Integrantes do MDB e PSD se organizam para liderar a presidência da Câmara e do Senado

Caminhando à Frente: MDB e PSD agem para potencialmente interromper aliança do Centrão com o governo

Alcolumbre e Rodrigo Pacheco
Alcolumbre e Rodrigo Pacheco  - Foto: Edilson Rodrigues -Agência Senado

Política- A aposentadoria da ministra Rosa Weber do cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) desencadeou uma série de especulações e articulações políticas. A magnitude do cargo desperta ambições diversas, e diversos grupos de interesse têm trabalhado nos bastidores para influenciar a indicação do novo membro para a mais alta Corte do país por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nos últimos meses, vários setores da sociedade têm buscado persuadir o presidente Lula a nomear um indivíduo específico para o cargo no STF. Particularmente, setores da esquerda estão empenhados em indicar uma mulher negra para a posição, o que seria inédito na história do tribunal. Paralelamente, alas do PT estão focadas em indicar alguém que seja de confiança do partido e, principalmente, do presidente da República, seguindo a estratégia anterior adotada com a escolha de Cristiano Zanin para o STF.

Nos corredores políticos, várias frentes de influência estão em ação. Um desses grupos reúne os senadores Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL), antigos concorrentes na disputa pela liderança do Senado em 2019, juntamente com Gilberto Kassab, figura de destaque do PSD e secretário de Governo do Estado de São Paulo. Este grupo, próximo ao Palácio do Planalto, busca capitalizar a mudança iminente na composição do Supremo Tribunal Federal (STF) para atingir diversos objetivos, incluindo enfraquecer a influência política do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o que pode apresentar um desafio para o governo.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Relacionadas

PUBLICIDADE

A estratégia elaborada abrange não apenas o Supremo, mas também ambas as câmaras do Congresso. O ponto de partida reside na indicação de Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), para a vaga deixada por Rosa Weber. Dantas, cuja carreira pública foi moldada com o apoio de Renan Calheiros, é bem-visto em diversos setores dos três poderes. Este movimento representa uma das muitas peças em um jogo político complexo que está em andamento nos bastidores.

Calheiros e Dantas

Nesse contexto, Bruno Dantas é considerado um dos candidatos favoritos para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, ao lado do advogado-geral da União, Jorge Messias, e do ministro da Justiça, Flávio Dino. Caso Dantas seja selecionado, abrir-se-á uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), cuja indicação será de responsabilidade do Senado. Esse momento marca o início da segunda fase do plano em questão: a indicação de Rodrigo Pacheco, o atual presidente da casa, para a vaga no TCU, onde ele trocaria o restante de seu mandato no Congresso por uma posição na Corte de Contas. Pacheco seria obrigado a se aposentar quando atingisse a idade de 75 anos. Com seus 46 anos, Pacheco enfrentará um desafio eleitoral em 2026, quando terá que concorrer a um novo mandato parlamentar em Minas Gerais, uma eleição que, segundo seus apoiadores, não será fácil. Se Pacheco renunciar ao Senado, a casa terá que realizar uma nova eleição para escolher um novo presidente em um mandato-tampão. O favorito nessa disputa seria Davi Alcolumbre, o antecessor e principal apoiador político de Rodrigo Pacheco.

PUBLICIDADE

Alcolumbre, uma figura política influente desde o governo de Jair Bolsonaro, atualmente lidera a vital Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a qual desempenha um papel crucial ao sabatinar e votar as indicações para o Supremo Tribunal Federal. Embora possa ser uma coincidência, Alcolumbre tem indicado a interlocutores de Lula que, se Flávio Dino for nomeado, enfrentará considerável resistência dos senadores, ao contrário de Bruno Dantas, que já teve ligação com a instituição. Em teoria, Alcolumbre é um dos principais beneficiários desse plano. Ele planeja concorrer novamente à presidência do Senado em 2025, mas se Pacheco for escolhido para o TCU, Alcolumbre pode retornar ao cargo um ano antes.

Alcolumbre cumpriria um mandato-tampão e teria o direito de buscar mais dois mandatos consecutivos, seguindo um padrão semelhante ao adotado por Rodrigo Maia na Câmara após a saída de Eduardo Cunha. Em vez de presidir o Congresso por quatro anos, Alcolumbre poderia ocupar essa posição por cinco anos. Nas discussões sobre essa questão, Kassab propôs a Renan a possibilidade de Alcolumbre trocar a filiação do União Brasil pelo MDB. Embora o PSD perca o controle do Senado com a possível ida de Rodrigo Pacheco para o TCU, seria compensado em outra esfera: a Câmara dos Deputados. É exatamente nesse ponto que a estratégia pode representar um desafio para o governo. Em uma recente conversa com Kassab, Renan Calheiros mencionou que o MDB pode apoiar o líder do PSD na Câmara, Antonio Brito, para suceder Arthur Lira (PP-AL) na presidência da casa.

