Um dos organizadores do evento é o pastor e apoiador leal de longa data de Bolsonaro, Silas Malafaia. Ele também assume o papel de principal financiador. Ele fornecerá os fundos para o grande sistema de som que será posicionado na Avenida Paulista. Quais são as fontes desses recursos?
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, dirigiu seus seguidores em São Paulo, Brasil, no ano de 2022.Victor Moriyama |
Política- Jair Bolsonaro teve um
início de Carnaval marcado por uma atmosfera de grande ansiedade. Boatos sobre
uma possível prisão iminente começaram a circular no círculo próximo ao
cercadinho de Mambucaba, a alcunha do seu retiro litorâneo em Angra dos Reis,
no Rio de Janeiro. Em certo momento, cogitou-se até mesmo levar o presidente
para o mar alto, como uma medida para ganhar tempo caso a Polícia Federal
aparecesse. Assessores imediatamente começaram a fazer ligações para avaliar a
situação. Algumas delas foram para altos funcionários do judiciário do país, e
a tranquilidade só retornou quando ficou evidente que não havia motivo para
tanto alarme. No entanto, a sensação persiste de que o risco continua presente,
levando Bolsonaro a adotar medidas reativas com os recursos limitados que tem
disponível no momento.
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Uma
investigação em andamento sobre uma suposta trama para impedir a posse de Luiz
Inácio Lula da Silva está avançando rapidamente, indicando que pode resultar na
acusação formal, embora não tenha sido confirmada a tentativa de golpe devido à
falta de apoio. Além do mais, o caso envolve diversos ex-assessores e até mesmo
o presidente do seu partido atual, o PL, Valdemar Costa Neto. O primeiro passo
de Bolsonaro para tentar reverter a situação aconteceu na segunda-feira, dia
12, com a publicação de um vídeo em que ele, usando a camisa da seleção
brasileira, convoca seus apoiadores para participarem de uma manifestação
pública na Avenida Paulista, em São Paulo, no próximo dia 25. Ele enfatizou que
será um evento pacífico em defesa do Estado Democrático de Direito e pediu que
todos compareçam vestindo verde e amarelo. Bolsonaro também mencionou que
aproveitará a oportunidade para se defender das acusações. No entanto, ele
pediu explicitamente que os participantes não levem cartazes ou faixas contra
qualquer pessoa, visando evitar problemas legais, especialmente com o ministro
Alexandre de Moraes do STF, que é o relator do inquérito sobre a suposta
tentativa de golpe.
A
história passada de Bolsonaro não é favorável. Durante o feriado de 7 de
setembro de 2021, na Avenida Paulista, diante de uma multidão que aplaudia, ele
insultou o ministro Moraes e ameaçou desobedecer decisões do STF. Quase
imediatamente após a divulgação do vídeo convocando o evento, seus aliados
próximos começaram a planejar os detalhes da organização. Um dos responsáveis
pelo evento é o pastor e apoiador de longa data de Bolsonaro, Silas Malafaia.
Ele também se apresenta como o principal financiador de um grande sistema de
som a ser posicionado na Avenida Paulista. Mas quem está arcando com esses
custos? Quem está fornecendo esses recursos? Claramente, são os seus
seguidores, que muitas vezes enfrentam dificuldades financeiras para contribuir
com a igreja. Apesar da proibição de faixas contra Lula, Moraes e o STF, o
pastor afirmou que Bolsonaro continuará firme em seus esforços golpistas.
"Bolsonaro vai expor a perseguição que está sofrendo", disse o pastor
da Igreja Invisível, Malafaia.
De
acordo com o pastor Silas Malafaia, da Igreja Invisível, mais de 150
parlamentares já estão confirmados para o evento, excedendo a capacidade máxima
do carro de som. Esses parlamentares estenderam o feriado de carnaval e só
retornaram ao trabalho em 19 de fevereiro de 2024. A lista dos oradores é
limitada, com destaque para Bolsonaro, além do senador Magno Malta, do PL do
Espírito Santo, e os deputados federais Nikolas Ferreira, do PL de Minas
Gerais, e Gustavo Gayer, do PL de Goiás, este último alvo de uma investigação
por racismo. A ex-primeira-dama, Michele Bolsonaro, é esperada como convidada de
honra, cuja popularidade será destacada no evento, especialmente após o início
das investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, que levou Michele
a viajar para os Estados Unidos. O governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas, confirmou sua presença em uma entrevista à CNN Brasil na quarta-feira,
dia 14.
