Feminismo Marxista: A Revolução Necessária Contra as Garras do Neoliberalismo Desenfreado!

Mulheres lideram uma insurgência audaciosa em meio ao caos neoliberal, buscando justiça e igualdade. Uma batalha feminista contra a opressão desenfreada.

Batalha Feminista
Batalha Feminista. Foto: Reprodução Freepik

Nos últimos dois anos, a crise econômica, política e social que assolou o país desde 2018 foi intensificada pela pandemia de Covid-19, resultando em milhões de vidas perdidas globalmente e mais de 600 mil no Brasil. Vale destacar como se evidenciou a crucial importância das atividades relacionadas à preservação da vida, seja em âmbito privado ou público. Ficou patente o esforço, a competência e a dedicação necessários para fornecer alimentos, manter a limpeza doméstica, cuidar das roupas, educar e atender aos doentes, enquanto se ignora a questionável abordagem do poder executivo diante da pandemia.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Últimas Notícias

PUBLICIDADE

A agregação dessas atividades tem sido identificada por feministas marxistas como reprodução social, englobando um conjunto de responsabilidades cruciais para a sobrevivência de cada indivíduo, da espécie e, por conseguinte, da sociedade em si. O patriarcado categoriza como "trabalho de mulher" uma forma de labor que frequentemente é desconsiderada e tornada invisível. A introdução das políticas neoliberais a partir da década de 1970 iniciou minando as conquistas do estado de bem-estar social em várias democracias europeias. Simultaneamente, a privatização de empresas estatais resultou na redução de investimentos em infraestrutura social, especialmente nas áreas de saúde e educação, impactando negativamente as mulheres, que frequentemente desempenham o papel preponderante no cuidado de crianças e jovens.

Além disso, o neoliberalismo não apenas intensificou as características intrínsecas ao capitalismo, mas também ampliou de maneira significativa a concentração de meios de produção e ativos financeiros nas mãos de poucos, relegando a grande maioria da população à condição de força de trabalho explorada. Algumas nuances distintivas o distinguem de fases anteriores do capitalismo, como a atual supremacia do capital financeiro e especulativo, ultrapassando a época em que o capital industrial predominava. Enquanto em fases anteriores o mercado permanecia em uma esfera relativamente separada de outras instituições e estruturas estatais, como escola, igreja e até mesmo família, o neoliberalismo é uma ideologia que molda as subjetividades e identidades humanas, transformando-as em empreendedores de si mesmas.

Feminismo Marxista
Feminismo Marxista. Foto: Reprodução YouTube 

Nesse contexto, procura minar os conceitos de solidariedade, projetos sociais e defesa dos direitos em todos os movimentos que visam estabelecer uma nova ordem social. Seguindo as palavras da criticada ideóloga neoliberal britânica Margaret Thatcher, ela argumenta que não há sociedade, apenas indivíduos e famílias. Na América do Sul, a implementação radical do neoliberalismo foi possível após o golpe de Estado liderado por Augusto Pinochet em setembro de 1973.

Todas as conquistas sociais alcançadas durante o governo socialista de Salvador Allende foram anuladas. Um processo agressivo de privatização intensificou a dependência do Chile em relação ao capital estrangeiro, empurrando a maior parte da população para a pobreza. No Brasil, de maneira paradoxal, um sociólogo considerado de centro-esquerda emergiu como o principal defensor da modernidade e da inovação, privatizando grandes empresas a preços simbólicos e impulsionando a erosão dos direitos trabalhistas como marcas do século XX. Paralelamente, as igrejas evangélicas, promovendo a teoria da prosperidade e rejeitando os movimentos sociais, tornam-se agentes cruciais na disseminação não apenas do empreendedorismo, mas também do neoconservadorismo.

Demonstre sagacidade. Para essas forças reacionárias e conservadoras, o feminismo é considerado um adversário a ser enfrentado. As reivindicações feministas, que incluem o direito de autonomia sobre seus corpos e um aumento significativo nos investimentos públicos em infraestrutura para crianças, desde creches, abrangem também a preocupação com a disseminação da violência na sociedade brasileira. A maioria das mulheres enfrentou algum tipo de constrangimento, variando de comportamentos mais sutis a manifestações mais agressivas. A antropóloga Rita Segato elaborou teorias sobre o mandato imposto aos homens para subjugar as mulheres, um mandato proveniente de diversas fontes, incluindo crenças religiosas que se fundamentam em uma visão patriarcal e bíblica do Deus Pai Todo-Poderoso para doutrinar e subordinar as mulheres aos homens.