Renan está ativamente empenhado em persuadir a bancada de Deputados do PT a apoiar Brito contra os demais candidatos, incluindo o líder do União Brasil, Elmar Nascimento, apoiado por Lira, seu adversário político em Alagoas. Os membros do PT mostram uma certa inclinação positiva em relação a Brito. Renan está determinado a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para enfraquecer Lira, como de costume, desde que haja alinhamento com Lula. Após as eleições, Renan tentou convencer o presidente a lançar um candidato para impedir a reeleição de Lira na Câmara, mas o petista não acatou a sugestão, percebendo a dificuldade de derrotar um dos líderes do Centrão. Não há indicações de que Lula abandonará essa abordagem pragmática em 2025 para desafiar Lira e o Centrão. Os assessores de Lula afirmam que ele só se envolverá nessa empreitada se houver reais chances de vencer a disputa, considerando não apenas o nome de Brito, mas também de outros postulantes de partidos centristas, como o presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Desde o início de seu terceiro mandato, Lula tem estado envolvido em negociações políticas com Lira e o Centrão. Recentes nomeações ministeriais foram feitas a partir de indicações do PP e do Republicanos. Além disso, observou-se uma certa reconciliação nas relações entre os líderes envolvidos. O presidente, por exemplo, suavizou as divergências com Elmar Nascimento, que anteriormente o havia rotulado de corrupto durante a campanha eleitoral do ano passado. Embora Nascimento estivesse próximo de assumir um cargo ministerial, acabou sendo preterido, conforme o entendimento em Brasília, devido a um veto do chefe da Casa Civil, Rui Costa, com quem mantém rivalidade política na Bahia. Após ter sua demissão solicitada por Arthur Lira, Costa buscou diálogo com o presidente da Câmara e Elmar Nascimento na busca por uma reconciliação. Em seus esforços para alcançar um acordo, o ministro afirmou, entre outras coisas, que não havia veto de sua parte à candidatura de Elmar Nascimento à presidência da casa.

Lula e Arthur Lira

Arthur Lira, uma das figuras políticas mais influentes do Brasil, está confiante de que será capaz de eleger seu aliado. Qualquer sinal de oposição vindo do Palácio do Planalto poderia complicar a relação com o Centrão, que, apesar de receber muitas concessões, permanece instável. Para o grupo liderado pelo presidente da Câmara, o deputado Antonio Brito não conta com o respaldo dos principais líderes do Congresso, sendo visto como um candidato considerado "frágil" e muitas vezes descrito como um "executor das ordens" do líder de seu partido, Gilberto Kassab.

Antonio Brito

PUBLICIDADE

Opinião do Michel

Caro leitor,

A recente movimentação nos corredores do poder brasileiro é um reflexo claro de como o jogo político é complexo e estratégico. Diante da aposentadoria da ministra Rosa Weber do STF, vemos as peças sendo movidas no tabuleiro, cada uma com seus interesses e objetivos. É uma dança onde o objetivo é o controle, seja da mais alta Corte do país ou das presidências das casas legislativas.

Grupos diversos, representando distintos espectros políticos, estão ativamente envolvidos nessa trama. Há um esforço notável para diversificar a representatividade no STF, com foco em uma possível indicação inédita de uma mulher negra para o cargo. Ao mesmo tempo, partidos e líderes buscam garantir aliados estratégicos, consolidando seu poder e influência.

Observamos a estratégia elaborada por integrantes do MDB e PSD para potencialmente interromper a aliança entre o Centrão e o governo. Este é um jogo de xadrez político, onde cada movimento é meticulosamente calculado. As indicações para o STF e para o TCU não são apenas nomeações; são peças-chave em um jogo de poder que se estende por várias esferas do governo.

Não podemos esquecer do elemento humano nesse jogo. Personalidades como Davi Alcolumbre emergem como figuras-chave, hábeis em articular e manobrar nos bastidores. A habilidade de se movimentar estrategicamente no cenário político é vital para alcançar os objetivos desejados, sejam eles a liderança no Congresso ou a composição do STF.

Entretanto, é fundamental lembrar que por trás dessas estratégias existem os interesses da população. A dinâmica política, muitas vezes complexa e opaca, precisa ser entendida e analisada com cuidado. O cidadão atento deve se questionar sobre como essas movimentações afetam o futuro do país, a estabilidade democrática e o bem-estar da sociedade como um todo.

Em última análise, essa dança política nos lembra que, no jogo do poder, as cartas estão sempre na mesa, e os jogadores sempre procuram uma vantagem. A responsabilidade recai sobre todos nós, cidadãos, para entender esse jogo e garantir que as regras sejam justas e benéficas para a sociedade que representa.

 

Atenciosamente,

Michel

Postar um comentário

0 Comentários

'