Estudos apontam que o compartilhamento de experiências de luto nas redes sociais pode fortalecer laços afetivos entre desconhecidos, criando uma rede de apoio inesperada.
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Introdução
A perda de um ente querido é uma experiência inegavelmente dolorosa e transformadora. Ao longo dos séculos, a sociedade tem desenvolvido rituais de luto e mecanismos de apoio para auxiliar as pessoas a lidarem com essa dor. No entanto, com o advento das redes sociais e a crescente digitalização de nossas vidas, o cenário do luto tem sido profundamente influenciado por um ambiente virtual interconectado.
Este artigo busca explorar a intrincada interação entre a
Sociologia do Luto e o papel das redes sociais na expressão do pesar. Esta
pesquisa abarca uma investigação aprofundada sobre a maneira como esses espaços
digitais têm se tornado arenas para a realização de rituais de luto, promovendo
homenagens virtuais, compartilhamento de memórias e eventos de comemoração que
transcendem fronteiras geográficas.
Além disso, examinarei como as redes sociais têm se
transformado em refúgios para a formação de comunidades de apoio emocional. O
poder da conexão virtual permitiu a criação de espaços onde aqueles que
enfrentam processos de luto encontram suporte mútuo, compartilham experiências
e buscam consolo em meio à dor.
Todavia, o ciberespaço também lança luz sobre a
autoexposição e a intimidade online. Com o aumento da transparência digital, as
redes sociais têm desafiado os limites da privacidade e incentivado um
compartilhamento emocional que pode ter impactos significativos na saúde mental
e na aceitação social dos enlutados.
A memorialização digital emergiu como uma forma única de
eternizar a presença de entes queridos que partiram, por meio das contas de
mídia social de pessoas falecidas. Isso traz à tona uma série de questões
éticas e implicações para familiares e amigos, que agora confrontam dilemas
relacionados ao tratamento das informações pessoais após a morte.
Além disso, as redes sociais criam uma paisagem complexa de
comparação social no luto. Como as pessoas enfrentam o processo de luto ao
comparar suas experiências com as de outros? Como essas comparações podem
influenciar a percepção individual da própria dor e da adequação do próprio
luto?
Neste contexto, analisarei as políticas e normas adotadas
pelas plataformas de redes sociais em relação ao luto e à expressão de
tristeza. Essas diretrizes moldam a forma como o luto é tratado no ambiente
virtual e podem impactar a maneira como as pessoas enfrentam a perda online.
Por fim, investigo o impacto na saúde mental dos enlutados
quando a expressão do luto ocorre no ambiente digital. Quais são as evidências
que sugerem que as redes sociais podem servir tanto como fonte de apoio quanto
de estresse adicional para aqueles que estão de luto?
O objetivo é apresentar uma abordagem científica e abrangente sobre a complexa relação entre a Sociologia do Luto e o impacto das redes sociais na expressão da perda. Por meio dessa pesquisa, esperamos contribuir para uma maior compreensão do fenômeno contemporâneo do luto em um mundo cada vez mais conectado, enriquecendo o debate acadêmico e fornecendo insights relevantes para o entendimento das interações humanas no ciberespaço.
Rituais de Luto no Mundo Digital
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Na vastidão intangível do ciberespaço, onde a tecnologia se
entrelaça com a essência humana, surgem novos rituais, tão imateriais quanto
profundos. É nesse intricado labirinto de conexões digitais que os rituais de
luto encontram um eco singular, transcendendo as fronteiras do tempo e do
espaço. O mundo virtual, com suas redes sociais interconectadas, tornou-se um
santuário onde as almas enlutadas encontram abrigo para suas dores e
reverenciam a memória dos que partiram.
Homenagens virtuais ganham forma em palavras digitadas, e é nas teclas de um teclado que os corações partidos encontram solace, despejando seu pesar em homenagens tão etéreas quanto a própria alma. Memórias compartilhadas ganham vida em fotografias e vídeos que contam histórias de tempos que se foram, relembrando sorrisos, abraços e momentos preciosos. É como se a tela do computador ou do celular se transformasse em um álbum de lembranças, em uma galeria do afeto.
