Arrecadação Federal bate recorde histórico em setembro com mais de R$ 203 bilhões

Alta de 11,6% em relação ao ano anterior foi impulsionada por fatores estruturais e atípicos, incluindo crescimento no imposto de importação e entrada de recursos postergados.



Brasília, 23 de outubro de 2024 — A arrecadação federal no Brasil atingiu a marca recorde de R$ 203 bilhões em setembro, registrando uma alta real de 11,6% em comparação ao mesmo período do ano passado. O resultado foi impulsionado por uma combinação de fatores, tanto estruturais quanto pontuais, como o aumento no imposto de importação e a influência de recursos adiados devido à calamidade no Rio Grande do Sul.

     

    A Receita Federal alcançou um resultado histórico em setembro, com uma arrecadação superior a R$ 203 bilhões, o maior valor já registrado para o mês. Esse desempenho representou um crescimento real de 11,6% em relação ao mesmo período de 2023. Entre os principais destaques, o imposto de importação teve um aumento expressivo de mais de 44%, favorecido pela valorização das importações e pela alta na taxa de câmbio. Outros tributos, como o PIS/Cofins, também contribuíram de forma significativa para o aumento da receita.

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    Além dos fatores estruturais que impulsionaram a arrecadação, eventos pontuais também influenciaram o resultado, como a entrada de recursos postergados por conta da calamidade pública no estado do Rio Grande do Sul. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, destacou que, apesar da expressiva arrecadação, o governo abriu mão de cerca de R$ 10 bilhões em desonerações no mês de setembro, o que poderia ter elevado ainda mais o montante.





    Em entrevista recente em Washington, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou o cenário econômico global e local. Segundo ele, o crescimento econômico tem surpreendido positivamente, tanto nas economias avançadas quanto nas emergentes, com o Brasil apresentando uma das maiores revisões de crescimento projetadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). No entanto, Campos Neto ressaltou que o cenário estrutural ainda é desafiador, com a produtividade global estagnada e a dívida pública elevada após a pandemia sendo preocupações centrais.

    O gerente-geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS) também alertou para os riscos de políticas fiscais desreguladas no mundo, que podem representar um desafio à estabilidade financeira a longo prazo.

    Nos mercados financeiros, o real continuou sob pressão, refletindo o viés de dólar forte globalmente, enquanto o Ibovespa fechou em queda de 0,3%, abaixo dos 130 mil pontos, influenciado pela aversão ao risco gerada por incertezas econômicas e tensões geopolíticas no Oriente Médio. No cenário internacional, as bolsas europeias mostraram maior cautela, apesar de sinais de um pouso suave na atividade econômica e um processo desinflacionário na zona do euro.

    Para os próximos dias, os investidores permanecem atentos aos discursos de membros da política monetária global e aos impactos setoriais dos recentes furacões nos Estados Unidos, que serão avaliados no Livro Bege do Federal Reserve.

    O desempenho da arrecadação federal em setembro reflete uma série de fatores que impulsionaram a receita pública, mas o cenário econômico global e nacional continua apresentando desafios, com destaque para as questões fiscais e a volatilidade dos mercados. A busca por um equilíbrio entre crescimento e controle dos juros será fundamental para garantir a estabilidade econômica nos próximos meses.

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