Donald Trump é favorito para obter nomeação do Partido Republicano e disputar a eleição presidencial em 2024

Trump emerge como líder nas eleições dos EUA após quatro anos de contestação e recusa do resultado eleitoral.

Donald Trump e Jair Bolsonaro
Donald Trump e Jair Bolsonaro— Foto: Reprodução BBC

Política- Em 2024, mais de 78 nações ao redor do mundo estão programadas para realizar eleições nacionais, de acordo com a pesquisa conduzida pelo think tank Atlantic Council. A extensa lista abrange diversos países, incluindo Índia, Rússia, Uruguai, México e Venezuela. Contudo, o ponto focal está na eleição nos Estados Unidos, onde Donald Trump emergirá como figura central, buscando um retorno ao poder, possivelmente repetindo o cenário de 2020, quando foi derrotado pelo atual presidente Joe Biden.

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Trump surpreendeu a cena política americana ao longo da última década. Vitorioso em 2016, adotou a persona de um outsider desafiador do sistema, comprometido em enfrentar os poderosos em prol do cidadão comum. Essa abordagem inspirou diversas candidaturas globais, muitas alcançando êxito. Após perder a reeleição, Trump tomou medidas inesperadas, recusando-se a aceitar o resultado e tentando reverter a derrota de forma drástica. O ponto culminante foi a invasão do Congresso dos Estados Unidos por seus seguidores em 6 de janeiro de 2021, numa tentativa de obstruir a certificação da vitória de Biden.

O dia encerrou com cinco fatalidades e centenas enfrentando processos legais, incluindo Trump, alvo de um impeachment, do qual foi absolvido. Após deixar a Casa Branca, ele conseguiu manter o apoio de sua base, mesmo enfrentando quatro processos judiciais. Atualmente, continua sendo o favorito para receber a indicação do Partido Republicano. O ex-presidente construiu uma narrativa alegando que os processos, envolvendo acusações como fraude fiscal, tentativa de suborno e alegações de levar documentos confidenciais para sua residência na Flórida, são ilegítimos, caracterizando-os como uma perseguição do sistema.

Nos Estados Unidos, não há uma legislação equivalente à "ficha limpa", permitindo a possibilidade de Trump se candidatar e ser eleito, mesmo se condenado e preso. Os processos estão em curso, e existe a chance de que algumas sentenças sejam proferidas durante a corrida eleitoral de 2024. A próxima eleição apresentará uma situação não vista em décadas, com uma considerável probabilidade de ter dois ex-presidentes como principais concorrentes. O atual presidente, Joe Biden, espera obter a nomeação democrata sem grandes dificuldades, seguindo uma tendência histórica em que presidentes em exercício conseguem a indicação com facilidade, garantindo visibilidade e uma capacidade substancial de arrecadação de doações de campanha em comparação com os rivais partidários.

Confirmado esse cenário, estaríamos diante de uma repetição do ocorrido em 2020, quando Biden saiu vitorioso com 81 milhões de votos. Apesar da derrota naquele ano, a votação de Trump revelou um dado intrigante: ele conquistou 74 milhões de votos, um aumento significativo em relação aos 62 milhões de eleitores em 2016. Os 12 milhões adicionais indicam sua notável influência política. Atualmente, a maioria das pesquisas coloca Trump à frente ou, no mínimo, empatado com Biden, inclusive em estados cruciais para o colégio eleitoral, como Michigan e Geórgia, conforme aponta Rafael Loris, professor de política na Universidade de Denver. A gestão de Biden enfrenta desafios, especialmente na questão da inflação persistente, o que leva muitos americanos a responsabilizá-lo por isso. Tatiana Teixeira, professora do Instituto de Relações Internacionais e Defesa (IRID/UFRJ) e editora do Observatório Político dos Estados Unidos (OPEU), destaca que embora Biden tenha obtido êxito na aprovação de projetos no Congresso e a economia esteja melhorando, isso tem pouco impacto se a mensagem desejada não chegar aos eleitores.

Nos círculos financeiros, a precificação já está em andamento. De acordo com Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, os agentes econômicos estão apostando no favoritismo de Trump e se preparando para esse possível cenário. A volatilidade aumentará à medida que os candidatos divulgarem seus programas de governo. O posicionamento de Trump em relação à política fiscal será crucial, especialmente como ele abordará a possibilidade de ajustes. Isso é antecipado em certa medida, pois durante seu primeiro mandato, ele implementou cortes de impostos, e agora há uma deterioração nos dados fiscais dos EUA, com aumento das despesas e queda nas receitas, afirma Damico.

Comparação entre Trump e Joe Biden

Contudo, a participação de Trump nas eleições pode estimular mais eleitores a votarem contra ele, especialmente após a decisão da Suprema Corte em 2022, que revogou o direito ao aborto nos Estados Unidos. Uma vitória do republicano, que defende valores conservadores, provavelmente resultaria em restrições adicionais ao procedimento no país. Trump já não é um estreante e perdeu a novidade que o beneficiou em 2016. Tanto apoiadores quanto opositores já têm uma ideia de como seria seu novo governo, conforme observa Leandro Cosentino, cientista político e professor do INSPER. Em um segundo mandato de Trump, Cosentino argumenta que os EUA poderiam fortalecer suas posições e dificultar a importação de produtos brasileiros. Diante desse cenário, o Brasil poderia se tornar ainda mais dependente do comércio com a China.

Antes de conhecermos o rumo dos Estados Unidos, será intrigante observar as decisões tomadas por bilhões de eleitores em todo o mundo, começando por Taiwan. Em 13 de janeiro, os habitantes da ilha, considerada pela China como parte de seu território, participarão das eleições. Ações mais enfáticas de Taiwan rumo à independência poderiam desencadear uma intervenção chinesa, resultando em um conflito de proporções globais. A agenda eleitoral de 2024 também inclui El Salvador, Índia, Rússia, México e outros. Com tantos pleitos, é possível que cheguemos a 2025 com uma configuração global remodelada.

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