Nos eventos de comemoração, a saudade encontra refúgio em
momentos de comunhão virtual. Através das transmissões ao vivo, as pessoas se
unem em torno de uma partida, compartilhando a dor que transcende a distância
física. A tecnologia, com sua rede invisível de conexões, permite que corações
distantes se abracem em solidariedade, criando uma teia virtual de afeto e
apoio.
Entretanto, esse mundo imaterial não é desprovido de
mistérios e desafios. Em meio a tantos códigos e bytes, surge a reflexão sobre
a autenticidade desses rituais digitais. Será que as palavras compartilhadas
carregam o mesmo peso emocional que os lamentos e consolos pronunciados frente
a frente? A virtualidade dessas manifestações de pesar pode ocultar aspectos da
complexidade humana, revelando apenas fragmentos daquilo que se sente.
O mundo virtual, ao mesmo tempo que oferece conforto, pode
ser uma terra de contrastes. A ausência de abraços físicos e olhares empáticos
pode amplificar a sensação de solidão, questionando se os abraços digitais são
capazes de preencher o vazio deixado pela partida de alguém amado.
Nessa paisagem subjetiva do ciberespaço, os rituais de luto
ganham novos significados e metamorfoses, refletindo a multiplicidade de
experiências humanas. A busca por consolo nas redes sociais é como mergulhar em
um oceano de interações, onde cada onda de apoio pode acalmar as águas revoltas
da alma enlutada.
A expressão do luto, nesse espaço etéreo, pode ser tanto uma ode à memória quanto uma busca pela própria identidade. As redes sociais não apenas testemunham a dor, mas também moldam a maneira como a dor é vivenciada e externalizada. Cada post, cada compartilhamento, é como uma obra de arte abstrata, contendo traços da complexidade humana em meio à trama digital.
Comunidades de Apoio: O Ecoar das Almas em Luto
nas Teias Digitais
Nas entranhas do ciberespaço, onde os limites da
materialidade se dissipam, florescem comunidades de apoio com uma delicadeza
quase etérea. Entre pixels e conexões invisíveis, um fenômeno misterioso
emerge: pessoas que enfrentam a imensidão da perda encontram, na imaterialidade
virtual, o calor das mãos amigas e o conforto dos corações compreensivos.
Essas comunidades, cuja existência se esconde nas sombras
do mundo digital, surgem como um eco resiliente, respondendo ao chamado silencioso
daqueles que trilham os caminhos do luto. Um verdadeiro laboratório do afeto,
onde as fronteiras físicas são dissolvidas, e o amparo se encontra em palavras
digitadas por desconhecidos que se tornam cúmplices da dor compartilhada.
Através do compartilhamento de experiências, esses
encontros virtuais se tornam um abrigo para corações em pedaços. A dura jornada
do luto se faz mais suportável quando almas tão distantes geograficamente se
entrelaçam emocionalmente. Como fios de uma teia tecida por aranhas da
compaixão, as histórias pessoais se entrecruzam, unindo as vidas que partilham
a mesma jornada de despedida.
Nesse mundo enigmático, a busca por consolo é como a caça a
um tesouro oculto. As comunidades de apoio se tornam um labirinto virtual, onde
as almas desbravam os corredores do sofrimento, em busca de alívio e acalento.
Mas, ao mesmo tempo, a subjetividade da dor é como um véu impenetrável,
desafiando aqueles que buscam entender as dimensões da perda que assola a alma
enlutada.
Enquanto alguns se tornam faróis de esperança, outros se
tornam meros espectadores no palco das palavras compartilhadas. O que motiva
essas comunidades a se formarem? Seria a necessidade de se encontrar com outros
náufragos do luto, perdidos em mares desconhecidos? Ou será o desejo de abraçar
um sentido coletivo em meio à desorientação individual?
As respostas, como poesia em branco, permanecem em um
silêncio enigmático, convidando a imaginação do navegador a dançar com a
curiosidade. Em um universo onde a subjetividade se confunde com a
objetividade, as comunidades de apoio se tornam um enigma de compreensão,
tecendo uma complexa teia de significados em uma realidade virtual.
Autoexposição e Intimidade Online: As Camadas
da Autenticidade na Era Digital
O tópico da autoexposição e intimidade online nos convida a explorar o intricado mundo do ciberespaço, onde as máscaras transparentes da virtualidade revelam uma complexa interação entre a autenticidade e o compartilhamento emocional. Nesta era digital, as redes sociais se tornaram palcos onde as pessoas expressam suas narrativas e emoções de forma pública, revelando uma faceta do self que muitas vezes é cuidadosamente esculpida para se adequar ao ambiente virtual.
