Numa sociedade profundamente guiada pela espiritualidade, a estrutura da civilização egípcia foi moldada pela influência religiosa, delineando seu curso ao longo dos milênios até ser observada nos dias atuais.
Divindades Egípcias. Foto: Dreamstime/ Reprodução Instagram |
Os hieróglifos egípcios assinalam uma transição crucial
entre história e pré-história. No entanto, o povo do rio Nilo, uma das
primeiras civilizações humanas, não se destaca apenas por sua escrita em
papiro. De fato, a religião emerge como o tema mais relevante na sociedade
egípcia. As crenças locais desempenharam um papel fundamental no
desenvolvimento cultural e na estrutura social da antiga nação do Nordeste
Africano.
CONTINUA APÓS A
PUBLICIDADE
Últimas Notícias
- Chavismo
triunfa em referendo sobre incorporação de área da Guiana
- Harmonia
no Governo: A Separação de Poderes e o papel do Judiciário
- Café
brasileiro pode ajudar na proteção contra infecções graves de COVID-19,
revela pesquisa
- Crise
na Guiana: Apelo urgente aos EUA enquanto Venezuela se sente ameaçada
PUBLICIDADE
A influência da fé no
Antigo Egito permeava não apenas o aspecto espiritual, mas também se estendia à
esfera política. Este foi o primeiro exemplo conhecido de um estado teocrático,
onde o faraó desempenhava o papel de líder governamental e principal sacerdote
da religião. Ele representava, na Terra, o Deus Sol, Rá, uma figura central
entre as divindades que influenciava todas as facetas da vida cotidiana dos
cidadãos. Cada ação individual era registrada, avaliada e julgada pelos deuses,
buscando a transformação em um espírito santificado para desfrutar da vida
eterna entre os deuses. No Egito, tudo estava interligado à religião e às
divindades, exercendo influência nas artes, vestuário, objetos, perfumes e
construções. Essas ideias são exploradas por Gilberto Bacaro, especialista em kabballah
egípcia e autor de oito obras dedicadas ao Egito.
Assim como outras
religiões ao redor do mundo, a antiga fé egípcia também concebeu sua narrativa
sobre a criação do universo. Contudo, devido à diversidade de deuses adorados
em diferentes cidades, várias mitologias de criação coexistiam. Segundo o mito principal,
no início, nada existia, exceto o Oceano Celestial, caracterizado por sua
imobilidade absoluta. Dentro dele, estavam os germes das coisas que
eventualmente surgiriam, incluindo o próprio mundo.
O gênesis teve origem a
partir de um germe ou ovo que emergiu na superfície da água, dando origem a Rá,
o deus sol. Reverenciado desde tempos pré-históricos no Egito Antigo, conforme
ilustrado em trechos dos papiros de Hunefer, autor do Livro dos Mortos, uma
coleção de textos e hinos da religião egípcia. "Tributo a ti, que és Rá,
quando te elevas, e Temo quando te pões. És o Soberano do Céu, o Senhor da
Terra, o Criador dos que habitam nos céus e nos abismos. És o Único Deus que
nasceu nos primórdios. Moldaste a Terra, esculpiste o homem, formaste o grande
Reservatório Celestial, criaste Hapi, o Nilo, originaste o vasto Mar e todas as
vidas que existem dentro deles."
VOCÊ SABIA?
CONTINUA APÓS A
PUBLICIDADE
Últimas Notícias
- As
peculiaridades artísticas de tolstói
- Sócrates:
O Pai da Sabedoria que Iluminou a Grécia Antiga
- Café
brasileiro pode ajudar na proteção contra infecções graves de COVID-19,
revela pesquisa
- Os
Salões dos Mortos, também conhecidos como Valhalla
PUBLICIDADE
Rá gerou quatro
descendentes – Shu, Geb, Nut e Tefnet –, incumbidos da criação do céu, da terra
e da atmosfera, com o Deus Sol assumindo o papel de organizador supremo.
