O AI 5 representou um marco de autoritarismo e repressão dentro do
regime militar no Brasil.
Tanques na Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, em 2 de abril de 1964. Foto em domínio público |
Resumo
Este artigo analisa o período histórico das décadas de 60 e
70 no Brasil, destacando a industrialização por substituição de importações e
as transformações sociais e culturais. Aborda também a participação política
dos militares, as tensões que levaram ao golpe de 1964 e as contradições do
regime militar. O texto ressalta a repressão estatal e a importância de
valorizar a democracia e os direitos humanos.
Palavras-chave: Industrialização por substituição de importações, transformações sociais, transformações culturais, participação política dos militares, tensões políticas, tensões econômicas, golpe de 1964, regime militar, repressão estatal, democracia, direitos humanos.
Introdução
A Guerra Fria, um período marcado pela rivalidade
geopolítica e ideológica entre os Estados Unidos e a União Soviética, teve um
impacto significativo na história global após a Segunda Guerra Mundial. Nesse
conflito indireto, chamado de "frio" devido à ausência de
confronto armado direto entre as duas superpotências, os Estados Unidos e a
União Soviética disputavam a supremacia mundial por meio de estratégias
econômicas, diplomáticas e ideológicas. Essa rivalidade bipolar resultou na
formação de dois blocos de poder, com a União Soviética representando o
socialismo e os Estados Unidos representando o capitalismo.
Neste contexto, ambos os blocos buscaram expandir suas
esferas de influência, utilizando tanto recursos materiais, como economia e
poder militar, quanto suas distintas ideologias. Essa corrida pela
superioridade levou a uma intensa competição armamentista entre os dois lados,
com um foco especial no desenvolvimento de tecnologias militares avançadas.
Além disso, a corrida espacial desempenhou um papel significativo nessa
rivalidade, com a União Soviética obtendo algumas vitórias iniciais, como o
lançamento do primeiro satélite artificial e o primeiro voo espacial tripulado por
um ser humano. No entanto, o ápice dessa corrida espacial ocorreu quando os
Estados Unidos alcançaram o marco histórico de levar o homem à lua em 1969.
Durante aproximadamente quatro décadas, a população mundial
viveu sob a sombra de uma possível eclosão de uma "Terceira Guerra".
No entanto, apesar dos episódios isolados que mantinham o mundo em alerta, como
a Crise dos Mísseis em 1962, o risco de uma guerra em grande escala era
mitigado pelo fato de os Estados Unidos e a União Soviética terem estabelecido
um "acordo tácito" sobre a divisão de territórios e evitarem
um confronto direto, dada a compreensão geral das consequências catastróficas
que tal conflito acarretaria.
Esse "acordo tácito" entre as potências
rivais ficou conhecido como Détente, representando uma diminuição das tensões.
No entanto, por trás dessa aparente distensão, a vulnerabilidade da União
Soviética em relação ao poderio militar e econômico dos Estados Unidos era
evidente. Durante a década de 1970, ao buscar interagir com a economia capitalista
global, a URSS optou por explorar os recursos disponíveis no mercado mundial,
evitando enfrentar os desafios da reforma de seu próprio sistema econômico.
Esse caminho escolhido pela União Soviética acabaria levando ao colapso total
de seu sistema socialista.
Apesar da vulnerabilidade soviética e do "acordo
tácito" entre as potências, os Estados Unidos adotaram uma postura
ofensiva em relação ao socialismo soviético, denunciando uma suposta
conspiração comunista que planejava disseminar sua ideologia em todo o mundo.
Diante desse cenário de incerteza e hostilidade da Guerra
Fria, destacam-se os autodenominados "Anos Dourados". Essa
época se destaca pelo inquestionável crescimento e prosperidade experimentados
pelas economias beligerantes do pós-guerra e por grande parte do mundo. Na
década de 1950, o pleno emprego era uma realidade nos principais países
desenvolvidos da Europa Ocidental, refletindo uma aparente prosperidade que se
espalhou globalmente e beneficiou os países centrais.
É importante observar que a crescente dependência dos
países em relação ao mercado externo, aliada aos objetivos desenvolvimentistas
da época, permitiu a disseminação de políticas em que a presença do Estado era
um fator crucial para garantir um crescimento sustentável. Isso significava um
mundo com aumento da produção, comércio externo em expansão, pleno emprego,
industrialização e modernização.
Durante as décadas de 1950 e 1970, as políticas sociais,
incluindo a seguridade social, foram incorporadas na agenda da maioria dos
países centrais, visando o desenvolvimento coletivo da sociedade. Essa expansão
e institucionalização do Estado de Bem-Estar Social, que já existia em alguns
países centrais para proteção de mulheres, deficientes e idosos, generalizou-se
no pós-guerra, alcançando proporções quase universais por meio de programas
integrados de proteção social, garantindo direitos como aposentadoria,
habitação e saúde.
