A possível condenação estaria condicionada à apresentação de evidências que comprovem o envolvimento ou conhecimento do ex-presidente, bem como à definição dos itens em questão como propriedade pública.
Jair Bolsonaro e o seu advogado pessoal "o anjo"Imagem: reprodução/Folha - UOL |
Quando o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal
Federal (STF) deu sinal verde para a Polícia Federal (PF) iniciar
uma ação relacionada às joias e presentes recebidos por Jair Bolsonaro (PL) de
autoridades estrangeiras, ele destacou que a investigação visa apurar
potenciais delitos de peculato e lavagem de dinheiro.
Ambos crimes carregam sentenças severas, e caso haja uma
possível condenação, após todas as fases de julgamento, poderiam levar à
imposição de pena de prisão em regime fechado ou semiaberto.
Atualmente, não existe uma acusação oficial, e a situação
ainda está na etapa de investigação, sujeita a mudanças com base na
classificação das condutas.
Por outro lado, a prisão preventiva não requer uma condenação, mas só pode ser aplicada em situações de risco comprovado para a investigação ou de fuga iminente, quando outras medidas cautelares se mostrarem insuficientes.
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De acordo com a decisão de Moraes, a investigação da
Polícia Federal identificou evidências de que Bolsonaro e seus colaboradores
teriam agido para desviar presentes de alto valor recebidos em viagens
internacionais pelo ex-presidente, seja em nome próprio ou por comitivas do
governo atuando em seu nome. Esses presentes seriam posteriormente
comercializados no exterior, com o objetivo de enriquecimento ilícito de
Bolsonaro.
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A equipe de defesa do ex-presidente enfatiza que ele nunca
se apropriou ou desviou bens ilícitos.
De acordo com o Código Penal, o crime de peculato acontece
quando um funcionário público ou uma pessoa em posse de bens devido ao seu
cargo se apropria deles, desviando-os em proveito próprio ou de outrem. A pena
prevista para esse delito varia de 2 a 12 anos de reclusão, além de multa.
Por outro lado, o crime de lavagem de dinheiro envolve a
ocultação da origem, localização ou propriedade de bens ou valores provenientes
direta ou indiretamente de atividades criminosas. Essa infração pode resultar
em uma pena de 3 a 10 anos de prisão, acompanhada de multa.
A prisão em regime fechado seria aplicada quando a pena
total excede 8 anos, enquanto penas entre 4 e 8 anos poderiam ser cumpridas em
regime semiaberto.
O professor de direito processual penal da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Antonio Santoro, destaca que os delitos em
questão acarretam em penas significativas. Ele menciona que, com base no
contexto, há uma chance considerável de que a pena ultrapasse os quatro anos em
caso de condenação por peculato e lavagem de dinheiro. Isso poderia impedir a
substituição da pena de prisão por alguma forma de punição alternativa.
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Conforme explicado por Vinicius de Souza Assunção, advogado
especializado em direito criminal e segundo vice-presidente do IBCcrim
(Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), a chave para configurar o crime
de peculato reside na categorização dos presentes vendidos como bens públicos.
Ele ressalta que, caso as joias sejam consideradas como propriedade que não pode
ser incorporada ao patrimônio pessoal, qualquer suposta apropriação
representaria uma violação ao interesse público. Em contrapartida, se esses
itens fossem classificados de forma diferente, Assunção menciona que poderia
surgir a questão do crime de descaminho, relacionado à falta de declaração e
pagamento dos tributos correspondentes.
De acordo com a interpretação estabelecida pelo Tribunal de
Contas da União (TCU) em 2016, apenas presentes que tenham um caráter
pessoal ou personalíssimo podem fazer parte da coleção privada de um
presidente.
Nas plataformas de mídia social, apoiadores de Bolsonaro
têm promovido a ideia de que esses itens são de natureza personalíssima,
baseando-se em uma portaria emitida durante o governo de Michel Temer.
Na quinta-feira, 17 de agosto, o novo advogado do
tenente-coronel Mauro Cid, que já foi um braço direito de Bolsonaro, afirmou
que Cid planeja admitir seu envolvimento na venda das joias e afirmar que agiu
sob ordens de Jair Bolsonaro.
Os crimes que estão sendo investigados no caso envolvendo
Bolsonaro são o peculato e a lavagem de dinheiro, ambos previstos na lei
brasileira.
·
Peculato:
O peculato é um crime tipificado no Código Penal Brasileiro, mais
especificamente no artigo 312. Ele ocorre quando um servidor público, como um
presidente, se apropria de bens ou valores públicos para benefício próprio ou
de terceiros. No contexto deste caso, a investigação se concentra na
possibilidade de Bolsonaro ter se apropriado de presentes recebidos de
autoridades estrangeiras, os quais seriam considerados bens públicos, para
posterior venda no exterior. Se comprovado, isso constituiria peculato.
·
Lavagem
de Dinheiro: A lavagem de dinheiro é um delito previsto na Lei nº 9.613/1998.
Esse crime ocorre quando alguém tenta disfarçar a origem ilícita de bens,
valores ou ativos, tornando-os aparentemente legais. No contexto deste caso, a
suspeita é de que Bolsonaro e seus associados possam ter realizado a venda das
joias no exterior como parte de um esquema destinado a dissimular a origem
ilícita desses bens. Se confirmado, isso se enquadraria como lavagem de
dinheiro.
Ambos os crimes têm implicações sérias, com penas
severas previstas na legislação brasileira, caso haja condenação após o devido
processo legal.
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Opinião do Michel
Com base nas informações disponíveis, é inegável que as
alegações de peculato e lavagem de dinheiro envolvendo o ex-presidente Jair
Bolsonaro são extremamente graves e merecem uma investigação minuciosa e
imparcial.
Se as autoridades competentes encontrarem evidências
sólidas que confirmem seu envolvimento em tais crimes, Bolsonaro deve enfrentar
as consequências legais, conforme previsto na legislação brasileira. Nenhum
indivíduo, independentemente de sua posição, deve estar acima da lei.
É vital para a saúde de qualquer democracia que o processo
de investigação seja conduzido com rigor, transparência e respeito aos
princípios do devido processo legal. Isso garante que todas as partes
envolvidas tenham a oportunidade de apresentar suas defesas e evidências.
As implicações dessas acusações são significativas, não
apenas para o ex-presidente, mas também para a credibilidade das instituições
democráticas do Brasil. Manter a confiança do público em suas lideranças e
instituições requer que a justiça seja feita de maneira transparente e
imparcial, independentemente do resultado final.
Portanto, é essencial que todos aguardemos o resultado das investigações para obter uma compreensão mais clara dos acontecimentos e das responsabilidades envolvidas, enquanto garantimos que o devido processo legal seja seguido rigorosamente.
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