Um relatório emitido pelo órgão responsável pela prevenção à lavagem de dinheiro menciona que as transações incomuns podem estar vinculadas à iniciativa de arrecadação de fundos promovida por apoiadores do ex-presidente.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, agora inelegível, com os filhos Flávio, Carlos, Eduardo e Renan. Foto: Reprodução Jair Bolsonaro/Twitter |
De acordo com um relatório produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que é o órgão do governo federal responsável por combater a lavagem de dinheiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu uma quantia de R$ 17,2 milhões através de transações via Pix em sua conta pessoal durante os primeiros seis meses deste ano.
Os dados apresentados pelo Coaf indicam que, entre 1º de
janeiro e 4 de julho, o ex-presidente recebeu mais de 769 mil transações via
Pix, totalizando um montante de R$ 17.196.005,80. Esse valor representa
praticamente toda a movimentação financeira de Bolsonaro no período, que foi de
R$ 18.498.532,66.
Segundo o relatório do órgão de combate à lavagem de
dinheiro, as transações apresentaram características atípicas e poderiam estar
relacionadas à campanha de doações organizada por apoiadores de Bolsonaro. A
finalidade dessa campanha seria arrecadar fundos para pagar as multas que foram
impostas ao ex-presidente ao longo dos últimos anos.
No período, a quantidade de transações via Pix recebidas em circunstâncias incomuns e incompatíveis chamou a atenção. O relatório sugere que esses registros possivelmente estão relacionados a uma notícia divulgada na mídia no início de julho sobre uma campanha.
A divulgação do conteúdo do relatório foi feita pelo jornal
"Folha de S.Paulo" e posteriormente confirmada pela fonte
"Conhecimento À Michel". O documento foi enviado pelo Coaf à Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito que está investigando os atos criminosos e
golpistas ocorridos no Congresso Nacional em 8 de janeiro.
De acordo com o relatório do Coaf, é apresentado o montante
total transferido via Pix para a conta bancária do ex-presidente, assim como uma
lista dos principais remetentes e destinatários dos pagamentos feitos através
dessa conta. É importante ressaltar que os detalhes são disponibilizados apenas
para os depósitos que excederam o valor de R$ 5 mil.
Dentre os remetentes mencionados, destaca-se o Partido
Liberal, do qual Bolsonaro possui o título de presidente honorário, que
transferiu um total de R$ 47,8 mil em dois lançamentos. Além disso, a lista
inclui também militares, empresários, estudantes, pecuaristas, agricultores,
advogados e empresas. De acordo com o Coaf, 19 contas realizaram pagamentos
variando de R$ 5 mil a R$ 20 mil.
Bolsonaro critica TSE e expressa confiança em
retornar à presidência como "missão".
Na terça-feira (25), durante um evento realizado pelo Partido Liberal (PL), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez críticas novamente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmando que "foi condenado por suas qualidades", em vez de seus defeitos e erros políticos.
Bolsonaro expressou sua crença em um país que pune os políticos
não por suas falhas, mas por suas virtudes. Ele ressaltou que foi penalizado
pelo TSE por conta de suas virtudes. Em seu discurso inicial, o ex-presidente
minimizou os ataques que fez ao sistema eleitoral durante as eleições
presidenciais de 2022, argumentando que tudo o que fez foram críticas.
VÍDEO – Bolsonaro ataca TSE e cita volta à Presidência como "missão"Fonte: Reprodução CNN
Três empresas realizaram transferências para a conta
pessoal do ex-presidente, totalizando o montante de R$ 24,6 mil. Uma delas
efetuou 62 depósitos, totalizando R$ 9.647,43 na conta de Bolsonaro.
O relatório também revela que, neste ano, o ex-presidente efetuou um pagamento de R$ 3,6 mil para Walderice Santos da Conceição, conhecida como Wal do Açaí. O Ministério Público Federal a aponta como funcionária fantasma durante o período em que Bolsonaro era deputado federal pelo Rio de Janeiro.
Além disso, o relatório do Coaf mostra que houve dez
lançamentos para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, totalizando R$
56.073,10. Também foram registrados pagamentos a militares e à lotérica
pertencente ao irmão do ex-presidente.
Vaquinha para Bolsonaro
Ex-presidente gosta da mala cheia, Imagem de Joshua Woroniecki por Pixabay |
Foi organizada uma campanha de arrecadação de fundos para
ajudar o ex-presidente a pagar as multas que lhe foram impostas, bem como
possíveis novas punições devido ao não cumprimento do uso obrigatório de
máscaras em locais públicos durante o pico da pandemia do novo coronavírus.