No modelo de capitalismo conduzido pelo Estado de Bem-Estar
Social Keynesiano, as profundas crises econômicas, como a de 1929, foram
substituídas por flutuações mais suaves, facilmente toleráveis. A taxa de
desemprego na Europa reduziu-se a apenas 1,5% da população economicamente
ativa. Até o final da década de 1970, todos os países capitalistas avançados haviam
se transformado em Estados de Bem-Estar Social e, em alguns casos, gastavam
mais de 60% de suas receitas com a seguridade social.
Neste contexto, este artigo tem como objetivo apresentar as
principais mudanças e transformações políticas, econômicas, sociais e culturais
ocorridas na sociedade brasileira durante as décadas de 1960 e 1970, em meio às
dinâmicas da Guerra Fria e aos impactos do Estado de Bem-Estar Social. O
período autodenominado "Anos Dourados" será analisado em suas
diferentes facetas, destacando as influências e os desafios enfrentados pelo
Brasil nesse contexto global.
Metodologia da pesquisa
A pesquisa realizada para este artigo baseou-se em uma
abordagem histórica, utilizando fontes primárias e secundárias para coletar
informações relevantes sobre o período em questão. Foram consultados livros,
artigos acadêmicos, documentos oficiais, relatos históricos e materiais
audiovisuais para obter uma visão abrangente do tema.
A análise dos dados foi feita por meio de uma abordagem
crítica, considerando diferentes perspectivas e interpretações históricas. Foram
identificados os principais eventos, contextos políticos e econômicos, bem como
as transformações sociais e culturais ocorridas durante o período de
industrialização por substituição de importações e o regime militar.
A pesquisa também levou em consideração a revisão
bibliográfica, a fim de embasar teoricamente as discussões e garantir a
confiabilidade das informações apresentadas. As fontes utilizadas foram
selecionadas com critério, levando em conta a qualidade e relevância dos
autores e suas contribuições para o estudo do tema.
É importante ressaltar que a pesquisa teve como objetivo
fornecer um panorama histórico e uma compreensão mais abrangente dos eventos e
processos analisados, levando em consideração as limitações inerentes à
disponibilidade de fontes e ao recorte temporal selecionado.
Os Anos Dourados e uma Geração em Meio ao "glamour"
da Transformação Social
O pós-guerra reconfigurou drasticamente o cenário
internacional, dividindo o mundo em dois blocos político-militares liderados
pelas superpotências, EUA e URSS. Os Estados Unidos, em seus esforços para
expandir sua influência econômica, política e ideológica, não apenas
direcionaram sua atenção aos países da América Latina, incluindo o Brasil – um processo
que havia começado durante a guerra – mas também buscaram infiltrar-se na
Europa.
A prosperidade desfrutada pelos Estados Unidos no período
pós-guerra reforçou um sentimento de otimismo e esperança, permeando todo o
mundo ocidental. Esse novo estilo de vida foi possibilitado pela produção em
massa de bens duráveis de consumo pessoal e doméstico. No Brasil, essas
transformações gradualmente se estabeleceram durante os anos 1950, alterando
padrões de consumo e comportamentos em um segmento da população nos principais
centros urbanos.
É importante ressaltar que, enquanto o otimismo e a
esperança trouxeram mudanças profundas para a vida de certos segmentos – as
classes médias nos centros urbanos – possibilitando-lhes consumir novos e mais
produtos, também havia um desejo de mudança embutido em vários aspectos da
cultura. Esse desejo visava transformar a realidade de um país subdesenvolvido,
tirando-o do atraso e construindo uma nação genuinamente independente.
Nesse contexto, a vitalidade do movimento cultural
encontrou ressonância entre as crescentes classes médias urbanas, especialmente
entre estudantes universitários que se identificavam com o espírito
nacionalista da época e acreditavam nas perspectivas de desenvolvimento do
país.
Assim, a chamada sociedade urbano-industrial se consolidou,
apoiada por uma política desenvolvimentista que se aprofundaria ao longo da
década. Junto a ela, surgiu um novo estilo de vida disseminado por meio de
revistas, especialmente o cinema americano e a televisão, que foi introduzida
no país em 1950.
O surgimento dessa nova sociedade trouxe consigo uma
expansão da mídia, tanto em termos de lazer quanto de informação, embora seu
alcance ainda fosse predominantemente local. O rádio experimentou crescimento
no início dos anos 1950, acompanhado por um aumento na publicidade.
Radionovelas populares, por exemplo, apresentavam anúncios de produtos de
limpeza e higiene.
A televisão, por sua vez, foi além da promoção de produtos
e se tornou uma plataforma para empresas produzirem os programas que
patrocinavam. Jornais e revistas tiveram um aumento na circulação, e as
histórias em quadrinhos fotográficas, lançadas no início da década, se tornaram
populares.
Cinema e teatro também desempenharam um papel significativo
nesse processo, tanto em produções populares quanto em produções mais
sofisticadas. No caso do cinema, as populares "chanchadas",
comédias musicais produzidas pela Atlântida, uma empresa fundada na década de
1940, atingiram seu auge nos anos 1950, com seus atores se tornando queridos
pelo público.