A menosprezo da mulher, mesmo quando expresso como elogio à sua doçura e outras virtudes consideradas femininas, tem o propósito tanto de depreciar seu valor no ambiente de trabalho quanto de justificar, de maneira abstrata, a submissão feminina aos homens. As mulheres têm travado batalhas ao longo da história. Contudo, somente com a proletarização e a exploração do trabalho fabril feminino é que as perspectivas emancipacionistas foram além da luta pelo direito de voto.

Grupos Feministas
Grupos Feministas. Foto Reprodução YouTube 

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Últimas Notícias

PUBLICIDADE

A trajetória do feminismo marxista encontra suas raízes no desenvolvimento das lutas trabalhistas na Europa, a partir de meados do século XIX, e na participação ativa de mulheres nos partidos socialistas e comunistas. A primeira geração de pensadoras marxistas femininas inclui figuras como Rosa Luxemburgo, cujo estudo sobre a acumulação do capital permanece relevante. Clara Zetkin, simultaneamente envolvida na organização das Trabalhadoras e na edição do jornal Igualdade, desempenhou o papel de deputada comunista e analista perspicaz do fascismo. Em uma de suas obras, Alexandra Kollontai foi uma das pioneiras a abordar as mudanças necessárias nas relações entre homens e mulheres.

Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre
Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre. Fonte: Reprodução Wikipédia

Simone de Beauvoir estabelece um diálogo com o marxismo em "O Segundo Sexo". Apesar de suas discordâncias com o marxismo econômico, foi a psicanalista Juliet Mitchell quem inicialmente ampliou a perspectiva marxista ao analisar as disparidades provenientes da divisão sociossexual do trabalho. Ela explorou o papel da mulher na reprodução biológica, na maternidade e na socialização das crianças, contrastando com a esfera de produção econômica predominantemente ocupada pelos homens.

Seu trabalho inovador, lançado no Brasil em 1966 sob o título "Mulheres, A Revolução Mais Longa", apresenta uma nova abordagem dentro do contexto feminista marxista. No período entre 1965 e 1975, a filósofa comunista Angela Davis destacou-se ao denunciar e participar ativamente contra o racismo na sociedade dos Estados Unidos, evidenciando suas interligações com a dominação capitalista. No cenário brasileiro, Heleieth Saffioti se destacou como uma acadêmica pioneira com sua obra "Mulher na sociedade de classes", enquanto Lélia Gonzalez teve uma trajetória mais próxima à de Angela Davis, atuando como teórica comprometida com a ação política.

O movimento feminista, originado como uma resistência à ditadura militar nos anos 1970, tinha uma orientação de esquerda, criticando tanto o patriarcalismo quanto o capitalismo. As ativistas desse movimento abriram caminhos significativos e alcançaram conquistas notáveis, como aquelas consagradas na Constituição de 1988, sempre agindo em consonância com a luta pelas liberdades democráticas. Com o término da ditadura, ocorreu uma dispersão das militantes históricas para partidos políticos, universidades e cargos burocráticos, resultando em um enfraquecimento da participação nos movimentos sociais.

O retorno à engajamento ativista ocorreu tanto pela formação de novos movimentos, como a Marcha Internacional das Mulheres e a mobilização de mulheres dentro do MST, quanto pela emergência de grupos espontâneos em instituições educacionais. Os feminismos contemporâneos abrangem uma ampla variedade de causas e organizações, englobando movimentos antirracistas e LGBTQIA+, e fazem uso de plataformas de comunicação como blogs e vídeos nas redes sociais. Simultaneamente, com o aumento das oportunidades educacionais, uma nova geração de intelectuais femininas está disseminando novas abordagens de análise e desafiando o androcentrismo tanto na esfera científica quanto na política.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

A variedade de abordagens teóricas dentro do feminismo é o ponto central nos textos das nossas colaboradoras para este conjunto de artigos. Enquanto Claudia Mazzei Nogueira destaca a relevância do marxismo para o feminismo, Bruna Della Torre, Daniela Constanzo e Isabela Meucci concluem que o marxismo deve adotar uma perspectiva feminista para ser verdadeiramente radical. Daniele Tega realiza uma avaliação meticulosa das teorias decoloniais, evidenciando suas divergências internas e ressaltando a necessidade de uma prática feminista contra o Estado capitalista, racista colonial e heterocispatriarcal. Seguindo a mesma linha, Rosane Borges destaca a importância de mudarmos o paradigma para que um mundo onde a vida de cada indivíduo realmente importe esteja à vista.

Postar um comentário

0 Comentários

'