As religiões influenciam desde nossos valores até nossos padrões de comportamento, moldando nossa identidade cultural
Foto: Reprodução/Defensoria Pública do Estado do Ceará |
INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar sobre a religião? Às vezes,
parece algo muito complexo, mas na verdade, podemos olhar para ela de maneira
mais simples. Imagine que a religião é como uma parte da nossa vida que nos
ajuda a entender o mundo de forma especial. Isso significa que não podemos
separar a religião do mundo à nossa volta.
Pense assim: quando falamos sobre religião, não estamos
falando de algo distante ou separado, mas sim de algo que faz parte do nosso
dia a dia. É como se a religião fosse uma maneira de nos conectar com coisas
misteriosas e importantes que nos cercam. E isso não é algo novo, acontece ao
longo da história da humanidade.
Mas como a religião se manifesta? Bem, é através das
experiências que as pessoas têm com coisas sagradas e misteriosas. Essas
experiências religiosas são únicas para cada pessoa e acontecem em diferentes
contextos, como em lugares especiais ou momentos significativos.
No entanto, entender a religião não é tão simples quanto
parece. Existem muitos pontos de vista e maneiras de estudá-la. Alguns dizem
que a religião está ligada ao poder e à cultura, enquanto outros acreditam que
é uma busca por significado na vida.
Nossa jornada aqui é explorar a religião como um sistema
simbólico, ou seja, uma forma de nos expressarmos e entendermos o mundo ao
nosso redor. Vamos usar diferentes ideias de estudiosos para nos ajudar nessa
jornada, como Pierre Bourdieu e Clifford Geertz, entre outros.
O que queremos descobrir é como a religião nos ajuda a dar
sentido às coisas e como ela se conecta com a sociedade, a história e a
cultura. Vamos explorar como as diferentes religiões funcionam como sistemas de
significado em nosso mundo. Para isso, vamos usar pesquisas da área de Ciências
da Religião e ver como as religiões se tornam parte importante da nossa vida
cotidiana.
Então, se você está curioso para entender como a religião
faz parte do nosso mundo de maneira mais profunda, continue conosco nessa
jornada de descobertas!
CONTINUA APÓS A
PUBLICIDADE
A DIMENSÃO SIMBÓLICA NOS ESTUDOS RELIGIOSOS AO
LONGO DO TEMPO
Vamos dar uma olhada nos estudos sobre religião ao longo do
tempo. Desde o surgimento das ciências sociais lá atrás, pensadores como August
Comte, Karl Marx, Émile Durkheim, Max Weber e Bronisław Malinowski começaram a
notar algo importante: os símbolos desempenham um papel fundamental na
religião. Eles podem influenciar nossas ações e nos motivar de diferentes
maneiras. A religião, mesmo sendo vista de várias formas por esses pensadores,
sempre teve essa dimensão simbólica constante.
Esses pensadores clássicos enfatizaram como os sistemas
simbólicos, que incluem coisas como religião, cultura e política, desempenham
um papel importante na sociedade. Eles notaram como esses sistemas muitas vezes
se mantêm estáveis ao longo do tempo, mesmo que haja conflitos e competições
entre eles. Eles deram mais atenção à continuidade do que às mudanças nesses
sistemas.
No entanto, no século XX, as coisas começaram a mudar. As
pessoas começaram a olhar para a religião de uma maneira diferente. Começaram a
entender que a religião também tem a ver com o nosso inconsciente, nossos
sentimentos mais profundos. Alguns psicólogos, como Sigmund Freud e Carl Jung,
começaram a explorar como a religião pode surgir como resposta a nossas
necessidades emocionais e até mesmo ao que chamamos de "inconsciente
coletivo".
INSCREVA-SE NO
GOOGLE NEWS
Google News
Conforme o tempo passou e a tecnologia avançou, o mundo se
tornou mais interconectado. Isso trouxe novas perspectivas para o estudo da
religião. As antigas ideias sobre continuidade nos sistemas simbólicos
começaram a ser questionadas, pois ficou claro que a religião também pode mudar
e se adaptar às novas realidades globais. Líderes religiosos e movimentos
religiosos passaram a reinterpretar símbolos e tradições, levando a divisões e
novas formas de religião.
Em resumo, ao longo da história, vimos como a religião é
cheia de símbolos e como esses símbolos podem tanto permanecer estáveis quanto
se transformar à medida que o mundo muda ao nosso redor. É um tema fascinante
que nos ajuda a entender como a religião afeta nossas vidas e a sociedade em
geral.