Vale ressaltar que cinema, teatro, música, poesia e arte,
impulsionados pela crença na construção de uma nova sociedade (levando em
conta suas especificidades e em diferentes graus), abraçaram expressões
artísticas e estéticas inovadoras que estavam sendo praticadas não apenas em
outras partes do mundo, mas também no próprio Brasil.
A identificação dos "anos dourados" com o
espírito otimista que caracterizou o governo de Juscelino Kubitschek englobou
uma ampla gama de mudanças sociais, expressões artísticas e manifestações
culturais que surgiram dentro de um debate mais amplo sobre a reconstrução
nacional. Esse debate vinha ocorrendo desde o início dos anos 1950 e continuou
nos primeiros anos da década seguinte.
A importância histórica do governo de João Goulart não pode
ser resumida apenas no âmbito político. A vida cultural brasileira também
floresceu em meio à agenda reformista proposta pelo presidente, dando origem a
uma série de iniciativas culturais, artísticas e intelectuais que tinham suas
raízes na década de 1950 e visavam reinventar o país, moldando-o sob a bandeira
do nacionalismo inspirado pela cultura popular e pelo modernismo.
O presidente João Goulart (Jango) durante sua visita aos Estados Unidos, em 1962. Dick DeMarsico, World Telegram staff photographer • Public domain |
O governo de Jango conseguiu consolidar uma nova agenda
cultural para o Brasil, mas seu fim também marcou o declínio dessa elite
intelectual que havia apostado no reformismo como um caminho para a revolução,
uma terceira via que nunca foi claramente delineada entre a social democracia e
o comunismo soviético tradicional.
No início dos anos 1960, a música politicamente engajada da
Bossa Nova, criada por artistas como Carlos Lyra, Sérgio Ricardo e Nara Leão,
juntamente com o movimento Cinema Novo liderado por Glauber Rocha, Nelson
Pereira dos Santos e Ruy Guerra, promoveu uma convergência de engajamento,
exploração estética, cultura popular e nacionalismo. No entanto, esse projeto
não foi isento de contradições e desafios. Um deles foi a incapacidade de
estabelecer uma comunicação efetiva com as classes trabalhadoras, que pareciam
servir como inspiração mais do que como um público consumidor real para essas
obras.
O ano de 1962, em particular, foi significativo para a vida
cultural brasileira. Marcou a consolidação da Bossa Nova como modelo para nossa
canção politicamente engajada moderna e o estabelecimento formal do Cinema Novo
como um grupo. Além disso, foi criado o Centro Popular de Cultura (CPC) da
União Nacional dos Estudantes (UNE).
À medida que João Goulart abraçava as Reformas de Base como
sua principal plataforma, o CPC buscava desenvolver uma consciência popular,
vista como a base para a libertação nacional. No entanto, antes de alcançar o
povo, os artistas precisavam abraçar novos valores e abordagens, mesmo que isso
significasse sacrificar seu prazer estético e expressão pessoal.
Outra iniciativa cultural do CPC foi a série de cadernos
poéticos chamada "Violão de Rua", que apresentava poemas
politicamente engajados e ocasionalmente tentava ensinar ao povo uma forma de
se engajar na "política" e desenvolver uma consciência
nacional libertadora.
O movimento Cinema Novo começou oficialmente por volta de
1960 com os primeiros filmes de Glauber Rocha, Ruy Guerra e outros jovens
cineastas engajados. Durou até 1967 e teve inspiração no neorrealismo italiano
e na Nouvelle Vague francesa, defendendo um cinema autoral, independente dos
grandes estúdios, com imagens e personagens naturalistas. Esse movimento
alcançou reconhecimento internacional.
A região Nordeste, juntamente com as favelas do Rio de
Janeiro, tornou-se um tema favorito desse tipo de cinema, que nem sempre
agradava ao público de classe média acostumado ao glamour de Hollywood. No
entanto, a intenção não era apenas chocar o público brasileiro médio, mas
também desafiar a percepção dos estrangeiros sobre nosso país.
Entre 1960 e 1964, foram produzidos filmes significativos
dentro do movimento Cinema Novo, incluindo obras como "Vidas Secas"
(Nelson Pereira dos Santos, 1963), que retratava a situação dos
migrantes, e o famoso "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (Glauber
Rocha, 1964), uma parábola que retratava o processo de despertar de um
camponês à medida que ele passa pelo messianismo e pela banditismo, acabando
sozinho, abandonado, mas livre, correndo em direção ao seu destino.
O Cinema Novo ganhou importância internacional devido ao
seu compromisso inabalável com a verdade, capturando a miséria que antes havia
sido retratada na literatura dos anos 1930 e agora traduzida em imagens pelo
cinema dos anos 1960.
O Envolvimento Político das Forças Armadas e a
Crise da Legalidade
No contexto da crise política brasileira nos anos 60, houve
um episódio conhecido como "Levante dos Sargentos" em setembro
de 1963. Esse levante foi uma tentativa armada de sargentos da Aeronáutica e da
Marinha de contestar decisões judiciais e protestar contra as restrições
impostas às suas carreiras.
