O Desafio das Queimadas no Brasil: A Urgência de uma Ação Coordenada e Efetiva

Incêndios em São Paulo e Minas Gerais expõem a fragilidade das políticas preventivas e a necessidade de um engajamento coletivo para enfrentar as mudanças climáticas.

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Mudança climática intensifica ocorrências de incêndios em todo território nacional.— Foto: Jornal | PUC Minas

Opinião — Incêndios em São Paulo e Minas Gerais expõem a fragilidade das políticas preventivas e a necessidade de um engajamento coletivo para enfrentar as mudanças climáticas. A recente onda de incêndios que assolou o interior de São Paulo, com mais de 2.300 focos de fogo em apenas dois dias, levanta questões alarmantes sobre a preparação do Brasil para enfrentar desastres naturais em um cenário de mudanças climáticas. Como destacou Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, a situação atual não é resultado de eventos isolados ou imprevisíveis, mas de uma combinação de fatores climáticos extremos e da ação humana irresponsável.

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As queimadas, muitas vezes iniciadas de forma criminosa ou imprudente, encontram terreno fértil em um ambiente já castigado pela seca e por temperaturas elevadas. Este cenário deveria ter sido previsto, uma vez que os cientistas já alertavam para as consequências do fenômeno El Niño e das ondas de calor, que apenas agravaram a vulnerabilidade de regiões como São Paulo e Minas Gerais. O mais preocupante, porém, é a falta de uma resposta coordenada e eficaz por parte das autoridades. Como enfatizou Alencar, a responsabilidade pela prevenção e combate às queimadas não pode recair exclusivamente sobre um único nível de governo. Ela deve ser compartilhada entre governos municipais, estaduais, federais e, crucialmente, pela sociedade civil. No entanto, o Brasil parece estar constantemente jogando no campo da emergência, em vez de adotar uma postura proativa e preventiva.

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A ciência nos fornece ferramentas e dados quase em tempo real sobre a qualidade do ar, temperaturas extremas e déficit hídrico. No entanto, esses dados precisam ser utilizados de forma integrada, dentro de um sistema que Alencar sugere ser quase uma "inteligência" para coordenar ações de combate e prevenção. Sem uma estrutura eficiente e sem o engajamento de toda a sociedade, o país continuará vulnerável a eventos extremos, que tendem a se tornar cada vez mais frequentes e intensos.

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Portanto, a situação exige mais do que uma resposta emergencial. É preciso um esforço contínuo e coordenado, que envolva desde o fortalecimento das políticas ambientais até a conscientização da população sobre o uso do fogo. Sem essa articulação, os brasileiros continuarão a sofrer as consequências das mudanças climáticas, com impactos que vão além das perdas ambientais, afetando diretamente a saúde e a segurança das comunidades mais vulneráveis.

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