Diante dos atos de violência do Hamas contra Israel, uma devastadora explosão em um hospital palestino destaca a dificuldade de alcançar uma trégua duradoura no cenário global.
Francisco Seco Fonte: ImagePlus |
Política - O início das guerras é
conhecido, mas o desfecho permanece incerto. A barbárie não conhece limites, e
a série de atos atrozes questiona os progressos da sociedade e a moral da
humanidade. Após quinze dias do ataque surpresa do Hamas contra cidades de Israel,
resultando na trágica morte de 1400 pessoas, a maioria delas civis, continuam
os lançamentos de foguetes da Faixa de Gaza, sob controle do grupo palestino.
Enquanto isso, famílias de ambos os lados enfrentam o doloroso processo de
sepultar seus entes queridos.
A resposta de Israel, manifestada através de ataques aéreos
diários, resultou na perda de mais de 3000 vidas e forçou a deslocação de pelo
menos 600.000 residentes. Neste cenário marcado pela hostilidade e desespero,
uma explosão seguida por um incêndio no estacionamento do hospital Batista
Al-Ahli Arabi, o maior e mais antigo em Gaza, provocou a morte de pelo menos
500 pessoas, incluindo muitas mulheres e crianças que buscavam refúgio. As
imagens do pátio repleto de vítimas ensanguentadas extinguiram, ao menos
momentaneamente, qualquer perspectiva de um cessar-fogo no pior conflito no
Oriente Médio em décadas.
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O grupo Hamas imediatamente responsabilizou Israel pelo
incidente no hospital Al-Ahli. As forças militares de Israel negaram ter
qualquer alvo identificado naquela área naquela madrugada e divulgaram vídeos e
gravações atribuindo a tragédia a um míssil com defeito lançado por outra
organização em Gaza, a Jihad Islâmica Palestina. A inteligência dos Estados
Unidos informou que suas investigações preliminares corroboram essa versão. No
entanto, diversos países do mundo árabe condenaram Israel em massa pela tragédia
no hospital, além de criticarem fortemente a crise humanitária causada pelo
bloqueio total imposto ao enclave há duas semanas, que tem impedido a entrada
de água, comida, combustível e remédios na estreita faixa onde vivem 2,3
milhões de palestinos.
A explosão no estacionamento do hospital não apenas
resultou em uma grande perda de vidas, mas também teve dois impactos
secundários significativos. Um deles foi aumentar o apoio ao Hamas, um grupo
que não é amplamente apreciado entre os palestinos e é condenado
internacionalmente por suas ações em Israel. O outro efeito foi complicar os
esforços do presidente americano Joe Biden, que chegou a Tel Aviv com a
intenção de facilitar as negociações para fornecer ajuda humanitária aos
palestinos como mediador.
Fonte: Canal Viver para Educar
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O aliado de longa data do primeiro-ministro israelense
Benjamin Netanyahu, na resposta ao ataque do Hamas, que ele condenou
veementemente, é o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Em uma entrevista
de televisão, Biden expressou sua oposição à presença militar israelense na
Faixa de Gaza, algo que as próprias forças israelenses também não desejam, e
expressou apoio à ideia de criar um estado palestino. Durante sua visita ao
Oriente Médio, Biden tinha planejado se reunir com líderes de ambos os lados,
incluindo o rei Abdullah 2 da Jordânia, o presidente do Egito, Abdel Fattah
Al-Sisi, e Mahmoud Abbas, líder da Autoridade Palestina que atua na Cisjordânia
ocupada com a bênção de Israel. No entanto, essas reuniões foram canceladas, e
a única reunião que ocorreu foi com Benjamin Netanyahu, a quem Biden expressou
total apoio mais uma vez.
O conflito entre judeus e árabes tem suas raízes no século
XIX, quando o movimento sionista surgiu com o objetivo de estabelecer um Estado
judeu moderno. Colonos vindos da Europa Central e Oriental, onde a perseguição
era particularmente intensa, começaram a migrar para a Palestina, considerada a
"terra prometida" pelas escrituras bíblicas naquela época, enquanto a
região estava sob o domínio do Império Otomano. Essa migração aumentou
significativamente com a ascensão do nazismo e a Segunda Guerra Mundial, culminando
na criação de Israel em 1948.
Foto de Mohammed Abed Fonte: AFP |
A partilha inicial das terras nunca foi cumprida, uma vez que os exércitos árabes atacaram imediatamente, resultando na formação de uma crescente legião de refugiados entre os moradores originais. Durante os conflitos e ocupações territoriais, Israel estabeleceu duas áreas para acomodar os palestinos no início dos anos 2000: a Cisjordânia, que permanece sob ocupação militar israelense e onde a Autoridade Palestina (AP) tem autonomia limitada para administrar as cidades, e a Faixa de Gaza, da qual as forças israelenses se retiraram em 2006. Um ano depois, o grupo Hamas venceu as eleições e assumiu o governo local, mobilizando um exército de cerca de 30.000 milicianos para promover uma versão radical do islamismo e pregar a eliminação de Israel.
Alguns ponderam sobre a possibilidade de, em vez da até agora malsucedida formação de dois Estados, considerar uma alternativa distante, extremamente desafiadora, que envolve a integração dos palestinos por parte de Israel. Essas sugestões podem ser atrativas, mas, por enquanto, apenas permanecem como conceitos. A realidade atual continua sendo um cenário marcado por derramamento de sangue e perdas de vidas.
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