Sob pressão de colegas do governo, o ministro
da Fazenda assegura que a proposta de orçamento incluirá "igualdade entre
as receitas primárias e as despesas".
Fernando Haddad e Simone Tebet. Imagem: Reprodução/Veja |
Apesar das demandas de membros do próprio corpo
governamental, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou ontem que o
projeto de orçamento para o ano de 2024 continuará a estabelecer um objetivo de
equilíbrio fiscal para as finanças públicas. O documento deve ser submetido ao
Congresso até o dia seguinte.
"Há poucas atualizações a mencionar. Possuímos a
aprovação do marco fiscal e um orçamento pronto para ser submetido. Não estamos
considerando qualquer mudança significativa na estratégia. O orçamento está
concluído há duas semanas. Elaborar um orçamento federal é uma tarefa complexa
que não deve ser alterada de última hora", afirmou Haddad após sua
participação em uma reunião da junta de execução orçamentária (JEO).
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Realizado nas instalações do Palácio do Planalto, o
encontro contou com a presença do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O
orçamento está caminhando para um equilíbrio, o que implica que as receitas
primárias estão em sintonia com as despesas primárias", acrescentou o
Ministro. De acordo com membros do governo envolvidos na discussão, os
ministros Rui Costa (Casa Civil), Esther Dweck (Gestão) e Simone
Tebet (Planejamento) defendiam uma abordagem distinta daquela proposta
por Haddad - um déficit primário entre 0,5% e 0,75% do Produto Interno Bruto
(PIB) para o governo central (que engloba Tesouro, Previdência e Banco
Central) - argumentando que ainda seria desafiador alcançar a meta de déficit
zero.
Essa perspectiva é compartilhada pelo setor financeiro, que
prevê um déficit de 0,75% do Produto Interno Bruto (PIB) para o próximo
ano, de acordo com o Boletim Focus, uma consolidação de previsões compilada
pelo Banco Central (BACEN).
Nas últimas semanas, o time econômico tem divulgado uma
série de iniciativas com o intuito de aumentar a receita e, dessa forma,
alcançar um equilíbrio orçamentário para 2024, eliminando a perspectiva de
déficit - uma ação que, em grande medida, depende da aprovação do Congresso. O
próprio Ministério da Fazenda chegou a calcular a necessidade de uma receita
adicional de até R$ 130 bilhões. Algumas dessas medidas incluem a revisão das
taxas aplicadas aos chamados fundos exclusivos de investimento e aos fundos
offshore (que operam com recursos no exterior).
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Nas últimas semanas, o time econômico tem divulgado uma
série de iniciativas com o intuito de aumentar a receita e, dessa forma,
alcançar um equilíbrio orçamentário para 2024, eliminando a perspectiva de
déficit - uma ação que, em grande medida, depende da aprovação do Congresso. O
próprio Ministério da Fazenda chegou a calcular a necessidade de uma receita
adicional de até R$ 130 bilhões. Algumas dessas medidas incluem a revisão das
taxas aplicadas aos chamados fundos exclusivos de investimento e aos fundos
offshore (que operam com recursos no exterior).
A Estrutura do Plano Justifica a Continuidade
da Meta Fiscal de 2024.
O Ministro Fernando Haddad não deve sucumbir à pressão para
que o governo Lula sugira uma revisão da meta de eliminar o déficit das contas
públicas em 2024. A análise sugere que, dadas as características do novo
sistema fiscal, não existe uma justificativa atual para essa alteração. O novo
enquadramento fiscal ofereceu uma maior margem de manobra, inclusive permitindo
a não consecução da meta e a implementação de medidas corretivas
posteriormente.