A autoexposição na internet pode assumir várias formas,
desde simples compartilhamentos do cotidiano até revelações íntimas de
experiências pessoais e vulnerabilidades emocionais. Nesse cenário virtual, as
pessoas se tornam suas próprias narradoras, contando histórias sobre si mesmas
e buscando conexão com uma audiência ampla e diversificada.
No entanto, a percepção da intimidade no mundo online pode
ser ambígua e sujeita a uma série de paradoxos. Por um lado, a sensação de
anonimato e distância física pode encorajar a divulgação de aspectos pessoais
que talvez fossem mantidos em sigilo no mundo offline. Por outro lado, a
exposição pública também pode gerar sentimentos de vulnerabilidade e
insegurança, uma vez que as fronteiras entre o público e o privado se tornam
mais tênues.
As redes sociais se tornam um palco onde a autoexposição é
constantemente negociada e moldada por uma série de fatores, incluindo normas
sociais, pressões culturais, expectativas de aceitação e busca por validação.
Esse fenômeno pode levar a uma busca por aceitação e reconhecimento, onde o
número de "likes" e comentários se tornam métricas de aprovação e
valorização.
Além disso, a comparação social, tão inerente ao contexto
online, pode influenciar profundamente a forma como as pessoas se enxergam e se
expressam. A busca por seguir padrões estabelecidos pelo ambiente virtual pode
gerar um distanciamento da autenticidade, levando as pessoas a esconderem suas
dores e fragilidades por trás de máscaras cuidadosamente elaboradas.
Contudo, é essencial lembrar que a autoexposição e a
intimidade online também podem ser poderosas ferramentas de conexão e apoio
emocional. Ao compartilhar experiências, dores e alegrias, as pessoas podem
encontrar comunidades de apoio, formadas por indivíduos que se identificam e
compreendem suas vivências.
Em um mundo cada vez mais interconectado, a análise da
autoexposição e intimidade online é fundamental para compreender a complexa
dinâmica entre a autenticidade e a construção de identidades virtuais. É
necessário um olhar crítico e empático para entender como as redes sociais
podem ser tanto espaços de conexão significativa quanto palcos de performances
cuidadosamente orquestradas, em uma jornada que revela as múltiplas camadas da
experiência humana no ciberespaço.
Memorialização Digital: A Eternidade Efêmera das
Contas de Mídia Social após a Morte e suas Complexas Implicações
Imagem de Stefan Keller por Pixabay |
No vasto cenário do ciberespaço, as contas de mídia social
de pessoas falecidas assumem um papel singular na arte da memorialização
digital. Esses perfis virtuais, outrora pulsantes com a vida e narrativas
pessoais, tornam-se preciosos relicários da existência que já se foi. A prática
de memorializar essas contas desencadeia um intrincado conjunto de implicações
emocionais e psicossociais que afetam profundamente familiares e amigos enlutados.
A memorialização digital transcende a passagem do tempo,
transformando-se em um legado digital perene que mantém vivas as memórias,
anseios e contribuições daqueles que partiram. As redes sociais se tornam um
teatro onde as histórias compartilhadas ecoam em eterna suspensão, oferecendo
uma oportunidade de conexão contínua com a presença virtual do ente querido.
Para os familiares enlutados, a memorialização digital pode
servir como um refúgio emocional, uma forma tangível de manter um vínculo
virtual com a pessoa falecida. Esses perfis podem se tornar espaços de
expressão e lembrança, onde o compartilhamento de memórias e homenagens
perpetua a conexão afetiva e o sentimento de pertencimento a um legado
inapagável.
No entanto, a eternidade efêmera das contas de mídia social
após a morte também carrega consigo desafios psicológicos e emocionais. Para
alguns familiares, o contato contínuo com o perfil digital pode dificultar o
processo de aceitação e elaboração do luto, alimentando uma sensação de
presença fantasmagórica que, por vezes, interfere na resolução da perda.