PUBLICIDADE
OS ESTUDOS SOBRE RELIGIÃO NO BRASIL: UM OLHAR
MAIS SIMPLES
Vamos falar sobre como a religião é estudada no Brasil ao
longo do tempo. No início do século XX, algo interessante aconteceu. Surgiram
novas formas de religião que desafiaram a predominância da religião católica. O
pentecostalismo chegou com Gunnar Vingren e Daniel Berg no Pará, a Umbanda
começou a ser falada por meio de Zélio Fernandino de Moraes, e o Candomblé
ganhou reconhecimento acadêmico.
As pessoas começaram a usar palavras como
"sincretismo", "aculturação" e "assimilação" para
entender as mudanças que estavam acontecendo nas religiões. Mas, de certa
forma, esses conceitos ainda seguiam a ideia de que as coisas permaneciam as
mesmas, apenas se misturavam um pouco.
PODCAST
Quando começaram a estudar o Candomblé e a Umbanda, as
abordagens culturais se tornaram populares. Elas viam a cultura como algo
independente, e os estudiosos focaram nas coisas que permaneceram iguais ao
longo do tempo, especialmente a influência africana nessas religiões. Era uma
maneira de mostrar que essas tradições eram importantes e únicas.
Por outro lado, Gilberto Freyre começou a valorizar a ideia
de miscigenação, ou seja, a mistura de culturas no Brasil. Ele viu o
sincretismo como uma característica fundamental da religiosidade brasileira.
Mas, nas décadas de 1970 e 1990, as coisas mudaram. Renato
Ortiz e outros começaram a se concentrar nas mudanças culturais que aconteciam
quando as religiões africanas entravam em contato com o catolicismo e o
Kardecismo. Eles não mais acreditavam que havia uma origem fixa para essas
mudanças. Em vez disso, eles viram os choques culturais como parte da
sociedade, onde diferentes grupos influenciavam uns aos outros. Essa nova
maneira de ver as coisas ajudou a entender melhor como as religiões evoluíram
no Brasil.
Por conseguinte, ao estudar a religião no Brasil, passamos
por diferentes abordagens ao longo do tempo, desde a ideia de continuidade até
a compreensão das mudanças culturais e dos choques entre diferentes grupos. É uma
maneira fascinante de explorar a rica diversidade religiosa do nosso país.
PUBLICIDADE
RACISMO, INTOLERÂNCIA RELIGIOSA E
MULTICULTURALISMO: DESVENDANDO A HISTÓRIA
Vamos falar sobre racismo, intolerância religiosa e
multiculturalismo, mas de uma maneira mais fácil de entender. No Brasil, houve
um momento em que o governo deu muito poder aos cristãos, inicialmente aos
católicos e, mais recentemente, aos evangélicos, incluindo pentecostais e
neopentecostais. Isso os colocou como representantes da nação.
Mas o problema surgiu quando esses grupos tiveram que
reconhecer outros grupos étnicos como parte da nação. Isso é onde entra o
multiculturalismo. Basicamente, o multiculturalismo é sobre reconhecer que
existem muitos valores e culturas diferentes em uma sociedade e tentar dar a
todos oportunidades iguais e respeitar suas diferenças.
No Brasil, a Constituição de 1988 foi um marco importante
nesse sentido. Ela mudou o discurso predominante que era católico e abriu
espaço para outras religiões. Mas essa mudança não aconteceu facilmente. Foi
preciso que novos grupos e minorias se levantassem e reivindicassem seus
direitos.
Muitos estudos olham para como a religião influencia o
comportamento das pessoas e como diferentes grupos religiosos se relacionam no
Brasil. Eles também exploram como a cultura e a psicologia desempenham um papel
nesses processos.
É importante lembrar que a dominação e o racismo não são
apenas questões culturais e psicológicas, mas também têm raízes em processos
políticos e materiais. A luta por igualdade de direitos e respeito pela
diversidade é uma batalha contínua.
Além disso, o multiculturalismo nos leva a pensar sobre
como diferentes culturas se misturam e se adaptam, muitas vezes criando algo
novo e único. Isso pode ser visto como uma forma de resistência à
homogeneização cultural.
Diante disso, o estudo dessas questões nos ajuda a entender
como a sociedade brasileira lida com a diversidade religiosa e étnica, como as
leis e as mentalidades evoluíram ao longo do tempo e como diferentes grupos culturais
e religiosos interagem em um país multicultural como o Brasil.
