JUDICIÁRIO - Presidente Propõe Medida para
Controlar 'Hostilidade' no Brasil, Gerando Divergentes Reações
Luiz Inácio Lula da silva e ministros do STF— Foto: Carta Capital/ Reprodução
O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs
ontem a introdução de sigilo nos votos dos ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF). Na visão do líder do Poder Executivo, a opinião dos
magistrados não deveria ser pública, sendo uma medida para gerenciar as tensões
em relação às instituições brasileiras.
"A manifestação do membro do Partido dos Trabalhadores
acontece após o ministro do STF Cristiano Zanin, nomeado por ele para o cargo,
enfrentar críticas da ala de esquerda, incluindo membros de sua própria sigla,
o PT, devido a suas posições contrárias a pautas consideradas progressistas e
sociais. A declaração desencadeou respostas por parte dos ministros, com
destaque para a defesa da transparência nas votações, argumentando que a
divulgação dos votos contribui para conferir legitimidade às decisões
judiciais. "Os pilares do poder em uma República fundamentada em
princípios democráticos não devem favorecer o sigilo no Ministério",
afirmou."
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Ontem, Lula declarou que "não é necessário que ninguém
tenha conhecimento" dos votos dos ministros. Ele compartilhou sua opinião
durante o programa "Conversa com o Presidente", que foi transmitido
pela TV Brasil. Lula expressou a ideia de que "a sociedade não precisa
estar ciente do modo como um ministro do Supremo Tribunal Federal vota. Em
minha visão, o ministro deve emitir seu voto sem que o público esteja
informado. Se a decisão da maioria for 5 a 4, 6 a 4 ou 3 a 2, não é preciso que
ninguém fique sabendo."
Atualmente, as sessões presenciais do Supremo Tribunal
Federal (STF) são transmitidas ao vivo, incluindo a apresentação
completa dos votos dos ministros, através da TV Justiça. Estabelecido em 2002,
esse canal desempenhou um papel fundamental em aumentar a visibilidade dos
julgamentos do STF, alinhando-se com a exigência de publicidade estabelecida na
Constituição de 1988.
Membros do atual colegiado da corte, que foram consultados
pela reportagem, destacaram que a transparência nos votos é uma decorrência
direta do Artigo 93 da Constituição Federal. Este artigo estipula que
"todos os julgamentos dos órgãos do poder judiciário serão públicos, e
todas as decisões devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade."
Portanto, qualquer alteração nessa área exigiria uma proposta de emenda à
constituição (PEC)."
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Celso de Mello destacou que a ausência de transparência é
uma característica presente em governos ditatoriais. Ele afirmou que "A
eliminação da visibilidade do regime de governo, onde a transparência é essencial
para a legitimidade dos atos, frequentemente se alinha com períodos obscuros e
a repressão das liberdades fundamentais." O ex-ministro, que revelou ter
votado em favor de Lula na última eleição, acrescentou essas observações.
Grupos que advogam pelo combate à corrupção no país também
expressaram descontentamento em relação aos comentários. Em comunicado, a
Transparência Internacional - Brasil e o Instituto Não Aceito Corrupção (INAC)
enfatizaram que a transparência nos julgamentos é fundamental para a
preservação da democracia. Essas organizações categorizaram a sugestão como um
retrocesso. "A sociedade não deveria ter acesso ao voto de um ministro da
Suprema Corte. Em minha opinião, um ministro deve votar sem que a sociedade
saiba", declarou Lula.
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Opinião do Michel
No ano de 2003, o então presidente Luiz Inácio Lula da
Silva iniciou um debate significativo no âmbito jurídico ao descrever o sistema
de justiça brasileira como uma "caixa preta". Agora, duas décadas
depois, suas palavras mais uma vez geram discussão, desta vez relacionada à sua
defesa da não divulgação dos votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)
ao público.
Antes de explorar essa questão, é importante esclarecer que
nas eleições de 2002, 2006 e 2022, escolhi votar em Lula. Essa crítica não deve
ser interpretada como arrependimento ou autocondenação por escolhas passadas,
pois, em todas essas ocasiões, considerei que ele representava a melhor
alternativa disponível, alinhada com minhas convicções políticas.
A recente declaração de Lula em favor do voto anônimo no
STF, em resposta às objeções da ala esquerda em relação ao ministro Cristiano
Zanin, suscita preocupações profundas. A transparência nas votações é um pilar
fundamental da democracia e é crucial para manter a confiança do público em
nossas instituições. Atualmente, as sessões do STF são transmitidas ao vivo,
cumprindo a exigência de publicidade estabelecida na Constituição de 1988.
Qualquer tentativa de modificar essa norma exigiria uma emenda constitucional.
A ausência de transparência nos votos dos ministros do STF
pode representar um retrocesso perigoso. A observação do ex-ministro Celso de
Mello, que associou a falta de transparência a regimes ditatoriais, merece
reflexão. A transparência não é apenas um valor abstrato; ela é essencial para
garantir a legitimidade das decisões judiciais e preservar as liberdades
fundamentais em nossa democracia.
Organizações comprometidas com a luta contra a corrupção,
como a Transparência Internacional - Brasil e o Instituto Não Aceito Corrupção (INAC),
também expressaram preocupação com a proposta de Lula, classificando-a como um
retrocesso. A sociedade deve ter acesso às informações sobre como os ministros
do STF votam, pois isso promove a prestação de contas e a responsabilidade de
nossas instituições.
Em resumo, a proposta de introduzir o voto anônimo no STF, conforme defendido por Lula, é uma medida que deve ser cuidadosamente ponderada. A história nos ensina que a falta de transparência pode levar a períodos sombrios e ao enfraquecimento das liberdades democráticas. Portanto, é imperativo que continuemos a valorizar a transparência nas decisões judiciais e a defender a integridade de nossas instituições democráticas, independentemente de nossas inclinações políticas pessoais.
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