As decisões do STF têm o poder de revogar leis
previamente aprovadas a qualquer momento.
Pacheco e Barroso discutem a relação entre Congresso e STF - Foto:Veja/ Reprodução |
Política- O Congresso Nacional brasileiro, na atual conjuntura, é identificado principalmente por direcionar verbas públicas aos deputados e senadores por meio das "emendas parlamentares", anteriormente criticadas como o "orçamento secreto" e agora encaradas como um pilar crucial para a "governabilidade" pelos analistas políticos. No entanto, sua principal função constitucional de aprovar leis para o Brasil está sendo negligenciada por muitos, que buscam obstruir a gestão do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, as leis já aprovadas estão sujeitas a anulação pelo STF, uma vez que muitas delas são consideradas inconstitucionais, frequentemente para favorecer a bancada ruralista, fortes apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente enfrentando iminente prisão por violações ao Estado Democrático de Direito.
De fato, é evidente que a atuação dos ministros do Supremo
Tribunal Federal tem sido significativa ao conter propostas incongruentes de
alguns legisladores que estão propondo questões claramente inconstitucionais.
Um exemplo notório é o debate sobre o Marco Temporal, algo que está fora do
âmbito constitucional. A sociedade reconhece que os povos indígenas são os
habitantes originários da terra, e, portanto, essa questão não deveria sequer
ser discutida no Congresso.
CONTINUA APÓS A
PUBLICIDADE
Relacionadas
- Mauro Cid,
antigo aliado de Bolsonaro, admite ter negociado relógios e repassado os fundos
diretamente ao ex-presidente
- Repercussão
da Delação de Mauro Cid: Dino Elogia a PF Enquanto Aras Recusa Acordo nas
'Joias de Bolsonaro'
- Mauro Cid
apresenta à PF três tópicos relevantes: joias da Arábia Saudita, registro
de vacinação de Bolsonaro e rascunho do possível plano de ação.
- Desdobramentos
da CPMI do 8 de Janeiro: PGR busca 'condenação exemplar' e Mauro Cid
enfrenta perda de patente
PUBLICIDADE
Estamos diante de um cenário em que as disputas estão em
alta, e fica claro quem está com a razão. A contenda entre o Supremo Tribunal
Federal (STF) e o Congresso gira em torno de quatro questões que
transcendem partidarismos e ideologias, sendo pertinentes a toda a sociedade:
aborto, posse de pequenas quantidades de maconha, casamento entre pessoas do
mesmo sexo e o reconhecimento das terras indígenas por meio do marco temporal.
É uma verdade evidente (às vezes, necessária de ser reiterada) que cabe ao
legislativo legislar, ao Executivo executar e ao Judiciário julgar. No entanto,
o STF, ao tomar decisões que buscam evitar a inconstitucionalidade, é
confrontado pelo Congresso, especialmente pela bancada de apoiadores do
ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, composta principalmente por ruralistas e
membros do PL, que não aceitam o protagonismo do Supremo. Este último tem agido
com zelo e expertise na proteção da Constituição Federal.
Se tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado não têm
argumentos válidos para exigir limitações pouco claras, a pergunta que fica é:
por que essa oposição ao papel constitucional desempenhado pelo STF? Isso
ocorre para preencher a lacuna deixada, por conveniência ou falta de interesse,
pelo próprio Congresso. Lá, os políticos parecem preferir declarações
impactantes para compartilhar em redes sociais, o que apenas amplia a divisão
de uma sociedade já fragmentada entre posturas democráticas e antidemocráticas.
Um exemplo é a discussão sobre a descriminalização do aborto, que não se trata
de incentivo ou desencorajamento, nem mesmo de tomar partido a favor ou contra
a interrupção da gravidez. O cerne está em não penalizar a mulher que opta por
essa decisão. Além disso, na vida real, mulheres de variadas condições
socioeconômicas recorrem ao aborto, e essa prática não será mais ou menos
frequente com a descriminalização.
