O ministro Alexandre de Moraes, pertencente ao
Supremo Tribunal Federal (STF), refutou as acusações de parcialidade em relação
ao julgamento dos acusados pelos incidentes de 8 de janeiro e reiterou a
autoridade da Corte para conduzir o processo.
Início do julgamento dos terroristas de 8 de janeiro - Foto: Veja/ Reprodução
Compreenda a análise do caso:
Justiça- As declarações foram apresentadas pelo advogado Sebastião
Coelho da Silva, ex-desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal,
que já criticou o ministro anteriormente. Em sua perspectiva, os casos deveriam
ser tratados na instância inicial, e Moraes deveria se declarar impedido.
Ao responder aos argumentos, Moraes mencionou o termo
"negacionismo" e comparou as alegações a crenças infundadas, como o
"terraplanismo", sugerindo que elas tentavam minimizar os eventos de
8 de janeiro como se fossem inofensivos, semelhantes a um dia de diversão em um
parque de diversões.
"Então, as pessoas vieram, pegaram seus ingressos,
entraram na fila, da mesma forma como fazem no parque de diversões Hopi Hari,
em São Paulo, ou na Disney. Agora, vamos invadir o Supremo, depois o Senado, e
então o Planalto", ironizou Moraes.
A sessão de julgamento prossegue no período da tarde.
Inicialmente, Moraes concentrou-se em discutir as chamadas "questões
preliminares". A análise do mérito será realizada quando a sessão for
retomada às 14h. Conforme reportado pelo CAM, há uma inclinação para que o
tribunal emita condenações aos acusados, com possíveis penas de até 30 anos de
prisão
Primeiro acusado é Aécio Lúcio Costa Pereira, um indivíduo
de 51 anos, residente em Diadema (SP). Durante a invasão, ele foi detido
no plenário do Senado Federal e registrou um vídeo do ambiente.
Em sua declaração, o advogado Sebastião Coelho da Silva
alegou que se trata de um "julgamento político," argumentando que
tanto o Ministro Moraes quanto a Procuradoria-Geral da República fizeram
declarações públicas fora do processo em questão.
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Sebastião Coelho, que é um ex-desembargador, também acusou
o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de tentar intimidá-lo antes do
julgamento. Anteriormente, o CNJ iniciou uma reclamação disciplinar e permitiu
a quebra do sigilo bancário do agora advogado devido a alegações de incitação
aos eventos golpistas. Em sua argumentação verbal, o subprocurador Carlos
Frederico Santos, encarregado das investigações relacionadas ao 8 de janeiro,
declarou que as acusações foram formuladas com base na "melhor técnica
jurídica" e sob a alegação de crimes coletivos, ou seja, perpetrados por
um grupo de pessoas, tornando todos eles responsáveis pelo desfecho.
"O grupo, a multidão, a turba que manteve uma conexão
psicológica na busca por estabelecer um governo ilegítimo e inconstitucional é
responsável pelo resultado," afirmou Santos. O subprocurador também
explicou que o objetivo dos eventos era derrubar um governo que foi eleito, sob
a alegação de "fraude" nas eleições, uma acusação que não se
comprovou. Além disso, ele enfatizou que a Procuradoria-Geral da República
buscará responsabilizar todas as partes que incentivaram as ações golpistas.
Quem são os indiciados:
Os réus incluem Aécio Lúcio Costa Pereira, Thiago de Assis
Mathar, Moacir José dos Santos e Matheus Lima de Carvalho Lázaro. Dos quatro,
apenas Moacir está em liberdade - os demais permanecem detidos após oito meses
dos eventos de invasão. Pereira foi detido no plenário do Senado, enquanto
Mathar e Santos foram presos no Palácio do Planalto. Lima esteve no Congresso,
mas foi capturado em flagrante na Praça do Buriti, situada a cerca de 5
quilômetros da Praça dos Três Poderes.
Todos eles enfrentam acusações de cinco crimes: associação
criminosa armada; tentativa de subverter violentamente o Estado Democrático de
Direito; conspiração para golpe de Estado; danos qualificados por violência e
ameaça grave ao patrimônio da União; e degradação do patrimônio histórico
tombado. As penas acumuladas podem ultrapassar 30 anos de prisão.
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Funcionário da Sabesp detido no Senado:
Aécio Pereira, com 51 anos de idade e residindo em Diadema
(SP), viu-se privado do seu emprego na Sabesp, a empresa de saneamento de São
Paulo, após ser demitido por justa causa devido à sua participação nos eventos
golpistas.
Durante a invasão ao Senado, Pereira vestia uma camiseta
com a inscrição "intervenção militar federal". Ele registrou um vídeo
enquanto estava na mesa diretora do Senado, onde se dirigiu aos "amigos da
Sabesp". O militante acabou sendo preso no local pelas autoridades da
Polícia Legislativa.
Produtor rural auxiliou idosas durante a
invasão:
Thiago Mathar, com 43 anos de idade e residência em São
José do Rio Preto (SP), foi identificado como produtor rural e foi detido pela
Polícia Militar no Palácio do Planalto. Em seu depoimento, ele afirmou que
participou do ato com o intuito de promover uma manifestação pacífica.
