significa que as informações são facilmente manipuláveis e nem sempre confiáveis.

Para entender melhor esse fenômeno, é interessante olhar para o passado. Na época da invenção da imprensa por Johannes Gutenberg, no século XV, a grande quantidade de informações também gerou debates sobre a veracidade e confiabilidade das notícias divulgadas. Como destaca o historiador Robert Darnton, "a imprensa ajudou a espalhar a palavra, mas também aumentou a quantidade de notícias falsas e de boatos" (Darnton, 2010).

Por isso, é fundamental que as pessoas desenvolvam habilidades críticas para avaliar as informações que consomem na internet. Como Umberto Eco afirmou, "a internet dá o direito de falar a uma legião de imbecis que, antes, só falavam em um bar e não causavam dano à coletividade. Eles eram imediatamente calados, enquanto agora têm o mesmo direito de falar que um prêmio Nobel" (Eco, 2015). Cabe a cada um de nós sermos responsáveis pelas informações que consumimos e compartilhamos, buscando sempre a veracidade e confiabilidade do conteúdo.

CURIOSIDADE

Durante a Idade Média, um dos livros mais populares era o "Liber Ignorantiae", também conhecido como "O Livro da Ignorância". Esse livro continha informações falsas e absurdas, mas era considerado um entretenimento popular, e muitas pessoas o levavam a sério. A obra era composta por uma série de afirmações ridículas, como por exemplo, que a Terra era plana e que as pessoas que habitavam a Austrália tinham cabeças de cachorro.

Esse exemplo mostra como, mesmo em tempos antigos, as pessoas eram atraídas por informações curiosas, mas muitas vezes sem sentido ou precisão. Hoje em dia, a disseminação de informações vazias e sem fundamento é ainda mais rápida e ampla, graças às redes sociais e outras plataformas online. Por isso, é importante que os usuários estejam cientes da qualidade das informações que consomem, e busquem fontes confiáveis e informação de qualidade para enriquecer o seu conhecimento.



Conteúdos inúteis nas redes sociais

É inegável que as redes sociais são uma das ferramentas mais utilizadas na atualidade para o compartilhamento de informações, ideias e experiências. No entanto, a quantidade de conteúdo que circula nessas plataformas é imensa e nem tudo que é compartilhado tem relevância ou utilidade para a nossa vida cotidiana.

Nesse sentido, pensadores contemporâneos têm se debruçado sobre a importância da filtragem e seleção do que consumimos nas redes sociais, a fim de evitar a saturação e a sobrecarga de informações inúteis. Para o filósofo francês Gilles Lipovetsky, por exemplo, o excesso de informações que recebemos atualmente pode ser prejudicial à nossa capacidade de discernimento e análise crítica, além de nos deixar menos propensos à reflexão e ao pensamento profundo.

Além disso, a filósofa Martha Nussbaum argumenta que a busca constante por entretenimento e satisfação imediata pode nos afastar da verdadeira realização pessoal e da compreensão mais profunda de nós mesmos e do mundo à nossa volta.

Por outro lado, o filósofo coreano Byung-Chul Han afirma que a necessidade de compartilhar e receber informações nas redes sociais pode estar associada à busca por validação social e reconhecimento, o que pode levar a uma pressão constante por likes, seguidores e popularidade, independentemente do conteúdo compartilhado.

Diante dessas reflexões, fica claro que a presença de conteúdos inúteis nas redes sociais não é apenas uma questão de escolha individual, mas também tem implicações mais profundas em nossa forma de pensar, sentir e agir no mundo. Assim, é importante que tenhamos consciência da qualidade e do valor do conteúdo que consumimos e compartilhamos nas redes sociais, buscando sempre a reflexão crítica e a construção de uma sociedade mais engajada e consciente.

Relação redes-psicologia

Existe uma relação crescente entre o aumento dos problemas psicológicos e o uso de redes sociais com conteúdos vazios. A disseminação de informações imprecisas e o consumo excessivo de conteúdo sem valor ou significado pode levar a uma série de efeitos negativos na saúde mental das pessoas.

Em primeiro lugar, o uso excessivo de redes sociais pode contribuir para a solidão e o isolamento social. As interações nas redes sociais muitas vezes são superficiais e não oferecem a mesma conexão emocional que as interações pessoais. Isso pode levar a sentimentos de isolamento e solidão, que por sua vez podem aumentar a vulnerabilidade a problemas psicológicos, como depressão e ansiedade.

Além disso, as redes sociais com conteúdo vazio também podem desencadear sentimentos de inadequação e baixa autoestima. Isso ocorre porque as pessoas geralmente compartilham seus destaques e momentos mais felizes nas redes sociais, o que pode levar outras pessoas a compararem suas próprias vidas com as de outras pessoas, muitas vezes criando uma sensação de insuficiência.

O consumo excessivo de conteúdo vazio também pode levar à distração e à procrastinação, o que pode interferir na capacidade das pessoas de lidar com problemas pessoais e profissionais. Isso pode aumentar os níveis de estresse e ansiedade, que por sua vez podem levar a uma série de problemas psicológicos, como ansiedade e depressão.

Por fim, é importante mencionar que as redes sociais com conteúdo vazio também podem contribuir para a polarização e divisão social. Isso ocorre porque as redes sociais muitas vezes incentivam as pessoas a se conectar apenas com outras pessoas que compartilham opiniões semelhantes, criando bolhas de opinião. Isso pode levar a conflitos sociais e prejudicar o bem-estar psicológico das pessoas.

Em suma, o aumento dos problemas psicológicos pode estar relacionado ao uso excessivo de redes sociais com conteúdo vazio, que pode contribuir para sentimentos de solidão, inadequação, baixa autoestima, distração, procrastinação, polarização e divisão social. É importante que as pessoas sejam conscientes do uso que fazem das redes sociais e aprendam a usá-las de maneira saudável e equilibrada para promover sua saúde mental e bem-estar.

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