Conforme informações da Procuradoria-Geral do Estado de São
Paulo, Bolsonaro possui sete dívidas em aberto com o município, totalizando o
valor atual de R$ 1.062.416,65. Essas sete multas foram aplicadas, sendo duas
em 2021 e outras cinco no ano anterior.
Durante a iniciativa de angariar fundos, os apoiadores do
ex-presidente alegavam que Bolsonaro estava sendo alvo de "perseguição
judicial" e necessitava de auxílio para quitar "inúmeras multas em
processos injustos".
No final de junho, Bolsonaro declarou que já havia obtido recursos suficientes para liquidar todas as multas decorrentes de processos judiciais e também eventuais penalidades futuras.
“Foi algo espontâneo da população. O Pix nasceu no nosso
governo. Já foi arrecadado o suficiente para pagar as atuais multas e a
expectativa de outras multas. O valor vamos mostrar mais pra frente. Agradeço a
contribuição. A massa contribuíam com valores entre R$ 2 e R$ 22. Foi
voluntário”, afirmou à época.
A Justiça em São Paulo determinou o bloqueio de mais de
quinhentos mil reais nas contas bancárias do ex-presidente, devido à falta de
pagamento das multas relacionadas ao não cumprimento do uso de máscaras durante
a pandemia.
Durante um evento realizado na sede do Partido Liberal em
Brasília, no meio de junho, Bolsonaro abordou a medida judicial e mencionou a
disponibilidade de recursos para se manter. Ele afirmou que, por enquanto,
possuía um fundo, mas que em breve poderia ficar sem recursos. Além disso, ele
mencionou a possibilidade de receber um pagamento extra do presidente do PL,
Valdemar Costa Neto, para evitar que seu salário fosse retido. Bolsonaro
assegurou que não entraria em desespero por causa dessa situação e enfatizou
que sabia quem estava ao seu lado, apoiando o futuro do país.
Posição da defesa
O advogado Fábio Wajngarten, responsável pela defesa do
ex-presidente, destacou que o próprio relatório do Coaf atribui as transações
incomuns às transferências realizadas via Pix para Bolsonaro. Ele questionou a
origem e justificativa do vazamento dessas informações.
Nas suas redes sociais, o advogado condenou os
"vazamentos". Segundo ele, é inaceitável que ocorram vazamentos de
quebras de sigilos financeiros de investigados no inquérito de 8/1 ou de
qualquer outra investigação confidencial. Ele ressaltou a necessidade de
identificar quem está acessando os registros sigilosos e tomar medidas
judiciais cabíveis, afirmando que quem realizou o vazamento será sujeito a
medidas criminais.
Publicidade
Os filhos de Bolsonaro reagem à divulgação da
notícia de que o ex-presidente recebeu mais de R$ 17 milhões através de
transações Pix
Flávio e Carlos Bolsonaro criticam a divulgação dos dados
do relatório do COAF, alegando que isso equivale a um "ataque à
reputação" e fazem uma comparação entre o Brasil e a Venezuela.
Os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio
Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL), utilizaram suas
redes sociais para reagir à divulgação do relatório do Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf). De acordo com o relatório, em 2023, o
ex-presidente arrecadou R$ 17,1 milhões por meio de transferências Pix.
Flávio Bolsonaro classificou a publicação dos dados do
documento como um "assassinato de reputação" sem precedentes,
direcionado ao que ele considera ser o melhor presidente que o Brasil já teve.
Ele ressaltou que, apesar das investigações minuciosas, nada de irregular foi
encontrado, e enfatizou que não existem precedentes na história do país de
vazamentos, quebras de sigilo ou exposições infundadas de ex-presidentes. Para
ele, a situação reflete um tratamento diferenciado quando se trata de
Bolsonaro.
Ambos os filhos de Bolsonaro expressaram preocupação com a
situação política do país, afirmando que o Brasil está caminhando para se
tornar uma Venezuela, sugerindo que o país está seguindo um rumo que eles
consideram prejudicial e que lembra o contexto político venezuelano.
Conforme o relatório do Coaf, revelou-se que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu um montante significativo de R$ 17,1 milhões por meio de 769 mil transações, durante o período entre 1º de janeiro e 4 de julho deste ano. Essa soma corresponde a praticamente toda a movimentação financeira registrada nas contas de Bolsonaro ao longo de 2023, totalizando R$ 18.498.532.
