Republicanos jogam com a base bolsonarista e com o governo visando a corrida presidencial

Plano de Tarcísio prevê objetivos de uma década: liderar a Câmara, ascender entre as três principais legendas nacionais e estabelecer-se como bastião do conservadorismo.

Tarcísio de Freitas, Damares e Marcos Pereira
Tarcísio de Freitas, Damares e Marcos Pereira  - Foto: Republicanos

Política- À frente do Estado mais rico e populoso do Brasil e com influência no Ministério durante o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o partido Republicano almeja atingir metas ambiciosas. O presidente do partido, deputado Marcos Pereira (SP), delineou uma visão para a próxima década, que engloba alcançar reconhecimento global no âmbito do conservadorismo político, solidificar-se como uma das três principais legendas do país, assegurar a presidência da Câmara dos Deputados e apresentar um candidato competitivo para a corrida presidencial.

São metas ambiciosas para um partido que surgiu em 2005 com o nome de Partido Municipalista Renovador (PMR) e que agora enfrenta várias pressões. O partido busca visibilidade e recursos que advêm da sua aproximação com o governo federal. Além disso, precisa lidar com a irritação que essa proximidade causa em alguns de seus membros, que estavam anteriormente alinhados ao governo de Jair Bolsonaro (PL), mas que, devido ao jogo político, precisam controlar suas discordâncias e se engajar em negociações com o governo do PT. Tanto o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, quanto o senador Hamilton Mourão (RS), deixaram claro que consideram a possibilidade de deixar a sigla.

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Para as eleições no próximo ano, a meta é ampliar o número de prefeitos de 215 para 300 e o de vereadores de 2,5 mil para 3 mil. "São objetivos modestos considerando a visão do partido", afirmou Pereira, que está à frente da sigla desde 2011 e também assume o cargo de vice-presidente da Câmara. Durante a última convenção nacional, o líder do partido indicou sua intenção de apresentar um candidato próprio na corrida presidencial de 2026. Contudo, surge uma questão: quem possui o perfil para se lançar como candidato à presidência da República?

Outro alvo da agremiação é assumir a liderança da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados no período de 2025-2026. Mesmo destacando que é prematuro discutir esse assunto, Pereira é o candidato do partido para suceder Arthur Lira (PP-AL). A proximidade com Lira e a reputação de cumprir acordos são vantagens para o atual vice-presidente da Casa. Ademais, a inclusão do Republicanos no governo de Lula é vista como uma estratégia crucial para conquistar o controle da Mesa Diretora, uma vez que o respaldo do Executivo tem grande influência na disputa pela presidência da Câmara. Apesar de contar com 41 deputados e quatro senadores, o Republicanos ocupa apenas o sétimo e o nono lugar em termos de representação partidária na Câmara e no Senado, respectivamente. Destaca-se que o partido é o único que tem registrado crescimento contínuo desde 2006, conforme dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

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No último pleito, o partido conseguiu eleger dois governadores, um em São Paulo e outro em Tocantins, consolidando-se como a legenda que governa o maior contingente de eleitores nos estados, abrangendo 35,8 milhões de cidadãos aptos a votar sob sua administração. Além disso, o partido recebeu uma quantia significativa do Fundo Partidário entre janeiro e agosto deste ano, totalizando R$ 40 milhões, colocando-se como a sétima maior recebedora de recursos dessa fonte. Recentemente, o Republicanos foi incluído na reestruturação ministerial de Lula, que, visando garantir governabilidade, abriu espaço para negociações com o Centrão no primeiro escalão do governo. Nesse contexto, o deputado Silvio Costa Filho (PE) assumiu o cargo de ministro dos Portos e Aeroportos, contribuindo para aplacar a tensão entre os governistas e os seguidores de Bolsonaro. A Executiva Nacional justificou que a nomeação foi um convite pessoal do presidente petista ao parlamentar, buscando reduzir o conflito. Ademais, o deputado se afastou temporariamente de suas funções partidárias, e o partido afirmou que manterá sua independência e não integrará a base do governo Lula. Essa solução foi bem recebida pelos petistas, que demonstraram aceitação com a estratégia, e pelos bolsonaristas, que, por enquanto, permanecem seguindo legenda.

Se a liderança do Republicanos tivesse objeções à indicação de Costa Filho para o Ministério dos Portos e Aeroportos, ela não teria dado permissão ao parlamentar para integrar o governo. Para Lula, a vantagem é obter o apoio desse partido. O governo enfrentou dificuldades, inclusive para aprovar o aumento do salário mínimo, e a inclusão de membros do Centrão pode ajudar a aliviar essa situação. Apesar da recente entrada de Costa Filho no governo Lula, a relação entre o partido e o PT é de longa data. Inicialmente fundado como PMR, o partido mudou seu nome para Partido Republicano Brasileiro (PRB) em 2026, seguindo a sugestão do então vice-presidente da República, José Alencar. Na eleição daquele ano, o PRB foi o partido do vice de Lula na disputa pela reeleição. Portanto, a legenda foi uma base aliada dos governos petistas até pouco antes do impeachment de Dilma Rousseff.

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No ano de 2019, o partido PRB realizou mais uma alteração de sua denominação, adotando o nome de Republicanos. Essa mudança de nome foi acompanhada por uma reorientação política, inspirada em movimentos conservadores observados globalmente. O Republicanos mantém uma estreita ligação com a Igreja Universal, liderada pelo bispo Edir Macedo, sendo considerado por alguns como o "braço político" dessa instituição religiosa, amalgamando religião e política. Atualmente, pelo menos 14 dos 24 membros que compõem a Executiva Nacional da agremiação são membros, obreiros, pastores ou bispos da Igreja Universal. Essa conexão pode ser encarada como um obstáculo, visto que a predominância de uma organização religiosa no âmbito estatal pode implicar na subversão de diversos valores.

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Opinião do Michel

Caro leitor,

O recente plano ambicioso do partido Republicano para consolidar seu poder político nos próximos anos merece uma análise atenta. É evidente que a ambição é uma característica presente na política, mas é essencial questionar as estratégias utilizadas e as alianças feitas para alcançar tais objetivos.

Aproximar-se do governo Lula em busca de cargos em alto escalão e aderir ao Centrão para garantir apoio em projetos de lei levanta questões éticas e políticas importantes. Isso levanta dúvidas sobre a verdadeira prioridade do partido: representar os interesses da população ou simplesmente garantir sua própria ascensão política.

A relação íntima do Republicanos com a Igreja Universal, sendo considerado por alguns como seu "braço político", também é motivo de preocupação. Misturar religião e política pode ter consequências prejudiciais para a democracia e para a garantia do estado laico. A instrumentalização de uma organização religiosa para conquistar eleitores levanta sérias questões sobre a liberdade de pensamento e o respeito à pluralidade de opiniões.

Além disso, a concentração de membros ligados à Igreja Universal na Executiva Nacional do partido pode criar uma visão de monopólio e homogeneidade de ideias, afastando-se da essência da democracia, que pressupõe a representação de diferentes vozes e perspectivas.

Diante desses pontos, é crucial que a ambição política não seja utilizada como desculpa para a falta de transparência e ações que possam prejudicar a democracia e a sociedade como um todo. A busca pelo poder deve ser acompanhada de valores éticos, respeito à diversidade e uma verdadeira representação dos interesses da população, e não apenas uma estratégia para conquistar cargos e manter uma relação íntima com organizações religiosas. É essencial que os partidos políticos atuem de forma responsável e comprometida com os princípios democráticos para garantir um futuro político saudável para o Brasil.

Atenciosamente,

Michel

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