Edmundo González, em vídeo do exílio na Espanha, revela ter sido pressionado a assinar documento que legitima vitória de Maduro nas eleições de julho.
O candidato presidencial da oposição venezuelana, Edmundo González, em um evento político em junho. Desde então, ele fugiu para a Espanha.Ariana Cubillos/Associated Press |
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Na última quarta-feira, Edmundo González, principal líder da oposição venezuelana, divulgou um vídeo em que relata ter sido forçado a reconhecer a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de julho. Segundo González, a assinatura do documento ocorreu sob intensa pressão de figuras do alto escalão do governo venezuelano, enquanto ele se refugiava na residência diplomática espanhola em Caracas.
González, que agora está exilado na Espanha, afirmou que sua assinatura foi um pré-requisito para deixar o país. "Ou eu assinava ou enfrentava as consequências", declarou. Ele detalhou que a coação partiu de Jorge e Delcy Rodríguez, figuras influentes do governo Maduro. Jorge é chefe do legislativo, enquanto Delcy é vice-presidente da Venezuela.
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Embora o documento não tenha validade jurídica fora da Venezuela, a ação é vista como parte de uma estratégia do governo Maduro para enfraquecer a oposição, apresentando González como um líder disposto a sacrificar seus princípios. Essa narrativa foi utilizada anteriormente contra outros opositores, como Leopoldo López e Juan Guaidó, ambos também exilados.
A oposição venezuelana vê o caso como mais uma tentativa do regime de Maduro de minar seus oponentes, usando táticas de intimidação e coerção. Analistas apontam que, nos últimos meses, ativistas da oposição foram forçados a aparecer em vídeos confessando crimes ou reconhecendo decisões do governo.
Horas após o vazamento da notícia sobre a assinatura do documento, González divulgou um vídeo em que afirma que a carta é "absolutamente nula" e foi assinada sob forte pressão. Ele explicou que optou pelo exílio acreditando que seria mais útil ao seu país livre do que escondido dentro da Venezuela.
A eleição de 28 de julho foi marcada por denúncias de fraude. O Conselho Eleitoral declarou Nicolás Maduro vencedor, mas até o momento não divulgou as contagens de votos. A oposição, por sua vez, afirma que González obteve quase 70% dos votos, gerando grande desconfiança sobre a legitimidade do resultado.
Além disso, na semana passada, o Parlamento da União Europeia reconheceu González como o legítimo vencedor da eleição, somando-se aos Estados Unidos. Entretanto, essa decisão tem pouco efeito prático, já que não reflete a posição de todos os países da União Europeia.
O governo Maduro, no poder desde 1999, enfrenta uma crescente pressão internacional. Esta semana, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas divulgou um relatório acusando o governo venezuelano de graves violações de direitos humanos, incluindo detenções arbitrárias e tortura. O Tribunal Penal Internacional também está investigando Maduro por crimes contra a humanidade.
Geoff Ramsey, pesquisador sênior sobre a Venezuela, comentou que o governo tenta desacreditar o movimento de González, mas a popularidade de María Corina Machado, que continua na Venezuela, pode manter a oposição forte. "Machado segue incrivelmente popular", afirmou Ramsey, referindo-se à ex-legisladora que uniu a oposição antes de ser desqualificada das eleições pelo governo.
O cenário político da Venezuela permanece incerto, com novas eleições marcadas para janeiro, quando Maduro deve iniciar mais um mandato de seis anos, apesar das crescentes tensões e desafios internacionais.
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