Delgatti Neto está entre os investigados em um processo que busca esclarecer a violação dos sistemas do CNJ e a inclusão de documentos e alvarás de soltura fictícios no Banco Nacional de Mandados de Prisão.
Imagem De Amazônia Real. Atualizado em 2 ago 2023, - Publicado em 2 ago 2023 |
Na quarta-feira, 2, o hacker Walter Delgatti Neto foi
novamente preso em uma operação da Polícia Federal que investiga a alegada
invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Segurança (CNJ) e a
inclusão de documentos e alvarás de soltura falsificados no Banco Nacional de
Mandados de Prisão (BNMP). Delgatti Neto ganhou notoriedade por violar
as trocas de mensagens do ex-juiz da operação Lava Jato, agora senador, Sérgio
Moro, e do ex-procurador da República e deputado cassado Deltan Dallagnol. Esta
é a terceira vez que ele é detido.
De acordo com a PF, a ação investiga delitos ocorridos entre 4 e 6 de janeiro, período em que 11 alvarás de soltura foram supostamente inseridos no sistema do CNJ para libertar detidos por diferentes razões, e um mandado de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, teria sido criado. A operação também está realizando buscas em locais relacionados à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
Sob o pseudônimo de "Vermelho", Delgatti
Neto já tinha sido detido em julho de 2019, na Operação Spoofing. Na ocasião,
ele confessou aos investigadores ter invadido os celulares de diversas
autoridades brasileiras. O hacker também admitiu ter compartilhado o suposto
conteúdo das mensagens entre Moro e Dallagnol com o jornalista Glenn Greenwald,
criador do site The Intercept Brasil, sem exigir compensações financeiras pela
divulgação dos dados.
As trocas de mensagens revelaram alegadas orientações de
Moro nas investigações da Lava Jato, sugerindo alterações na ordem das fases da
operação, fornecendo conselhos, pistas e antecipando decisões a Dallagnol. Os
membros da Lava Jato nunca confirmaram a autenticidade das mensagens. No
entanto, o conteúdo serviu de base para a 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba
anular todas as decisões de Moro contra o ex-governador do Rio de Janeiro,
Sérgio Cabral, por exemplo. Além disso, os arquivos obtidos durante a Operação Spoofing
foram utilizados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no STF,
que considerou Moro suspeito para julgar o petista, decisão tomada em 2021.
Segundo a nota divulgada por sua defesa, o hacker ressalta
que as mensagens obtidas dos celulares de autoridades estão guardadas por
terceiros em território estrangeiro. Em outro trecho do documento, Delgatti
Neto manifesta sua surpresa com a vulnerabilidade do sigilo no Brasil e sugere
aprimoramentos nos sistemas de comunicação do país. Além disso, ele convida a
uma regulamentação e maior transparência no acesso e uso dessas redes de
informação pelo poder público, buscando defender o melhor interesse público em
sua totalidade.
Em outubro de 2020, Delgatti foi colocado em liberdade
condicional, mas lamentavelmente, em junho de 2023, ele foi novamente detido
por ter violado a ordem judicial que o proibia de acessar a internet. Contudo,
um mês depois, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, tomou a
decisão de autorizar a libertação do hacker.
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Quem é Walter Delgatti Neto?
Walter Delgatti Neto é um hacker brasileiro, também
conhecido pelo pseudônimo "Vermelho". Ele ganhou notoriedade após se
envolver no escândalo conhecido como "Vaza Jato", que teve grande
repercussão no cenário político do Brasil.
Delgatti Neto teve sua
primeira prisão em julho de 2019, durante a Operação Spoofing, realizada pela
Polícia Federal. Nessa ocasião, ele foi acusado de invadir os celulares de
diversas autoridades do país, incluindo o ex-juiz da operação Lava Jato, Sérgio
Moro, e o procurador da República, Deltan Dallagnol.
Após sua prisão em 2019, o hacker admitiu ter repassado o
conteúdo das supostas mensagens obtidas durante os ataques cibernéticos ao
jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil. Essas
mensagens revelaram supostas interações entre Moro e Dallagnol que levantaram
questionamentos sobre a conduta do então juiz da Lava Jato.
Posteriormente, Delgatti Neto foi liberado em liberdade
condicional, mas voltou a ser preso em junho de 2023, após violar uma ordem
judicial que o proibia de acessar a internet. No entanto, um mês depois, o juiz
Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, autorizou sua soltura.
Sua história trouxe à tona debates sobre a segurança
cibernética, a privacidade de autoridades e o papel da imprensa na divulgação
de informações sensíveis. A saga de Delgatti Neto continua a ser acompanhada de
perto por diversos setores da sociedade, ressaltando a importância do
enfrentamento dos crimes cibernéticos e a busca por soluções mais eficazes e
justas para lidar com essas questões no cenário atual.
Opinião do Blog
Como editor do blog Conhecimento À Michel, devo enfatizar a gravidade do caso envolvendo Delgatti Neto, conhecido como hacker "Vermelho", e o contexto de suas ações. Embora a violação da lei seja inaceitável, é essencial analisar as motivações por trás desses atos e quem são os envolvidos.
A prisão e liberação de Delgatti levantam sérias questões
sobre a eficácia de nosso sistema de justiça. A repetição de sua detenção e
libertação sugere falhas e inconsistências em nossas leis e processos, exigindo
uma revisão completa.
Além disso, é crucial que consideremos a forma como
indivíduos que cometeram crimes cibernéticos são tratados. Precisamos que as
leis, garantam a justiça a sociedade como um todo.
A situação de Delgatti Neto é um alerta para a urgente
necessidade de reformar nosso sistema judicial, buscando alternativas mais
efetivas e justas para crimes cibernéticos. Devemos garantir que nossas leis e
políticas abordem essas questões de maneira holística, considerando o contexto
individual de cada caso, mas nunca perdendo de vista a importância da
responsabilização e punição adequadas para crimes cometidos.
Afinal de contas, a história de Delgatti Neto destaca uma
falha preocupante em nosso sistema de justiça e a necessidade de abordar de
forma mais assertiva os crimes cibernéticos. Somente com mudanças
significativas e uma visão mais abrangente poderemos avançar em direção a uma
sociedade democrática.
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