A crise política já estava em andamento devido à
polarização entre o presidente João Goulart (Jango) e as
forças conservadoras do país, incluindo setores militares e políticos. Goulart,
que havia assumido a presidência após a renúncia de Jânio Quadros, enfrentava
resistência devido às suas posições políticas consideradas radicais e à
influência de setores ligados ao comunismo.
Os sargentos envolvidos no levante estavam insatisfeitos
com decisões judiciais que limitavam sua elegibilidade para cargos eletivos,
além de restringirem suas possibilidades de promoção. Eles acreditavam que
essas decisões eram injustas e limitavam suas oportunidades de progresso na
carreira militar.
Publicidade
Os sargentos, em sua maioria, eram defensores da legalidade e da constitucionalidade, e seu protesto armado foi uma forma de expressar sua insatisfação e buscar uma revisão das decisões que afetavam sua carreira. No entanto, o levante não obteve sucesso, principalmente devido à falta de coordenação e comunicação efetiva entre os sargentos sublevados.O levante dos sargentos foi rapidamente contido pelas forças
do governo, com o Exército agindo para reprimir a rebelião. Muitos dos
sargentos envolvidos foram presos, e o episódio reforçou a polarização política
e a instabilidade do período.
O Populismo e o Golpe de 1964
A ascensão dos militares ao poder em 1964 marcou o fim do
período conhecido como populismo no Brasil. O populismo é um tema amplamente
discutido na historiografia brasileira e, em termos gerais, refere-se aos
regimes políticos latino-americanos nos quais as massas urbanas, historicamente
excluídas, foram incorporadas ao processo político, como ocorreu nos governos
de Perón na Argentina e Getúlio Vargas no Brasil.
Uma popular marchinha de carnaval retratava Vargas como
"o pai dos pobres, mas a mãe dos ricos". Isso reflete parte da
ambiguidade do populismo: os benefícios da inclusão dos trabalhadores no
processo político encontravam limites nas necessidades do processo de
acumulação de riqueza.
Essa ambiguidade do populismo tornou-se evidente durante o
governo de João Goulart na primeira metade da década de 1960, quando se buscou
adotar uma postura redistributiva, aumentando o salário mínimo. No entanto,
críticos consideravam essa abordagem como uma fonte de pressões inflacionárias
que dificultavam o processo de acumulação econômica.
O Governo Jânio Quadros (1961)
Jânio Quadros, em 1961. DesconhecidoUnknown • Public domain |
O governo de Jânio da Silva Quadros, que teve início com
sua vitória nas eleições democráticas de 1960, foi marcado por uma série de medidas
e eventos que geraram impacto político e social no país. Ao vencer o Marechal
Henrique Lott nas eleições presidenciais, Jânio conquistou a legitimidade para
implementar seu programa de governo.
Desde o início, Jânio adotou medidas voltadas para o controle
do funcionalismo público e uma política econômica conservadora. O objetivo era
enfrentar os problemas econômicos herdados do governo de Juscelino Kubitschek,
tais como a aceleração inflacionária, o déficit fiscal e a pressão sobre o
balanço de pagamentos. Para isso, a moeda foi desvalorizada, os gastos públicos
foram contidos e a expansão monetária passou a ser controlada.
Uma das estratégias adotadas por Jânio foi a redução dos
subsídios para o trigo e o petróleo, o que permitiu renegociar a dívida externa
e contrair novos empréstimos. No campo da política externa, ele implementou a
chamada "política externa independente", buscando uma posição
autônoma em relação aos Estados Unidos. Essa postura encontrou um desafio
significativo com a situação de Cuba, que havia adotado o comunismo e sofria
pressões intensas do governo norte-americano. Além das pressões externas, Jânio
enfrentou resistências internas de setores militares e civis anticomunistas.
No que diz respeito aos costumes, Jânio adotou medidas polêmicas,
como a proibição de desfiles de maiô em concursos de misses, brigas de galo,
corridas de cavalo durante a semana e o uso de lança-perfume no carnaval. Essas
medidas geraram debates acalorados na sociedade brasileira e mostraram a
postura conservadora do presidente.
Durante seu mandato, Jânio também enfatizou uma campanha de
combate à corrupção, determinando a abertura de inquéritos para investigar a
atuação de diretorias de autarquias e fundações, como o IBGE, a Rede
Ferroviária Federal e a Companhia Vale do Rio Doce. Ele chamou esse esforço de
"obra de saneamento moral da nação".
Em agosto de 1961, enquanto o vice-presidente João Goulart
estava em missão especial na China comunista, Jânio surpreendeu a todos ao
renunciar à Presidência da República, alegando ser vítima de forças ocultas.
Sua intenção era causar uma grande comoção nacional, com o objetivo de
mobilizar a população em seu apoio e obter maior poder presidencial. No
entanto, sua estratégia não obteve sucesso, e o Congresso Nacional aceitou sua
renúncia. Jânio deixou Brasília e seguiu para São Paulo, deixando o país imerso
em uma grave crise política.