Adicionalmente, a gestão dessas contas pode ser uma tarefa
complexa e ambígua para os familiares, que se veem diante da responsabilidade
de preservar ou encerrar esse relicário virtual. A falta de orientações claras
sobre como lidar com as contas de mídia social de pessoas falecidas pode gerar
indecisões e conflitos familiares, tornando o processo de memorialização uma
experiência emocionalmente desafiadora.
As plataformas de mídia social, por sua vez, desempenham um
papel fundamental na maneira como as contas são memorializadas. A existência de
políticas e normas claras sobre a memorialização de contas de pessoas falecidas
é essencial para guiar os familiares nesse processo delicado e para garantir o
respeito à privacidade e à memória do falecido.
A análise das implicações da memorialização digital é
essencial para compreender a complexidade desse fenômeno virtual e seu impacto
na experiência de luto dos enlutados. Nesse contexto, uma abordagem sensível,
respeitosa e empática por parte das plataformas de mídia social e das famílias
é fundamental para transformar o ciberespaço em um espaço acolhedor e
significativo para preservar as memórias e honrar aqueles que se foram.
Comparação Social e Luto: No Espelho
Caleidoscópico do Ciberluto
No intricado tecido do luto no ciberespaço, as plataformas
de mídia social se erguem como um caleidoscópio virtual, refletindo não apenas
a angústia dos enlutados individuais, mas também uma infinidade de outras narrativas
de despedida e dor. Nesse vasto panorama online, os corações aflitos se veem
imersos em uma dança sutil de comparação social, em que cada reflexo se encaixa
como uma peça única no quebra-cabeça subjetivo do processo de luto.
Nessas redes virtuais, onde as vidas dos outros se
entrelaçam com a nossa, surge uma colcha de retalhos emocional, onde a
experiência individual de luto é entrelaçada com as narrativas compartilhadas
de tantos outros. A busca por consolo e compreensão se mistura com o olhar inquieto
para o que os outros estão vivenciando, questionando a autenticidade e a
intensidade da própria dor.
Como espectadores involuntários, as redes sociais nos
convidam a testemunhar a diversidade do luto, e é nesse espetáculo
multifacetado que surgem os enigmas da comparação social. A percepção da
própria dor é influenciada por essas múltiplas reflexões, e o eco de vozes
alheias pode moldar a maneira como a experiência do luto é entendida e sentida.
No entanto, esse espelho caleidoscópico também traz consigo
a ambiguidade e o mistério. Será que as comparações são um caminho para a
empatia e a validação mútua, ou são elos frágeis que nos prendem à eterna
incerteza da autenticidade do luto? A busca por conexão pode se transformar em
uma jornada labiríntica, onde cada interação nos conduz por caminhos tortuosos
de reflexão.
Enquanto os corações enlutados se aventuram nessas
encruzilhadas virtuais, surgem perguntas que desafiam os limites do
entendimento humano. A rede social é um campo de batalha emocional, onde as
comparações se transformam em pistas criptografadas, e a dor de uma pessoa pode
ser decifrada através das experiências compartilhadas de outros?
Políticas e Normas em Redes Sociais: O Luto e a
Expressão de Tristeza em um Espaço Digital Regulado
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No cenário virtual das redes sociais, as políticas e normas
estabelecidas pelas plataformas têm um impacto significativo na forma como o
luto e a expressão de tristeza são tratados e vivenciados. À medida que o
ciberespaço se transforma em um lugar onde as emoções são compartilhadas
publicamente, as diretrizes impostas pelas redes sociais desempenham um papel
importante na maneira como as pessoas enfrentam a perda online.
As políticas variam amplamente entre as diferentes
plataformas e podem abordar questões como a exibição de condolências, a
memorialização de contas de pessoas falecidas e o compartilhamento de conteúdo
emocionalmente carregado. Essas políticas têm o poder de moldar o espaço
virtual como um ambiente onde o luto é expresso de maneira respeitosa e
empática ou como um espaço onde a sensibilidade é minimizada em prol de outros
objetivos comerciais.
A abordagem das redes sociais ao luto e à expressão de
tristeza pode influenciar diretamente a experiência dos enlutados. Restrições
rígidas à manifestação do luto podem gerar frustração e sensação de
desvalorização das emoções genuínas dos usuários. Por outro lado, diretrizes
flexíveis e sensíveis podem permitir que as redes sociais se tornem um espaço
de apoio emocional e compaixão, onde os enlutados encontram solidariedade em
meio à dor.
