Na sexta-feira, Kiev atacou um armazém de petróleo, marcando o mais recente de uma série de ataques a essas instalações, buscando causar prejuízos longe das áreas de confronto em um grande impasse.
Internacional- Autoridades
confirmaram que, na sexta-feira, a Ucrânia atingiu um depósito de petróleo na
Rússia por meio de um ataque de drone, o mais recente de uma série de
investidas contra instalações petrolíferas russas. Em uma tentativa de atacar
infraestruturas críticas além das linhas russas, tanques de petróleo na cidade
de Klintsy, na região de Bryansk, foram incendiados após um drone lançar
munições no depósito, sendo posteriormente derrubado por interferência
eletrônica, conforme relatado pelo governador Alexander Bogomaz e fontes de
inteligência ucranianas sob anonimato.
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Na
última sexta-feira, registrou-se o quarto ataque a uma instalação petrolífera
russa nas últimas três semanas, numa estratégia percebida por especialistas
como um esforço da Ucrânia para impactar negativamente as capacidades militares
russas. Esses ataques miram especialmente as instalações cruciais que abastecem
tanques, aviões de combate e outros equipamentos militares. Olena Lapenko,
especialista em segurança energética do DiXi Group, um think tank ucraniano,
destaca que tais investidas perturbam as rotas logísticas e retardam as
operações de combate, sendo parte de uma estratégia mais ampla para enfrentar a
Rússia no campo de batalha.
Embora
seja improvável que esses ataques tenham um impacto significativo na dinâmica
geral dos combates, onde a Rússia adotou uma postura ofensiva nos últimos
meses, eles mantêm sua importância para a Ucrânia. Diante da falta de armas e
tropas para retomar a iniciativa no terreno, Kiev tem adotado táticas de
guerrilha para perturbar as operações russas, incluindo sabotagem contra
infraestruturas ferroviárias e depósitos de munições. O ministro das Indústrias
Estratégicas da Ucrânia, Oleksandr Kamyshin, afirmou que uma "guerra
assimétrica" está em curso, assumindo a responsabilidade por um ataque a
uma instalação de armazenamento de petróleo em São Petersburgo na quinta-feira,
realizado por um drone fabricado internamente, com um alcance de cerca de 1.250
quilômetros.
“Tenho
certeza de que veremos cada vez mais coisas acontecendo este ano”, disse
Kamyshin durante um painel de discussão no Fórum Econômico Mundial em Davos, na
Suíça.
Embora
o ataque em São Petersburgo aparentemente não tenha causado danos
significativos, as imagens do depósito de petróleo em Klintsy revelaram um
intenso incêndio entre vários tanques. A agência de notícias estatal russa TASS
informou que o fogo se espalhou por uma área de aproximadamente 1.000 metros
quadrados, com quatro tanques de gasolina em chamas.
O
governador russo Bogomaz comunicou em redes sociais que mais de 140 bombeiros
estavam empenhados em extinguir o incêndio, compartilhando um vídeo que
mostrava esforços para conter as chamas nos tanques de petróleo enegrecidos,
gerando densas nuvens de fumaça preta.
A
infraestrutura energética permanece como um importante campo de batalha nesta
guerra. No inverno anterior, a Rússia atacou as instalações energéticas da
Ucrânia com drones e mísseis, submetendo os ucranianos a condições de frio e
escuridão. Isso foi interpretado como uma tentativa de Moscou de transformar o
inverno em uma arma para desmoralizar a população. A Ucrânia conseguiu resistir
aos ataques graças aos sistemas de defesa aérea do Ocidente e ao trabalho incansável
de engenheiros na reparação de equipamentos vitais.
Numa
escala reduzida, a Ucrânia tem alvejado as infraestruturas russas de petróleo e
gás desde o início do conflito. No entanto, a recente série de ataques sugere
que as infraestruturas energéticas se tornaram agora um alvo crítico para Kiev.
Uma sessão sobre inteligência artificial durante a reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, na quinta-feira.Fabrice Coffrini/Agência France-Presse — Getty Images |
Dois
ataques de drones anteriores, em 29 de dezembro e 9 de janeiro, resultaram em
incêndios em uma refinaria na região de Krasnodar, no sudoeste da Rússia, e em
uma instalação de combustível em Oryol, próxima a Klintsy. Em ambas as
ocasiões, as forças militares ucranianas assumiram a responsabilidade, conforme
relatado pela mídia ucraniana.