Assim, o governo de Jânio Quadros foi marcado por medidas
econômicas conservadoras, a adoção de uma política externa independente, o
combate à corrupção e a implementação de políticas de costumes polêmicas. Sua
renúncia abrupta e inesperada deixou o país em um período de instabilidade
política, que exigiu uma rápida definição sobre o futuro político do Brasil.
O Governo Parlamentarista (1961-1963)
Após o estabelecimento do regime parlamentarista em 2 de
setembro de 1961, o Brasil enfrentou um período conturbado. Um conselho de
ministros foi responsável pela direção e responsabilidade política do governo,
enquanto João Goulart aguardava para assumir a presidência em 7 de setembro,
Dia da Independência.
No entanto, a experiência parlamentarista mostrou-se
fracassada. Tancredo Neves, de Minas Gerais, foi nomeado primeiro-ministro, mas
renunciou em junho de 1962 para concorrer a um novo mandato na Câmara dos
Deputados. Brochado da Rocha foi então nomeado como seu substituto, prometendo
antecipar o plebiscito que confirmaria ou não a continuidade do
parlamentarismo.
É importante destacar que a emenda constitucional que
instituiu o novo regime previa a realização de uma consulta popular nove meses
antes do término do mandato de Goulart. No entanto, Brochado da Rocha renunciou
devido à impossibilidade de antecipação do plebiscito. Diante desse impasse, os
trabalhadores declararam uma greve geral e o Congresso assumiu a
responsabilidade de marcar o plebiscito para 6 de janeiro de 1963.
Durante o período de setembro de 1961 a janeiro de 1963,
três gabinetes parlamentares foram formados, mas a indefinição política
dificultou a implementação de políticas econômicas consistentes. Como
resultado, a taxa de inflação atingiu 45,5% em 1962, em comparação com 33,2% em
1961.
No final de 1962, alguns meses antes do plebiscito, o
ministro extraordinário para Assuntos do Desenvolvimento Econômico, Celso
Furtado, apresentou o Plano Trienal como resposta à aceleração da inflação e à
deterioração econômica externa. O plano tinha como objetivo dar continuidade ao
desenvolvimento econômico do país.
Em 1º de janeiro de 1963, João Goulart concedeu um aumento
de 75% no salário mínimo. O presidencialismo recebeu quase 9,5 milhões de votos
de um eleitorado de aproximadamente 11 milhões de votantes.
O resultado desse plebiscito marcou o fim do regime
parlamentarista e a restauração do presidencialismo no Brasil. A continuidade
política e econômica do país enfrentaria novos desafios nos anos seguintes.
O Governo de João Goulart e a ruptura
democrática de 1964
O governo de João Goulart e a ruptura democrática de 1964
marcaram um período conturbado na história do Brasil. Após vencer o plebiscito
e assumir a Presidência da República, Goulart enfrentou intensa oposição
política. Uma campanha de desestabilização financiada por empresários e pelo
governo dos Estados Unidos foi lançada contra seu governo.
O governo norte-americano também liberou empréstimos
diretamente para os estados cujos governadores se opunham a Goulart. Isso
beneficiou políticos como Carlos Lacerda, governador da Guanabara, Magalhães
Pinto, de Minas Gerais, e Adhemar de Barros, de São Paulo. Enquanto isso, as
reformas de base propostas por Goulart, com destaque para a reforma agrária,
não conseguiram avançar, servindo mais como um discurso político que incomodava
as elites conservadoras, empresários e parte da classe média.
Celso Furtado, ministro extraordinário para Assuntos do
Desenvolvimento Econômico, elaborou um plano anti-inflacionário, buscando
limitar o crédito disponível e conter os gastos públicos. No entanto, essa
medida enfrentou forte resistência dos sindicatos, e as políticas do governo
enfrentaram dificuldades diante das demandas da base de apoio trabalhista.
A tentativa de estabilização monetária falhou, resultando em
uma inflação anual de 83,5% e um crescimento econômico negativo em 1963. Jango
encontrava-se sem um rumo claro, mas contava com apoio popular. No entanto, ele
enfrentava críticas da imprensa, dos militares, da Igreja Católica e de parte
da classe média insatisfeita com a situação econômica.
Em seu discurso no Comício da Central em 13 de março de
1964, Jango mencionou medidas que geraram preocupação entre os proprietários de
imóveis, como a intenção de regular os preços abusivos de apartamentos e
residências desocupados. Além disso, criticou o movimento Cruzada do Rosário, o
que resultou em manifestações contrárias e pedidos pela saída do presidente.
Jango solicitou maior poder ao Congresso Nacional e propôs
a realização de um plebiscito sobre as reformas de base, o que aumentou a
desconfiança e as suspeitas. A desestabilização política interna e externa
impediu a implementação de uma política econômica mais coesa.
O golpe militar foi planejado para ocorrer alguns dias
depois, mas foi antecipado devido à movimentação de tropas liderada pelo
general Mourão Filho em direção ao Rio de Janeiro, onde Goulart estava. A
conspiração militar contou com o apoio do governador de Minas Gerais, Magalhães
Pinto, e dos Estados Unidos, que elaboraram um plano de contingência para
apoiar a derrubada de Goulart.