É essencial considerar a diversidade cultural e as
distintas maneiras pelas quais o luto é vivenciado e expresso em diferentes
contextos. As políticas das redes sociais precisam ser abrangentes o suficiente
para acomodar as variadas manifestações do luto, respeitando as
particularidades culturais e crenças dos usuários.
Além disso, a abordagem das redes sociais ao luto e à
tristeza deve ser constantemente reavaliada e atualizada para acompanhar as
mudanças sociais e as necessidades dos usuários. A sensibilidade e a empatia
devem guiar o processo de criação e revisão das políticas, garantindo que as
redes sociais sejam um espaço de respeito e apoio para os enlutados.
A análise profunda das políticas e normas das redes sociais
relacionadas ao luto e à expressão de tristeza é fundamental para compreender o
papel dessas plataformas no processamento da dor e da perda online. A busca por
um equilíbrio entre a liberdade de expressão e o respeito pela sensibilidade
emocional é crucial para tornar o ciberespaço um espaço acolhedor e
compreensivo para aqueles que enfrentam a jornada do luto virtual.
Questões Éticas e Privacidade na Era Digital da
Morte
A emergência do ciberespaço trouxe consigo um território
virtual repleto de questões éticas e de privacidade relacionadas à morte. Nos
confins digitais, as contas de pessoas falecidas se tornam testemunhas
silenciosas da existência que se foi, e as informações pessoais depositadas nas
redes sociais ganham uma nova dimensão após o falecimento.
A preservação da privacidade das contas de pessoas que
partiram é um dos desafios mais complexos e delicados na era digital da morte.
A quem pertencem essas informações? Quem deve ser o guardião da memória digital
daqueles que não estão mais entre nós? Essas são indagações fundamentais que
exigem reflexões éticas aprofundadas.
As redes sociais e plataformas online se tornam arquivos
digitais onde os entes queridos podem buscar conforto e consolo, revisitando
momentos compartilhados com aqueles que já se foram. No entanto, a
administração dessas contas após o falecimento exige uma abordagem sensível e
respeitosa, evitando qualquer violação de privacidade ou exploração indevida.
As políticas e normas estabelecidas pelas plataformas
online para lidar com contas de pessoas falecidas variam e, muitas vezes,
enfrentam críticas quanto à sua eficácia e compreensão das necessidades
emocionais dos enlutados. Questões como o acesso a mensagens privadas, fotos e
vídeos, bem como a preservação da privacidade após a morte, são temas que
exigem uma análise ética aprofundada.
Além disso, a gestão das informações pessoais após a morte
também pode levantar preocupações sobre a segurança dos dados e o uso indevido
das informações. A proteção dos dados pessoais dos falecidos é uma
responsabilidade compartilhada pelas plataformas e pelos familiares, requerendo
uma colaboração transparente e ética.
A discussão sobre as questões éticas e de privacidade na
morte em espaços digitais é essencial para encontrar soluções que honrem a
memória daqueles que já se foram, ao mesmo tempo em que respeitem a dignidade e
a privacidade daqueles que ficaram. Um diálogo aberto e inclusivo entre as
partes interessadas - plataformas, familiares, especialistas em ética e
privacidade - é fundamental para estabelecer diretrizes sensatas e empáticas
que guiem o tratamento adequado das informações após a morte.
Nessa jornada ética, é preciso buscar um equilíbrio
delicado entre a necessidade de preservar memórias virtuais e a proteção da
privacidade póstuma. Somente com uma abordagem compassiva e ética, poderemos
honrar a memória daqueles que partiram, garantindo que suas informações
pessoais sejam tratadas com o respeito e a sensibilidade que merecem em meio às
fronteiras digitais.
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O Impacto Complexo da Expressão do Luto Online
na Saúde Mental
A expressão do luto online é um fenômeno inegável nos
tempos modernos, onde as redes sociais se tornaram um palco virtual para
compartilhar emoções, memórias e experiências de perda. Nessa encruzilhada
emocional, surge um profundo impacto na saúde mental dos enlutados, que envolve
nuances e camadas de complexidade.
