Gilmar Mendes afirma que a responsabilidade política de Bolsonaro no 8 de Janeiro é clara

Na opinião do ministro, os incidentes, amplamente vistos como a mais significativa ameaça à democracia brasileira desde a era militar, estão vinculados à "coerção" enfrentada pelo sistema judicial durante o período eleitoral.

Gilmar Mendes confirma responsabilidade política de Bolsonaro nos atos de 8 de janeiro
Gilmar Mendes confirma responsabilidade política de Bolsonaro nos atos de 8 de janeiro. — Foto: Reprodução El País

Política- Às proximidades do aniversário dos eventos em que milhares de seguidores de Jair Bolsonaro atacaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, o ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF) enfaticamente afirma a conexão do ex-presidente com o incidente.

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“A responsabilidade política [de Bolsonaro] é inequívoca”, disse Mendes à AFP, durante uma entrevista em seu gabinete no STF, em Brasília.

Simultaneamente, o membro mais antigo do Supremo, com 67 anos, escolhe cuidadosamente suas expressões ao abordar a responsabilidade legal do líder da extrema-direita, um aspecto ainda "em processo de análise".

Bolsonaro, impossibilitado de concorrer por oito anos desde junho, enfrenta investigações no STF sob suspeita de instigação e autoria intelectual nos ataques aos prédios públicos, visando a derrubada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente, que estava nos Estados Unidos durante os incidentes, refutou qualquer responsabilidade.

Mendes assegura que durante seu mandato (2019-2022), houve um "estímulo à anarquia, especialmente no contexto das forças policiais". O ministro, que integra o plenário do STF desde 2002, expressa a crença de que os militares não removeram os invasores e manifestantes dos prédios devido a influências provenientes da própria Presidência da República.

Golpistas do dia 8 de janeiro
Golpistas do dia 8 de janeiro. — Foto: Reprodução Brasil de Fato

"Erros de análise"

No dia 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula, que venceu Bolsonaro por uma margem estreita nas eleições, Mendes estava almoçando em Lisboa com seu amigo Nuno Piçarra, colega do Tribunal de Justiça da União Europeia, quando foi surpreendido pelas notícias sobre os distúrbios em crescimento em Brasília.

Indignados e desiludidos com o desfecho do segundo turno das eleições presidenciais, apoiadores de Bolsonaro invadiram as sedes do Congresso, do Supremo e da Presidência, vandalizando o mobiliário e clamando por uma intervenção militar.

Mendes interrompeu a reunião, dirigiu-se ao seu apartamento e iniciou o envio de mensagens e ligações para seus colegas do STF, Alexandre de Moraes e Rosa Weber, e o recém-empossado ministro da Justiça, Flávio Dino.

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