Advogado Confirma: Delator Mauro Cid Irá Expor Mandante dos Crimes das Joias Sauditas, Aumentando Risco de Prisão para Jair Bolsonaro

Prisão Iminente? Possível Delação Explosiva do Ajudante de Ordens Pode Comprometer Ex-Presidente Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro e o seu braço direito Mauro Cid
Jair Bolsonaro e o seu braço direito Mauro Cid. Imagem: reprodução/Do Povo

O defensor legal do ex-assessor Mauro Cid declarou que o antigo membro das forças armadas transmitiu ao indivíduo Jair Bolsonaro a quantia em dinheiro proveniente da transação de um relógio da marca Rolex, originalmente recebido como presente oficial. Alega-se que essa transação foi orquestrada pelo próprio ex-presidente. Essa é a primeira ocasião em que Bolsonaro é diretamente implicado na alegada trama de negociações de joias, que está sob investigação pela Polícia Federal. Até o momento desta publicação, a defesa de Bolsonaro não emitiu nenhum comentário em resposta aos questionamentos.

— Por certo, Mauro Cid efetuou a venda do relógio a pedido de Bolsonaro e posteriormente transferiu o montante a ele — relatou Bitencourt. — Os 35 mil dólares que foram creditados na conta de seu pai (o general Mauro Cesar Lourena Cid) constituíam parte do pagamento que ele entregou ao ex-presidente.

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O advogado Cezar Bittencourt, recém-designado para representar o tenente-coronel nesta semana, indicou que o oficial tem a intenção de prestar um novo testemunho junto à Polícia Federal, assumindo sua participação no delito. Nesse depoimento, ele informará que seguiu as instruções do ex-comandante.

De acordo com os desdobramentos da investigação conduzida pela Polícia Federal, é possível inferir que Lourena Cid portava uma quantia de 25 mil dólares em notas, presumivelmente a mando de Bolsonaro. Através de intercâmbios de mensagens, o ex-assessor de ordens, filho do oficial-general, mantém conversas com outro colaborador do ex-presidente, debatendo sobre os métodos mais apropriados para efetuar a transferência dos fundos a Bolsonaro. Cid, neste contexto, expressou preferência por evitar o uso de transações bancárias convencionais.

"Há a soma de vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava avaliando qual seria a abordagem mais conveniente para manejar esses fundos, considerando a possibilidade de conduzi-los em dinheiro vivo. Meu pai inclusive ponderou sobre a possibilidade de se encontrar pessoalmente com o presidente. Nesse cenário, a entrega seria direta. É consenso que reduzir movimentações em contas bancárias é a melhor abordagem, concorda?", compartilhou Cid em uma mensagem datada de 18 de janeiro deste ano, período no qual Bolsonaro se encontrava nos Estados Unidos.

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Assumindo a supervisão dos inquéritos realizados pela Polícia Federal, no âmbito dos quais o ex-assessor de ordens é objeto de investigação, foi declarado que a trajetória do oficial-militar se caracteriza pela aderência ao princípio de "obediência hierárquica" no contexto do Exército Brasileiro. Acrescentou-se que o oficial "invariavelmente acatou ordens" emanadas do ex-presidente:

— Eu tive uma conversa de três horas com ele (Cid) na tarde de ontem. Ele desempenhava o papel de assessor, com o ex-presidente figurando como sua superioridade. No depoimento que prestará, seu objetivo é fornecer uma exposição verídica, alinhada aos acontecimentos reais. Se isso implicará ou não o ex-presidente, é um fator irrelevante. Cada indivíduo possui suas responsabilidades. O propósito dele é aderir à verdade.

Após o depoimento: O Exército sustenta sua decisão de não emitir comentários sobre as declarações proferidas pelo indivíduo que comprometeu a segurança digital.

Persistente nas declarações duvidosas, Bolsonaro nega acusações

Bolsonaro: 'Nunca aceitei recursos financeiros'

Em um diálogo com a "CNN Brasil" nesta quinta-feira, Bolsonaro fez questão de assegurar que nunca aceitou valores monetários de terceiros.

— Em hipótese alguma aceitei recursos financeiros de outrem. Minha reputação se baseia na integridade, e assim permanecerá. Não há absolutamente nenhum fato que respalde acusações contra mim. O decorrer do tempo elucidará tudo — declarou enfaticamente o ex-presidente.

Indagado sobre as alegações vindas do advogado, que indicava a intenção de Cid de confessar transferências monetárias, o ex-chefe do executivo atribuiu tal comportamento à tentativa de salvaguardar a figura paterna do ex-assessor, o qual figura como suspeito de estar envolvido na comercialização de presentes oficiais.

— Tenho a crença de que o Sr. Cid está preocupado com o bem-estar do seu pai. Chegou-me a informação de que tanto o genitor quanto a genitora encontram-se em um estado de abatimento. Vale lembrar que ele está sob detenção há mais de 100 dias. Quem não sofreria impactos emocionais nesse contexto? É uma situação lamentável. Estou entristecido com todos os desdobramentos que têm se desenrolado.

