Possivelmente, ao longo da história, raramente se testemunhou uma crueldade tão extrema quanto a ocorrida nos campos de extermínio. Desprovidos de toda dignidade, os judeus foram alvo de perseguições e assassinatos perpetrados pelo nazismo, com a conivência tácita da população alemã, influenciada pela propaganda e por uma literatura antissemita.
Preso faminto no campo de concentração de Gusen, na Áustria. Foto: Instagram |
História- É equivocado pensar
que o preconceito e a perseguição aos judeus tiveram início com o nazismo. O
antissemitismo não foi instaurado por Hitler; ele simplesmente elevou essa
doutrina a níveis extremos, culminando no genocídio. Durante seu governo,
transformou o antissemitismo em política de Estado, inicialmente buscando
expulsar todos os judeus dos territórios ocupados pelo Reich, visando,
posteriormente, construir uma Alemanha purificada, composta apenas pela
população ariana.
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É
plausível argumentar que Hitler não teria conseguido realizar o Holocausto sem
o apoio da população. A visão predominante sugere que os alemães comuns estavam
alheios aos campos de extermínio e ao massacre dos judeus. No entanto, uma
narrativa revisionista demonstrou que, de fato, a população alemã não apenas
tinha conhecimento, mas também respaldava o genocídio. A assimilação de uma
mentalidade capaz de aceitar a morte de outros como algo natural provavelmente
ocorreu devido a uma intensa disseminação de propaganda antissemita.
Os
nazistas se especializaram na criação e disseminação de cartazes, filmes,
livros e panfletos que difamavam os judeus, frequentemente retratados como
criaturas repulsivas, como insetos, cobras e outras pragas. A imagem do homem
ariano, com pele clara, olhos claros e cabelos claros, era contrastada com a
representação do judeu, caracterizado por vestes sujas, nariz proeminente,
barba longa e uma aura diabólica. Enquanto as imagens dos arianos expressavam
beleza, docilidade, pureza e inocência, aquelas relacionadas aos judeus
transmitiam a ideia de falsidade, mesquinhez, luxúria e agressividade, conforme
confirmado pela historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro.
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Antes mesmo da propagação da propaganda nazista, o
sentimento antijudeu já estava enraizado, não apenas na Alemanha, mas de forma
vigorosa em outros lugares. Durante o século XIX, uma abundância de panfletos e
livros antissemitas foi disseminada. Essa hostilidade chegou a um ponto em
1893, quando o partido antissemita do povo conquistou 16 assentos no parlamento
alemão. Contudo, o libelo antissemita mais amplamente divulgado surgiu na
Rússia em 1905 com os "Protocolos dos Sábios de Sião", um documento
que descreve uma suposta conspiração judaica para dominar o mundo. Esse livro
exerceu significativa influência nas ideias de Hitler e foi levado a sério pela
população.
Herança de Auschwitz. Foto: YouTube |
Portanto, quando o nazismo começou a implementar suas
políticas de perseguição e, mais tarde, de eliminação, já existia uma aversão
profundamente enraizada contra os judeus na mentalidade coletiva. Em termos
simples, havia uma predisposição para aceitar a perseguição, intensificada pela
fragilidade econômica e moral que a população enfrentava.
A partir de 1933, a Alemanha foi tomada por um amplo
aparato institucional de violência e terror. O pensamento antissemita durante o
Terceiro Reich pode ser categorizado em três fases, caracterizadas pelo aumento
progressivo da violência. Na primeira fase, que abrange o período de 1933 a
1938, observou-se uma tentativa de excluir os judeus de todos os aspectos
sociais, econômicos e políticos, principalmente por meio de leis como as de
Nuremberg, que proibiam casamentos entre judeus e arianos, boicotes econômicos,
prisões e espancamentos.
Casos que ilustram essa abordagem incluem a demissão de
servidores públicos judeus em 7 de abril de 1933, um programa de confisco de
propriedades judias em 1934, a proibição de médicos judeus de praticar em
hospitais públicos a partir de março de 1936, e a purificação de toda arte e
literatura estrangeiras, culminando na queima de livros proibidos pelo regime
na Praça da Ópera de Berlim.
Olimpíadas de Berlim, em agosto de 1936. Foto: YouTube |
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"O desfecho dessa primeira investida foi a saída de
150 mil judeus da Alemanha entre 1933 e 1938, dos quais 2 mil eram jornalistas
e intelectuais. Uma segunda fase teve início em 1938 com a Noite dos Cristais,
marcada pelo saque e incêndio de mais de 7,5 mil estabelecimentos comerciais e
quase 200 sinagogas. Nesse episódio, 300 judeus perderam a vida e outros 30 mil
foram encaminhados para campos de concentração.
Persistiu até 1941, quando a decisão pela "solução
final" foi tomada. Durante esse intervalo, as detenções aumentaram e os
judeus dos países ocupados eram encaminhados para campos de trabalho forçado e
concentração. Foi implementado um programa de eutanásia chamado AKTION 4,
visando eliminar os doentes mentais crônicos. Até o final de 1941,
aproximadamente 1 milhão de judeus haviam perdido a vida por diversas razões
sob o domínio nazista.
A terceira fase se destacou pela intensificação da
perseguição, marcando o momento em que o regime optou pela extermínio como
solução para a questão judaica. O objetivo era eliminar cerca de 11 milhões de
judeus de toda a Europa. O extermínio em massa teve início com a invasão da
então União Soviética e a deportação dos judeus para guetos e campos na Europa
Oriental. Antes da introdução das câmaras de gás, o fuzilamento era uma forma
de execução, porém, considerada lenta e prejudicial à moral dos atiradores.
Portanto, as câmaras de gás foram aprimoradas, inicialmente utilizando monóxido
de carbono e, posteriormente, gás Cyclon-B, um ácido prussiano originalmente
destinado ao combate de vermes, devido à sua ação mais rápida. Enormes fornos
crematórios foram construídos para a disposição dos corpos.
Em diversos campos, os corpos eram utilizados na produção
de sabão, enquanto os cabelos eram transformados em chinelos para tripulantes
de submarinos. Durante o julgamento de Nuremberg, em abril de 1946, Rudolph
Hess, um dos diretores de Auschwitz, o campo de concentração responsável pela
morte de aproximadamente 1,5 a 2,5 milhões de judeus, detalhou alguns
procedimentos. O odor nauseabundo proveniente da constante queima dos corpos
permeava a região, tornando evidente para os habitantes das comunidades locais
que Auschwitz era o local de extermínio. Costumávamos aguardar cerca de meia
hora antes de abrir novamente as portas para remover os cadáveres. Após o
transporte, nossa equipe especial confiscava anéis e dentes de ouro dos
falecidos.
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