Em meio a CPI, Delgatti e Moro protagonizam acalorada discussão; hacker afirma que senador possui longo histórico criminal, desencadeando troca de farpas incisivas.

Em 2019, Delgatti Neto ganhou notoriedade ao se tornar o responsável pelo vazamento das mensagens da operação "Vaza Jato", ao acessar ilegalmente o telefone do ex-juiz Moro e divulgar o conteúdo das conversas.

Walter Delgatti e Sérgio Moro
Imagem: reprodução/Vila de Utopia

Na sessão desta quinta-feira (17) da CPI dos Atos Golpistas, houve um caloroso confronto verbal entre o hacker Walter Delgatti Neto e o senador Sergio Moro (União-PR). Durante seu depoimento, Delgatti Neto referiu-se a Moro como um "reincidente em atividades ilícitas", ao que Moro retrucou rotulando o hacker como um "indivíduo com antecedentes criminais".

Delgatti Neto ganhou notoriedade como o indivíduo por trás das divulgações da "Vaza Jato" em 2019. Naquela ocasião, ele obteve acesso não autorizado a dispositivos eletrônicos e expôs mensagens que supostamente eram atribuídas ao então ministro da Justiça e ex-juiz, Sergio Moro, assim como a membros da força-tarefa da Lava Jato e outras figuras de autoridade.

Durante a sessão realizada nesta quinta-feira, uma atmosfera de confronto pairou entre os dois indivíduos. Moro mencionou a condenação de Delgatti por práticas de estelionato, alegando que essas atividades envolviam golpes realizados em Araraquara (SP). Ele então indagou ao hacker sobre a quantidade de vítimas que foram prejudicadas por suas ações. Em resposta, Delgatti afirmou:

"Vale a pena relembrar que sofri um processo de perseguição em Araraquara, que, por sinal, poderia ser comparado à perseguição que Vossa Excelência conduziu contra o ex-presidente Lula e os membros do Partido dos Trabalhadores."

Logo em seguida, Delgatti revelou ter examinado diálogos do antigo magistrado da Operação Lava Jato por meio de aplicativos de mensagens. "Tive acesso às partes confidenciais e posso afirmar que Vossa Senhoria é um infrator habitual, envolvido em múltiplas transgressões e atos criminosos."

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Nesse ponto, Moro solicitou ao vice-presidente da CPI, o senador Cid Gomes (PDT-CE), que naquele momento estava conduzindo a presidência da comissão, para repreender Delgatti. Moro argumentou que o depoente não tinha autorização para difamar um senador durante os procedimentos da CPI.

"O indivíduo com registros criminais, peço desculpas, senhor Walter, é o senhor. O senhor passou por condenações. Então, devo supor que o senhor é tão inocente quanto o presidente Lula, correto?", questionou o senador.

"Não fui detido devido à aplicação da prerrogativa de foro por cargo", respondeu o hacker.

O senador Cid Gomes (PDT-CE), que estava no comando da reunião, solicitou que Moro e o depoente mantivessem a cortesia mútua, assegurando a continuação da sessão.

Confronto Renovado

Mais adiante, Sergio Moro destacou que Walter Delgatti teria acessado indevidamente os aplicativos de mensagens de mais de 170 indivíduos. Delgatti reconheceu essa afirmação e acrescentou, inclusive, que ele havia invadido um volume ainda maior de aparelhos eletrônicos.

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"Na verdade, tive acesso às trocas de mensagens entre Vossa Excelência e o então procurador Dallagnol. Essas interações receberam a aprovação do Supremo Tribunal Federal e continuam sendo usadas atualmente para revogar sentenças de indivíduos inocentes", declarou Delgatti.

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"Indivíduos que perpetraram atividades criminosas em detrimento da Petrobras e desviaram fundos, correto...", retrucou Moro.

"Eu adiro à interpretação do Supremo Tribunal Federal", declarou o hacker.

Uma vez mais, Cid Gomes interveio, enfatizando que tanto Moro quanto Delgatti deveriam restringir sua discussão aos tópicos em investigação pela CPI, evitando abordar questões do passado.

Quem é Walter Delgatti Neto?