CONTINUA APÓS A
PUBLICIDADE
Entretanto, é notável que somente as mulheres de baixa
renda e de ascendência negra estejam verdadeiramente sujeitas à prisão,
enfrentando graves repercussões e até mesmo riscos à vida. Esse tema, objeto de
discussões no Brasil e no mundo por muitas décadas, nunca foi efetivamente
abordado pelo Congresso e agora chega ao Supremo Tribunal Federal (STF),
onde uma mulher notável preside a corte. Poucos dias antes de sua
aposentadoria, a Ministra Rosa Weber apresentou um voto de 126 páginas,
direcionado ao plenário e à posteridade, defendendo a "justiça social e
reprodutiva" para descriminalizar o aborto até as 12 semanas. A ação no
STF foi movida pelo partido PSOL. Diante da ausência de manifestações até o
momento, é provável que o Congresso e o Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD),
reajam diante do julgamento no STF sobre a posse de maconha para "uso
recreativo", bem como a Comissão de Constituição e Justiça diante da
decisão da Corte que anulou o marco temporal das terras indígenas.
A Câmara dos Deputados, atualmente dominada pelo Centrão e
pelas bancadas conhecidas como BBB (bala, boi e bíblia), está demonstrando
resistência também ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. O deputado Pastor
Eurico (PL), relator na Comissão da Família, descartou oito projetos que
apoiam essa causa, optando pelo único projeto que vai de encontro à histórica decisão
do STF em 2011, que assegurou justiça, direitos e estabilidade legal aos casais
homoafetivos. Esse movimento representa não apenas um retrocesso jurídico, mas
também uma crueldade inexplicável, possivelmente indicando uma falta de
discernimento na proposição de temas e leis verdadeiramente relevantes para a
sociedade brasileira. O STF está alinhado com a vanguarda ao defender a
igualdade de direitos, enquanto o Congresso, em sua maioria, assume uma postura
conservadora ambivalente.
CONTINUA APÓS A
PUBLICIDADE
Relacionadas
- Mauro Cid
afirma à Polícia Federal que Jair Bolsonaro consultou as forças armadas
sobre golpe após sua derrota eleitoral
- Membros da
diretoria do Copom indicam redução na taxa de juros; nova taxa
estabelecida em 12,75%
- Lula enfrenta
obstáculos na aprovação de MPs devido à maior dependência do Congresso
- No Alvo:
Centrão Cobiça a Caixa Econômica Federal
PUBLICIDADE
Opinião do Michel
Caro leitor,
Ao analisar a atual conjuntura política do Brasil, fica
evidente a necessidade de questionar o papel desempenhado pelo Congresso
Nacional. Enquanto deveria se concentrar na aprovação de leis e no atendimento
às demandas da sociedade, observamos uma triste realidade em que a política de
distribuição de verbas públicas, por meio das "emendas
parlamentares", tornou-se uma prioridade, levantando questionamentos sobre
sua efetiva responsabilidade constitucional.
Nesse cenário, o Supremo Tribunal Federal (STF)
emerge como uma instituição de crucial relevância, atuando como baluarte da
Constituição e garantindo a sua aplicação. Suas decisões são fundamentais para
preservar a integridade jurídica e coibir a inconstitucionalidade de propostas
questionáveis. Um exemplo marcante é o debate sobre o Marco Temporal, questão
que, por sua natureza, não deveria sequer ser submetida ao escrutínio do
Congresso, pois é claro que os povos indígenas são os legítimos habitantes
originários desta terra.
Enquanto o Congresso parece ceder a interesses setoriais e
hesitar na promoção de pautas progressistas, o STF se destaca ao enfrentar
propostas contraproducentes e resguardar os princípios constitucionais.
Recentemente, a atuação da Ministra Rosa Weber, ao defender a "justiça
social e reprodutiva" para descriminalizar o aborto até as 12 semanas, é
um exemplo inspirador dessa postura zelosa e progressista.
É de suma importância que nós, como sociedade, reconheçamos
e valorizemos o papel desempenhado pelo STF em nossa democracia. Enquanto o
Congresso enfrenta dilemas e retrocessos, o STF se mostra como um esteio
crucial para garantir a justiça, a igualdade de direitos e a proteção da
Constituição.
Atenciosamente,
Michel
0 Comentários