PUBLICIDADE
As ciências da Religião
As Ciências da Religião, como outras disciplinas, são
moldadas pela sociedade, valores e poder. Isso afeta o que estudamos, como
coletamos dados e como interpretamos informações sobre religião. No Brasil, há
poucos estudos sobre gênero, especialmente na área das Ciências da Religião.
A ideia de gênero só foi amplamente reconhecida nas
ciências nas décadas de 1960 e 1970, graças ao movimento feminista. Joan Scott introduziu
a categoria de gênero em 1986, destacando como ele molda as relações de poder
entre homens e mulheres.
Alguns estudos na linha de pesquisa Cultura e Sistema
Simbólico nas Ciências da Religião exploraram a relação entre masculinidade e
religião, bem como desigualdades de gênero em contextos religiosos. Alguns
examinaram a autonomia das mulheres em comunidades religiosas, enquanto outros
investigaram a relação entre religião e violência contra a mulher.
Essas pesquisas apontam que mitologias religiosas
frequentemente sustentam a opressão masculina e a desigualdade de gênero. Elas
também destacam como as representações religiosas afetam as identidades de
gênero e perpetuam estereótipos.
É importante reconhecer que não existe uma única
"mulher" ou "masculinidade", mas sim diversas identidades
de gênero. Os estudos de gênero desafiam as visões tradicionais e buscam
entender melhor como as identidades de gênero são construídas na religião e na
sociedade.
Afinal de contas, as Ciências da Religião também são
influenciadas pelas questões de gênero, e pesquisas nessa área ajudam a revelar
como a religião molda as identidades de gênero e as relações de poder.
PUBLICIDADE
Conclusão
Religião é um sistema de símbolos, imagens e discursos que
moldam como as pessoas pensam e agem. Isso influencia nossa adaptação à
sociedade e até mesmo nossas questões emocionais. Entender isso envolve estudar
como eventos, discursos e interesses se conectam para criar essa ordem
religiosa.
Para entender melhor, precisamos analisar tanto as regras
religiosas que vêm de dentro do campo religioso quanto as crenças pessoais que
as pessoas internalizam. Isso nos ajuda a entender como as pessoas interpretam
suas ações e lidam com dilemas morais.
Nossos critérios para uma vida significativa são
desenvolvidos em comunidades ao longo da história, e essas comunidades
valorizam certas coisas com base em sua cultura, política e religião. O mundo
hoje é diverso, mas muitas vezes segue uma lógica eurocêntrica e capitalista.
Portanto, ao estudar religião e cultura, precisamos
reconhecer que são produtos humanos moldados por fatores sociais. Também
devemos observar como diferentes grupos e identidades são tratados e
valorizados dentro desses sistemas, especialmente em termos de gênero, raça e
classe. Isso nos ajuda a entender melhor as dinâmicas religiosas e culturais em
um mundo diversificado e interconectado.
Referências Bibliográficas
ARAGÃO FILHO, Iran Lima. Religião e gênero: o imaginário
sobre o lugar da mulher na igreja neopentecostal. 2011. 87 f. Dissertação
(Mestrado em Ciências Humanas) - Pontifícia Universidade Católica de Goiás,
Goiânia, 2011.
ARAÚJO, Maria Emília Carvalho de. Tecendo os fios da trama
coletiva: possessão e exorcis- mo rituais na Igreja Universal. 2001. 213 f.
Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) - Pontifícia Universidade Católica
de Goiás, Goiânia, 2001.
BASTIDE, Roger. As religiões africanas no Brasil. São
Paulo: Pioneira, 1971.
BASTIDE, Roger. Contribuição ao estudo do sincretismo
católico/fetichista: estudos afro--brasileiros. São Paulo: Perspectiva. 1973.
BAUMANN, Gerd. L’enigmamulticulturale: stati, etnie,
religioni. Bologna: Il Mulino, 2003.
BHABHA, Homi. Cultural difference and cultural diversity.
In: ASHCROFT, Bill; GRIFFITHS, Gareth; TIFFIN, Helen (ed.). The postcolonial
studies reader. New York: Rout- ledge, 1995. p. 155–157.
BIRMAN, Patrícia. O campo da nostalgia e a recusa da
saudade: temas e dilemas dos estudos afro-brasileiros. Religião e Sociedade,
Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p. 75-92, 1997.
BONETTI, Maria Cristina de Freitas. O sagrado feminino e a
serpente: performance mítica na simbologia das danças circulares sagradas.
2013. 381 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) - Pontifícia
Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2013.
BOURDIEU, Pierre. Outline of a theory of practice. Tradução: Richard Nice. Cambridge: Cambridge University Press, 1978.
0 Comentários