Barroso, novo presidente do STF, defende papel da Corte como resultado de estrutura institucional e elogia militares pela resistência ao golpismo
Barroso assume presidência do STF - Foto: Wilton Junior |
Política- Ontem, o ministro Luís Roberto Barroso assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) e delineou as orientações que guiarão suas ações na Corte ao longo dos próximos dois anos. Em um discurso dividido em três partes, seguindo sua tradição, ele enfatizou a importância de "moderação e diálogo entre o Supremo e os poderes, bem como a sociedade", uma abordagem que planeja fortalecer.
"Na democracia, não existem poderes dominantes,
assegurando a independência de cada um", expressou Barroso, dirigindo-se
explicitamente ao presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), e ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Ele acrescentou, "Conviveremos de forma harmônica, sendo parceiros
institucionais em prol do bem do Brasil." A cerimônia de posse de Barroso
contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Este
evento ocorreu em um momento de intensa tensão entre os poderes Legislativo e
Judiciário, um dia após o Senado aprovar um projeto de lei estabelecendo o
marco temporal para a demarcação de terras indígenas. A votação da proposta foi
uma resposta ao Supremo Tribunal Federal, que havia rejeitado a tese na semana
anterior, argumentando que apenas áreas ocupadas por indígenas até a
promulgação da Constituição, em 1988, podem ser demarcadas.
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aval ao marco temporal em desacordo com o STF, enquanto membros da ala
direita da Câmara obstruem a sessão, indo contra os interesses da
população.
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Entre os parlamentares e frentes temáticas, existem
críticas contundentes ao que estão chamando de "usurpação de
competência" por parte do Supremo Tribunal Federal (STF). Na Câmara
dos Deputados, começou a ser discutida uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
que estabelece a prerrogativa do Legislativo para anular decisões do STF
transitadas em julgado que "ultrapassem os limites constitucionais".
Em relação à sucessão de Rosa Weber na presidência da Corte – a ministra se
despedirá do Supremo devido à sua aposentadoria compulsória aos 75 anos –,
Barroso afirmou que a "judicialização generalizada da vida no Brasil"
não representa ativismo, mas é intrínseca ao desenho institucional do Estado. O
ministro argumenta que a Constituição brasileira não apenas organiza o Estado,
mas aborda questões como a proteção das minorias e o sistema econômico.
Nesse contexto, o recém-empossado presidente do Supremo
salientou que "ao incluir uma questão na Constituição, em grande parte,
estamos retirando-a do âmbito político e a colocando no domínio jurídico".
Barroso enfatizou que essa é a raiz da ampla judicialização da vida no Brasil.
Ele esclareceu que não se trata de ativismo, mas sim do desenho intrínseco ao
funcionamento institucional. O ministro ressaltou que nenhum tribunal em todo o
mundo lida com tantos temas divisivos da sociedade.
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O discurso abordou uma extensão de dez páginas e foi
organizado em três segmentos. Barroso ilustrou os desafios de liderar o STF
usando a metáfora de um equilibrista. Além disso, ele delineou as diretrizes de
sua gestão, que incluem aprimorar a eficiência da justiça, promover os direitos
fundamentais e contribuir para o desenvolvimento sustentável do país. O
presidente também manifestou o desejo de melhorar o diálogo com a sociedade,
dissipando "incompreensões e mal-entendidos".
Barroso também enalteceu os militares durante seu discurso.
Após destacar a resistência das instituições aos ataques antidemocráticos,
especialmente os ocorridos em 8 de janeiro, Barroso e Edson Fachin formalizaram
suas posições como presidente e vice-presidente, respectivamente. O ministro
mais antigo, Gilmar Mendes, elogiou a "trajetória de compromisso
institucional e democrático" de Barroso, salientando que a Corte enfrentou
nos últimos anos ameaças provenientes de um populismo que carecia de respeito
democrático. Mendes mencionou as "insultos e falsidades" dirigidos
aos membros do STF e classificou os eventos de 8 de janeiro como o "pico
do intento golpista".
O evento contou com a participação de Maria Bethânia, que
entoou o Hino Nacional no início da cerimônia solene. Além de figuras políticas
e autoridades do sistema judiciário, a posse atraiu representantes de diversas
esferas, desde a presidente do conselho de Administração do Magazine Luiza, a
empresária Luiza Trajano, até líderes de movimentos sociais, como Preto Zezé,
que lidera a Central Única das Favelas (CUFA). Também marcaram presença
os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), e
do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL-RJ).
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PEC que Busca Anular Decisões do STF Começa a
Tramitar na Câmara
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que
viabiliza ao Congresso reverter decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) deu
início ao processo legislativo na Câmara anteontem, depois que o deputado
Domingos Sávio (PL-MG), seu autor, obteve o apoio de 175 parlamentares
que assinaram o documento. Eram necessárias pelo menos 171 assinaturas para que
a PEC fosse protocolada no sistema da casa. A PEC faz parte da investida do
Congresso contra resoluções do STF, incluindo a que invalidou a tese do
"marco temporal" para demarcação de terras indígenas. A proposta
delimita a autoridade do Legislativo para revogar decisões do STF que estejam
definitivamente decididas (sem possibilidade de recurso). Para que a
solicitação seja aprovada, é necessário o aval de três quintos da Câmara e do
Senado.
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Opinião do Michel
Prezado leitor,
A notícia que acabou de ler destaca um momento crucial na
nossa democracia brasileira: a posse do novo presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, e os desafios que ele e a
Corte enfrentarão nos próximos anos. Como cidadão atento, gostaria de
compartilhar minha opinião sobre a situação.
Primeiramente, é fundamental entender a importância do STF
em nosso sistema. O Supremo desempenha um papel central na defesa da
Constituição, na garantia dos direitos fundamentais e na manutenção do Estado
de Direito. É um bastião da justiça, equilibrando os poderes e assegurando que
a lei seja aplicada de maneira justa e imparcial.
Entretanto, a proposta de Emenda à Constituição (PEC)
que visa permitir ao Congresso anular decisões do STF representa uma potencial
ameaça à independência e à eficácia da nossa Suprema Corte. A Constituição é a
base sobre a qual nossa democracia se sustenta, e qualquer tentativa de minar
suas disposições pode resultar em desequilíbrio e enfraquecimento das
instituições.
A independência do STF é crucial para garantir que a
justiça seja feita de acordo com a Constituição, sem influências políticas
indevidas. Os ataques à sua autoridade e a tentativa de limitar suas
competências podem minar a confiança na justiça e colocar em risco a
estabilidade democrática.
Diante desse cenário, é vital que como sociedade estejamos
atentos e nos informemos sobre os acontecimentos políticos e jurídicos que
moldarão nosso país. Devemos defender a integridade e a independência das
nossas instituições democráticas, como o STF, e garantir que elas continuem a
ser baluartes de um Estado democrático e de direito.
Atenciosamente,
Michel
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