No dia 1º de abril, Jango foi informado do apoio
norte-americano ao golpe e enviou generais para tentar impedir a adesão das
tropas dos militares rebeldes. No entanto, eles não conseguiram evitar a adesão
dos soldados. Jango deixou o país em busca de asilo no Uruguai, enquanto o
presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, declarava a vacância do cargo
presidencial e empossava Ranieri Mazzilli como presidente interino.
Apesar dos apelos para que resistisse ao golpe, João
Goulart não retornou ao Brasil e faleceu em 1976. O golpe militar instaurou um
regime autoritário que perdurou por duas décadas, marcando um período de
restrição às liberdades civis e violações dos direitos humanos. A ruptura
democrática de 1964 deixou marcas profundas na história brasileira, sendo um
período de luta pela reconquista da democracia.
Os Militares no Poder
A ditadura militar no Brasil, que teve início em 1964,
desperta debates e interpretações diversas entre os historiadores. Alguns
argumentam que o regime autoritário tinha como objetivos principais eliminar a
elite intelectual reformista e enfraquecer sua conexão com os movimentos
sociais, especialmente o operário e o camponês. Embora a classe média tenha
sido parcialmente poupada até a implantação do AI-5, o mesmo não se pode dizer
das classes populares, que enfrentaram uma dura repressão por parte do Estado
durante o período de 1964 a 1968.
Nos primeiros anos da ditadura militar brasileira, a ordem
autoritária estava mais interessada em proteger o Estado contra as pressões da
sociedade civil e despolitizar os setores populares do que em suprimir
completamente a manifestação da opinião pública ou silenciar as expressões
culturais de esquerda. Embora tenham ocorrido momentos de conflito entre o
regime e os setores de oposição antes da implementação do AI-5, resultando
frequentemente em prisões, inquéritos policiais-militares e censura de obras
artísticas, isso não se compara à violência sistemática e ao fechamento da
esfera pública que ocorreram a partir da promulgação do AI-5, em dezembro de
1968, inaugurando os chamados "anos de chumbo" que se
estenderam, no mínimo, até o início de 1976.
Portanto, alguns estudiosos concluem que, nos primeiros
anos, a ditadura militar no Brasil esteve longe de ser "branda"
ou "envergonhada", e o fato de o governo buscar legitimidade
institucional não altera essa realidade histórica. A discussão em torno da
natureza e das características da ditadura militar continua sendo um tema relevante
para compreender a história recente do Brasil e refletir sobre os impactos
desse período na sociedade brasileira.
O Governo Castelo Branco e o PAEG (1964-1967)
Durante esse período, foi criado o Conselho de Segurança
Nacional, respaldado por uma nova Lei de Segurança Nacional que transformou
virtualmente todos os cidadãos em vigilantes e suspeitos, devido à ampla gama
de possíveis crimes políticos. A nova Constituição de 1967, sancionada pelo
Congresso Nacional, entrou em vigor em 15 de março de 1967, estabelecendo o
formato das eleições, que se tornaram indiretas, e permitindo ao presidente da
República propor emendas constitucionais.
O governo Castelo Branco ficou marcado por uma política de
controle da inflação e reorganização institucional do ambiente macroeconômico
no Brasil. A inflação, que havia contribuído para a queda do governo João Goulart,
foi combatida por meio do controle salarial e da restrição da atividade
econômica, refletindo-se nos preços. No entanto, essas medidas aumentaram a
decepção e a impopularidade do governo entre a classe média e as frações da
burguesia.
No campo da política externa, o governo Castelo Branco
alinhou-se mais estreitamente aos interesses norte-americanos ao longo de todo
o regime militar. Nessa linha de ação, as prioridades eram a renegociação da
dívida externa, no valor de US$ 3,8 bilhões, em grande parte nas mãos de
credores privados e com vencimentos a curto prazo. Atendendo aos requisitos dos
credores, o Brasil conseguiu novos recursos do FMI no início de 1965, aliviando
a situação das contas externas.
Os responsáveis pela política econômica, Mário Henrique
Simonsen e Roberto Campos, justificaram as reformas implementadas no período de
1964 a 1967, que tinham como objetivo corrigir cinco "falhas
institucionais": a) a ilusão de uma moeda estável na legislação
econômica; b) a desordem tributária; c) a propensão ao déficit
orçamentário; d) as deficiências do sistema financeiro; e) os
conflitos gerados pela legislação trabalhista.
No âmbito trabalhista, o governo Castelo Branco adotou uma
postura intervencionista. Foi estabelecida uma nova fórmula de reajuste
salarial, com base na incorporação parcial da inflação passada, o que na
prática significou um congelamento dos salários. Além disso, houve a unificação
da previdência social, reunindo os diversos institutos setoriais no INPS
(Instituto Nacional de Previdência Social).
Um dos pilares do Plano de Ação Econômica do Governo
(PAEG) era a reestruturação do sistema fiscal.
A primeira medida foi reduzir os gastos, incluindo um
artigo no próprio Ato Institucional (posteriormente incorporado à
Constituição), que proibia o Poder Legislativo de aumentar as despesas
durante a votação do orçamento da União.
