Em uma audiência no mais alto tribunal das Nações Unidas, um representante dos Estados Unidos afirmou que os pedidos para que Israel se retire dos territórios palestinos ocupados não levam em consideração as "verdadeiras preocupações de segurança" do país.
Palestinos carregando sacos de farinha perto de um caminhão de ajuda humanitária na Cidade de Gaza na segunda-feira.Kosay Al Nemer/Reuters |
Internacional- Um
dia após bloquear os apelos por um cessar-fogo imediato em Gaza, os Estados
Unidos defenderam na quarta-feira a ocupação de longa data da Cisjordânia e
Jerusalém Oriental por Israel. Isso ocorreu durante uma sessão no Tribunal
Internacional de Justiça em Haia, onde Richard C. Visek, consultor jurídico
interino do Departamento de Estado dos EUA, argumentou que Israel enfrentava
"preocupações de segurança muito reais". Ele pediu ao painel de 15
juízes que não exigissem a retirada imediata de Israel dos territórios
palestinos ocupados.
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
Últimas Notícias
- Diante
da iminente ameaça de prisão, Bolsonaro recorre a Silas Malafaia e sua
Igreja Invisível para financiar outro evento antidemocrático em 25 de
fevereiro de 2024
- Lula,
presidente do Brasil, decide convocar o embaixador brasileiro em Israel,
agravando as tensões diplomáticas
- Crise
na Europa: Putin ameaça enquanto defesa própria enfrenta desafios
- Entenda
os fatos por trás da queda de Avdiivka
PUBLICIDADE
Ele
afirmou que somente a criação de um Estado independente para os palestinos ao
lado de Israel poderia garantir uma paz duradoura, reafirmando uma posição há
muito mantida pelos Estados Unidos. No entanto, essa perspectiva parece cada
vez mais distante no contexto da atual guerra em Gaza.
O
tribunal está examinando há seis dias a legalidade da ocupação de territórios
de maioria palestina por Israel, incluindo a Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Essa questão tem sido objeto de debates e resoluções nas Nações Unidas ao longo
dos anos. As audiências, que envolvem mais de 50 países, foram convocadas muito
antes do início da guerra entre Israel e o Hamas em Gaza. No entanto, elas
agora se tornaram parte de um esforço global para interromper o conflito e
avaliar a legalidade das políticas de Israel em relação aos palestinos.
Israel
recusou-se a participar das audiências e enviou uma carta ao tribunal no ano
passado, argumentando que eram injustificadas e não reconheciam o direito e o
dever de Israel de proteger seus cidadãos, bem como seu direito à segurança.
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
Artigos Brasil Escola
- Reflexões
sobre os princípios Educacionais filosóficos
- Fadiga
de batalha racial: O impacto psicológico da luta contra a discriminação
racial
- desvendando
os conceitos essenciais para compreender a política moderna
- Uma
análise sobre o sociólogo da 'modernidade líquida', zygmunt bauman
PUBLICIDADE
Os Estados Unidos apoiaram firmemente Israel durante o
conflito, inclusive na terça-feira, quando usaram seu poder de veto para
bloquear uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que solicitava um
cessar-fogo imediato. Eles argumentaram que isso prejudicaria os esforços para
libertar reféns mantidos em Gaza.
No dia seguinte, Visek instou o tribunal a defender a
estrutura estabelecida para a paz, que ele afirmou ter sido acordada pelos
órgãos da ONU. Esta estrutura depende de um fim mais amplo da hostilidade
contra Israel, em vez de atender aos apelos de outras nações por uma retirada
unilateral e incondicional de Israel dos territórios ocupados.
Visek mencionou os ataques liderados pelo Hamas em 7 de
outubro como um lembrete das ameaças que Israel enfrenta e de suas necessidades
de segurança, afirmando que essas necessidades foram ignoradas por muitos
participantes que expressaram suas opiniões sobre como o tribunal deveria
considerar os assuntos apresentados.
EUA defendem políticas de Israel em relação aos palestinos. Os Estados Unidos financiaram ou forneceram armas para várias guerras. Alguns exemplos: apoio aos grupos rebeldes durante a Guerra Civil da Síria e o apoio militar a países aliados em conflitos regionais, como Israel. pic.twitter.com/EPycIRGOqQ
— Fernando michel da Silva correia (@Fernand26995567) February 21, 2024
A intervenção de Visek foi imediatamente seguida pela do
embaixador da Rússia na Holanda, Vladimir Tarabrin.
Ao tomar a palavra, Tarabrin expressou que a Rússia
valoriza seus laços sólidos com Israel e ofereceu condolências pelos eventos
ocorridos em 7 de outubro. No entanto, de forma indireta, ele criticou os
Estados Unidos, afirmando que a Rússia não pode concordar com a lógica daqueles
que apoiam a violência indiscriminada contra civis em Gaza, enquanto reconhece
o direito de Israel à autodefesa.
Ele enfatizou que a violência só resultará em mais
violência.
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
O tribunal, conhecido por lidar com disputas entre nações,
tem sido recentemente palco de países que se opõem a Israel. No mês passado, a
África do Sul argumentou que Israel estava cometendo genocídio contra os
palestinos em Gaza, uma alegação fortemente rejeitada por Israel. Os juízes não
fizeram uma determinação sobre essa acusação, mas emitiram uma ordem provisória
exigindo que Israel tome medidas para evitar o genocídio em Gaza.
Na terça-feira, a África do Sul condenou vigorosamente as
políticas de Israel em relação aos palestinos, descrevendo-as como uma forma
extrema de apartheid, um sistema de leis baseado na raça que privou os
sul-africanos negros por décadas.
Israel tem negado há muito tempo as acusações de operar um
sistema de apartheid, rotulando tais alegações como difamação e destacando sua
história de ser alvo de condenação por órgãos e tribunais da ONU.
Os Estados Unidos continuam a ser o principal defensor de
Israel no cenário internacional. No entanto, a administração Biden, sob
crescente pressão de certos setores do Partido Democrata, também demonstrou
sinais de impaciência com a condução da guerra por Israel, especialmente diante
do aumento do número de vítimas em Gaza e da situação dos palestinos sob
ocupação israelense.
O presidente Biden declarou neste mês que a resposta militar de Israel em Gaza, desencadeada pelos ataques do Hamas em 7 de outubro, foi considerada "exagerada" e enfatizou a necessidade de pôr fim ao imenso sofrimento civil. Esses comentários foram feitos logo após Biden impor amplas sanções financeiras contra quatro indivíduos israelenses por ataques violentos contra palestinos na Cisjordânia.
Após as audiências, que devem ser concluídas na segunda-feira, o tribunal emitirá um parecer consultivo, mas essa decisão provavelmente levará vários meses. É importante notar que esse parecer não será vinculativo.
0 Comentários