Não há penalidades legais em caso de descumprimento, desde
que, após a detecção de um risco iminente, o governo tome medidas de
contingenciamento (ou seja, bloqueio preventivo de gastos) para assegurar o
cumprimento da meta fiscal. Este é um ponto crucial que distingue a norma
atual. Se o governo optar por essa modificação agora, apenas uma semana após a
aprovação da nova estrutura fiscal, estaria minando a base do novo quadro desde
o início. Isso diminuiria a rigidez do ajuste, e essa determinação é essencial
para garantir a confiabilidade da saúde fiscal a médio e longo prazos. Uma
alteração logo no primeiro ano repetiria o que ocorreu no passado, quando o
governo tinha que ajustar a meta a cada ano.
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Este risco de deterioração da reputação terá consequências
também nas projeções de inflação e no processo de redução das taxas de juros,
que está em seus estágios iniciais. O Banco Central associaria qualquer
modificação na meta fiscal ao horizonte de tempo e à magnitude da queda nas
taxas de juros. Aqueles que solicitam esta alteração neste momento podem não
ter compreendido adequadamente a essência do novo sistema ou, o que parece mais
provável, estão buscando uma maior flexibilidade para aumentar os gastos sem a
necessidade de reavaliar o uso inadequado dos recursos. A emenda de transição
já assegurou um espaço adicional de R$ 168 bilhões no orçamento, além do
arcabouço que permite o aumento das despesas em até 2,5% acima da taxa de
inflação.
Pode-se questionar a meta de Fernando Haddad de eliminar o
déficit das finanças públicas. Sem dúvida, essa meta foi ambiciosa, já que não
há garantias de que as medidas de arrecadação de impostos proporcionarão as
receitas projetadas pelo Ministro. Entretanto, quando essa meta foi
estabelecida, lá em abril, havia considerável ceticismo em relação à política
econômica liderada por Haddad. Na verdade, o temor daqueles que pressionam por
uma revisão da meta é que o Ministério da Fazenda recorra aos planos B, C, D e
E, caso o plano A, que envolve o aumento da arrecadação, não seja suficiente.
Há uma apreensão sobre o que o futuro reserva, incluindo a possibilidade de o
governo ter que efetuar cortes de gastos, algo que até agora não aconteceu.
Haddad parece estar decidido a seguir adiante com o plano original.
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Opinião do Michel
Prezado leitor,
A discussão em torno da meta fiscal para 2024 é um tópico
complexo e crucial para o nosso país. Nesse contexto, é importante analisar o
que está em jogo e os argumentos em ambos os lados.
O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mantém uma postura
firme em relação à meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024, apesar
das pressões internas e externas. Esta é uma meta ambiciosa, e é legítimo
questionar sua viabilidade, especialmente considerando as incertezas em torno
das receitas projetadas.
No entanto, é essencial reconhecer que a meta de déficit
zero foi estabelecida em um momento de desconfiança em relação à política
econômica liderada por Haddad. A mudança na abordagem agora poderia gerar
preocupações quanto à estabilidade e à credibilidade dessa política, afetando
negativamente as expectativas de inflação e as taxas de juros, que estão em um
processo de queda.
Além disso, o novo arcabouço fiscal oferece flexibilidade,
permitindo que o governo tome medidas corretivas, como o contingenciamento de
gastos, em caso de riscos iminentes ao cumprimento da meta, sem incorrer em
penalidades legais.
O ponto-chave é que o governo tem à disposição uma
variedade de ferramentas para alcançar a meta, e qualquer mudança agora pode
ser vista como falta de compromisso com a estabilidade fiscal a longo prazo. É
compreensível que muitos temam os planos B, C, D e E que poderiam ser acionados
se o plano A de aumento na arrecadação não for suficiente.
A emenda de transição já proporcionou um espaço adicional no
orçamento, e o arcabouço atual permite um crescimento das despesas acima da
inflação. Portanto, acredito que é prudente dar tempo ao plano original antes
de considerar revisões que podem minar a confiança na política fiscal.
Em resumo, a busca pelo equilíbrio fiscal em 2024 é um
desafio complexo, mas o compromisso com a meta de déficit zero, dadas as
ferramentas disponíveis, é uma escolha sensata para a estabilidade econômica a
longo prazo.
Atenciosamente,
Michel
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