Solicitado pela família de Cid no dia anterior, a equipe jurídica conduzida pelo advogado requereu a Moraes o acesso integral aos registros de investigação. Ao final do dia, Bitencourt compareceu ao Batalhão de Polícia do Exército, situado em Brasília, onde o oficial encontra-se sob custódia preventiva desde maio, por determinação do magistrado. Com o objetivo de colher o testemunho do cliente, Bitencourt tem a intenção de agendar uma reunião nos próximos dias com o genitor deste, o general Mauro Cesar Lourena Cid.

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Na semana passada, o general foi alvo de um mandado de busca e apreensão sob suspeita de envolvimento no alegado esquema relacionado às joias. A notoriedade desse acontecimento decorre, em parte, do fato de que, desde que a suspeição envolvendo seu filho em negócios ilícitos veio à tona, Lourena Cid não apenas se deslocou para Brasília, mas também tomou parte ativa em sua defesa.

Em conversas confidenciais, o general de quatro estrelas sustentava que o tenente-coronel estava sendo alvo de perseguição política, alegando ainda contar com o apoio de colegas das Forças Armadas. Lourena Cid compartilhou turmas com Bolsonaro durante o período de cadetes na Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), nos anos 1970, e foi designado por este para liderar o escritório brasileiro da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) nos Estados Unidos.

A exposição de e-mails que documentam Mauro Cid negociando a venda de um relógio Rolex por R$ 300 mil já havia suscitado as primeiras inquietações no advogado Bernardo Fenelon, que anteriormente o representava. Nos diálogos redigidos em inglês, o oficial negava possuir um certificado para a joia, argumentando que a mesma lhe fora presenteada durante uma viagem oficial, e declarava sua intenção de vender o relógio por US$ 60 mil (aproximadamente R$ 300 mil, conforme a taxa de câmbio atual).

Joias: Ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) afirma que não há base legal para a comercialização de presentes de Estado.

Atuação de Wassef em Destaque

Com base nas apurações conduzidas pela Polícia Federal, constata-se que a equipe do ex-chefe de Estado procedeu à venda de dois relógios a uma loja situada na Pensilvânia, nos Estados Unidos, em junho de 2022. Um dos relógios corresponde a um modelo Rolex, parte de um conjunto de joias presenteado pela Arábia Saudita. O outro exemplar pertence à prestigiada marca suíça Patek Philippe, supostamente presenteado por autoridades do Bahrein em novembro de 2021, durante a visita de Bolsonaro a esse país. Conforme detalhado pela Polícia Federal, a comercialização dos dois relógios resultou em um ganho financeiro de US$ 68 mil para Cid, que por sua vez foi depositado na conta do general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-assessor de ordens, Mauro Cid.

O Rolex em questão foi readquirido pela loja norte-americana por intermédio do advogado Frederick Wassef em março deste ano, com o propósito de ser restituído ao domínio público, em cumprimento às determinações do Tribunal de Contas da União (TCU). A presença desse relógio era notória, pois ele havia sido registrado como parte do acervo privado do então presidente. No entanto, o paradeiro do Patek Philippe permanece uma incógnita. Conforme informado pela Polícia Federal, este relógio não foi reaquirido, ao contrário do Rolex, uma vez que não havia sido catalogado no inventário presidencial e, portanto, sua existência não era de conhecimento público, e o TCU não havia demandado sua restituição.

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Opinião do Michel

 

Caro leitor,

Hoje, é difícil ignorar as manchetes que nos cercam, cada uma trazendo à tona novos detalhes que moldam nossa percepção do que aconteceu e está acontecendo nos bastidores do poder. Não dá mais para simplesmente virar o rosto e fingir que não está acontecendo.

Nas últimas semanas, a mídia trouxe à luz uma série de informações que, quando conectadas, pintam um quadro preocupante e revelador. Diante disso, como podemos continuar a aceitar o argumento de que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava alheio a tudo?

O mais recente desenvolvimento, protagonizado pelo hacker Walter Delgatti, é um divisor de águas. Delgatti afirma que a tentativa de invasão das urnas foi orquestrada sob as ordens do ex-presidente. E como se não bastasse, temos agora confirmações adicionais de que seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, executou as diretrizes dadas por Bolsonaro. A compra do relógio Rolex, que levanta suspeitas de contrabando, intermediada pelo advogado Wassef, só adiciona mais um elo à corrente de eventos que não podem mais ser ignorados.

A somatória de todas essas informações nos coloca em uma encruzilhada ética e jurídica. É difícil continuar defendendo o indefensável. Os argumentos que antes sustentavam a negação ou minimização de envolvimento estão se desintegrando. Os apoiadores fervorosos do ex-presidente não têm mais as mesmas ferramentas retóricas para proteger a imagem de seu ídolo.

Neste ponto, é justo se perguntar: até que ponto essa combinação de evidências e testemunhos pode nos levar? Será que estamos prestes a testemunhar uma reviravolta importante no tabuleiro político? A possibilidade de uma prisão do ex-presidente não é mais uma abstração distante.

O que está claro é que a investigação não pode e não deve ser ignorada. É imperativo que a justiça siga seu curso, independente de posições políticas. Os cidadãos merecem transparência e confiança nas instituições que regem o país.

Aguardamos com interesse o desenrolar dos eventos. A qualquer momento, a Polícia Federal poderá tomar medidas que até recentemente pareciam impensáveis. À medida que as peças se encaixam, só nos resta refletir sobre o que a verdade revelará e como isso impactará o nosso futuro.

 

Atenciosamente,

Michel

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