A Emenda Constitucional nº 18, de dezembro de 1965, foi a
base para a criação de um verdadeiro e integrado Código Tributário Nacional,
que até então não existia. No entanto, apesar dessas reformas, os tributos
continuaram a incidir de maneira desigual e regressiva, revelando o apetite
fiscal do regime.
A reforma estrutural do sistema financeiro também foi uma
das prioridades do PAEG. Em 1964, o Banco Central foi criado como a
"autoridade monetária" do Brasil, retirando essa função da Sumoc
(Superintendência de Moeda e Crédito), e organizando a política de emissão
de moeda e as regras cambiais. Para captar recursos privados para o governo,
foram criadas as ORTN (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional).
No combate ao problema crônico da moradia, que afetava
principalmente a classe média e a classe operária, foi estabelecido o Sistema
Financeiro da Habitação, que integrava o Banco Nacional da Habitação (BNH),
a Caixa Econômica Federal e as caixas estaduais. Para financiar esse sistema
habitacional, o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) foi criado
em 1966 como uma forma de poupança compulsória que incidia sobre os salários
dos trabalhadores ativos.
As reformas econômicas implementadas durante o primeiro
governo militar tiveram um impacto amplo e abrangente, entrando em conflito com
a imagem de um governo provisório. O Estado brasileiro reforçou seu papel como
uma grande agência reguladora e normativa nas relações socioeconômicas,
abordando questões fiscais, monetárias e trabalhistas, buscando otimizar a
expansão capitalista. No entanto, essas reformas estruturais tiveram pouco
impacto no cotidiano da população, exceto por suas consequências negativas e
repressivas.
O AI-5 e o Milagre Econômico
Ato Institucional Número Cinco |
O Ato Institucional nº 5, conhecido como AI-5, promulgado
pelo Presidente Costa e Silva em dezembro de 1968, representou um marco de
autoritarismo e repressão dentro do regime militar no Brasil. Esse ato conferiu
amplos poderes ao Presidente da República, permitindo a suspensão de direitos
políticos, cassação de mandatos, intervenção em estados e municípios, entre
outras medidas que restringiam as liberdades civis e políticas.
No contexto econômico, o período em que o AI-5 foi
promulgado coincidiu com o chamado "Milagre Econômico". Esse
termo refere-se a um período de rápido crescimento econômico vivido no Brasil
durante os anos 1970, especialmente entre 1968 e 1973. O governo liderado pelo
economista Delfim Netto implementou políticas de desenvolvimento econômico de
médio e longo prazo, buscando estimular o consumo de bens duráveis e investir
em grandes obras de infraestrutura.
O Estado brasileiro, com recursos provenientes de impostos
e empréstimos internacionais, promoveu investimentos em setores como a
construção civil, resultando em um crescimento anual de cerca de 15% nessa área
até 1973. O comércio exterior também teve um impulso significativo, com aumento
das exportações de manufaturados e o crescimento das importações de petróleo e
máquinas.
Nesse período, foram realizadas obras grandiosas, como a
Ponte Rio-Niterói, a Usina de Itaipu e a Rodovia Transamazônica, que eram apresentadas
como símbolos do desenvolvimento nacional. O governo enfatizava a ideia de um
"Brasil Grande Potência", buscando fortalecer a imagem do país
no cenário internacional.
No entanto, apesar do rápido crescimento econômico,
persistiram desigualdades sociais e concentração de renda. A política social
adotada pelo regime militar foi considerada insuficiente para reverter o quadro
de miséria e concentração de renda. A crise internacional, especialmente o
aumento dos preços do petróleo em 1973, expôs a fragilidade financeira e a
dependência brasileira em relação a insumos básicos, como o petróleo.
Em resumo, o AI-5 representou um período de autoritarismo
político no Brasil, enquanto o Milagre Econômico foi caracterizado por um
intenso crescimento econômico impulsionado por políticas de desenvolvimento de
médio e longo prazo. No entanto, as desigualdades sociais persistiram e a crise
internacional expôs as fragilidades da economia brasileira.
O que foi o ll PND?
O II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND),
implementado no período de 1975 a 1979, representou uma resposta do governo
brasileiro aos desafios impostos pela crise do petróleo e à necessidade de
superar gargalos na indústria de base e no fornecimento de energia e insumos.
Com a dependência de importações de petróleo, que
representava mais de 90% do consumo nacional, o Brasil foi impactado pelos
efeitos do "choque do petróleo". No entanto, graças aos
empréstimos provenientes dos "petrodólares" disponíveis nos
bancos ocidentais, o governo Geisel pôde lançar um ambicioso plano econômico.
O II PND reorientou a política desenvolvimentista,
concentrando-se na indústria de bens de capital e na infraestrutura energética,
com o objetivo de reduzir a dependência de insumos importados no médio prazo.
Essa mudança de enfoque implicou a transferência do processo decisório para
órgãos mais burocráticos e centralizados, como o Conselho de Desenvolvimento
Econômico (CDE), criado em 1974.
