Declarações de Bolsonaro em transmissão ao vivo podem ser evidências das acusações feitas por Cid

Na última quinta-feira, veio à tona a revelação de que o ex-ajudante de ordens informou à PF que Bolsonaro recebeu uma minuta de um golpe e se reuniu com militares para tratar de uma possível ruptura.

Bolsonaro se incrimina durante Live
Bolsonaro se incrimina durante Live - Foto:Carta Capital/ Reprodução

Política- Durante uma transmissão ao vivo realizada por Jair Bolsonaro, ex-presidente pelo PL, a Polícia Federal considerou o conteúdo como um indício relevante no contexto da investigação sobre a alegada participação do ex-capitão em um possível golpe de Estado. Essas informações foram relatadas por Mauro Cid, ex-auxiliar de confiança da Presidência.

Na live ocorrida em 30 de dezembro de 2022, apenas dois dias antes da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro menciona que tomou ação dentro dos limites legais para buscar uma alternativa que evitasse a posse do candidato petista. Os investigadores interpretam essa declaração como um possível respaldo ao encontro descrito por Cid, no qual Bolsonaro teria se reunido com altos escalões das Forças Armadas para discutir um esboço de um golpe.

"Eu procurei, dentro dos limites legais, encontrar uma solução para essa situação. Se havia alguma possibilidade de abordagem, se podíamos levantar questionamentos", afirmou Bolsonaro durante a mencionada transmissão.

"Às vezes, mesmo seguindo as regras estabelecidas, é necessário contar com apoio", reitera o ex-presidente. "Alguns pensam em 'pegar a caneta e assinar. Faça isso, faça aquilo' e tudo estará resolvido", acrescenta. Essa declaração mais uma vez corresponde ao relato do ex-auxiliar à Polícia Federal.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Relacionadas

PUBLICIDADE

De acordo com o relato de Cid, Bolsonaro teria recebido respaldo apenas do almirante Almir Garnier, à época comandante da Marinha, para seguir o que estava descrito na minuta. O assessor Filipe Martins teria entregue o documento golpista ao presidente. Esse texto propunha a anulação da eleição e conferia a Bolsonaro a autoridade para deter seus opositores. Há indícios de que esse mesmo documento foi descoberto na residência do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.

Na transmissão que pode ser citada como evidência, Bolsonaro menciona que não foi abordado por ninguém para se envolver em atividades ilícitas. No entanto, ele enfatiza que estava "cumprindo o seu papel" ao buscar uma maneira de evitar a posse de Lula, conforme mencionado no início da transmissão.

"Reitero, em nenhum momento fui contatado para tomar qualquer ação indevida. Estou desempenhando meu papel", ressaltou o ex-presidente durante a transmissão em questão.

PUBLICIDADE

Prova de crime

No Código Penal, a prova indiciária é descrita como uma "circunstância conhecida e comprovada que, relacionada ao evento, permite, por dedução, inferir a existência de outras circunstâncias". Portanto, as afirmações feitas na transmissão podem ser interpretadas como evidências indiretas do possível envolvimento do ex-capitão nos acontecimentos relatados por Cid.

Quinze dias após essa transmissão, a Polícia Federal encontrou, na residência do ex-ministro Anderson Torres, um esboço de um decreto presidencial que buscava estabelecer o Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral, anulando assim as eleições do ano anterior.

Posteriormente, no telefone de Mauro Cid, a Polícia Federal descobriu um esboço de decreto sobre a implementação do Estado de Sítio e uma operação militar de Garantia da Lei e da Ordem. A tarefa dos investigadores agora é unir esses elementos para esclarecer a sequência de eventos que antecederam a suposta tentativa de golpe.

PUBLICIDADE

Opinião do Michel

Caro leitor,

As revelações recentes sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro e suas supostas ações são chocantes e demandam nossa atenção imediata. Não podemos ignorar as implicações sérias e alarmantes das informações que vieram à tona. Ao analisar as declarações feitas durante aquela transmissão ao vivo, é evidente que Bolsonaro estava, no mínimo, flertando com uma linha ética perigosa. Sua busca por uma "saída" dentro dos limites legais, mencionando a anulação de eleições e detenção de opositores, nos coloca diante de uma ameaça real à democracia e ao estado de direito.

Essa não é uma questão partidária, mas sim uma questão de princípios fundamentais para a nossa sociedade. A preservação da democracia é uma responsabilidade de todos nós, e qualquer tentativa de minar esses pilares deve ser repudiada com veemência.

A tentativa de invalidar um processo eleitoral democrático e manipular as instituições para servir a interesses pessoais é inaceitável. Devemos exigir transparência, responsabilidade e prestação de contas daqueles que estão no poder.

Os fatos apresentados exigem uma investigação completa e justa para garantir que a verdade seja revelada e que qualquer envolvimento em atividades antiéticas ou ilegais seja devidamente responsabilizado.

Nossa democracia é um bem valioso e frágil. Cabe a nós protegê-la e garantir que não seja subvertida por interesses individuais ou políticos. É hora de refletirmos sobre o futuro do nosso país e a importância de preservar os valores democráticos que são a base de uma sociedade justa e igualitária.

 

Michel

Postar um comentário

0 Comentários

'