Nova era no STF: Cristiano Zanin assume vaga com discrição e histórico de desafios
O advogado Cristiano Zanin em sabatina na CCJ do Senado. Imagem: Pedro França/Agência Senado |
Hoje marca a estreia de Cristiano Zanin, um conhecido
advogado criminalista, como um dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Com uma abordagem conservadora e discreta, o natural de Piracicaba carrega
consigo polêmicas, como sua atuação anterior como advogado do presidente Lula
(PT), e algumas pistas sobre suas posições em temas como drogas, aborto e
marco temporal, assuntos em pauta no STF.
Zanin celebra posse em festa privativa com 400
convidados em Brasília
Após a solenidade de posse, Cristiano Zanin será
homenageado em uma festa exclusiva para 400 convidados na capital federal. O
evento ocorrerá em um salão de festas com ingressos no valor de R$ 500. A lista
de convidados passa pela aprovação do novo ministro, que deseja uma celebração
mais reservada, o que torna as vagas muito disputadas, simbolizando prestígio.
Zanin é indicado por Lula para vaga no STF
Sempre que questionado sobre a possibilidade de ser indicado ao Supremo Tribunal Federal, Zanin repetia o mesmo mantra: "A escolha é dele", com um sorriso no rosto. O "ele" se referia ao seu ex-cliente e presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, no dia 1º de junho, anunciou o nome de "Cris", como costuma chamá-lo, para ocupar a vaga deixada por Ricardo Lewandowski, em 11 de abril.
Essa escolha não surpreendeu ninguém, incluindo seus
adversários, pois sabiam que a disputa por essa vaga já estava decidida desde
as eleições. Lula já havia expressado sua intenção de indicar Zanin para o STF,
não apenas em virtude de sua defesa pessoal, mas também porque acredita que ele
se tornará um excelente ministro da Suprema Corte.
Zanin enfrenta ataques apesar de preferir o exposição
Mesmo buscando evitar a exposição pública, Zanin se tornou
o principal alvo de ataques. Antes da sabatina, passou por uma situação
delicada e teve detalhes de sua vida pessoal, geralmente reservada, divulgados
para o público. Desde a complicada separação com seu sogro, Roberto Teixeira,
até questões judiciais relacionadas a ex-babás.
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Zanin ficou incomodado, porém, não demonstrou
isso em público.
Zanin não ficou inerte e buscou se desvincular da imagem de
ser apenas o "advogado de Lula". Realizou encontros com senadores em
almoços e jantares, visitando gabinete por gabinete no Senado. Seu esforço
rendeu frutos com a aprovação de seu nome para o Supremo Tribunal Federal.
Além disso, também enfrentou críticas pessoais.
Recentemente, sua serenidade foi posta à prova quando foi atacado em um
banheiro no aeroporto de Brasília. Zanin foi alvo de ofensas, sendo chamado de "safado"
e "corrupto", e até ameaçado de agressão física. O agressor, Luiz
Carlos Bassetto Junior, afirmou que ele merecia ser espancado como muitos
outros na rua.
Considerado Aluno mediano e lateral esquerdo
Nascido em Piracicaba, interior de São Paulo, Zanin é filho
de uma professora e de um advogado. Durante sua vida escolar, não era
considerado um aluno exemplar, mas também não estava abaixo da média. O
advogado viveu em Piracicaba até 1994, quando se mudou para São Paulo para
cursar Direito.
Ele é lembrado por seus conterrâneos como um jovem
discreto, com notas medianas durante sua passagem pelas escolas locais. Nas
horas vagas, costumava frequentar o Clube de Campo da cidade, onde jogava como
lateral esquerdo nas partidas de futebol, uma atividade que também é apreciada
por membros de sua família até hoje.
A família do advogado preferiu não comentar sobre seu
integrante mais famoso, mantendo um pacto coletivo de silêncio comum quando se
tem um parente concorrendo a uma das vagas mais cobiçadas do Judiciário - um
silêncio que persistiu mesmo após a sabatina no Senado.
No entanto, o Conhecimento À Michel apurou que
a mãe do novo ministro descreveu sua indicação ao STF como "um must".
Zanin se formou em Direito pela PUC (Pontifícia
Universidade Católica) de São Paulo há 24 anos, após mudar-se de Piracicaba
para a capital paulista em 1994.
Sua notoriedade ganhou destaque ao defender o ex-presidente
Lula nos processos da Operação Lava Jato, que levaram Lula à prisão em
Curitiba. Posteriormente, esses processos foram anulados, garantindo a
liberdade do ex-presidente.
Novo ministro do STF: Um São-paulino apaixonado
por séries e defensor da vacinação infantil
O recém-empossado ministro do Supremo Tribunal Federal
revela sua paixão pelo São Paulo Futebol Clube, bem como sua predileção por
assistir a séries de TV. Entre as produções que Zanin já conferiu no Netflix
estão "La Casa de Papel" e "Mestres da Enganação", que ele
inclusive recomendou em seu perfil no Twitter, juntamente com os filmes
"Death to 2020" e "O Dilema das Redes", disponíveis na
plataforma de streaming.
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Além de seus interesses por entretenimento, o advogado
utilizou sua conta no Twitter para defender veementemente a vacinação infantil,
considerando "repulsivo e inconstitucional" o comportamento de quem
se opõe a essa importante medida de saúde pública.
Em outra publicação no Twitter, Zanin compartilhou uma foto
do momento em que conheceu o papa Francisco em 14 de fevereiro de 2020. Na
imagem, o advogado entrega ao pontífice um exemplar do livro "Lawfare: Uma
Introdução", que ele coescreveu, e ao fundo é possível avistar o
ex-presidente Lula.
Advogado Cristiano Zanin: carreira, casamento e
conflitos familiares
O início da carreira de Cristiano Zanin na advocacia teve
ligação com o escritório Arruda Alvim, pertencente ao pai de um de seus
professores. Ele trabalhou como estagiário e advogado sênior na empresa por
cinco anos, até que conheceu Valeska Martins e se casou com ela.
Valeska é filha do advogado Roberto Teixeira e afilhada de
Lula. Ela passou parte de sua infância em São Bernardo do Campo, onde seu pai,
Roberto Teixeira, estabeleceu uma amizade com o então líder sindical e futuro
presidente Lula, durante o período em que Lula atuava no Sindicato dos
Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema.
Após o casamento, Zanin passou a trabalhar no escritório de
advocacia de seu sogro. Em 2004, ele representou a Transbrasil em um processo
contra a General Eletric no STF, obtendo sucesso na causa. Nove anos depois, o
advogado defendeu Fábio Luis da Silva, filho de Lula, em outro processo no
mesmo tribunal, relacionado à concessão de um passaporte diplomático.
A partir de 2015, Zanin assumiu a defesa do presidente Lula
em diversos processos no Supremo Tribunal Federal.
Em 2022, ocorreu uma briga entre Zanin e Teixeira, levando-os a encerrarem sua parceria profissional. A disputa envolveu honorários de um processo em que trabalharam juntos no escritório, totalizando R$ 5 milhões. No final, a quantia foi dividida igualmente entre eles, porém, Cristiano Zanin e Valeska não mantêm mais relação com Roberto Teixeira.
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