Walter Delgatti Neto ganhou notoriedade por suas atividades como resultado da invasão de dispositivos eletrônicos pertencentes a Sergio Moro e outros membros da força-tarefa da Lava Jato. Isso levou à sua prisão durante a Operação Spoofing, conduzida pela Polícia Federal.

Mais recentemente, o indivíduo conhecido como "hacker de Araraquara" voltou a ser o foco das investigações da Polícia Federal, dessa vez por ter invadido sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com o objetivo de inserir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Dentro desse documento fraudulento, estava presente a expressão "faz o L" - uma das frases de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição mais recente. Na ocasião, Walter Delgatti Neto afirmou que o documento forjado havia sido redigido pela deputada Carla Zambelli.

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Em 2020, Walter Delgatti Neto foi liberado com a imposição de medidas cautelares após sua prisão. Estas medidas incluíam o uso de uma tornozeleira eletrônica e a restrição ao acesso à internet. Contudo, nos últimos tempos, ele voltou a ser preso e solto em diferentes ocasiões. Inicialmente, em junho, sua detenção ocorreu devido ao descumprimento das medidas cautelares. Naquele momento, ele alegou estar cuidando do site e das mídias sociais de Carla Zambelli. Em julho, após sua soltura, ele continuou sendo monitorado por tornozeleira.

Entretanto, no dia 2 do último mês, Delgatti Neto retornou à custódia da Polícia Federal como parte de uma operação de investigação que tinha como alvo um plano para invadir sistemas judiciários.

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Opinião do Michel

Ei, leitores! Hoje vamos mergulhar na história intrigante de Walter Delgatti Neto, mais conhecido como o "hacker de Araraquara", cujas ações ecoaram pelos corredores da política e da justiça brasileira nos últimos anos. Uma saga que parece roteiro de filme, mas que aconteceu no nosso próprio quintal.

Pense nisso: um indivíduo com habilidades digitais excepcionais, que não se conteve em mexer nas conversas de figuras importantes, como o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro. Delgatti Neto não só invadiu celulares, mas também entrou no radar da Polícia Federal, sendo detido durante a Operação Spoofing. Fica difícil não se envolver no drama quando detalhes assim vêm à tona.

Recentemente, vimos sua história ganhar novos capítulos à medida que ele voltou a ser alvo de investigações por suas atividades no mundo cibernético. Invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça e inserir um falso mandado de prisão - isso é algo que nos faz questionar até que ponto o mundo digital pode afetar o cenário político e judicial do país.

Mas, como em qualquer história controversa, há diferentes lados a serem considerados. Delgatti Neto não apenas revelou diálogos privados, mas também alegou estar contribuindo para a exposição de situações obscuras. O embate entre ele e Moro, repleto de acusações e contra-acusações, nos leva a refletir sobre o papel dos hackers e a fina linha entre a justiça e a transgressão.

Embora tenha sido solto em determinados momentos e enfrentado prisões em outros, Delgatti Neto continua sendo uma figura intrigante, deixando-nos a ponderar sobre o equilíbrio delicado entre as fronteiras digitais e o impacto que elas podem ter em nossa sociedade. É um lembrete de como o avanço tecnológico trouxe consigo uma série de desafios éticos e legais, que não podem ser ignorados.

Em última análise, a história de Walter Delgatti Neto nos faz questionar nossos próprios limites de privacidade, a interseção entre o mundo virtual e o mundo real, e como os atos individuais podem ecoar em escala nacional. Quem poderia imaginar que um simples indivíduo poderia desencadear uma série de eventos que envolveriam juízes, políticos e até mesmo slogans de campanha? Nosso mundo, agora mais do que nunca, é interconectado e complexo, onde as ações individuais podem ter consequências imprevisíveis.

Portanto, caro leitor, que essa história nos lembre de permanecer vigilantes e críticos em relação ao mundo digital e suas implicações. Delgatti Neto é um lembrete contundente de que a linha entre herói e vilão pode ser tênue, e que a busca pela verdade e justiça muitas vezes ocorre em territórios desconhecidos.

 

Até a próxima vez,

Michel

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