Posteriormente, Geb e Nut foram pais de dois filhos, Set e Osíris, e duas
filhas, Ísis e Neftis. Osíris sucedeu Rá como o soberano da terra, mas Set,
movido por ódio, acabou por matá-lo. Com a assistência de Anúbis, filho de
Osíris e Neftis, Ísis o ressuscitou após embalsamá-lo, levando-o a governar o
reino dos mortos. Enquanto isso, Horus, filho de Osíris e Ísis, triunfou sobre
Set em uma épica batalha e ascendeu ao trono como rei da terra.
O surgimento do mito da
criação deu origem às Enéades, um conjunto de nove divindades interligadas por
laços familiares, e às Triades, compostas por uma divindade pai, mãe e filho.
Essa narrativa contribuiu significativamente para a profunda caracterização do
politeísmo na religião do Antigo Egito.
O contato dos egípcios com
outras civilizações resultou no aumento do número de deuses adorados, e cada
região desenvolveu sua própria variedade de divindades. Em Heliópolis, situada
no delta do Nilo, era o epicentro do culto a Rá, seus filhos e netos. Por outro
lado, em Tebas, ao sul, a figura central de adoração era Amon, acompanhado por
sua esposa Mut e seu filho Khonsu. Em Mênfis, mais próxima de Heliópolis, Ptah
ocupava a posição de grande deus, acompanhado por Sekhmet e Nefertum, esposa e
filho, respectivamente.
CONTINUA APÓS A
PUBLICIDADE
Artigos Relevantes
- O
vazio do saber
- Friedrich
Nietzsche e o livre arbítrio
- A
Era da Inteligência Artificial
- O
Legado Imortal de Ariano Suassuna
- Rabiscando
o Passado e Celebrando a Diversidade: Uma Exploração da História Africana
PUBLICIDADE
A relevância dos deuses no
Egito Antigo flutuava conforme a dinastia no poder. Durante os períodos
dominados pelos Menfitas, por exemplo, Ptah era elevado como uma das principais
divindades, reconhecido como o criador do mundo. Em contrapartida, quando os
Tebanos assumiam o controle, a tríade local ganhava destaque, conferindo ao
líder a posição de rei dos deuses. Isso resulta em uma notável complexidade nas
características da religião do Egito Antigo, impossibilitando uma simplificação
abrangente.
Considerando todos os
períodos dinásticos, apenas um deus permaneceu consistentemente proeminente.
Osíris, o soberano do mundo inferior, desempenhava o papel de juiz dos
falecidos, decidindo se um indivíduo era virtuoso o suficiente para se unir aos
deuses em Sekhet-Aaru, o paraíso egípcio, assegurando assim a vida eterna.
Semelhante a outras religiões que mais tarde ganharam influência global, o
julgamento da alma para uma existência eterna no paraíso constituía um elemento
fundamental na concepção pós-morte da sociedade egípcia. A pessoa, para
alcançar essa condição, precisava demonstrar sua honra, tendo como principal
guia o Livro dos Mortos, que revelava o caminho para a salvação e condução à
morada divina.
Segundo a mitologia, todos os
falecidos empreendiam a jornada pelo submundo e eram submetidos a julgamento
diante do tribunal de Osíris. Nesse processo, o coração, onde residia a alma,
era comparado a uma pluma, símbolo da verdade e da justiça, nas balanças. Se o
coração pesasse mais que a pluma, indicava que a pessoa havia cometido
transgressões durante sua vida na esfera dos vivos. Nesse cenário, o coração
era consumido por Ammit, um demônio com cabeça de crocodilo, corpo meio leão e
meio hipopótamo, resultando na verdadeira morte da pessoa. Por outro lado, se o
coração tivesse o mesmo peso que a pluma de Maat, a pessoa era considerada
digna da vida eterna.
A preocupação em garantir a
eternidade da alma era uma característica marcante na cultura egípcia,
evidenciada pela ênfase nas tumbas em detrimento das residências luxuosas. Para
os faraós, os túmulos eram elaborados com grande magnificência, destacando-se
as pirâmides como um conceito arquitetônico perdurável ao longo dos tempos. A
complexidade dos rituais funerários aumentava proporcionalmente à riqueza do
falecido.
Referências Bibliográficas
História do Mundo. Disponível em: <https://historiadomundo.uol.com.br>. Acesso em: [08/12/2023].
0 Comentários