Além disso, o documento do Coaf aponta que parte desses
recursos foi direcionada para aplicações financeiras, detalhando assim o uso
feito pelo ex-presidente dos valores recebidos através das transações.
No mês de junho, seguidores do ex-presidente Bolsonaro
conduziram uma campanha de arrecadação de fundos através de transferências via
Pix pelas redes sociais. O propósito dessa vaquinha era angariar dinheiro para
quitar multas judiciais que o ex-presidente enfrentava. Os apoiadores alegavam
que Bolsonaro estava sendo vítima de "assédio judicial" e precisava
de auxílio para pagar "diversas multas em processos absurdos". Essa
mobilização foi marcada por aliados de Bolsonaro compartilhando comprovantes de
depósitos nas redes sociais, cujos valores variavam de R$ 10 a R$ 1 mil.
Embora a vaquinha tenha sido realizada publicamente, o
ex-presidente evitou discutir abertamente o montante arrecadado. No dia 26 de
junho, ele apenas mencionou que já havia conseguido o suficiente para quitar
suas condenações judiciais. Bolsonaro enfatizou que as contribuições dos
doadores foram voluntárias, variando entre R$ 2 e R$ 22, e prometeu divulgar os
valores mais detalhadamente em algum momento posterior.
O vereador Carlos retomou a narrativa defendida por aliados
do ex-presidente Bolsonaro, alegando que a gestão política do Brasil sob o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode se assemelhar à da Venezuela,
caracterizada por uma democracia comunista relativa. Ele expressou a
preocupação de que, na democracia de viés comunista, todas as medidas são
válidas, e chegou a afirmar que o Brasil já está vivenciando uma realidade
similar à da Venezuela.
A mesma ideia foi respaldada pelo senador Flávio Bolsonaro.
Ele enfatizou que quem acredita que o Brasil está se dirigindo rapidamente em
direção a uma situação semelhante à da Venezuela, Cuba e Nicarágua, está
enganado. Nesse contexto, os filhos de Bolsonaro manifestaram uma apreensão
quanto ao futuro político do Brasil e a possibilidade de rumar para um modelo
de governo similar ao de países latino-americanos com regimes políticos
distintos do que defendem.
Relatório do Coaf indica que Bolsonaro
movimentou R$ 800 mil em viagem aos Estados Unidos.
De acordo com um relatório divulgado pelo Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf), entidade responsável pela repressão
à lavagem de dinheiro, foi identificado que o ex-presidente Jair Bolsonaro
realizou uma movimentação financeira no valor de R$ 800 mil em uma
transferência para os Estados Unidos no final de 2022. Na ocasião, Bolsonaro
deixou o Brasil e viajou para Orlando, onde desfrutou de suas férias na
residência de um ex-lutador de MMA.
Segundo informações do relatório do Coaf, obtido pelo
Conhecimento À Michel, a transferência em questão é apontada como o principal
débito na conta de Bolsonaro em um banco estatal. A transação foi registrada em
27 de dezembro de 2022. Logo após três dias, o então presidente embarcou para
os Estados Unidos.
Coaf identifica transação internacional
suspeita de Mauro Cid
Além da investigação sobre a movimentação financeira de
Bolsonaro, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) rastreou
uma remessa considerada "atípica" no valor de R$ 367.374
enviada para os Estados Unidos em janeiro de 2023 pelo tenente-coronel Mauro
Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. Naquela data, o militar estava em
Orlando, acompanhando o ex-mandatário.
"Trecho do documento aponta indícios de lavagem de
dinheiro na movimentação financeira elevada, sugerindo possíveis tentativas de
burla fiscal ou ocultação de patrimônio", conforme informado.
O advogado Bernardo Fenelon, responsável pela defesa de
Cid, emitiu uma nota afirmando que todas as movimentações financeiras do
tenente-coronel Mauro Cid, inclusive as transferências internacionais, são
legítimas e já foram devidamente esclarecidas à Polícia Federal.
Gastos nos EUA
De acordo com informações disponíveis no Portal da
Transparência, a viagem do ex-presidente Bolsonaro aos Estados Unidos acarretou
uma média diária de despesa de R$ 7,1 mil relacionada aos assessores.
Essa verba é designada para cobrir os custos de hospedagem e alimentação dos servidores durante a viagem. Conforme reportagem do jornal “O GLOBO” em fevereiro, esse montante supera o valor que outros ex-presidentes normalmente gastam anualmente com despesas similares e se aproxima do orçamento anual alocado para alguns ex-mandatários pelos cofres públicos.
0 Comentários