Extremismo ainda em Ascensão: O Comportamento dos Apoiadores de Bolsonaro em Foco.

O Presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do dia 8 de janeiro considera a possibilidade de expulsar deputados que são partidários de Bolsonaro devido a comportamentos inadequados, levantando a questão da ausência de medidas punitivas.

Jair Bolsonaro e Abílio Brunine
Jair Bolsonaro e Abílio Brunini. Imagem: Reprodução/Rádio Itatiaia

O líder da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que ocorreu em 8 de Janeiro, Arthur Maia (União Brasil-BA), advertiu sobre a possibilidade de retirar do recinto os parlamentares que apoiam Bolsonaro, André Fernandes (PL-CE) e Abílio Brunini (PL-MT), devido à crença de que eles estão obstruindo o progresso dos procedimentos.

A discussão acalorada entre os legisladores teve início quando os deputados interromperam o discurso da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) durante a sessão ocorrida na quinta-feira, 31. Fernandes repetidamente interveio durante o discurso da deputada. Em resposta, Maia afirmou que não toleraria esse tipo de conduta. "Estão tentando causar tumulto na sessão porque não têm argumentos. Isso é um completo absurdo", afirmou o presidente da CPMI.

"Eu mantenho minha tranquilidade da maneira que eu desejar, no entanto, eu asseguro que Vossa Excelência não irá perturbar a sessão. Não irá! Tenho a autoridade para solicitar que interrompa seu discurso e retirá-lo do plenário caso prossiga com essa abordagem e provocações direcionadas à mesa", continuou Maia, em resposta a pedidos para que mantivesse a calma.

Abílio Brunini, por outro lado, posicionou-se de pé junto à Mesa Diretora, incentivando o tumulto. Durante a sessão, os legisladores estão colhendo o depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, uma testemunha que a oposição aguardava desde o início dos procedimentos da CPMI.

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A maioria dos apoiadores de Bolsonaro é caracterizada por opiniões extremistas que incluem agressividade, misoginia, homofobia e racismo, muitas vezes refletindo as atitudes de seu líder. Notavelmente, esse grupo inclui uma parcela de evangélicos que fazem associações religiosas, sugerindo que Jair Bolsonaro é divinamente escolhido ou até mesmo uma figura messiânica.

Os bolsonaristas são caracterizados por manifestações intensas, incluindo gritos, choro descontrolado, propagação de informações falsas e comportamento agressivo, o que deixou muitos surpresos ao redor do mundo, à medida que parte dos eleitores de Jair Bolsonaro reagiu com histeria à derrota eleitoral. Eles realizaram bloqueios de estradas que foram considerados antidemocráticos e ilegais.

Mas o que leva pessoas que eram consideradas normais até recentemente a terem surtos psicóticos em resposta a uma disputa eleitoral? A Dra. Gisela Monteira, especialista em Psicologia Social pela USP, aponta que nem mesmo Freud pode explicar o comportamento dos seguidores de Bolsonaro, mas a teoria da psicanálise pode esclarecer o comportamento de grupos em situações como essa.

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Ela menciona que quando as pessoas estão em grupo, existe um senso de pertencimento e uma contaminação emocional, o que pode levar a comportamentos coletivos. A responsabilidade individual desaparece, e a pessoa age de acordo com o comportamento da multidão. Além disso, a especialista destaca o papel das redes sociais na criação de bolhas de opinião, onde as pessoas só interagem com quem compartilha suas visões.

Gisela Monteira observa que esse processo de radicalização é gradual, não acontece abruptamente. As pessoas são gradualmente convencidas e podem ser expostas a uma lavagem cerebral, onde só recebem informações que confirmam suas crenças. Esse processo pode levar ao ódio, preconceito e intolerância sendo normalizados, o que é preocupante.

Ela aponta o ano de 2018, quando Bolsonaro foi eleito, como um ponto de virada, onde visões extremistas foram legitimadas. Bolsonaro trouxe à tona sentimentos de ódio e preconceito que antes eram menos aceitos socialmente.

Gisela Monteira acredita que, com o tempo, as pessoas perceberão que seus medos infundados não se concretizarão, o que pode levar a uma volta à normalidade. No entanto, quebrar essas crenças profundamente enraizadas será um desafio para muitos.

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Opinião de Michel

Caro leitor,

É impossível ignorar o cenário preocupante que se desenha diante de nós, à medida que observamos a crescente polarização e o comportamento extremista entre os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. O relato anterior detalha situações que, sem dúvida, levantam questões pertinentes sobre o estado da nossa sociedade e o impacto das ações políticas em nosso cotidiano.

A atitude de alguns parlamentares durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do dia 8 de janeiro é apenas um exemplo recente do que parece ser uma tendência crescente de confronto e agressão. Os debates políticos, que deveriam ser um espaço para troca de ideias e construção de soluções, muitas vezes se transformam em palcos para gritos e desrespeito mútuo.

Mas o que mais nos intriga é a pergunta fundamental: o que leva pessoas que, até pouco tempo atrás, eram consideradas normais, a se envolverem em comportamentos tão extremistas e irracionais? A Dra. Gisela Monteira, especialista em Psicologia Social, oferece algumas perspectivas esclarecedoras.

Ela ressalta a influência do grupo e das redes sociais nesse processo de radicalização gradual. Quando as pessoas se encontram em grupos que compartilham opiniões semelhantes, há uma sensação de pertencimento que pode levar a comportamentos coletivos e, por vezes, extremistas. Essa dinâmica de grupo pode diminuir a responsabilidade individual, levando a ações que, isoladamente, seriam consideradas inaceitáveis.

A Dra. Monteira também destaca a importância das redes sociais na formação de bolhas de opinião, onde as pessoas só são expostas a informações que confirmam suas crenças, reforçando ainda mais suas visões extremistas.

O ponto de virada em 2018, quando Bolsonaro foi eleito, trouxe à tona visões extremistas que antes eram menos visíveis. A polarização política e a legitimação de discursos de ódio e preconceito se tornaram mais evidentes.

No entanto, a Dra. Monteira acredita que, com o tempo, as pessoas poderão perceber que seus medos infundados não se concretizarão. A realidade, por mais distorcida que seja, eventualmente mostrará que essas preocupações são infundadas. O desafio será desfazer as crenças profundamente enraizadas e promover um retorno à normalidade.

Nesse contexto, é vital que todos nós, como cidadãos, busquemos compreender e promover o diálogo construtivo, mesmo em meio a divergências políticas. Devemos lembrar que somos todos parte da mesma sociedade, e é por meio do respeito mútuo e da compreensão que podemos encontrar soluções para os desafios que enfrentamos.

 

Michel

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