Mathar relatou que entrou no Palácio do Planalto em busca
de abrigo contra "bombas e tiros" disparados pela polícia. Ele
admitiu ter ajudado a pendurar cortinas dentro do edifício para auxiliar
mulheres idosas a entrarem. "Nossa caravana estava em busca de um Brasil
melhor," afirmou. O militante é casado e tem dois filhos pequenos. Após a
sua detenção, a mãe de Mathar iniciou uma petição online para pressionar pela
sua libertação, argumentando que as crianças, com 4 e 6 anos, estavam
"sofrendo muito" com a ausência do pai durante meses. O advogado Hery
Kattwinkel asseverou ao CAM que a denúncia "não apresenta qualquer ato
prejudicial ao patrimônio público" cometido pelo acusado. Segundo ele, as
acusações invertem a presunção de inocência, ao presumirem que "todos são
culpados até que se prove o contrário".
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Réu identificado através de evidências
genéticas:
Moacir José dos Santos, com 52 anos de idade e residente em
Cascavel (PR), também foi detido no Palácio do Planalto, tendo sua
presença confirmada no local por meio de uma análise de material genético que
deixou para trás, conforme alegado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Outra evidência apresentada foi um vídeo gravado dentro do
edifício pelo próprio invasor. No entanto, ele foi libertado no início de
agosto por ordem de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ministro estabeleceu medidas cautelares, como o uso de tornozeleira
eletrônica, recolhimento noturno, cancelamento do passaporte e a suspensão do
porte de arma de fogo.
Na ação judicial, a defesa argumenta que a presença do
acusado no Palácio do Planalto não prova que ele cometeu algum crime e que não
existem imagens que o mostrem envolvido em atos de vandalismo no prédio ou
solicitando a destituição do governo. O CAM não conseguiu contatar a advogada
Shanisys Martins. Segundo as redes sociais, Santos se apresenta como autônomo,
e seu emprego mais recente, de acordo com seu perfil no Facebook, foi como
motorista em uma empresa de paisagismo.
Entregador deixa esposa grávida para defender
intervenção militar:
Matheus Lima, de 24 anos, residente em Apucarana (PR),
viajou para Brasília deixando sua esposa grávida e manteve contato com ela por
meio de mensagens e áudios durante a invasão. Lima foi detido em flagrante na
posse de uma faca, uma jaqueta militar e uma camiseta da seleção brasileira.
Nas mensagens enviadas à esposa, ele defendeu que os manifestantes deveriam
"quebrar tudo" para que o Exército "entrasse e tomasse o
poder". Essas mensagens fazem parte da investigação da Polícia Civil do
Distrito Federal e indicam que ele esperava uma intervenção militar enquanto os
edifícios públicos estivessem ocupados.
A Defensoria Pública da União (DPU), que representa
Lima, não comentou detalhes da denúncia. O acusado, que afirmou à polícia ser
entregador, não possui advogados particulares no caso. No processo, a DPU
solicitou sua absolvição. Em seu depoimento logo após a prisão, Lima se
descreveu como "bolsonarista e nacionalista". Embora tenha admitido
ter invadido o Congresso e filmado colegas arremessando pedras em uma vidraça,
ele negou participação direta na depredação.
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Opinião do Michel
Caro leitor, ao analisarmos o desenrolar do julgamento
relacionado aos acontecimentos de 8 de janeiro, é crucial refletirmos sobre a
integridade e a imparcialidade que devem permear um processo judicial dessa
magnitude. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
tem enfrentado críticas e acusações de parcialidade no decorrer desse
julgamento. Contudo, é importante observar que as decisões judiciais devem ser
baseadas em evidências concretas, princípios legais e a busca pela verdade.
As alegações levantadas pelo advogado Sebastião Coelho da
Silva, anteriormente desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal,
sustentam que os casos deveriam ser tratados em instâncias inferiores e que o
Ministro Moraes deveria se declarar impedido. No entanto, é preciso destacar
que a competência do STF para julgar esse tipo de caso foi estabelecida com
base na legislação e na Constituição Brasileira.
A analogia feita pelo Ministro Moraes ao mencionar o
"negacionismo" e o "terraplanismo" é especialmente
significativa. Ele ressaltou que as acusações parecem tentar minimizar os
eventos de 8 de janeiro, equiparando-os a meros episódios de lazer, como um dia
no parque de diversões. Tal comparação nos convida a pensar sobre a gravidade
dos atos ocorridos naquela data e a importância de considerá-los dentro do
contexto de um país que preza pela estabilidade democrática.
É válido lembrar que o processo legal visa assegurar que
todos os envolvidos tenham a oportunidade de apresentar suas defesas e que
todas as evidências sejam avaliadas de forma imparcial. O respeito à presunção
de inocência é fundamental em qualquer sociedade democrática.
Por fim, à medida que o julgamento progride, é imperativo que os acusados recebam tratamento justo e que as decisões tomadas pelo STF se baseiem unicamente nas provas e na lei. Devemos lembrar que a justiça é um pilar essencial para a estabilidade de uma nação e a confiança em suas instituições. Que a busca pela verdade e pela justiça prevaleça.
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