No
cenário político atual, as incertezas se concentram no prefeito da cidade,
Ricardo Nunes. Assim como Tarcísio, Nunes busca o apoio dos eleitores
bolsonaristas, já que é candidato à reeleição em São Paulo. No entanto, ele
tenta manter certa distância das ideias mais radicais e das polêmicas do
ex-presidente. Em relação ao aspecto jurídico, a primeira resposta do
ex-presidente à decisão de Alexandre de Moraes foi um pedido para que o
ministro do STF devolvesse seu passaporte, que foi entregue por Bolsonaro na
semana passada, por ordem judicial. O argumento é que até o momento não há
evidências na investigação que justifiquem tal medida. Além da retenção do
passaporte, as restrições impostas por Moraes incluem a proibição de
comunicação com outros investigados e a proibição de deixar o país. Até a
quinta-feira passada, 15, Moraes não havia respondido ao pedido da defesa. Para
os aliados de Bolsonaro, mesmo que a resposta seja negativa, o que parece ser
mais provável, isso reforçaria a narrativa de que ele está sendo perseguido
pelo ministro do STF.
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Na ampla operação da Polícia Federal, que teve a aprovação
dele, um dos pontos mais comprometedores ligando Bolsonaro está relacionado à
sua participação na elaboração de um rascunho contendo instruções para o golpe.
Segundo a delação do tenente-coronel Mauro Cid, o texto teria sido redigido
pelo ex-assessor de Assuntos Internacionais, Felipe Martins, que foi preso na
operação. Conforme a investigação, o rascunho foi revisado por Bolsonaro,
passando por várias alterações até ficar do jeito que o ex-presidente queria. A
PF está buscando outras evidências para corroborar a delação de Mauro Cid. Na
quarta-feira passada, dia 14, a Globo News reportou que a polícia realizou um
levantamento com base nos dados de localização das antenas de celulares,
confirmando o acesso de Felipe Martins e de outros dois responsáveis pelo
rascunho ao Palácio da Alvorada, no mesmo dia em que se acredita que o
documento foi revisado por Bolsonaro.
O financiamento para as ações da legenda bolsonarista é
significativo, e os evangélicos têm uma grande responsabilidade por essas
atividades empreendidas por Bolsonaro na tentativa de subverter o Estado
Democrático de Direito. Apesar dos indícios e de outras evidências que podem
surgir com o avanço das investigações, ainda não está claro quais crimes podem
ser atribuídos a Bolsonaro, embora se saiba que ele realmente os cometeu. Até
agora, com base nas evidências divulgadas, a hipótese mais provável é que ele
possa ser responsabilizado pelos crimes de subversão violenta do Estado
Democrático de Direito, golpe de Estado e participação em organização
criminosa. As penas máximas para esses delitos somam 33 anos e 4 meses quando
consideradas em conjunto, com o agravante de Bolsonaro ser um funcionário
público envolvido em um ataque ao Estado. O STF está examinando esses temas
fundamentais pela primeira vez, questões que colocam o Brasil no cenário
jurídico internacional. "A Constituição Brasileira de 1988 e a democracia
que ela consagra", afirma o ministro aposentado do Supremo, Ayres Brito.
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Geralmente, a intenção de cometer crimes não é punível pelo
direito penal. No entanto, quando se trata de atentados contra o Estado e a
democracia, a ligação entre a cogitação e o crime não é direta. Por isso, a
investigação não pode seguir o mesmo raciocínio de um crime comum. Um golpe
envolve uma série de atos políticos, conforme define o professor da USP e
advogado criminalista Maurício Stegemann, Dieter. Até o momento, não está claro
o que se sabe sobre a investigação relacionada à possível ligação direta entre
Bolsonaro e os eventos de 8 de janeiro. Os próximos passos da investigação
precisam esclarecer completamente as etapas dessa sequência, identificar as
condutas do ex-presidente e entender até que ponto elas contribuíram ou não
para a tentativa de golpe. Na manifestação planejada para a Avenida Paulista,
Bolsonaro pretende refutar detalhadamente as acusações sobre a minuta do golpe.
Por exemplo, como já afirmou em uma entrevista à revista Veja, ele negará ter
se encontrado com Felipe Martins para discutir algo do tipo. O ex-presidente
deixou claro que pretende usar o evento do dia 25 como uma evidência eloquente
de sua popularidade, afirmando que, mais do que o discurso, o mais importante é
ter uma foto da Avenida Paulista lotada para mostrar ao Brasil e ao mundo a
união e o desejo de seu público. A presença de uma grande multidão seria uma
maneira de confirmar o que uma pesquisa recente do Instituto Paraná Pesquisas
indicou: apesar das investigações em curso, a popularidade de Bolsonaro entre
seus seguidores não foi abalada.
CPMI das igrejas evangélicas. Fonte: X.com |
O que intriga a população brasileira e a comunidade internacional é entender o que motiva os seguidores do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, pois mesmo após a mídia divulgar a tentativa de golpe e os crimes cometidos por Bolsonaro e sua família, seu apoio continua inabalável. Parece que uma parte significativa da igreja evangélica, se não em sua totalidade, está desrespeitando os ensinamentos de Deus, ao idolatrar Bolsonaro e usar os púlpitos das igrejas para angariar mais eleitores.
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