O governo Geisel adotou uma abordagem mais normativa da
economia, fortalecendo as empresas estatais ligadas à siderurgia, energia e
petroquímica, além de investir em bens de capital. Essa era foi marcada por uma
reversão de expectativas, desestimulando o consumo da classe média e
restringindo o crédito abundante que havia sido impulsionado pelo período do
"milagre econômico".
A política econômica de Geisel buscava evitar gargalos
energéticos e de insumos essenciais para a produção de bens de consumo. Por
outro lado, o governo procurava fortalecer o mercado interno, o protecionismo
setorial e a autossuficiência energética do país, por meio de um amplo
endividamento estatal obtido por meio de captação de recursos no exterior.
O II PND foi uma tentativa de reestruturar a economia
brasileira diante dos desafios impostos pela crise do petróleo e da necessidade
de promover um desenvolvimento mais equilibrado e autossustentável. Embora
tenha havido mudanças em relação ao modelo do "milagre econômico",
o plano buscou garantir a continuidade do crescimento econômico e o
fortalecimento de setores estratégicos para o país.
O Governo do General Figueiredo (1979-1985)
João Figueiredo, 1972. Arquivo Nacional. Foto em domínio público |
General João Baptista de Oliveira Figueiredo, o último
presidente do regime militar brasileiro, assumiu a presidência em um momento
desafiador tanto no cenário interno quanto externo. Em meio à crise da dívida
externa brasileira, que foi agravada pelo segundo choque do petróleo em 1979 e
pela crise financeira internacional de 1982, Figueiredo enfrentou grandes
dificuldades durante seu mandato.
Para lidar com os problemas econômicos, Figueiredo contou
com a equipe econômica liderada por Delfim Neto, que buscava reeditar o "milagre
econômico" da década anterior. No entanto, as políticas adotadas pela
equipe foram criticadas por sua falta de sustentabilidade a médio e longo
prazos. Inicialmente, a orientação era controlar os juros e aumentar a
indexação dos salários, com reajustes a cada seis meses. Posteriormente, foi
implementada uma política de contenção dos gastos públicos e aumento da
arrecadação através do Imposto de Renda e do IOF (imposto sobre operações
financeiras).
É importante destacar que os efeitos desses processos
econômicos foram amenizados no âmbito social por meio de mecanismos como a
indexação de preços, gatilhos de reajuste salarial e alta rotatividade no
mercado financeiro, que permitiam aos poupadores e investidores evitar perdas
significativas.
No entanto, os anos finais do regime militar foram marcados
por uma recessão econômica severa, aumento do desemprego e uma inflação
altíssima. A recuperação do crescimento econômico só ocorreu por volta de 1984,
impulsionada pela recuperação da economia norte-americana, com um aumento nas
exportações e no crescimento da renda agrícola devido ao forte aumento dos
preços dos produtos primários.
O governo de Figueiredo foi um período de transição e
encerramento do regime militar, enfrentando dificuldades econômicas e pressões
sociais crescentes. Sua administração deixou um legado de desafios econômicos e
instabilidade, mas também marcou o início de uma nova era política no Brasil, que
culminaria com o retorno do país à democracia.
Conclusão
Ao concluir este artigo, podemos compreender a importância
do período abordado na história contemporânea do Brasil. Nas décadas de 60 e
70, testemunhamos a consolidação do processo de industrialização por substituição
de importações, conhecido como PSI, que transformou significativamente a
estrutura econômica do país. Ao mesmo tempo, presenciamos grandes
transformações sociais e culturais.
No entanto, não podemos ignorar que esse período também foi
marcado por tensões políticas e pela ruptura democrática ocorrida em 1964. A
história nos registra o contexto de repressão e autoritarismo imposto pelo
Estado durante o regime militar. É fundamental reconhecer os impactos negativos
desse período, como a violação dos direitos humanos e as restrições às
liberdades individuais.
Ao longo deste artigo, tivemos a oportunidade de estudar o
contexto cultural do Brasil nas décadas de 50 e 60, compreender o envolvimento
político dos militares nesse período, analisar as tensões políticas e
econômicas que culminaram no golpe de 1964 e examinar os avanços econômicos
alcançados durante o regime militar, bem como suas contradições.
A compreensão da história é essencial para aprendermos com
os erros e acertos do passado. Ao refletirmos sobre esse período conturbado,
somos instigados a fortalecer os pilares democráticos, valorizar a liberdade e
a garantia dos direitos fundamentais. A história nos ensina que a construção de
uma sociedade justa e igualitária requer a participação ativa da população na
defesa dos princípios democráticos.
Portanto, é fundamental que, como cidadãos conscientes,
estejamos sempre atentos aos acontecimentos políticos e sociais, valorizando a
democracia e lutando pela justiça e pelos direitos de todos. Somente assim
poderemos construir um futuro sólido, baseado em valores de igualdade,
liberdade e respeito mútuo. A história nos convida a ser agentes ativos na
busca por um Brasil melhor e mais justo para todos os seus cidadãos.
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