Escândalo à vista: Delgatti disposto a abrir o jogo para a Polícia Federal, revelando serviços prestados à deputada Carla Zambelli durante o período eleitoral de 2022, alegando tentativa de fraudes nas urnas eletrônicas
A deputada Carla Zambelli postou foto de encontro com Walter Delgatti — Foto: Reprodução/Twitter
Hacker da Vaza
Jato, Walter Delgatti, busca delação premiada em investigação do ataque ao site
do CNJ. Segundo apuração do blog, ele planeja detalhar serviços prestados à
deputada federal Carla Zambelli durante o período eleitoral de 2022, com
alegações de tentativas de fraude em urnas eletrônicas a interlocutores.
Revelação
bombástica: Hacker
apresenta extratos bancários que apontam vínculo com Zambelli, mas deputada
nega qualquer envolvimento profissional com Delgatti.
Delgatti
prepara esboço de delação com detalhes da conversa no Palácio da Alvorada com
Bolsonaro e suposta ligação intermediada por Zambelli com o ex-presidente.
Delgatti
revela ter ouvido de Bolsonaro pedidos para acessar código fonte do TSE e email
de Moraes, com a promessa de indulto em caso de problemas. Assessores de
Bolsonaro negam relação direta e atribuem o contato com o ex-presidente a
pedido de Zambelli.
Conversa
comprometedora:
Delgatti alega ter participado de diálogo sobre possível ruptura institucional
com ex-presidente. Defesa de Delgatti se cala sobre apuração, enquanto
investigadores da PF veem possibilidade de esclarecimentos, mas alertam sobre
necessidade de provas na delação premiada.
Entenda o contexto
Conspiração
contra Moraes e ataque de hacker podem complicar situação de Bolsonaro:
Entrelaçamento da história do senador Marcos do Val com a participação de
Walter Delgatti Neto, o hacker da Vaza-Jato, na campanha do ex-presidente.
Em fevereiro
deste ano, uma matéria exclusiva veiculada por VEJA causou perplexidade e
polêmica ao desvelar minuciosamente um intricado plano deflagrado em dezembro
de 2022, visando questionar a validade do resultado eleitoral.
A trama,
apelidada de "insólita, imoral e até criminosa" por um dos envolvidos
na empreitada, o senador Marcos do Val (Podemos-ES), fundamentava-se na
estratégia de gravar o ministro do STF e presidente do Tribunal Superior
Eleitoral, Alexandre de Moraes, em uma situação inadequada que o colocasse sob
suspeita, e consequentemente, prejudicasse a vitória de Lula. Sob intensa
pressão midiática, o senador tropeçou nas tentativas de explicação, sem
conseguir dissipar as suspeitas de irregularidades nesse episódio.
Em junho,
uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal foi realizada, tendo como
alvo o indivíduo em questão. Poucos dias depois, ele solicitou licença do cargo
ocupado.
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Comissão de ética instaura processo contra ex-ministro de Bolsonaro envolvendo as joias Sauditas.
A situação
levou o presidente Bolsonaro a prestar depoimento à Polícia Federal na última
quarta-feira, 12. Durante o depoimento, o presidente confirmou ter participado
de uma reunião com Do Val e o deputado cassado Daniel Silveira, porém, negou
que o assunto discutido fosse o de gravação de Moraes. Segundo ele, só teve
conhecimento dessa ideia posteriormente, e a classificou como uma "coisa
de maluco". Entretanto, o depoimento não deve ser suficiente para
encerrar o caso, uma vez que existem evidências que apontam claramente para a
existência de uma operação tabajara com o objetivo de prejudicar as eleições.
Marcos do Val relatou que na referida reunião lhe foi solicitado que gravasse
Moraes, com a garantia de que outro indivíduo assumiria a responsabilidade pelo
grampo posteriormente.
Nesse
momento, o trajeto do senador se entrelaça com a participação do hacker Walter
Delgatti Neto, conhecido por vazar diálogos da Lava-Jato, durante a campanha de
Bolsonaro. Recentemente, Delgatti foi preso e libertado pela Justiça Federal
por violações na internet, apesar da proibição. Em depoimento à Polícia
Federal, ele alegou ter sido contratado pela deputada Carla Zambelli (PL-SP)
para invadir o e-mail e o celular de Moraes, complicando ainda mais a
situação da parlamentar envolvida. Além disso, afirmou que lhe foi sugerido
assumir a autoria da gravação de Moraes, que mais cedo ou mais tarde, seria
tornada pública.
As minúcias
da participação de Delgatti na campanha de Bolsonaro foram reveladas de forma
exclusiva através das reportagens do jornalista Reynaldo Turollo Jr. publicadas
pela VEJA.
Em uma
reunião não programada, intermediada por Zambelli, Delgatti encontrou-se com o
então presidente no Palácio da Alvorada em 10 de agosto do ano passado. Durante
o encontro, eles discutiram possíveis vulnerabilidades das urnas eletrônicas, o
que motivou o hacker a oferecer sua expertise em invasão de sistemas para
auxiliar na campanha de reeleição. No dia anterior, Delgatti também havia se
reunido com Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, para tratar do mesmo
assunto.
Durante uma
entrevista concedida à Globonews, o político admitiu o encontro, porém afirmou
que não levou a sério a conversa.
Apesar da
sua atitude, o plano continuou em andamento, com o constante incentivo de
Zambelli. Posteriormente, Delgatti participou de reuniões no Ministério da
Defesa para discutir a confiabilidade do sistema de votação.
Com a
determinação de desacreditar Moraes, o indivíduo acessou o sistema do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) e emitiu um mandado de prisão falso contra o
juiz, datado de 4 de janeiro de 2023, bem como ordens de bloqueio de bens e
quebra de sigilo de contas.
Além disso,
ele também tentou persuadir um funcionário de uma empresa de telefonia para
obter acesso ao grampo do celular do ministro.
Durante uma
entrevista gravada pela equipe de VEJA em setembro do ano passado, ele revelou
que recebeu um pedido direto de Bolsonaro, intermediado por Zambelli através de
uma conversa por celular. O pedido era claro: assumir a autoria de um grampo em
Moraes. Segundo suas palavras, Bolsonaro disse: "A sua missão é assumir
isso daqui. Só, porque depois o resto é com nós".
Em uma
conversa gravada, o hacker relatou que após assumir a autoria do grampo em
Moraes, Bolsonaro teria dito: "E depois disso, você tem o céu".
Pessoas próximas ao hacker relacionaram essa narrativa ao relato de Do Val. No
entanto, um assessor graduado de Bolsonaro desconsiderou a história como mais
uma invenção de Zambelli.
Há
especulações de que Delgatti, cada vez mais envolvido com questões judiciais,
estaria considerando a possibilidade de uma delação premiada, o que poderia
contribuir para esclarecer os fatos. Após o episódio da Vaza-Jato, que o levou
a ficar preso por quinze meses, Delgatti afirmou estar financeiramente arruinado.
Ele se considerava responsável pela reabilitação de Lula devido à divulgação
das conversas entre o então juiz Sergio Moro e membros da força-tarefa, e
esperava apoio do PT. No entanto, desiludido, acabou mudando de lado.
A ligação
com Zambelli representava uma chance de obter sustento financeiro e proteção
para Delgatti. Toda essa trama parece de fato surreal, considerando as pessoas
envolvidas. Nas palavras de Bolsonaro, é "coisa de maluco".
No entanto,
essa história pode se tornar mais um capítulo problemático nas várias
investigações e processos que estão em curso contra o ex-presidente e seus
aliados.
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