As plataformas digitais oferecem um espaço para os
enlutados compartilharem suas emoções de forma aberta e genuína. O ato de
escrever sobre a dor da perda pode servir como uma forma de catarse, permitindo
que os indivíduos expressem e liberem suas emoções, encontrando apoio e empatia
em outros membros da comunidade virtual. Essa sensação de conexão e compreensão
pode trazer alívio emocional, tornando-se um recurso significativo no processo
de luto.
Por outro lado, o ambiente das redes sociais também pode
trazer desafios emocionais. O compartilhamento público do luto pode gerar pressões
adicionais para apresentar uma imagem "aceitável" ou
"apropriada" da dor, levando os enlutados a suprimirem ou mascararem
seus verdadeiros sentimentos. A comparação social também pode ser um fator
importante, onde os enlutados podem se sentir inadequados ou incompreendidos ao
comparar suas experiências de luto com as de outros.
Além disso, a exposição constante a histórias de luto e
tragédia nas redes sociais pode causar uma sobrecarga emocional, impactando
negativamente a saúde mental dos usuários, mesmo que não estejam diretamente
enlutados. O constante bombardeio de notícias tristes e histórias de perda pode
levar a um aumento da ansiedade, tristeza e até mesmo sintomas de depressão.
Outro ponto relevante é a privacidade e a gestão das contas
de pessoas falecidas. A falta de uma abordagem padronizada para a preservação
ou exclusão dessas contas pode causar desconforto e angústia para os familiares
e amigos dos falecidos.
Afinal de contas, a expressão do luto online pode ser um poderoso instrumento de conexão, apoio emocional e compartilhamento de memórias. No entanto, é fundamental reconhecer as nuances envolvidas e as possíveis implicações na saúde mental dos enlutados. A compreensão empática das necessidades emocionais dos indivíduos e uma abordagem cuidadosa para o compartilhamento do luto nas redes sociais são essenciais para minimizar o estresse adicional e promover uma experiência de luto mais saudável e significativa no mundo digital.
Conclusão
O Luto na Era das Redes Sociais - Reflexões
Sociológicas e Humanas
A Sociologia do Luto e o Impacto das Redes Sociais na
Expressão da Perda nos conduzem a uma jornada profunda pelo intricado tecido
social e emocional que permeia a experiência do luto na era digital. O
ciberespaço se tornou um espaço multifacetado onde as emoções encontram novos
caminhos para se manifestar e se conectar com os outros em meio à dor da perda.
As redes sociais emergem como arenas virtuais, onde rituais
de luto são realizados, comunidades de apoio se formam e memórias são
compartilhadas. Esses espaços oferecem uma oportunidade única de unir
indivíduos separados por distâncias geográficas, permitindo que as pessoas
enlutadas encontrem apoio e solidariedade mesmo em meio à solitude física.
No entanto, essa conexão digital também traz consigo
desafios significativos. A autoexposição e a comparação social podem
influenciar a percepção do próprio luto, criando uma dinâmica complexa entre
autenticidade emocional e o desejo de se adequar aos padrões virtuais. As
políticas e normas das redes sociais desempenham um papel crucial na forma como
o luto é expresso e vivenciado, influenciando diretamente a experiência dos
enlutados.
A memorialização digital surge como uma prática
significativa, onde as contas de mídia social se tornam relicários digitais
daqueles que já partiram, perpetuando sua presença virtual e proporcionando um
espaço para a honra e a preservação de suas memórias.
Nesse contexto, as questões éticas e de privacidade emergem
como desafios a serem enfrentados com compreensão e empatia. O tratamento
adequado das informações pessoais após a morte e a preservação da privacidade
das contas de pessoas falecidas são temas fundamentais que requerem reflexões
sensíveis e diretrizes claras por parte das plataformas de mídia social.
Em meio às desigualdades digitais, é crucial buscar
soluções que garantam que o ciberespaço seja um espaço acessível e inclusivo
para todos os enlutados, independentemente de sua condição social e cultural.
A análise da influência das redes sociais na expressão da perda lança luz sobre o poder transformador e desafiador desse mundo digital em constante evolução. A Sociologia do Luto nos convida a explorar as complexidades e as possibilidades do luto na era digital, reforçando o papel das redes sociais como uma ponte que conecta corações em luto, oferecendo suporte emocional e construindo uma rede de compaixão em um espaço virtual em constante expansão.
Referências bibliográficas
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