No meio de controvérsias, governo anuncia hoje
iniciativa nacional visando combater o aumento da criminalidade no país. O
propósito é coordenar estratégias para permitir a cooperação entre as forças
federais e os estados.
Ministro Flávio Dino - Foto: O GLOBO
Política- O Brasil encara uma crise
séria no setor da segurança pública, com o recrudescimento dos conflitos entre
facções criminosas que dominam a criminalidade no país. No Maranhão, os embates
entre esses grupos têm desencadeado uma onda de violência, causando temor entre
os habitantes das áreas periféricas de São Luís. No Rio Grande do Norte, ações
violentas contra prédios públicos, incêndios de veículos e trocas de tiros têm
marcado o cenário de violência do estado nos últimos anos. Em São Paulo, as
operações em curso na Baixada Santista resultaram em dezenas de óbitos. No Rio
de Janeiro, as disputas por território entre facções adversárias continuam
vitimizando, há anos, crianças, adultos e idosos inocentes de forma cotidiana.
Na Bahia, o número de fatalidades em operações policiais nas últimas semanas já
ultrapassou a marca de 60 pessoas, enquanto os embates entre grupos rivais
continuam deixando moradores encurralados em suas residências, no meio de
tiroteios. É uma situação de conflito que parece estar longe de ter um
desfecho.
Diante do panorama de crescimento do crime organizado, cujo
movimento financeiro supera milhões de reais mensalmente, o governo federal
anuncia hoje um programa nacional para conter esse avanço. A meta é coordenar
estratégias para possibilitar a atuação conjunta das forças federais com a
segurança pública estadual em várias frentes, incluindo a proteção das
fronteiras, a fiscalização das rodovias, portos e aeroportos, o enfrentamento
de organizações que controlam o sistema carcerário e o desenvolvimento de políticas
públicas direcionadas às comunidades sob influência de quadrilhas do tráfico de
drogas e milícias paramilitares nas metrópoles.
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O governo está lançando um pacote em resposta ao aumento
dos casos de vítimas em operações policiais de combate às quadrilhas,
especialmente no Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo. Dado que o enfrentamento
diário é uma responsabilidade dos governos estaduais, o Ministério da Justiça e
Segurança Pública (MJSP) busca ampliar o suporte às parcerias entre a
Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no
âmbito das Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficco).
Essas são forças-tarefa em que as corporações federais atuam de maneira
coordenada com os órgãos de segurança pública dos estados, como a Polícia Civil,
a Polícia Militar e o Sistema Penitenciário. O décimo sétimo Anuário Brasileiro
de Segurança Pública destaca que o assassinato, em 2016, do narcotraficante
Jorge Rafaat, considerado "chefe" do crime organizado
internacionalmente entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã (MS), na
fronteira entre Brasil e Paraguai, marcou o recrudescimento da guerra entre as
facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV).
Ambas tiveram origem na região Sudeste e, ao longo dos anos 2000, expandiram
sua influência para outras partes do Brasil.
Após a morte de Raffat, os conflitos e a briga pela
ampliação de territórios entre o PCC e o CV se agravaram, refletindo-se nos
tumultos no sistema carcerário em vários estados e nas ações ocorridas fora das
prisões, resultando em múltiplas mortes violentas nas ruas. Há uma incerteza
quanto à habilidade do estado de lidar com as diversas facetas do crime
organizado. O país parece não possuir os meios adequados para combater o crime
organizado de forma eficaz. O ministro Flávio Dino anunciará um reforço de R$
250 milhões, que começaram a ser disponibilizados aos estados em setembro,
direcionados às Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficco)
e aos Grupos de Investigações Sensíveis da PF (GISis). O propósito é
reduzir os índices de homicídios intencionais e aumentar a capacidade de
apreensão de drogas e armas. Esses recursos se unirão aos R$ 85 milhões já
liberados este ano para essa finalidade.
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Outra ação em andamento consiste na flexibilização das
diretrizes para que os governadores possam acessar os recursos do Fundo
Nacional de Segurança Pública, que até o momento acumula cerca de R$ 1 bilhão.
"Quando entramos, havia R$ 2,6 bilhões do Fundo Nacional inativos nas
contas estaduais devido a questões burocráticas. Nós flexibilizamos a aplicação
desses recursos, permitindo o uso pelas polícias Civil e Militar dos
estados", mencionou o secretário-executivo do Ministério da Justiça,
Ricardo Capelli. Ele advogou por um investimento substancial em inteligência e
operações coordenadas para enfrentar as grandes organizações criminosas
atuantes em todo o país. Na sexta-feira, Capelli se reuniu com o governador do
Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), para abordar a atuação da Ficco no
estado. Após o encontro, o governador anunciou a preparação de "uma grande
operação" policial contra o tráfico nas principais comunidades,
possivelmente envolvendo a participação da Força Nacional.
A colaboração no âmbito da segurança entre um governador
que apoiou a reeleição de Jair Bolsonaro para a Presidência e a administração
atual do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é observada em outras
unidades da Federação, como Goiás e Minas Gerais, embora haja exceções. O
secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, é o único que
até o momento não se envolveu em qualquer reunião com autoridades do Ministério
da Justiça, em Brasília. Derrite, com um histórico policial e laços com a
família Bolsonaro, é a exceção. De acordo com fontes do ministério, a decisão
do secretário de não dialogar com o governo atual é "essencialmente
ideológica", mesmo que o governador, Tarcísio de Freitas, mantenha um
diálogo contínuo com o governo federal e a PM paulista tenha participado
recentemente de um seminário sobre a utilização de câmeras pelos agentes
policiais.
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Opinião do Michel
Caro leitor,
A situação da segurança pública no Brasil é inegavelmente
um dos desafios mais críticos que o país enfrenta atualmente. A escalada da
violência, a atuação cada vez mais sofisticada de organizações criminosas e os
conflitos que assolam diversas regiões são um alerta para a urgência de medidas
eficazes.
O recente anúncio do governo federal para coordenar
estratégias visando conter o avanço do crime organizado é uma resposta que
estava há muito tempo na espera. A colaboração entre as forças federais e os
estados é essencial, especialmente quando se trata de um problema que
transcende fronteiras estaduais.
Os dados alarmantes sobre o crescimento do crime organizado
e sua movimentação financeira exorbitante ressaltam a necessidade de uma ação
conjunta e eficaz. O pacote de medidas proposto, que inclui flexibilização de
regras para acesso a recursos e investimento em inteligência e operações
integradas, parece ser um passo na direção certa.
Contudo, é crucial que haja continuidade nesse esforço e
que ele seja acompanhado de uma análise constante da eficácia das estratégias
implementadas. Além disso, é fundamental que a segurança pública não se torne
um campo de disputas ideológicas, e sim um espaço onde a colaboração e o
interesse genuíno na segurança dos cidadãos prevaleçam.
A situação em São Paulo, onde a abordagem divergente do
secretário de Segurança Pública pode refletir questões ideológicas, é um
lembrete de que a eficácia das políticas de segurança deve prevalecer sobre
quaisquer interesses políticos.
Em última análise, é responsabilidade de todos, desde o
cidadão comum até as autoridades públicas, contribuir para uma sociedade mais
segura e justa. A segurança pública é um desafio complexo, mas com esforços
unificados e estratégias bem elaboradas, é possível conquistar um futuro mais
seguro para todos os brasileiros.
Atenciosamente,
Michel
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