Ao
mirar instalações petrolíferas, a Ucrânia não apenas busca interromper o
abastecimento às forças armadas russas, mas também almeja ativos que geram
receitas substanciais para apoiar o esforço de guerra de Moscou.
A
especialista em segurança energética, Lapenko, destacou que Moscou acumulou
mais de US$ 400 bilhões com exportações de petróleo desde o início da guerra.
Em parte, a Rússia conseguiu contornar as sanções internacionais, recorrendo a
serviços financeiros alternativos e até investindo em uma frota
"sombra" para exportar seu petróleo clandestinamente.
"Vemos
que as sanções impostas não têm um impacto suficientemente eficaz, permitindo
que o agressor ainda receba fundos consideráveis para continuar a guerra",
afirmou Lapenko.
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Além dos ataques a instalações petrolíferas, Kiev realizou
pelo menos quatro investidas contra subestações elétricas desde setembro,
resultando em cortes de energia para civis, conforme relatado por autoridades
locais russas. O exército ucraniano argumenta que seus ataques visam
exclusivamente instalações elétricas diretamente vinculadas à campanha militar
russa.
Nos últimos meses, diversas autoridades ucranianas
afirmaram que a Ucrânia responderia aos ataques de Moscou contra
infraestruturas críticas. Kyrylo Budanov, chefe da inteligência militar da
Ucrânia, declarou à revista The Economist em setembro: "Deixe-os começar.
Eles também receberão uma resposta", acrescentando que seus serviços
estavam elaborando uma campanha limitada de dissuasão e retaliação.
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Os debates em Davos abordam a guerra, mas direcionam o foco para
outras questões
O presidente Volodymyr Zelensky da Ucrânia e Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, reuniram-se na terça-feira.Laurent Gillieron/Keystone, via Associated Press |
Ao longo desta semana, os participantes na reunião anual do
Fórum Econômico Mundial têm recebido lembretes temporários sobre as duas
guerras que ameaçam a segurança global e afetam a economia. Apesar dos
discursos do presidente da Ucrânia na terça-feira e de representantes de Israel
na quinta-feira, nenhum dos temas conseguiu manter a atenção coletiva, uma vez
que a ênfase deste ano está predominantemente em inteligência artificial e
política populista.
Embora Gaza e a Ucrânia estejam presentes diariamente na
agenda pública em Davos, juntamente com as preocupações sobre alterações
climáticas e desigualdade econômica, as conversas nos corredores e nas ruas da
cidade inevitavelmente convergem para as duas tendências aceleradas que estão
desestabilizando modelos de negócios e democracias.
A atenção de todos está voltada para discutir como a
inteligência artificial e as eleições deste ano, especialmente nos Estados
Unidos, podem abalar o mundo. Comparativamente, a invasão russa da Ucrânia, os
ataques liderados pelo Hamas em Israel em 7 de outubro ou os subsequentes
bombardeios israelenses em Gaza ficam em segundo plano.
"Ninguém está abordando a situação em Israel",
afirmou Rachel Goldberg, que veio a Davos buscando ações para libertar os mais
de 100 reféns feitos pelo Hamas em 7 de outubro, incluindo seu filho de 23
anos, Hersh. Em entrevista na quarta-feira, Goldberg expressou não surpresa
pelo tema da guerra ter sido relegado a segundo plano em Davos, destacando que
é uma questão complexa e polarizadora.
Davos é um cenário multifacetado, representando uma fonte
de idealismo rico, onde a frase "comprometido em melhorar o estado do
mundo" frequentemente enfeita as paredes do principal centro de reuniões.
O fórum serve como um evento de networking, reunindo
rapidamente executivos-chefes, líderes mundiais, celebridades, filantropos e
jornalistas em encontros de café de meia hora. Trata-se de uma exposição de
grandes ideias, com painéis de discussão abordando temas como equidade de
gênero, desinformação na mídia e a transição para a energia verde.
Além disso, é um local onde altos funcionários do governo
abordam questões sérias, incluindo o tema da guerra. Foi lá que grande parte da
discussão sobre Gaza e Ucrânia se desenrolou nesta semana.
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