Os Estados Unidos apoiam as políticas de Israel em relação aos palestinos

Em uma audiência no mais alto tribunal das Nações Unidas, um representante dos Estados Unidos afirmou que os pedidos para que Israel se retire dos territórios palestinos ocupados não levam em consideração as "verdadeiras preocupações de segurança" do país.

Palestinos carregando sacos de farinha perto de um caminhão de ajuda humanitária na Cidade de Gaza na segunda-feira.Crédito...Kosay Al Nemer/Reuters
Palestinos carregando sacos de farinha perto de um caminhão de ajuda humanitária na Cidade de Gaza na segunda-feira.Crédito...Kosay Al Nemer/Reuters

Internacional- Um dia após bloquear os apelos por um cessar-fogo imediato em Gaza, os Estados Unidos defenderam na quarta-feira a ocupação de longa data da Cisjordânia e Jerusalém Oriental por Israel. Isso ocorreu durante uma sessão no Tribunal Internacional de Justiça em Haia, onde Richard C. Visek, consultor jurídico interino do Departamento de Estado dos EUA, argumentou que Israel enfrentava "preocupações de segurança muito reais". Ele pediu ao painel de 15 juízes que não exigissem a retirada imediata de Israel dos territórios palestinos ocupados.

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Ele afirmou que somente a criação de um Estado independente para os palestinos ao lado de Israel poderia garantir uma paz duradoura, reafirmando uma posição há muito mantida pelos Estados Unidos. No entanto, essa perspectiva parece cada vez mais distante no contexto da atual guerra em Gaza.

O tribunal está examinando há seis dias a legalidade da ocupação de territórios de maioria palestina por Israel, incluindo a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Essa questão tem sido objeto de debates e resoluções nas Nações Unidas ao longo dos anos. As audiências, que envolvem mais de 50 países, foram convocadas muito antes do início da guerra entre Israel e o Hamas em Gaza. No entanto, elas agora se tornaram parte de um esforço global para interromper o conflito e avaliar a legalidade das políticas de Israel em relação aos palestinos.

Israel recusou-se a participar das audiências e enviou uma carta ao tribunal no ano passado, argumentando que eram injustificadas e não reconheciam o direito e o dever de Israel de proteger seus cidadãos, bem como seu direito à segurança.

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Os Estados Unidos apoiaram firmemente Israel durante o conflito, inclusive na terça-feira, quando usaram seu poder de veto para bloquear uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que solicitava um cessar-fogo imediato. Eles argumentaram que isso prejudicaria os esforços para libertar reféns mantidos em Gaza.

No dia seguinte, Visek instou o tribunal a defender a estrutura estabelecida para a paz, que ele afirmou ter sido acordada pelos órgãos da ONU. Esta estrutura depende de um fim mais amplo da hostilidade contra Israel, em vez de atender aos apelos de outras nações por uma retirada unilateral e incondicional de Israel dos territórios ocupados.

Visek mencionou os ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro como um lembrete das ameaças que Israel enfrenta e de suas necessidades de segurança, afirmando que essas necessidades foram ignoradas por muitos participantes que expressaram suas opiniões sobre como o tribunal deveria considerar os assuntos apresentados.

A intervenção de Visek foi imediatamente seguida pela do embaixador da Rússia na Holanda, Vladimir Tarabrin.

Ao tomar a palavra, Tarabrin expressou que a Rússia valoriza seus laços sólidos com Israel e ofereceu condolências pelos eventos ocorridos em 7 de outubro. No entanto, de forma indireta, ele criticou os Estados Unidos, afirmando que a Rússia não pode concordar com a lógica daqueles que apoiam a violência indiscriminada contra civis em Gaza, enquanto reconhece o direito de Israel à autodefesa.

Ele enfatizou que a violência só resultará em mais violência.

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O tribunal, conhecido por lidar com disputas entre nações, tem sido recentemente palco de países que se opõem a Israel. No mês passado, a África do Sul argumentou que Israel estava cometendo genocídio contra os palestinos em Gaza, uma alegação fortemente rejeitada por Israel. Os juízes não fizeram uma determinação sobre essa acusação, mas emitiram uma ordem provisória exigindo que Israel tome medidas para evitar o genocídio em Gaza.

Na terça-feira, a África do Sul condenou vigorosamente as políticas de Israel em relação aos palestinos, descrevendo-as como uma forma extrema de apartheid, um sistema de leis baseado na raça que privou os sul-africanos negros por décadas.

Israel tem negado há muito tempo as acusações de operar um sistema de apartheid, rotulando tais alegações como difamação e destacando sua história de ser alvo de condenação por órgãos e tribunais da ONU.

Os Estados Unidos continuam a ser o principal defensor de Israel no cenário internacional. No entanto, a administração Biden, sob crescente pressão de certos setores do Partido Democrata, também demonstrou sinais de impaciência com a condução da guerra por Israel, especialmente diante do aumento do número de vítimas em Gaza e da situação dos palestinos sob ocupação israelense.

O presidente Biden declarou neste mês que a resposta militar de Israel em Gaza, desencadeada pelos ataques do Hamas em 7 de outubro, foi considerada "exagerada" e enfatizou a necessidade de pôr fim ao imenso sofrimento civil. Esses comentários foram feitos logo após Biden impor amplas sanções financeiras contra quatro indivíduos israelenses por ataques violentos contra palestinos na Cisjordânia.

Após as audiências, que devem ser concluídas na segunda-feira, o tribunal emitirá um parecer consultivo, mas essa decisão provavelmente levará vários meses. É importante notar que esse parecer não será vinculativo.Doações para o Blog

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